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AB’SABER, Aziz Nacib. Potencialidades Paisagísticas Brasileiras, p.9-26 In: Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
Jonathan Kreutzfeld
23/03/2011
RESUMO
Qualquer pessoa que adentre as pesquisas na área das ciências naturais percebe com o andar de seus levantamentos, que a paisagem é uma herança e esta é reflexo dos usos que a sociedade faz deste ambiente. O Brasil demorou para se iniciar nas pesquisas referentes as nossas paisagens florestais, pesquisadores estrangeiros, em especial os franceses não tinham facilidade em perceber grandes diferenças entre os nossos biomas. Isso porque nossa diversidade florestal e dinâmica climáticas são muito distintas devido ao próprio tamanho e as nossas dimensões. Foi com o surgimento das universidades brasileiras que se deu o início das pesquisas que definiram as nossas paisagens de forma mais acurada.
DESENVOLVIMENTO
As potencialidades paisagísticas brasileiras são reflexos de heranças relacionadas ao uso que se fez dos recursos naturais ao longo de nossa história. Com o passar do tempo e com pesquisas mais específicas pôde-se perceber que a classificação de nossos domínios morfoclimáticos e fitogeográficos se definem através de sua ordem de grandeza, “... feições de relevo, tipos de solos, formas de vegetação e condições climático hidrológicas”. (p.12) E desta forma foram identificadas as áreas nucleares desses domínios, ou em outras palavras, as áreas mais exclusivas ou intensas desses domínios.
Diante dessas características, percebeu-se também a necessidade de classificar áreas não pertencentes a nenhum domínio específico, estas chamamos de faixas de transição que podem abarcar características de diversos domínios numa mesma paisagem. Atualmente se reconhece no Brasil seis grandes domínios, quatro intertropicais e dois subtropicais: “1. o domínio das terras baixas florestadas da Amazônia; 2. o domínio dos chapadões centrais cobertos por cerrados, cerradões e campestres; 3. o domínio das depressões interplanálticas semiáridas do Nordeste; 4. o domínio dos “mares de morros” florestados; 5. o domínio dos planaltos de araucárias...” (p.13) e 6. O domínio das pradarias mistas do Rio Grande do Sul.
O domínio das terras baixas florestadas da Amazônia é representado pela sua elevada precipitação e consequente rede hidrográfica bastante complexa, refletindo em uma diversidade muito grande dentro do próprio domínio. Das terras baixas às altas ocorrem inúmeros diferentes “subnúcleos”. Economicamente, este domínio sofre com os desmatamentos, às frentes agrícolas, mineração e construção de represas para a geração de energia. Da forma desastrosa que vem sendo usada, a Amazônia sofre demasiadamente devido a esta “guerra contra a biodiversidade” (p.14)
Já no domínio das depressões interplanálticas semiáridas do Nordeste podemos destacar a baixa pluviosidade e a desigual distribuição das chuvas como uma de suas principais características, que por si só colaboram com um mosaico bastante heterogêneo dentro do domínio. A exploração precoce desta região do Brasil, refletiu em grandes alterações paisagísticas que consequentemente refletiram drasticamente nas condições sociais da região. Solos pedregosos, inlselbergs, brejos e solos bons embora frágeis caracterizam bem este domínio.
O domínio dos “mares de morros” florestados ocupa boa parte da faixa costeira do Brasil, e por este motivo as alterações paisagísticas são constantes. A sua região caracteriza-se por possuir elevada precipitação principalmente nas áreas mais influenciadas pela maritimidade e de encontro com as regiões serranas. É um domínio que possui rios perenes, bastante anastomosados e o relevo bastante mamelonizado. Sendo assim pode-se encontrar áreas com bastante distinção paisagística. Economicamente tem seus recursos naturais bastante explorados, uma vez que boa parte do domínio encontra-se sobre o escudo cristalino, a agricultura é bastante dinâmica e moderna, assim como a indústria e o setor terciário.
Indo para o interior do Brasil, encontramos o domínio dos chapadões centrais cobertos por cerrados e penetrados por florestas-galeria. Uma formação de primeira ordem assim como a amazônica. Uma de suas principais características seria referente ao solo de baixa qualidade, mas que aliado a condições climáticas favoráveis, torna-se interessante para a prática da agricultura comercial. É um domínio predominantemente planáltico, bastante homogêneo e com paisagens aparentemente monótonas. Importante destacar que este domínio sofreu alterações recentes quanto aos usos que se faz do mesmo.
Em outra região planáltica do Brasil, já em uma área predominantemente subtropical encontramos o domínio dos planaltos das Araucárias. Área menos mamelonizada do que a vizinha “mares de morros” é mais homogênea e climaticamente bastante favorável as atividades agropecuárias, destaque para a suinocultura e a cerealicultura. Possui nas suas escarpas um grande potencial turístico, assim como com suas águas termais que são encontradas principalmente nas regiões basálticas do domínio.
O domínio das pradarias mistas do Rio Grande do Sul é relativamente pequeno quando comparado aos outros domínios brasileiros. Pode ser reconhecido por outras denominações regionais, tais como: coxilhas, pampas, Campanha Gaúcha entre outras. Caracteriza-se por manter uma aparência planáltica embora ocorra em áreas baixas. Possui clima brando, vegetação rasteira e é excepcionalmente plano com leves ondulações. É uma área de pecuária bastante importante para o Brasil e atualmente sofre com a arenização do seu solo, o que é um problema quase irreversível diante das condições de uso e técnicas adotadas atualmente.
Em suma o Brasil em termos paisagísticos é bastante dinâmico. Sofre sobremaneira devido a sua ocupação desordenada e com técnicas inadequadas, tanto em áreas rurais como urbanas. Além disso, destaca-se o excessivo povoamento de algumas regiões obstante a outras áreas bastante inóspitas. Neste assunto não se pode deixar de pensar nos tempos modernos e seus grandes dilemas como o economismo e o ecologismo. Enquanto um não se preocupa com a herança futuro o outro age de forma ingênua e imprecisa. Ab´Saber destaca também que “...nunca houve tanta oportunidade para trabalhar no sentido de evitar a descapitalização de velhas heranças da natureza quanto no fim do terceiro quartel do século XX” (p.26) E já estamos quase na metade do primeiro quartel do século XXI.
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