segunda-feira, 1 de agosto de 2011

AMAZÔNIA: A tecnologia contra o desmatamento

A tecnologia contra o desmatamento

Carlos Souza Jr. é pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Ele conta como esses sistemas de monitoramento tornaram mais confiáveis a tecnologia de vigilância e a divulgação das ações humanas no território amazônico.


Botânicos fazem levantamento de árvores às margens da BR-319. O governo federal tem planos de asfaltar a estrada.

Em que nível tecnológico está o monitoramento por satélite da floresta?
A ciência amadureu há mais de duas décadas para monitorar o desmatamento. Contudo, ainda temos grandes desafios na vigilância da degradação florestal da Amazônia, porque existem vários níveis de deterioração, entre eles corte seletivo e fogo e extração madeireira recorrentes, além de exploração de baixo impacto, mecanizada ou não, mais difícil de se detectar por satélite. O grande desafio é fazer com que o satélite distinga esses diferentes tipos de degradação. A tecnologia já está economicamente acessível e existem vários dados de satélites de domínio público. O Brasil tem sistemas operacionais próprios desde o fim da década passada: o Prodes e o Deter, ambos do Inpe. São bastante confiáveis e têm reconhecimento internacional. Em 2006, o Imazon criou o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que monitora estradas e exploração madeireira.

Qual o papel do Imazon no controle da floresta?
A ONG tem a função de complementar as informações oficiais do Inpe, que é um órgão governamental. O SAD foi criado para agilizar a detecção de desmatamentos e aumentar a transparência das informações oficiais. Então, ter dois sistemas de monitoramento é bom porque se estabelece saudável pressão sobre o governo para que não pare de publicar suas informações à sociedade. Além disso, força as instituições a melhorar continuamente seus sistemas. Portanto, juntos, Imazon e Inpe avançam no sentido de monitorar e produzir relatórios atualizados a cada mês sobre a intervenção humana na floresta.

Além do SAD, que tipo de informações é gerado pelo Imazon?
Conduzimos o monitoramento da exploração madeireira e das estradas clandestinas por meio de outros sistemas que desenvolvemos.

Há lacunas no controle do desmatamento?
Sim. Precisamos avançar para monitorar outros biomas brasileiros. Além disso, na conjuntura atual, é importante também avaliar o carbono armazenado na floresta. Nesse quesito, o Brasil ainda precisa melhorar bastante. Há estudos, mas não temos nenhum sistema operacional de monitoramento de carbono florestal oficial. O Imazon desenvolveu um modelo que consegue contabilizar o carbono comprometido pelo desmatamento detectado pelo SAD; porém, ainda não possuímos estimativas confiáveis do carbono armazenado pela floresta em pé.

Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/especiais/amazonia/tecnologia-desmatamento-633046.shtml

Jonathan Kreutzfeld

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