quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Imigração Japonesa no Brasil


Multiculturalidade: A imigração japonesa no Brasil

Bianca C. Koffke, Carolina Hamann, Franciele Mannes, Murilo Martini, Nathan C. Domingos e Victória L. S. Zink

Geografia – Professor Jonathan Kreutzfeld
Escola Barão do Rio Branco

História no Brasil

A história dos imigrantes japoneses no Brasil teve início em 18 de junho de 1908, quando aportou no Porto de Santos o navio Kasato Maru, trazendo as primeiras 165 famílias japonesas . Essas famílias eram majoritariamente de regiões pobres do Japão, castigadas pelo desemprego decorrente do crescimento populacional do país, e foram atraídas pela procura de mão-de-obra estrangeira a ser aplicada na produção cafeicultora. Vale lembrar que não só Brasil mantinha uma política de incentivo à imigração, como também o Japão trazia na época uma política emigratória com o objetivo de aliviar as tensões decorrentes da falta de terras cultiváveis no país.
 Apesar de alguns imigrantes terem se instalado na região agricultora do Paraná ou na extrativista de Látex do Pará, a maior concentração deles permaneceu na região cafeicultora do estado de São Paulo, onde se instalavam bairros e colônias japoneses. Esse fluxo migratório cresceu durante a Primeira Guerra Mundial, com as dificuldades impostas ao Japão, e cresceu ainda mais por volta de 1924 quando países como Estados Unidos, Canadá e Austrália baniram a entrada de asiáticos, tornando o Brasil um dos poucos países possíveis para a entrada de japoneses.
   Entretanto, em território brasileiro, os japoneses sofreram também fortes dificuldades, devido às diferenças linguístico-culturais, à exploração excessiva da sua força de trabalho e aos altos preços dos produtos básicos à sobrevivência, que levaram, em alguns casos, até mesmo à escravidão por dívida de alguns imigrantes. Além disso, os asiáticos em geral eram vistos com preconceito no Brasil por serem considerados “raças inferiores” e pelo temor da difusão e conquista da América por esse povo, chamado na época de “Perigo Amarelo”.  Contudo, as tentativas de retorno ao país de origem foram barradas pelos fazendeiros.
   As dificuldades aumentaram durante a Segunda Guerra Mundial, quando Getúlio Vargas se posicionou contra os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), estimulando a discriminação e perseguição aos imigrantes japoneses, em uma política chamada “antiniponismo”. Na época, também a língua, a religião, as festas, os rituais e a imigração japonesa foram proibidos, sendo muitos japoneses presos ou expulsos sob suspeitas de espionagem jamais provadas ou justificadas. Mesmo após o término da guerra, o preconceito continuou sendo disseminado, havendo inclusive leis sancionadas que previam a necessidade de preservar o caráter étnico europeu dentro do Brasil e iniciativas parlamentares de impedimento da entrada de japoneses no país. Somente na década de 1950 o fluxo migratório voltou à atividade. Desde a década de 1980, entretanto, popularizou-se também um fluxo migratório inverso, com ida de muitos brasileiros ao Japão para trabalhar em linhas de produção industrial, devido ao crescimento econômico japonês. Esse fluxo se estabilizou somente em 2008, com a crise econômica mundial.
 Hoje estima-se que tenham entrado no Brasil cerca de 200 mil imigrantes japoneses, havendo entre imigrantes e descendentes cerca de 1,5 milhão de pessoas, o que eleva o Brasil ao posto de país com maior número de descendentes japoneses, excluindo-se o próprio Japão. Destaca-se o Bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, maior reduto japonês do país, fortemente turístico, onde se podem conhecer rituais, tradições e festas japonesas.
Não é difícil prever, portanto, que haja fortes influências japonesas a cultura, sociedade, política, economia brasileiras, como veremos nos tópicos seguintes.

Arquitetura
A arquitetura japonesa é bastante ampla. Conta com santuários e templos budistas e xintoístas, habitações antigas, palácios, castelos e salas de chá, e foi em princípio bastante influenciada pela China, criando posteriormente características próprias. Embora haja ampla utilização de pedras em alguns castelos, o principal material de construção é ainda a madeira. Isso se deve à grande disponibilidade de árvores no país cuja madeira pode ser extraída, bem como a estratégias para adaptar-se a terremotos e catástrofes naturais. Do ponto de vista estrutural, há grande utilização de colunas.
De um modo geral, as construções japonesas são bastante tradicionais e simples quando comparadas às chinesas e europeias, entretanto, há uma maior preocupação com a integração da construção ao ambiente e com a definição do espaço interno. As construções japonesas costumam se preocupar com a relação entre a casa e o jardim, sendo muito comum a utilização da varanda como espaço de transição entre os dois, e geralmente buscam-se efeitos estéticos que guiem para a harmonia, a simplicidade, o equilíbrio e a espiritualidade, por influências fundamentalmente budistas e xintoístas. Os jardins japoneses - sejam internos ou externos – são exemplo disso. Tendo raízes na China, sofreram modificações no Japão como implementação de quedas d’água, pedras e areia, com linhas bastante assimétricas e um jogo de proporções e contrastes que tornam o ambiente mais relaxante e confortável.
São essas tendências de planejamento do espaço interno que trouxeram ao Brasil as maiores influências na área da arquitetura, principalmente no ramo das decorações. Além dos jardins já citados, onde se buscam comumente características japonesas, muitas casas hoje dispõem de tatames, que, segundo decoradores, ajudam a equilibrar a temperatura no espaço interno ao longo do ano. Utilizam-se também bastantes materiais naturais, como palha, fibra, bambu e papel nas composições japonesas, para dar requinte ao ambiente. Apesar do grande uso de colunas, há também uma corrente mais atual que consiste na eliminação de paredes e estruturas, criando um espaço quase que contínuo e o planejamento inteligente do espaço, corrente esta que se expande muito no Brasil. As raízes dessas técnicas se devem principalmente à enorme densidade demográfica japonesa, de aproximadamente 337 hab/km², o que gera uma necessidade de planejar inteligentemente a ocupação do espaço, poupando cada centímetro.
No Brasil, os dois locais públicos de maior referência para estudo da arquitetura japonesa são o Pavilhão Japonês do Ibirapuera, São Paulo, uma réplica do Palácio japonês de Katsura, e a Praça do Japão em Curitiba, onde se observam características já mencionadas, como uso primordial da madeira, diálogo entre a construção e o ambiente e jardim bastante elaborado, com quedas d’água, pedras, areia, etc.

Gastronomia
É provável que os alimentos que mais evidenciem a difusão da gastronomia japonesa pelo mundo ocidental sejam o conhecido molho shō-yu, além do e do sushi e do sashimi, que contam com peixes crus, algas, vegetais, arroz, frutos do mar, frutas e até ovos, e que já se tornaram “moda” em vários países incluindo o Brasil. A maioria dos pratos japoneses mais elaborados conta, de fato, com algas e peixes crus, costume resultante principalmente da localização do país. Formado por um arquipélago, o Japão tem uma costa bastante grande, onde se encontram correntes marítimas quentes e frias, favorecendo a pesca. Não é à toa que os japoneses ainda são os maiores consumidores de peixe no mundo. Destacam-se também legumes, carnes e macarrão.
Entretanto, poucos sabem que a base da culinária tradicional japonesa é o arroz branco, chamado hakumai, e que a maioria dos demais pratos conhecidos, como peixes, legumes, carnes e bolinhos são geralmente considerados acompanhamentos pelos japoneses, uma vez que refeições sem o famoso hakumai são por eles consideradas incompletas. Esse hábito de se comer arroz em praticamente todas as refeições é muito antigo e começa a ser moldado já no século III a.C., quando o Japão começou a cultivar o arroz em seus campos alagados. Só muito mais tarde foram integrados os demais alimentos e desenvolvidos temperos e receitas mais requintadas. Na verdade, foi graças ao arroz que começou a se moldar a sociedade rural japonesa e que sua economia começou a se estruturar.
Uma das muitas dificuldades encontradas pelos imigrantes japoneses que se fixavam na Bahia e em Pernambuco era justamente a inexistência do plantio do arroz, o que fez com que muitos chegassem a migrar para São Paulo onde já havia uma maior produção do alimento além de maior número de imigrantes. Ao longo do tempo, não só os japoneses que aqui se fixaram aderiram a pratos brasileiros como os brasileiros incorporaram hábitos alimentares japoneses. Na região norte de Santa Catarina mesmo, aproximadamente 25.000 hectares são dedicados hoje à produção rizicultora irrigada, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Além disso, há espalhados no país vários restaurantes nos quais se podem consumir pratos típicos japoneses e muitos já aprenderam a manipular os famosos pauzinhos, chamados pelos japoneses de hashi.
Nos anexos deste trabalho, mostra-se a receita de um tipo de biscoitos japoneses, chamados sembei, que possui diversos sabores e formatos.

Religião/ Crenças

As religiões com maior número de adeptos no Japão são o xintoísmo, com 51,3% da população, e o budismo, com 38,3%, enquanto outras religiões somam 10,2%. Entretanto, vale lembrar que em pesquisas realizadas em 1996 as duas religiões somavam 194 milhões de adeptos no Japão, para uma população de somente 127 milhões de habitantes. Isso acontece por um grande número de pessoas se considerarem pertencentes a ambas as religiões, uma vez que o budismo não contém um deus, somente um guia espiritual, sendo considerado por muitos uma segunda doutrina.
Além disso, filiação religiosa não significa frequência e adorações regulares. A maioria das pessoas visita os santuários xintoístas e templos budistas como parte dos eventos anuais e rituais de passagem.
O cristianismo chegou ao país somente no século XVI pela Companhia de Jesus e corresponde a 1,2% dos adeptos.

Budismo
Fundado através dos ensinamentos de Siddhart Gautama, tem aproximadamente 2500 anos e trabalha todas as questões espirituais do homem, pois crê que um espírito sadio significa um corpo saudável. O objetivo é libertar-se das coisas materiais e alcançar paz, sabedoria, serenidade, alegria e liberdade, em um estado de plena iluminação espiritual, chamado nirvana.
Siddhart Gautama foi um homem nascido no século VI a.C. no território do atual Nepal. Mesmo sendo um rico príncipe, foi tomado pela curiosidade de conhecer o mundo além dos portões do palácio, onde se chocou com a realidade da população, o que fez com que, aos 29 anos, abandonasse todo o seu dinheiro, família e status social, para buscar um estado de espírito capaz de solucionar o sofrimento humano. Foi nesse caminho que ele desenvolveu suas teses a respeito da paz espiritual, e atingiu o tal estado de nirvana, passando a ser chamado de Buda, que significa o iluminado. Ele fundou e difundiu a doutrina Budista, cujo principal conceito é o de que as respostas se encontram no interior. Entretanto, não é considerado uma divindade, e sim um guia espiritual, e ele mesmo advoga que não foi o primeiro e nem será o último iluminado.  O maior símbolo da religião é a Flor de Lótus, planta aquática que se eleva e se abre para cima da superfície da água, representando a capacidade humana de se erguer perante as provações.

Xintoísmo
Trata-se de uma crença politeísta caracterizada pelo culto à natureza e aos ancestrais, que possui uma série de templos em todo o país. Assim como o budismo, enfatiza a importância da pureza espiritual, e seus deuses, chamados Kamis, apresentam-se de maneiras bastante diferentes, desde sob forma humana, até sob forma animística, representando “montanhas, rios, relâmpagos, ventos, ondas, árvores e rochas.” O mito do surgimento da Terra é bastante distinto: Acredita-se que os Kamis, durante um passeio pela ponte celestial, olharam para baixo, e, avistando somente o mar, mergulharam ali uma lança, que respingou ao ser retirada formando as primeiras porções de terra do planeta.
Praticamente toda a população japonesa participa de algum ritual xintoísta ao longo do ano, o que faz com que dados demonstrem a existência de 119 milhões xintoístas japoneses, 94% da população do país. Entretanto, a religião, diferentemente de tantas outras religiões monoteístas, não exige de seus fiéis que sejam crentes ou praticantes, o que possibilita sua pacífica interação com o budismo.

 Influências no Brasil
As influências da religiosidade japonesa à cultura brasileira foram muito restritas. Isso ocorre porque havia uma série de padres responsáveis por catequizar os imigrantes japoneses e convertê-los logo que chegassem ao Brasil. Além disso, os contatos com a cultura brasileira, a repressão ao longo da Segunda Guerra Mundial e os casamentos com cristãos geraram uma diminuição no número de japoneses que mantiveram suas crenças originais. Atualmente, cerca de 60% dos descendentes de japoneses no Brasil são católicos.

Artes

Bastante diversificada, a arte japonesa, como a maior parte das ramificações culturais do país, apresenta uma mistura entre o tradicional e o moderno. Características gerais são a delicadeza, o refinamento, a intensidade e o uso de cores fortes.

Artes visuais
São dividas em cinco categorias principais:
à Takô é a arte mais comum entre os jovens, que consiste na confecção de pipas, empinadas em janeiro, quando os ventos são mais fortes no Japão. As pipas são confeccionadas com armação de bambu e cobertas com um papel denominado washi, que é pintado com grandes imagens coloridas, podendo ter significado espiritual ou não. Nas oficinas, participam em média trinta pessoas.
à O Origami se difundiu enormemente e é provavelmente a forma de arte japonesa mais conhecida no mundo ocidental, sendo muito utilizada principalmente em oficinas escolares para crianças. Consiste no desenvolvimento de imagens e formas de diversos seres a partir de dobraduras de papel, partindo-se geralmente de um quadrado e não sendo permitido o seu corte. A forma mais conhecida é o tsuru, devido a uma crença fortemente difundida no país de que quem fizesse mil desses origamis teria um desejo realizado.
àO Kirigami, mais conhecido como Origame Architecture, é uma técnica que consiste na criação de diferentes imagens – principalmente casas - em três dimensões, utilizando apenas dobraduras e cortes de papel. Foi inventado pelo engenheiro Masahiro Chatani, que, sob influência do Origami tradicional, e refletindo sobre um cartão de felicitação para enviar aos amigos, teve a idéia de ir além de um pedaço de papel dobrado e criou algo tridimensional. Atualmente a técnica é conhecida internacionalmente.
à Shodo (Figura 5.4) é a caligrafia japonesa, geralmente escrita com o sumi, tinta preta, e um pincel sobre uma folha branca. Um shodo pode ser constituído por um ou mais caracteres e no mundo ocidental é amplamente usado em tatuagens.
à Ikebana é a arte de confecção de arranjos de flores. O material utilizado é bastante simples, destacando-se flores, folhas, tesoura, suporte para o arranjo e um vaso, entretanto, há criações bastante elaboradas e criativas e divisão da arte em diversos subgêneros.

Festivais
No Japão, há uma enorme variedade de festivais, sob influência religiosa e cultural. São realizados cinco principais festivais no Japão: Dizô Matsuri, Yosakoi Soran, Hanamatsuri, Moti Tsuki e Tanabata Matsuri.
à Dizô Matsuri é uma celebração budista japonesa. Apesar de ser uma das menos comuns no país, é uma das mais conhecidas do budismo. Costuma ser representada por um monge sorridente de baixa estatura.
à Yosakoi Soran é um festival de dança contemporânea que, criado em 1991, representa celebração e agradecimento aos resultados da colheita e da pesca. O Brasil adotou o festival em 2003, sendo o único país fora do Japão que o celebra.
à Hanamatsuri, também conhecido como Vesak, é outro ritual budista. Na ocasião, são instalados um altar decorado com muitas flores e uma imagem de Buda Menino. Aqueles que pretendem homenageá-lo vão até o altar e, numa concha, recolhem chá adocicado que é derramado sobre a cabeça de Buda. Este movimento é realizado por três vezes, fazendo-se um pedido a cada derramada.
à Moti Tsuki, chamado no Brasil de Festival do Bolinho da Prosperidade, é uma das mais tradicionais festas orientais em comemoração pela passagem do ano. Durante o festival são realizados rituais xintoístas de purificação e do motitsuki, desejando um maravilhoso próximo ano. Também são confeccionados bolinhos de arroz japonês, mais tarde distribuídos aos presentes, que simbolizam a prosperidade por meio da união das pessoas.
à Tanabata Matsuri é uma das festas populares mais tradicionais do Japão, e baseia-se em uma lenda japonesa sobre a história de amor de um casal. Acontece na noite do sétimo mês do ano, dia que se tornou feriado nacional em 1603.

Literatura
Dentre os estilos literários japoneses, os mais conhecidos no Brasil são os Haikais e os Mangás.
à O Haikai é uma forma poética que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm três versos somente, e obedecem a uma estrutura métrica na qual o primeiro e o terceiro verso contam com cinco sílabas poéticas, e o segundo conta com sete.  No Japão, cada uma das sílabas é representada por um caractere (kanji) e o poema se apresenta na estrutura tradicional de leitura – conceitos melhor explicados no tópico 6, referente à linguagem -, entretanto, foi adaptado com a passagem dos anos e nem sempre segue a estrutura métrica hoje em dia. Ele chegou ao Brasil já no começo do século XX, pelo poeta Júlio Afrânio Peixoto, e hoje é muito popular em várias partes do mundo. Os escritores deste tipo de poemas são denominados Haijin.
à Muito diferente do Haikai, o Mangá é uma modalidade de história em quadrinhos originada no teatro das sombras, que, na época medieval, percorria diversos vilarejos por meio de fantoches. As lendas acabaram sendo escritas em rolos de papel e ilustradas, dando origem às histórias em sequência que hoje são chamadas Mangás. Em alguns casos são passados à televisão, gerando os animês.

Música e dança
A música japonesa se divide primariamente em clássica e folclórica, entretanto há uma diversidade muito maior de gêneros usados para diferentes finalidades, como canções de trabalho, canções religiosas, canções de casamento e canções infantis. Geralmente apresentam a questão espiritual muito forte e contam com diversos instrumentos, como alaúdes, taikos ou tsuzumis (espécies de tambor), sakunhachi (espécie de flauta), kane (espécie de sino) e koto (instrumento de treze cordas)
A dança clássica japonesa é denominada Nihon Buyo, mas é popularmente conhecida como Kabuki Buyo.
Apresenta três ramificações essenciais
à O mai, uma dança mais estática, derivada de danças rotativas e em círculos.
à O odori, desenvolvido a partir das danças em grupo do povo, como as dos festivais, sendo mais dinâmica, e contando com saltos e pulos.
à O furi, constituído de gestos, atitudes e movimentos do corpo mais marcantes que constituem a coreografia.

Linguagem

A língua japonesa se caracteriza por sua riqueza e complexidade. Além de possuir vários dialetos, advindos de diferentes vilas e povoados japoneses, sua escrita também é bastante difícil e diversificada, uma vez que a modernização do sistema silábico e simplificação dos caracteres feita de forma gradativa visando a melhorar o entendimento e estudo de línguas e traduções estrangeiras, gerou uma diversidade ainda maior de alfabetos.

A princípio, há três dialetos.
à Os Kanjis são alguns dos caracteres mais importantes, que, provenientes da China Antiga, alteraram-se ao longo dos ano, constituindo hoje um ideograma. Eles são os principais responsáveis pela dificuldade de estrangeiros em aprenderem a língua japonesa, pois há milhares de símbolos, sendo que um único símbolo pode significar uma palavra inteira, e além disso, ter várias formas diferentes de leitura e até quatorze significados dependendo do contexto.
à Já o hiragana é um alfabeto fonético, utilizado principalmente para descrever palavras originadas no Japão. Pode ser utilizado em diversas situações da gramática japonesa ou em substituição dos ideogramas. Em alguns casos, ele é usado quando a representação de determinada palavra em kanji é muito desconhecida ou quando se quer ensinar o leitor a pronúncia de determinado kanji em um texto, em uma espécie de legenda.
 à Katakana também é um alfabeto fonético utilizado para palavras estrangeiras e científicas e para transcrever nomes.
Além destes três principais, o alfabeto japonês foi transcrito para um novo alfabeto romanizado e latinizado chamado Romaji que traz a fonética japonesa para a escrita latina.

Para a escrita em papel existem dois métodos. São eles:
à O Tradicional: direita para esquerda de cima para baixo, verticalmente.
à O Ocidental: esquerda para direita de cima para baixo, horizontalmente.

Outra possível subdivisão da língua é com relação à formalidade linguística. Há, portanto, o japonês mais antigo, pomposo e literário, chamado Bungo e também o Kongo, com mais variações gramaticais e adaptações linguísticas que facilitam o entendimento.
Desse modo, pode-se observar na língua japonesa, tanto na leitura quanto na escrita e na fala, uma série de adaptações à cultura ocidental, decorrentes da globalização. São essas adaptações que geram os contrastes entre o japonês tradicional e o simplificado.

Influências no Brasil

No Brasil, a língua japonesa se disseminou mais entre os descendentes dos imigrantes, devido às dificuldades de se aprender a língua. Ainda assim, dado o alto número de imigrantes vindos, o Brasil é também o segundo país do mundo que mais fala japonês, havendo vilas japonesas onde se fala o japonês como língua principal (tanto o original, quanto dialetos aportuguesados). Apesar de ter diminuído ao longo das gerações, o número de falantes da língua no Brasil tende a aumentar novamente com a volta dos brasileiros que emigraram para o Japão, já explicada em tópicos anteriores do trabalho.

Moda

A moda japonesa é bastante diversificada e as roupas tradicionais do país são bastante distintas das ocidentais, entretanto, é necessário lembrar que os japoneses somente usam trajes típicos, como os famosos kimonos, em ocasiões especiais, e, em situações comuns, vestem-se de modo bastante similar ao ocidental. Deste modo, há uma distinção entre as roupas tradicionais, chamadas por eles de Wafuku, e as ocidentais, chamadas Yofuku.
Um dos estilos japoneses mais conhecidos no mundo ocidental é o Lolita (feminino) e o Otakus (masculino). Essas roupas, mais comumente usadas pelo público jovem, são utilizadas em ocasiões especiais somente e baseadas nas personagens de mangas e animes. Além disso, destacam-se acessórios como o Obi, faixa usada nos kimonos masculinos e femininos que serve de adorno, e os leques.
Os famosos kimonos possuem uma série muito grande de variantes, sendo diferentes para cada sexo, idade, estado civil, estação do ano e ocasião. Os kimonos usados no verão e na primavera, por exemplo, costumam ser mais coloridos e floridos que os de inverno e outono. Além disso, os de inverso geralmente são fabricados com flanela por causa do frio.

Moda feminina

Além do estilo Lolita, já citado e usado em situações menos formais, os kimonos femininos também se destacam e costumam ser mais coloridos e brilhantes que os masculinos. São eles:

à O Tomesode, usado por mulheres casadas, que possui mangas mais curtas – representando a fidelidade ao marido – e desenhos somente abaixo da cintura;
à O Furisode, usado por mulheres solteiras, que é mais formal e possui mangas bastante compridas;
à O Uchikake, que é o mais elegante, feito com seda e fios de ouro e prata, estampado com pássaros e flores e usado geralmente em casamentos.

Moda Masculina
Na moda masculina, destacam-se também os kimonos. São usados, entretanto, mais comumente em casa e em ambiente íntimos. Para ocasiões especiais, utilizam-se mais comumente um Haori e um Hakama , espécie de saia dividida com um casaco. Além disso, existe o Yukata, mais leve e informal, usado no verão, que hoje também já tornou popular entre mulheres.

Influências no Brasil

Embora não apareça muito, a moda brasileira sofreu uma série de contribuição da cultura japonesa, principalmente nas estampas e no uso dos leques. Foi produzida uma série de coleções de kimonos e se destacam os estilos Lolitas e Otakus, usados por verdadeiros amantes dos mangás japoneses em encontros de fãs brasileiros. Além disso, o design japonês se destaca na produção de tatuagens.

Curiosidades

Budismo e Xintoísmo
No tópico 4., relativo à religiosidade e às crenças japonesas, citou-se que a maior parte dos japoneses pertence tanto ao xintoísmo quando ao budismo, o que é considerado bastante normal no país, não costumando haver grandes discordância entre as crenças apesar de serem distintas. Um fato interessante é que geralmente a maior parte dos eventos relacionados à vida fica a cargo dos rituais xintoístas, enquanto aqueles relacionados à morte ou à “vida após a morte” ficam a cargo dos rituais budistas. Desse modo, é comum registrar uma criança recém-nascida em um santuário xintuísta e preparar um funeral em um Templo Budista.

O Grande Buda de Nara
Ainda com relação à religião, encontra-se no Japão, mais especificamente na cidade de Nara, a maior estátua de metal fundido do mundo. É o chamado Grande Buda de Nara, que tem mais de quinze metros de altura e foi construído entre 746 e 749 d.C. Além dessa, há várias outras estátuas gigantescas de Buda espalhadas pelo país.
Kanjis
Já foi colocada no tópico 6., relativo à linguagem, a enorme quantidade de kanjis existentes no alfabeto japonês, mas vale ressaltar que o número de kanjis é tão enorme que em 1981, o governo teve de definir um conjunto de 1945 kanjis básicos, conhecidos como jōyō kanji, que devem até hoje ser conhecidos toda a população. Esses kanjis são aprendidos ao longo de 9 anos escolares, entretanto, há na verdade mais de 40 mil kanjis japoneses, de modo que certas pessoas passam a vida inteira estudando os kanjis.
Tradução de nomes em katakana
 Ainda no tópico 6. relativo à linguagem, tratou-se do katakana, que é uma modalidade de escrita utilizada na língua japonesa para demonstrar estrangeirismos, palavras científicas e nomes próprios estrangeiros. Como se trata de um alfabeto fonético, isto é, baseado fundamentalmente na sonoridade das palavras, o site abaixo permite que se faça a tradução de nomes para símbolos japoneses e ainda se verifique sua pronúncia, que se modifica em alguns aspectos devido à ausência de alguns fonemas ocidentais na língua. Basta escrever o nome e escolher o modo “Calligraphy”.

 Anexos

Receita de Sembei *
Ingredientes:
·  3 colheres (sopa) bem cheias de farinha de trigo
·  2 a 3 colheres (sopa) de açúcar
·  3 colheres de karo (glucose de milho) ou outro tipo de maltose
·  1 colher (sopa) de amido de milho (maisena)
·  2 ovos
·  1 colher de água de flor de laranjeira

Modo de preparo:
·  Misture todos os ingredientes até obter uma massa bem homogênea
·  Em uma forma antiaderente, coloque uma colher da massa e abra até ficar aproximadamente como a abertura de um copo (7a 8 cm de diâmetro)
·  A massa também não pode ficar grossa
·  Coloque os biscoitos em forno pré-aquecido e asse por cerca de 5 minutos, até ficar douradinho

* Referente ao Tópico - Gastronomia

Bibliografia

MOREIRA, João Carlos. Geografia geral e do Brasil: Espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2010.
http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/imigracao_japonesa.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_japonesa_no_Brasil#Segunda_Guerra_Mundial
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade_(bairro_de_São_Paulo)
http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/catalogo/tipo/sistemas/arroz/cap17.htm
http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL598115-9980,00.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_do_Jap%C3%A3o
http://religiaonanoda.blogspot.com/
pt.wikipedia.org/wiki/Religião_no_Japão
www.suapesquisa.com/budismo/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Xinto%C3%ADsmo
http://madeinjapan.uol.com.br/japantype/?romaji=vict%C3%B3ria+zink&x=31&y=9
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_do_Jap%C3%A3o#Vestu.C3.A1rio
http://culturajaponesa.com.br/
OBS: Todas as fontes de pesquisa virtual tiveram seu último acesso no dia 20 de março de 2012.


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