Palavras chave: Ignácio Rangel, Armen Mamigonian, Nicolai Kondratieff.
Obs: A figura é de um artigo de Armen Mamigonian. Elaborado por Cláudia Finck (Acadêmica do curso de Geografia da UNIDAVI).
RANGEL, Inácio. O Brasil na fase B do quarto Kondratiev,
p. 259-287, In: Obras Reunidas v2. 2ª
ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.
Jonathan
Kreutzfeld
22/03/2011
RESUMO
Os ciclos longos de Kondratiev representam o
ciclo de ascensão e recesso do regime capitalista. Nicolai Kondratiev definiu o
capitalismo sob uma ótica independente e acabou desagradando tanto os
comunistas, que não queriam acreditar em ascensão pós crise do capitalismo e os
capitalistas não se agradaram por acreditarem ser capazes de impedir que as
mesmas ocorressem. Com relação a fase recessiva do quarto ciclo proposto,
Rangel explora os conceitos de Kondratiev e demonstra que o Brasil não enfrenta
as crises da mesma forma que os principais países desenvolvidos e os de
economia planificada.
DESENVOLVIMENTO
A fase “A” do quarto ciclo de Kondratiev
ocorre entre os períodos de 1948, ou seja, no pós Segunda Guerra Mundial e
termina no ano de 1973, quando a crise do petróleo assola os principais países
envolvidos no conflito em especial os capitalistas. Esta fase ascendente
triplica a produção dos Estados Unidos e praticamente quadruplica nas demais
nações capitalistas. A fase “B” que se inicia a partir de 1973 foi considerada
semelhante aquela ocorrida no ano de 1929.
Considerando a crise de 1929, vale lembrar
que o Brasil da década de 30 foi revolucionário e onde ocorreu de fato o início
da industrialização. Rangel destaca que o Brasil sempre tem encontrado meios de
se ajustar a esta conjuntura dos ciclos. Em 1975 por exemplo o Proálcool desperta
como uma das alternativas encontradas para reduzir as importações de petróleo.
Lembrando que nesta época o Brasil ainda era extremamente dependente do
petróleo externo. Outros países não tiveram tanta facilidade em se ajustar ao
ciclo recessivo. Estes tiveram que reduzir substancialmente seus bens e
serviços, repercutindo no menor conforto de seus habitantes, que ascenderam
junto com o ciclo ascendente.
A Guerra Fria, ou o pós guerra, resultaram em
grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento, o que acabava gerando
sucessivas novas crises pois mais rapidamente o capital investido era
substituído. Mas novas demandas foram surgindo e o desenvolvimento tecnológico
tornou-se cada vez mais dinâmico. Por este motivo os ciclos de Kondratiev
possuem sucessivos ciclos curtos dentro dos ciclos longos, pode se relacionar a
esta dinâmica de “envelhecimento precoce”.
Diante dos problemas econômicos decorrentes
dos ciclos longos em fase recessiva, vários países tomaram o planejamento como
a essência da saúde econômica. Rangel cita a União Soviética que passou a
desenvolver planos vintenal (1960-1980) e assim conseguiu verificar grande
crescimento na geração de energia e por consequência disto na produção
industrial também.
No Brasil havia alternativas inesgotáveis de
geração de energia e assim o país as explorou, é o caso da energia hidráulica e
é citada também a possibilidade nuclear que de forma mais branda o país também
adotou. Embora nosso país então não precisasse se preocupar tanto com os seus
recursos energéticos, acabou se tornando muito dependente dos combustíveis
líquidos, e isso gerava uma demanda tecnológica intensa no que diz respeito à
obtenção e o tratamento dos mesmos.
Durante o ciclo “B” de Kondratiev, os países
do terceiro mundo em geral, tiveram que desenvolver-se tecnologicamente para
enfrentar suas crises, e resolveram a partir da ampliação de sua produção
industrial, energética e tiveram que fazer isso para substituir as importações.
No Brasil o resultado aparente foi bom, mas para os planejadores surgia então
um novo problema: “o exército de reserva” referindo-se ao campo que também
precisaria de uma revolução tecnológica e como conseqüência geraria novas
demandas nas cidades. E diante disto alterações institucionais também seriam
necessárias, pois novos desafios surgiriam.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A fase “B” do ciclo de Kondratiev trouxe ao
Brasil novos desafios, assim como em todos os países do terceiro mundo,
planificados e os desenvolvidos. Não somente nesta fase recessiva em escala
mundial, o Brasil consegue assegurar crescimento, mesmo que por alguns períodos
de forma modesta. A substituição das importações foi parte do sucesso
brasileiro perante outras nações semelhantes economicamente. As alternativas
energéticas também tiveram substancial importância. Sucesso ou sorte o Brasil
enfrentou de forma criativa os desafios que surgiram. Vale lembrar que este
artigo de Rangel data de 1981 e considerando o que veio à seguir, mais
precisamente na metade da década de 90, pode-se dizer que foi um período de
estabilidade e aparelhamento “preparatório” para o próximo decênio que foi
bastante ascendente. Embora, lógico não haja menção ao período em seu artigo.
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