terça-feira, 9 de abril de 2019

Ditadura e "Democracia" em Myanmar (Birmânia)


Birmânia, ou Mianmar, como é chamado pela Junta Militar, é um país onde magníficos e antigos templos budistas estão expostos para praticamente nenhum turista. A Birmânia tem abundância de maravilhas para os olhos. Sinuosas, que dão vida às cidades rios, florestas montanhosas luxuriantes, e primorosamente desenhada, mas também vive mais de meio século de golpes de estado e ditaduras sangrentas desse 1948 quando proclamada a sua independência. E mesmo que enquanto colônia sofriam parece que não souberam lidar muito bem com a independência desde então.

Localização, geografia e clima

É um país menor que o estado do Mato Grosso em área, mas que possui população superior ao estado de São Paulo, Myanmar tem cerca de 650 mil km2 e 53 milhões de habitantes.

A costa da Birmânia define a costa oriental da baía de Bengala, funcionando a partir da fronteira de Bangladesh, no noroeste até a Península Malaia e território tailandês no sudeste. Birmânia Sul consiste em grande parte das encostas ocidentais da Faixa de Bilauktaung, que constitui a base norte da Península Malaia. Birmânia do Norte, que compreende a grande maioria da área do país, consiste em grande parte do vale do rio grande do Irrawaddy.

Originário alto na extremidade oriental muito do Himalaia, o Irrawaddy corre para baixo através de gargantas montanhosas do norte da Birmânia antes espalhando-se em um dos maiores deltas de rios na Ásia. Ambos principais cidades de Mianmar - Rangoon e Mandalay - estão situados ao longo do Irrawaddy, ea 1.000 km do rio (1.600 km) é navegável por quase dois terços do seu comprimento. O vale do Irrawaddy é cercada por uma grande ferradura de cadeias de montanhas, que se elevam no leste para as terras altas do Planalto Shan.

A grande maioria das pessoas da Birmânia vivem nas regiões de planície do vale do rio, na bacia do Irrawaddy. Esta extensão fértil, que fica dentro do cinturão de monção tropical, é um arroz de cultivo de grande regiões do mundo. População da Birmânia inclui dúzias de diferentes grupos raciais e étnicos, incluindo o Mon, birmaneses e Kachin, queixos, Shans e Rakhine, e Karen, cada um dos que historicamente dominaram uma determinada área do país. Apesar da Birmânia é a língua principal e oficial, mais de cem dialetos locais e regionais são faladas em todo Birmânia.

História da Ditadura Militar em Mianmar (Birmânia)

Em 1962, quando o General Ne Win comandou um golpe de Estado militar iniciou-se um temeroso e longo governo militar no país. Ele governou por quase 26 anos e suas políticas foram implementadas com o mote "o caminho birmanês para o socialismo". Em 1974, as forças armadas reprimiram com violência protestos contra o governo durante o funeral de U Thant.

Em 1988, a má gestão econômica e a repressão política provocaram manifestações pró-democracia generalizadas. As forças de seguranças sufocaram as manifestações com a morte de centenas de pessoas. O General Saw Maung chefiou um golpe de Estado e criou o Conselho de Estado para a Restauração da Lei e da Ordem (na prática, o governo do país). Em 1989, o Conselho declarou lei marcial para lidar com mais protestos e alterou o nome oficial do país em inglês para Union of Myanmar.

Em maio de 1990, o governo promoveu eleições livres pela primeira vez em quase 30 anos. A Liga Nacional pela Democracia, partido de Aung San Suu Kyi, ganhou 392 dos 489 assentos da Assembleia Popular, mas os resultados foram anulados pelo Conselho, que se recusou a deixar o poder.

Tatmadaw declarou inválida a eleição, já que nenhum acordo foi alcançado sobre o papel dos novos líderes.

Chefiado por Than Shwe desde 1992, o regime militar logrou negociar acordos de cessar-fogo com a maioria dos grupos de guerrilha étnica. Em 1997, o Conselho passou a ser denominado Conselho de Estado para a Paz e Desenvolvimento.

Em 23 de junho de 1997, Myanmar aderiu à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Em 27 de março de 2006, a junta militar transferiu a capital de Rangum para um local próximo a Pyinmana, dando-lhe o nome de Naypyidaw, que significa "cidade dos reis".

Em novembro de 2006, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) anunciou que procuraria processar na Corte Internacional de Justiça os membros da junta militar de Myanmar por crimes contra a humanidade, devido à prática de trabalho forçado de seus cidadãos. Em agosto de 2007, surgiram novos protestos pela democracia no país, chefiados por monges budistas e reprimidos com força pelo governo. Em 3 de maio de 2008, um devastador ciclone tropical atingiu o litoral do país e, segundo algumas estimativas, deixou pelo menos 134.000 mortos e desaparecidos, e talvez um milhão de desabrigados. De 1962 a 2011, o país estava sob regime militar e no processo tornou-se uma das nações menos desenvolvidas do mundo. A junta militar foi dissolvida em 2011 após uma eleição geral em 2010 e um governo civil instalado.

A ditadura que perdurou até 2011 era uma mutação do regime militar iniciado há 49 anos, quando os militares isolaram o país e lançaram o que chamaram de um caminho próprio rumo ao socialismo. Sucederam-se golpes dentro do golpe, enquanto vicejavam o isolamento e a corrupção, destruindo uma economia primitiva, mas que era capaz de colocar o país entre os maiores exportadores de arroz do mundo.

Hoje, Mianmar tem metade dos 53 milhões de habitantes vivendo na miséria e, fora da África, é o recordista de pobreza. O governo é formado por generais obscuros e supersticiosos: em 2003, eles decidiram mudar a capital de Yangun para Naypyidaw, supostamente a conselho de astrólogos. A população só ficou sabendo dois anos depois, quando os funcionários públicos receberam ordens de mudar de cidade.

Redemocratização: Aung San Suu Kyi Nobel da Paz é eleita deputada

A opositora Aung San Suu Kyi conquistou um lugar de deputada, pela primeira vez na sua carreira política, nas eleições parciais em Myanmar (antiga Birmânia), afirmou o seu partido, a Liga Nacional para a Democracia. "Aung San Suu Kyi conseguiu 82 % dos votos" na circunscrição rural de Kahwmu, declarou à agência noticiosa francesa AFP um elemento da LND, Tin Oo, antes da divulgação dos resultados oficiais. Diante da sede da Liga em Rangum, centenas de partidários da prémio Nobel da Paz exprimiam a sua alegria gritando e cantando.

Segundo Tin Oo, Aung San Suu Kyi venceu em todas as assembleias de voto daquela circunscrição a duas horas de Rangum. Um outro responsável do partido indicou que a LND conseguiu pelo menos 11 lugares, entre os quais o da conhecida dirigente. Nestas eleições intercalares estavam em disputa 45 lugares (44 dos quais contavam com candidatos da LND): 37 na câmara baixa do parlamento (de um total de 440), seis na câmara alta e dois em câmaras regionais.

A comunidade internacional encara estas eleições como um teste às reformas do governo "civil" birmanês, que substituiu a junta em março de 2011 e logo após iniciando um processo de difícil e possivelmente longa redemocratização.

O Parlamento elegeu em 2018 o presidente Win Myint, um aliado da de Aung San Suu Kyi, a qual continuará dirigindo o país, de fato. O político de 66 anos, substitui Htin Kyaw, que renunciou à Presidência na semana passada, após dois anos no cargo, alegando necessidade de descansar.


Ele “obteve a maioria de votos e é eleito presidente do Estado”, declarou nesta quarta-feira o presidente do Parlamento, Mann Win Khaing Thanwill. Depois de renunciar à Presidência da Câmara de Representantes de Mianmar na semana passada, Win Myint obteve dois terços dos votos do Parlamento, dominado pela Liga Nacional para a Democracia (NLD), o partido de Suu Kyi.

O ex-advogado e ex-preso político foi um companheiro de dissidência de Aung San Suu Kyi em 1988 quando participou de uma revolta contra o ditador General Ne Win .

Quando dirigiu a Câmara de Representantes, Win Myint “exerceu um controle estrito sobre os deputados”, disse o analista Khin Zaw Win. Foi contrário à abolição de uma polêmica lei sobre difamação on-line, pela qual dezenas de pessoas enfrentam julgamentos por terem criticado o governo, ou as Forças Armadas. O presidente não é o cargo máximo de Mianmar, mas sim o Conselheiro de Estado, criado especialmente para ser ocupado por Aung San Suu Kyi.

Jonathan Kreutzfeld

Fontes:


http://www.geographia.com/myanmar/ (Traduzido com Google Tradutor)



2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Parabéns pela postagem! Estava bem curiosa com a situação da Birmânia, mas não estava conseguindo compreender 100% com as minhas pesquisas pela internet.. Sua postagem foi bem elucidativa e já sanou boa parte da minha curiosidade! É sempre bom saber o que está acontecendo no mundo, então obrigada pela ajuda! Gostei muito do blog :)

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