Por Jonas Fabiciaki (Acadêmico do Curso de Licenciatura em Geografia da UNIDAVI). Jonathan Kreutzfeld (Professor da disciplina de Geografia da Região).
Rio do Sul, Outubro de 2012
INTRODUÇÃO
Quando
se fala em habitar, em ter, logo nos vem à cabeça o valor comercial. Quando
compramos algo, ou tomamos. A segunda opção é a que soa melhor quando falamos
da relação entre os povos nativos que aqui habitavam, e o processo de
colonização que aqui fora iniciado. Devemos lembrar, ou entender, que a palavra
progresso tem vários sentidos.
Se pensarmos em
indivíduos que conseguem viver em harmonia com o ambiente em que vivem,
desenvolvendo atividades extrativistas e sustentáveis para sua sobrevivência.
Não há como pensar que isso não é progresso. Em nossos dias não se fala em
outro assunto. O homem deve passar a viver em harmonia com o meio em que vive,
desenvolvendo a sustentabilidade.
Já
há quem associe o progresso a mudança radical do panorama natural. Sendo assim,
podemos imaginar como foram às relações entre as culturas que iniciaram A
caminhada histórica ate nossos dias atuais.
Neste presente
trabalho iremos destacar as praticas da colonização, suas dificuldades, ranços
e avanços do processo colonizador e suas praticas, suas peculiaridades, e os
traços deixados por nossos antepassados que ainda são evidentes em nosso
contexto histórico, social, politico e econômico.
A COLONIZAÇÃO EUROPÉIA EM SANTA
CATARINA
É na região que
há uma conexão estreita sociedade e espaço nesse contexto iremos apresentar
algumas características peculiares do conceito de região para analisarmos a
colonização europeia de santa Catarina, pois é no meio geográfico em que
estamos inseridos que se constitui o cenário para o desenvolvimento da
sociedade humana.
A colonização europeia
em Santa Catarina fora marcada por uma necessidade incessante naquele momento
de ampliar o povoamento e a região possibilitava para que tal fato ocorresse em
nosso estado.
Muitos foram os
fatores, mas podemos destacar como principal a necessidade de ampliar o espaço
e a situação atual na Europa lhe proporcionava tal acontecimento, o governo
brasileiro incentivava, em sua grande parte a colonização, mas foi somente no
final do século XIX que a colonização europeia em Santa Catarina tomou força.
O governo
Brasileiro com sua politica de “branqueamento da população” incentivou essas
imigrações em massa no final do século XIX, que por sua vez ao chegarem os
primeiros imigrantes com alguns incentivos, mas poucos tiveram que praticamente
“caminhar com suas próprias pernas” para poderem se manter e sobreviver à situação
em que lhes foram concebidos.
Varias politicas
foram adotadas pelo então governo brasileiro para a colonização, seja de
incentivos reais, ou até mesmo com contratação de empresas para esse fim
chamadas de companhias colonizadoras, bem como a contratação de comendadores
para essa finalidade.
A colonização
europeia no estado fora marcada por diferentes aspectos, seja cultural ou ate
mesmo religioso, como as dificuldades encontradas pelo colonos alemães que por
sua vez, na sua grande maioria eram de outra crença religiosa, denominada de
protestantes, que na ocasião o governo brasileiro tinha como religião oficial o
catolicismo.
As colônias
europeias de grande intensidade foi à alemã e a italiana, com suas
peculiaridades foram se estabelecendo com suas características próprias, em
determinadas regiões no estado, e ali por sua vez instalaram em suas colônias
suas características próprias de suas regiões oriundas, ou seja, cada colônia
fazia do seu jeito “abandonada” de certa forma por uma identidade nacional
homogeneizada, criava-se ali uma espécie de Alemanha no Brasil ou até mesmo uma
Itália dentro do nosso país.
Um dos fatores
que no meu ponto de vista, dificulta essa falta de visão unitária de um pais ou
ate mesmo de uma falta de identidade nacional. Exemplo claro deste fator são os
denominados alemães de Blumenau ou os Italianos de Rodeio.
Vale lembrar que
muito do desenvolvimento regional são de responsabilidade ainda destes
imigrantes, ou seja, ainda hoje é visível, sem muito estudo técnico cidades com
amplo desenvolvimento econômico muito ainda se dá as suas origens, dependendo
de onde são seus laços culturais estas cidades ou ate mesmo regiões podemos
observar uma ampla diferença tanto cultural, social como econômica e politica.
PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DESIGUAL
Santa
Catarina é um estado riquíssimo em belezas naturais, recursos mineiras,
recursos hídricos e um estado de população heterogênea regionalizada. Frutos
ainda da colonização europeia que nos enriqueceu com alguns descendentes de imigrantes
italianos, alemães, lusos, açorianos, poloneses entre outros, enfim, temos um
estado variado com um povo totalmente diversificado na sua cultura, e também
economicamente.
Nossos primeiros
colonizadores se preocuparam em implantar sua cultura local, necessidade da
época, mas a principio esse método se mantem até os dias atuais, o planejamento
foi e sempre será um mecanismo importantíssimo para o desenvolvimento local,
regional, nacional e mundial.
O planejamento
através de uma perspectiva histórica tem fortes influencias no Brasil em meados
do século XX através de uma necessidade, podemos afirmar que o “planejamento”
nunca foi uma preocupação aqui no Brasil haja vista o processo colonizatório
português, que trouxe seus benefícios, mas, era uma espécie de “rolo” por onde
passava extraia sem se preocupar com o amanhã.
Nossa identidade
em sua grande maioria “sem identidade”, no Brasil nunca se preocupou com esse
fator planejamento. Foi quando surge no século XX uma necessidade de
desenvolvimento econômico urgente, e a posteriori a industrialização, mais uma
vez tudo sem muito planejamento. Criou-se uma necessidade imediata novamente
sem pensar muito nas consequências disto.
A história vem
para nos mostrar essa triste realidade de hoje em sua grande maioria fruto
desta falta de planejamento nesse momento histórico do Brasil. Crescimento
desordenado das cidades, a Favelização, pobreza generalizada, a falta de
higienização urbana esgotos e doenças fruto desta falta de saneamento básico
etc.
O planejamento ficou
de lado naquele momento a preocupação era o crescimento a qualquer custo e o
resultado? Já conhecemos. Estado cada vez menos forte e cada vez mais
descentralizado
O neoliberalismo
surge após este contexto com força total com o enfraquecimento total do estado,
passou a exercer um papel de constante dominação do estado enfraquecido, o
Estado agora é refém das grandes corporações, que por sua vez se utiliza desta
fraqueza para usurpar do enfraquecido Estado o pouco que lhe resta de poder.
Buscando incentivos para acontecer uma descentralização industrial causada por
uma falta de planejamento industrial em meados do século XX no Brasil.
É preciso estar
atento aos argumentos que usamos e as representações geográficas que impregnam
o discurso sobre as desigualdades regionais, pois a questão a que chegamos de
acordo com Yves Lacoste:
“é
preciso estar consciente de que a política de “regionalização” e de
“descentralização” faz parte da estratégia de grandes empresas supranacionais,
que tem todo interesse de se entender como “autoridades regionais” nomeadas ou
eleitas a margem do debato politico que situa-se no nível nacional”.
Com o Estado
enfraquecido surgem às instituições regionais que vieram para trazer soluções imediatas,
se busca uma solução para uma descentralização de poder, que por sua vez ela
não acontece, haja vista que ainda hoje essas instituições são apenas uma
solução imediata politica para satisfazer interesses de fortalecimento de poder
local-regional e nunca pensando numa solução regional ampla.
Um verdadeiro
jogo de poder, partidos políticos se juntam para escolher seus representantes
nestas instituições, ou seja, se você for de uma representação politica com
pouca expressão de nada vai adiantar esta instituição regional que surgiu para
auxiliar os chamados “pequenos” municípios.
E o principal e
do meu ponto de vista não existe a participação popular nestas agremiações as
decisões locais ainda são tomadas dentro de quatro paredes sem nenhuma
intervenção ou participação popular, pois os mesmos não tem disponibilidade
para se deslocar de seus municípios para fazer alguma intervenção e se a fazem
não traz nenhum resultado para sua comunidade.
Estas
agremiações quando surgem vem com um objetivo primordial auxiliar a
regionalização e a busca de uma solução conjunta unindo forças para o progresso
da região, mas, na pratica infelizmente não é bem isso que ocorre.
O governo
estadual catarinense também buscou nos últimos anos a solução regional coma
descentralização com a bandeira o “o governo mais perto das pessoas”, trouxe
benefícios à comunidade regional, mas também ocasionou fortes criticas por ser
mais uma esfera governamental empregatícia sem nenhuma seleção para esses
cargos, criticas a parte no meu ponto de vista esta sendo uma das soluções apresentadas
que aparentemente mais vem dando certo, pois a esfera governamental estava
muito “longe” das decisões politicas locais regionais.
Se não bastasse
essa utopia de instituições agora surgem outras agremiações dentro destas
instituições que são os “consórcios” que surgem para realizar os mesmos
objetivos que eram para ser de responsabilidade das associações regionais,
estes surgem para implantar uma politica cada vez menos desfavorável as classes
menos favorecidas.
Mais uma força
politica para proporcionar uma maior inserção dos “mais fortes”, uma intrínseca
briga por poder politico local/regional, pois estes consórcios também precisam
de pessoas para gerencia-los, coincidentemente ou não, não há nenhuma seleção
para ocupar esses cargos, mais uma vez sem planejamento que é supra essencial
para o desenvolvimento de qualquer lugar.
Cabe ressaltar
aqui que as medidas estão sendo tomadas, os governos locais, e podemos dizer
regionais estão fazendo sua parte, se esta dando certo ou não, ou se a maneira
que esta sendo conduzida é a mais correta isso só o tempo nos dirá, não podemos
ser demagogos em pensar que tudo também está errado, o problema deste contexto
todo é histórico, as pessoas não fazem e não buscam, esperam apenas por alguns
fazer, e a posteriori vem às criticas, mas quando é pra mobilizar ninguém o
faz.
Então de nada
adianta ficarmos esperando que as coisas melhorem sem agirmos termos esperança
do verbo esperar “espero que as coisas melhorem” e não fazer nada para isso
acontecer não resolve. Devemos ter esperança, mas fazer a nossa parte correr a
traz, realizar as mudanças necessárias, nós da sociedade civil temos a ampla
liberdade de fazer as mudanças necessárias coisa que há alguns anos atrás
nossos antepassados não podiam hoje nós podemos.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL E
TURISMO NO ALTO VALE DO ITAJAI.
As mudanças nos
hábitos e costume da população em geral nas ultimas décadas fez com que as
pessoas reformulassem sua postura com relação à qualidade de vida, tempo
disponível, nível de vida, qualidade de vida, hábitos e costumes foram
totalmente reformulados, trinfo de uma politica econômica liberal, que fez com
que as pessoas precisassem e necessitassem cada vez mais de “tempo” pra que?
Esse
conjunto de fatores fortalecem certo modismo do século XX que é o TURISMO, que
por sua vez tem varias peculiaridades, Turismo Rural – ecológico é a mais nova
“moda” do século XXI. A chamada onda verde chegou para ficar.
Nosso
estado é um dos que mais recebe turistas no Brasil, banhado pelo oceano atlântico
tem em suas belíssimas praias, um aconchego de milhares de turistas todo ano,
ate então era o único ponto turístico no estado, hoje começa a discutir, o
interiorização turística de Santa Catarina, que também tem suas características
especificas.
O
turismo rural, o turismo religioso, com as potencialidades locais possibilitam
o nosso turista uma nova escolha, pois bem, começamos aqui nossa analise,
nossos municípios em sua grande maioria carecem de estrutura física e técnica,
para elaborar um planejamento que alicerce o desenvolvimento turístico de nossa
região.
O
planejamento é mais uma vez a principal chave do progresso turístico de nossa
região, como não é comum, leva um período para os municípios se adaptarem a
esta nova realidade, algumas iniciativas são tomadas pelas associações que
tentam colaborar, mas as precariedades são inúmeras e dificulta a efetivação de
um planejamento em longo prazo e continuo.
As
dificuldades são inúmeras, e as ações realizadas são momentâneas, nossos
municípios em sua grande maioria, realizam algumas atividades, apenas para não
deixar passar em branco, mas não é prioridade. Tanto é que em sua maioria
festas regionais gastronomia típica, arquitetura e turismo religioso são os
carros chefes do turismo em sua grande maioria dos municípios de pequeno e
médio porte.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É
preciso entender que não são os agentes formadores de nosso passado, os
principais culpados de tais acontecimentos. É preciso entender, que somos
herdeiros de tudo o que foi produzido, a partir de tais atitudes, e talvez
muitos não entendam, e ainda tomem atitudes arcaicas fingindo tudo ser normal.
Em toda a
historia, em cada momento trazemos conosco algo de que podemos tirar proveito.
É
nesse momento que mostramos de que somos feito. Se for um povo conformado, ou
que insatisfeito luta por melhores condições. Luta por dias melhores, dias em
que coerentemente podemos criticar e incessantemente oferecer melhores
propostas para o nosso futuro.
Muitas pessoas
foram silenciadas durante muitos anos ou por regimes de governo ou por regidos
por uma fé, mas seus sonhos estão cada vez mais vivos dentro de cada um de nós.
Dentro do
coração de cada cidadão que tem o orgulho de fazer parte do povo brasileiro. E
que ecoe por toda a história o grito de que: “o povo unido jamais será
vencido”. Para mim, para você, e para todos que ainda estão por vir. Afinal
“somos o que somos e não que querem que sejamos”.
Que
o povo que faz parte desta sociedade. Desta terra. Tomem consciência do custo
de nosso presente e futuro.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Texto: Ivo Marcos Theis e Luciana
Butzke – Planejamento e desenvolvimento
desigual em santa Catarina.
Texto: A politica de colonização na província.
Texto: As primeiras tentativas de colonização Italiana em Santa Catarina
Texto: Maristela Macedo Poleza,
Luciana Butzke, Iara Klug Rischbieter – Desenvolvimento
territorial sustentável e turismo no Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina: o Associativismo municipal
no projeto TREMTUR.
Lacoste, Yves. Liquidar a Geografia...
liquidar a ideia nacional? In: VESENTINI, José Willian (org.). Geografia e ensino: textos críticos.
Campinas: papiros, 1989.
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