A
crise na Ucrânia vem tomando cada vez mais atenção por parte da mídia, os
protestos sob frio intenso, de grande volume de pessoas e de sua resistência
instigam as pessoas sobre os porquês.
A
Ucrânia é um país de aproximadamente 45 milhões de habitantes que tem grande
pujança em produção industrial, minerais e alimentos, sendo assim uma grande
potência do leste europeu. A população é predominantemente cristã. Possui nas
últimas décadas, crescimento econômico muito acima dos registrados nos países
da União Europeia especialmente os que adotam o Euro como moeda. Estes aspectos
tornam o país muito interessante comercial e economicamente tanto para o lado
Russo como para o Europeu.
Mapa de Localização da Ucrânia
Bandeira da Ucrânia
Em
princípio parece loucura uma população não querer a ampliação do relacionamento
econômico com o lado europeu, mas atualmente é necessário investigar bastante
os porquês.
No
entanto, os problemas maiores neste momento estão relacionados com a grande
possibilidade de entrada de um governo militar e a consolidação de uma
ditadura, se isso acontecer, ou o tiro das manifestações saiu pela culatra ou é
o desejo dos principais militantes.
Por
este motivo o texto publicado na Folha de São Paulo talvez fale sobre “Opinião:
Crise na Ucrânia envolve fascistas, oligarcas e Ocidente”.
Jonathan Kreutzfeld
Resumo
Em
novembro de 2013 iniciou-se, na Ucrânia, uma onda de protestos em torno do
parlamento do país, cuja motivação principal era a não assinatura de um tratado
de livre-comércio comércio com a União Europeia. Esse episódio acirrou ainda
mais as diferenças entre os dois principais grupos políticos ucranianos: os
“pró-ocidente” e os mais próximos à Rússia.
A
decisão de “adiar” o acordo, tomada pelo governo ucraniano, foi em grande parte
motivada pela influência russa no país, que não vê com bons olhos a sua
aproximação com o bloco europeu. Uma significativa parcela da população e
grupos políticos opositores ficaram bastante descontentes com a postura
submissa do governo e iniciaram as manifestações que, apesar da renúncia do
primeiro-ministro Mykola Azarov em janeiro de 2014, parecem ainda estar longe
de acabar.
A
Ucrânia é um país de regime semipresidencialista, ou seja, o gabinete e as
funções executivas nacionais são divididos entre o presidente (com mandato de
cinco anos) e o primeiro-ministro, além de uma influência mais destacada do
parlamento. O presidente ucraniano é Viktor Yanukovich, uma personalidade
polêmica no país em virtude dos eventos eleitorais relacionados com a Revolução
Laranja de 2004, o que o torna inimigo de uma poderosa e influente oposição
“pró-ocidente”, a mesma que atualmente lidera boa parte das manifestações no
país.
Quem são os manifestantes?
Os
opositores ao governo de Yanukovich e da administração de Azarov são formados
por várias frentes políticas, a maior parte constituída pela parcela da
população mais “ocidental”, ou seja, mais próxima culturalmente da Europa,
diferentemente dos 30% dos habitantes que falam russo e possuem uma cultura
mais próxima ao país vizinho.
O
principal líder e organizador dos protestos é Vitali Klitschko, uma
personalidade esportiva do país (ex-campeão de boxe) e que se tornou também uma
figura política, com intenções de, inclusive, concorrer à presidência em 2015.
Ele atualmente lidera o movimento denominado Udar (“soco”, em tradução livre),
que vem mostrando uma ampla frente de mobilização.
Outra
força que está atualmente compondo as manifestações é o partido político
Svoboda (que significa “liberdade”), liderado por Oleh Tyahnybok e que possui
caráter nacionalista, sendo frequentemente acusado de possuir um caráter
puramente fascista. Esse partido traz consigo outras frentes de extrema
direita, como o Bratstvo e o Setor Direito.
Além
dessas frentes, ainda existem grupos de esquerda e até anarquistas que buscam
ganhar espaço com as manifestações. Esse grupo, minoritário, não objetiva
defender o tratado com a União Europeia – causa maior das manifestações –, mas
lutar por melhores condições sociais e atenuação dos índices de pobreza e
desigualdade na Ucrânia.
Mas,
sem dúvidas, a frente de oposição mais influente sob o ponto de vista
internacional é o Pátria, segundo maior partido do país (atrás somente da
frente governista), liderado por Arseniy Yatsenyuk, um militante extremamente
próximo a Yulia Tymoshenko, ex-primeira-ministra do país presa por abuso de
poder em 2009, uma das principais personalidades da Revolução Laranja de 2004.
Yulia Tymoshenko e
a Revolução Laranja de 2004
A
Revolução Laranja foi uma série de protestos que tomou as ruas – de forma
semelhante a que se iniciou no final de 2013 – durante as eleições
presidenciais de 2004 e que se encerrou apenas no ano seguinte. A disputa
eleitoral envolveu o atual presidente Viktor Yanukovich (mais próximo à Rússia)
e Viktor Yushchenko (mais favorável à União Europeia), resultando na vitória do
primeiro.
A
oposição, no entanto, não acatou o resultado oficial, sobretudo, em virtude das
inúmeras fraudes, imposições e ameaças ocorridas durante a realização do
pleito, o que culminou em uma série de manifestações, a maioria delas liderada
por Yulia Tymoshenko e o seu grupo, que ficou conhecido como “Bloco Yulia
Tymoshenko”.
O
evento resultou no cancelamento das eleições e em um novo segundo turno em
2005, com vitória para Victor Tymoshenko, que se aliou à Yulia, nomeando-a
primeira-ministra de seu governo. Yanukovich, derrotado, conseguiu se eleger
apenas nas eleições posteriores, em 2010.
No
ano de 2009, Yulia Tymoshenko foi acusada de abuso de poder durante um acordo
sobre a comercialização de gás natural com a Rússia, episódio que resultou em
sua rápida condenação. A Europa aceitou a versão da ex-premiê de que a sua
prisão teria sido de caráter puramente político, tornando a sua causa famosa
internacionalmente.
As sanções contra
os protestos
Com
a resistência do governo ucraniano em não aderir à causa das manifestações de
assinar o acordo de livre-comércio com a União Europeia, os militantes passaram
a exigir a renúncia do presidente e do primeiro-ministro do país, apontados
como os principais responsáveis pela influência russa nas decisões nacionais.
Sob
a alegação de que os manifestantes utilizavam formas ilegais e violência
exagerada durantes os protestos, o parlamento aprovou uma série de leis para
reprimi-los duramente, principalmente através do uso da força policial. Essas
medidas foram seriamente criticadas pela comunidade internacional, sobretudo
após a morte de manifestantes em janeiro de 2014. Os Estados Unidos chegaram a
ameaçar a imposição de sanções contra a Ucrânia caso as violações aos direitos
humanos prosseguissem. No dia 28 de janeiro, após uma série de negociações
entre governo e oposição, o presidente decidiu revogar as leis de repressão aos
protestos.
A Renúncia de
Mykola Azarov
O
auge da tensão do país iniciou-se no dia 23 de Janeiro de 2014, quando cinco
manifestantes morreram em confronto com a polícia, além dos inúmeros feridos.
No mesmo dia, negociações foram realizadas sem sucesso, o que proporcionou a
invasão de várias sedes do governo em diversas regiões do país. Além disso, os
opositores também conseguiram invadir a Casa Ucraniana, na cidade de Kiev, e o
Ministério da Justiça, que ficou sob o seu controle.
Dois
dias depois, o governo ucraniano, mediante a elevação da tensão, ofereceu os
cargos de primeiro-ministro ao líder Arseniy Yatsenyuk e o de
vice-primeiro-ministro ao boxeador Vitali Klitschko, oferta prontamente
recusada pela oposição. No entanto, as negociações continuam.
Em
28 de Janeiro, com o objetivo de diminuir o ímpeto das manifestações, o
primeiro-ministro Mykola Arazov pediu a sua demissão. No entanto, a estratégia,
ao menos até o momento, não surtiu efeito e os opositores continuam em
protestos em exigência à renúncia também do presidente Yanukovich.
A influência russa
e europeia sobre a Ucrânia
A
ocorrência da crise política na Ucrânia, com a intensificação dos protestos, é
o estopim de uma instabilidade política que marca a região há vários anos. A
extinta União Soviética – da qual o território ucraniano era integrado –
industrializou-se por meio de uma integração estrutural envolvendo todas as
suas repúblicas, com o objetivo de garantir uma maior estabilidade territorial.
Após a queda do Muro de Berlim, os países ex-soviéticos encontravam-se muito
interdependentes, fato que se mantém ainda hoje em muitos aspectos.
Atualmente,
a Ucrânia depende comercial e economicamente da Rússia, sobretudo por esta lhe
fornecer gás natural, fonte de energia primordial ao país, e por ser o
principal comprador de inúmeras matérias-primas produzidas pela economia ucraniana.
Quando a Ucrânia se aproximou da União Europeia, a Rússia ofereceu melhores
acordos econômicos e, segundo algumas versões não confirmadas oficialmente,
ameaçou cortar o fornecimento de gás e a compra dos produtos ucranianos, além
de impor restrições alfandegárias.
Por
outro lado, a União Europeia, sobretudo a Alemanha, busca ampliar a sua
influência sobre as nações asiáticas mais próximas ao ocidente, como é o caso
da Ucrânia. Com isso, o bloco europeu conseguiria enfraquecer o domínio russo
na região e também diminuir o poder da CEI (Comunidade dos Estados
Independentes), bloco econômico formado pelas antigas repúblicas soviéticas.
Protestos em 2013 e 2014
Fonte:
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