Esta postagem foi feita a partir de compilação de materiais do Portal Controversas e do Universo de Magali, ambos de Blumenau.
O material original encontra-se em:
Por: Giovani Ramos
Blumenau é a cidade com maior número de favelados de Santa Catarina. Quem afirma é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio do Censo 2010. Os números foram divulgados no final do mês passado.
Segundo o Censo, em 2010 viviam em aglomerados subnormais (favelas e similares) de Blumenau, 23.131 pessoas. Mais do que Florianópolis (17.573) e Joinville (7.198). O Jornal A Notícia, de Joinville, fez um cálculo proporcional ao número de total de habitantes. Assim, a nossa cidade ficou em terceiro lugar, com 7,52% dos blumenauenses vivendo em favelas. Neste índice, perdemos para Laguna e Gaspar. A vizinha aparece na ponta, com 10% da população na pobreza “subnormal”.
Para o Censo, Blumenau possui 17 aglomerados. São eles: Cidade Jardim I e II, Coripós, Lot. Sol Nascente Morro da Figueira, Morro do Laguna, Morro do Valério, Morro Dona Edith, Rua Araranguá, Rua Benjamin Franklin, Rua Gervásio João Sena, Rua Gustavo Zeck, Rua Pedro Krauss Senior (Beco das Cabras), Toca da Onça, Vale do Selke, Vila Bromberg, Vila Jensen e Vila União.
O maior conglomerado é o da Rua Aranguá, bairro Garcia, com 3.741 habitantes. Alguns loteamentos tratados por favelas na cidade, como a Vila Vitória no bairro Fortaleza, não foram citados na pesquisa.
Na lista das cidades com favelas no Estado, uma constatação óbvia. Elas se encontram no litoral ou regiões próximas. Chama também a atenção, a ausência de Jaraguá do Sul. Trata-se da nona maior cidade de SC, com 143 mil pessoas.
Gaspar, com 57 mil habitantes, surpreendeu negativamente. O Vale do Itajaí não anda bem na foto.
Veja o Ranking das cidades com maior número de pessoas vivendo em aglomerados subnormais no Estado.
1 – Blumenau 23.131
2 – Florianópolis 17.573
3 – Joinville 7.198
4 – Gaspar 6.120
5 – Palhoça 5.141
6 – Laguna 4.601
7 – Tubarão 3.891
8 – Itajaí 3.021
9 – São José 1.700
10 – Braço do Norte 964
11 – Navegantes 963
12 – Barra Velha 561
13 – São Ludgero 269
14 – Balneário Camboriú 247
15 – Tangará 57
2 – Florianópolis 17.573
3 – Joinville 7.198
4 – Gaspar 6.120
5 – Palhoça 5.141
6 – Laguna 4.601
7 – Tubarão 3.891
8 – Itajaí 3.021
9 – São José 1.700
10 – Braço do Norte 964
11 – Navegantes 963
12 – Barra Velha 561
13 – São Ludgero 269
14 – Balneário Camboriú 247
15 – Tangará 57
PESQUISA
A jornalista Magali Moser, autora da reportagem especial “Cidade Escondida” no Jornal de Santa Catarina em 2007, fez uma pesquisa sobre o processo de favelização em Blumenau há dois anos. O vídeo abaixo é uma das amostras da pesquisa.
A cidade que já conquistou o primeiro lugar no ranking nacional do IDH, que mede a qualidade de vida, em 1980, enfrenta o desafio de crescer de forma organizada e includente. Hoje, 7,5% dos moradores do município, mais de 23 mil pessoas, residem em áreas de concentração de pobreza
Os indicadores sociais sobre Blumenau escondem uma realidade em torno do município. Há uma outra cidade atrás dos números que a colocam na 25ª posição nacional do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M). A cidade que na década de 1980 ocupou o primeiro lugar no ranking nacional do IDH perdeu a posição especilmente pela crise no setor têxtil, na opinião de especialistas. Mas permanece em situação de destaque em relação aos 5.565 municípios brasileiros. Em relação aos 193 municípios catarinenenses, a cidade ocupa a 7ª posição. Em Blumenau, 20% dos mais ricos detém mais da metade da renda, o equivalente a 53%. Os números municipais seguem a tendência mundial: Apenas 85 pessoas no mundo detêm 46% de toda a riqueza produzida no planeta, mesmo percentual de metade da população, segundo relatório divulgado início do ano no Fórum Econômico de Davos, na Suíça. Em Blumenau não se sabem quem são os 20% mais ricos responsáveis por metade da renda:
“No Brasil só se pesquisam os pobres. Não se quer saber quem são os ricos”, analisa o professor do Departamento de Economia da FURB, Nazareno Schmoeller, pesquisador do Sistema de Informações Gerenciais de Apoio à Decisão (SIGAD).
Dados atualizados com base no censo do IBGE 2010 mostram que a disparidade na cidade é também geográfica. Enquanto a renda média de um morador da Velha Grande por exemplo é de R$ 590,00 por pessoa, por mês, no bairro Jardim Blumenau a renda média é de R$ 4.650,00 por pessoa, quase sete vezes mais. Na avaliação do professor do curso de Ciências Sociais da FURB, Nelson Garcia, esconder/maquiar os contrastes, sempre esteve presente nas ações públicas constituídas pelos diversos governantes de Blumenau, chegando-se a afirmar inclusive que em Blumenau não existe favela. “A perspectiva econômica, define que a pobreza ou o não sucesso acontecem por motivos individuais que não conseguiram aproveitar as oportunidades dadas. Assim, as diferenças servem, também, para legitimar o enriquecimento e sucesso dos que lá chegaram”, pondera.
Os desafios que se impõem à cidade
Fotos: Jandyr Nascimento

“Os indicadores de Blumenau em si não são ruins. Se comparado a outros municípios em situação pior. Tem muitos quesitos que Blumenau pode melhorar. Não temos que nos comparar com outros municípios. Mas conosco mesmo e identificar onde precisamos melhorar”, analisa o professor Schmoeller.

Os números otimistas sobre geração de empregos que colocam Blumenau como líder estadual também mascaram uma realidade, na avaliação de especialistas. “O que tem me chamado muito a atenção é a precarização do trabalho e a alta rotatividade dos trabalhadores emprego/desemprego que acontece nas empresas da cidade. Muitos trabalhadores não estão mais recebendo hora extra, devido ao banco de horas. A quarteirização está acontecendo fortemente na cidade e com isso amplia significativamente a acumulação de capital das grandes e médias indústrias de Blumenau”, avalia o professor Nelson Garcia.

Parabéns Magali, sua reportagem é clara, muito útil informativa. Agora as pessoas tem muito o que repensar quando criticam bolsa-família, essas pessoas não devem nem podem ficar só com a pouca ajuda que o governo dá, nossa sociedade, tem que encarar que esse é também um problema nosso. Se nos juntássemos e cada grupo fizesse alguma coisa essa situação triste e constrangedora acabaria, devemos conscientizar nossos jovens que esta não é uma luta inglória e que vale a pena lutar ao invés de fazerem passeatas para coisas que não mudariam a vida de quem realmente precisa. Mais uma vez parabéns, excelente matéria.
ResponderExcluir