quinta-feira, 18 de junho de 2015

Intolerância religiosa no Brasil

A religião é considerada um direito humano fundamental dos cidadãos. Existem cerca de 10 mil religiões espalhadas pelo mundo, com crenças, valores morais e éticos, leis religiosas e estilos de vida diferentes, que necessitam de respeito e tolerância. No entanto, não é o que vem acontecendo, nem mesmo em países com maiores liberdade religiosa, assim interferindo negativamente na convivência social.

A intolerância religiosa é um crime de ódio, que vem ferindo a dignidade humana. Além disso, problemas de intolerância são graves e atingem o mundo inteiro, o xenofobismo, o etnocentrismo, a homofobia e a perseguição religiosa são as consequências de tal questão.

Exemplo disso ocorre no Brasil, que apesar de ser um Estado Laico, ainda há um grande número de denúncias de preconceitos e de agressões por praticantes de religiões opostas. As maiores vítimas dessas perseguições são religiões de matrizes africanas, candomblé e umbanda, por exemplo. No entanto não é recente, pois foram perseguidos também no período da escravidão no Brasil.
Dessa forma, mediante os fatos expostos, observa-se que a ambiguidade se baseia no preconceito e na discriminação do outro. Para tentar amenizá-la seria necessário o cumprimento da Lei e do direito dos cidadãos e a conscientização da população pela a educação familiar e escolar, com projetos, campanhas midiáticas que visem o ensino do respeito à religião adversa.

A Constituição Federal brasileira garante liberdade de culto religioso. No entanto, não existem leis específicas de combate à intolerância religiosa, atos de agressão e vandalismo. Segundo o professor Wanderson Flor, da Faculdade de Educação, a intolerância religiosa é um dos fenômenos mais antigos da história da humanidade e praticamente todas as religiões sofrem do mal, principalmente as de matrizes africanas. “Você tem um cruzamento da intolerância religiosa com o racismo”, diz.

O problema acontece quando um indivíduo acredita que a crença dele é a verdadeira e a do outro é falsa. Mas não necessariamente esse agressor é moralmente um criminoso. É uma pessoa que acredita ajudar um indivíduo que professa uma “crença de satanás”. Ele tenta combater a crença do outro com o pretexto de salvá-lo, mas viola cultos e a privacidade alheia.

“Chefes de culto foram espancados, imagens quebradas, roupas queimadas. Houve historicamente e ainda há muita perseguição e ataques explícitos aos cultos de matrizes africanas”, argumenta o Doutor em Educação Jorge Manoel Adão. Para ele, o preconceito também vem da falta de conhecimento já que nas escolas não se ensina o respeito e a visão de mundo das variadas religiões.

Menina recebe pedrada e ofensas em saída de culto religioso

Com apenas 11 anos, K. conheceu a intolerância religiosa, domingo à noite (14/06/2015), de forma dolorosa. A menina, iniciada no Candomblé há quatro meses, seguia com parentes e irmãos de santo para um centro espiritualista na Vila da Penha, na Zona Norte, quando foi atingida na cabeça por uma pedra, atirada por grupo ainda não identificado. Segundo testemunhas, momentos antes, os agressores já haviam xingado os adeptos da religião de matriz africana.

"Eles gritaram: ‘Sai, satanás, queima! Vocês vão para o inferno'". Mas nós não demos importância. Logo depois, o pedregulho atingiu minha neta e, enquanto fomos socorrê-la, eles fugiram em um ônibus", contou a avó da menina, Kathia Coelho Maria Eduardo, de 53, conhecida na religião como Vó Kathi Funcibialá.

O caso foi registrado ontem na 38ª DP (Brás de Pina) como lesão corporal, no artigo 20 da lei 7.716 (praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de religião). A polícia tenta identificar os agressores através de câmeras da região.

K. chegou a desmaiar e, segundo parentes, teve dificuldades para lembrar de fatos recentes. "Ela foi atendida num hospital, mas está bem agora. Inclusive, foi até para a escola hoje. É muito estudiosa, mas, na hora, chegou a perder a memória. Que mundo é esse que estamos vivendo? Não se respeita nem criança?", questionou, ainda indignada, Yara Jambeiro, de 49 anos, também integrante do Barracão Inzo Ria Lembáum e uma das responsáveis pela educação religiosa de K.

Marcelo Dias, o Pai Yango, que é responsável por página em rede social com mais de 50 mil adeptos, divulgou o caso na internet. "É assombroso", comentou o líder religioso.

Jonathan Kreutzfeld

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