Anunciada em
dezembro do ano passado, a aproximação entre os dois países foi discutida em
sigilo durante 18 meses e formalizada no dia 20 de junho de 2015. Algumas
medidas, no entanto, só foram oficializadas recentemente, como a autorização
para o transporte marítimo de cargas e passageiros. Outras ainda precisam da
aprovação do Congresso dos Estados Unidos, como o fim do embargo comercial.
O QUE DEVE MUDAR
Libertação
de prisioneiros
A libertação
de prisioneiros políticos foi um dos primeiros passos da reaproximação. Os
Estados Unidos já deram liberdade para cinco agentes cubanos que estavam presos
desde 1998. Já o governo de Raúl Castro prometeu soltar 53 pessoas. Bruno Lima
Rocha, professor de Relações Internacionais da Universidade do Vale do Rio dos
Sinos e da ESPM-Sul, salienta que as libertações são de prisioneiros
específicos, solicitada pelos governos de seus respectivos países.
Apoio dos
EUA a médicos cubanos na África
Em outubro
do ano passado, Cuba enviou mais de 200 profissionais da saúde para combater a
epidemia do vírus ebola na África Ocidental. Procópio Filho lembra que muitos
destes trabalhadores contaram com apoio material e financeiro de Washington.
Rocha ressalta que a cooperação em esforços humanitários, chamada de
“aproximação entre os povos”, favorece os dois países. “Ajuda humanitária é uma
agenda de todos e beneficia todos os envolvidos.”
Participação
de Cuba na Cúpula das Américas
Após cinco
décadas de conflito, os presidentes de Cuba e dos Estados Unidos apertaram as
mãos na abertura da Cúpula das Américas, realizada em abril, no Panamá. Foi a
primeira vez que um líder cubano participou da conferência. Em seu discurso, o
presidente Raúl Castro elogiou o norte-americano Barack Obama, a quem chamou de
“homem honesto”. Rocha explica que a participação do país aponta para uma
normalização das relações diplomáticas.
Volta do transporte marítimo
Durante 50
anos, os 150 quilômetros de distância entre a Flórida e a costa cubana pareciam
muito maiores com a proibição do transporte de cargas e passageiros entre
os dois países. Com o fim da proibição, a expectativa é que, a partir de
setembro, empresas americanas já ofereçam o serviço de ligação entre os dois
países. No entanto, a legislação norte-americana ainda proíbe que seus cidadãos
viajem para a ilha, salvo em situações extraordinárias.
Cuba fora da
lista de países que apoiam o terrorismo
O presidente
Barack Obama enviou ao Congresso dos Estados Unidos o pedido para que Cuba seja
retirada da lista de países que patrocinam o terrorismo. O documento foi
encaminhado no dia 14 de abril e tem um prazo de 45 dias para ser respondido. A
medida encontra resistência do Partido Republicano. De acordo com Procópio
Filho, a objeção conta com o apoio dos opositores aos irmãos Castro, exilados
nos Estados Unidos.
Intercâmbio
cultural
Além das
questões políticas e econômicas, a relação cultural entre os dois países também
foi modificada com a reaproximação. Em julho, o coro gay de Washington
fará uma turnê em Cuba. Raúl Castro já anunciou que estará presente na
apresentação em Havana. O grupo se reunirá ainda com o Centro Nacional de
Educação Sexual, instituição dirigida por Miriela Castro, filha do presidente
cubano.
Remessa
financeira
O fim do
embargo financeiro precisa de aprovação do Congresso dos Estados Unidos, mas o
acordo diplomático já prevê medidas que podem facilitar o envio de recursos
para a ilha. Entre elas está a ampliação da remessa financeira trimestral para
Cuba. O valor máximo de US$ 500 passará para US$ 2000. Os cidadãos
norte-americanos também terão permissão para importar até US$ 400 em produtos
cubanos.
Embaixadas
abertas
As
negociações para a retomada das relações diplomáticas entre os dois países
incluem também abertura de uma embaixada norte-americana em Cuba, embora ainda
não exista uma data para a inauguração. “Será um dia histórico. A embaixada dá
materialidade às relações”, diz Rocha.
Previsão de liberação
para o turismo
Embora
também precise de aprovação do Congresso dos Estados Unidos, a expectativa é
que, em breve, o turismo de norte-americanos para Cuba seja liberado. De acordo
com Rocha, o governo de Raúl Castro já se anima com a possibilidade. “Havana
estima que o turismo será quadriplicado com a participação norte-americana.”
Inflação de
preços turísticos
Mesmo com o desembarque de turistas americanos apenas como uma possibilidade futura, a economia da ilha já reage, e os preços turísticos vêm sofrendo reajustes. A inflação, no entanto, não atinge os cidadãos cubanos, já que a ilha conta com duas moedas, uma para os habitantes e outra utilizada no turismo.
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