terça-feira, 19 de abril de 2016

Terremoto no Equador


Um forte terremoto de 7,8 graus de magnitude atingiu o Equador na noite de sábado 9 de abril de 2016. De acordo com o governo são oficialmente registradas 660 mortes e 32 desaparecidos. Fato interessante ocorreu no dia 30 do mesmo mês. Um idoso de 72 anos foi encontrado vivo nos escombros 13 dias após o fenômeno. O tremor foi o mais forte desde 1979.

Como a escala Richter é exponencial, só pra ter uma ideia, a energia total liberada foi aproximadamente 20 vezes maior que a do terremoto do Japão na madrugada de sábado que foi de 7,3 graus na mesma escala.

Não existe uma relação causal entre os terremotos do Equador e do Japão. Cerca de vinte terremotos de magnitude 7 ocorrem todo ano no mundo e temos milhares de menores ocorrendo diariamente nas diversas placas tectônicas existentes.

O sismo

O epicentro ocorreu no oceano Pacífico, a 28 da costa equatoriana e a 173 da capital, Quito, e o foco do tremor estava a 20 quilômetros de profundidade. A região está no encontro das placas de Nazca e Sul americana. Quase 200 réplicas, algumas com intensidade de até 6,1 graus, ocorreram depois do tremor principal, podendo se prolongar por até três dias. Foi um dos piores terremotos na última década na América Latina, juntando-se a uma lista que inclui o tremor de 2007 no Peru, com quase 600 mortos, o de 2010 no Chile (mais de 150 vítimas fatais) e a catástrofe daquele mesmo ano no Haiti, com mais de 300.000 mortos.

Mobilização Internacional

O presidente Rafael Correa anunciou que o Equador receberá o apoio de equipes de resgate da Colômbia e do México. O presidente, que estava fora do país desde o domingo, 10 de abril, chegou à base aérea de Manta (oeste) às 18h30 locais (20h30 de Brasília) e tem previsto visitar as principais regiões afetadas pelo sismo, após o que falará com jornalistas, segundo a mesma fonte.

O presidente já estima prejuízos financeiros na casa dos 3 bilhões de dólares e os números não param de subir.

Jonathan Kreutzfeld

Fonte:


http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/04/numero-de-mortos-em-terremoto-no-equador-passa-de-400.html

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Muros que ainda dividem povos

É um assunto que infelizmente vem chamando atenção nesta semana. O muro de tapumes metálicos que divide Brasília foi construído por um grupo de presidiários e dividirá a Esplanada dos Ministérios ao meio para abrigar manifestantes a favor e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

É certo que não representa a mesma dimensão que outros muros que ainda existem ou fizeram história, mas infelizmente mostra o ponto radical-extremista que chegamos na política do país.



Israel, EUA, Coreia, Grécia e Ceuta: 25 anos após queda do Muro de Berlim, episódio que simbolizou diminuição de fronteiras, barreiras físicas ainda existem em diversos continentes. Conheça cinco muros que ainda estão de pé:

Há 25 anos, caía na Alemanha o Muro de Berlim. Para muitos, o episódio sinalizava o início de uma nova era, de expansão da globalização e diminuição das fronteiras — simbólicas e reais. Um quarto de século após a queda deste ícone da Guerra Fria, ainda persiste, espalhada pelo mundo, uma série de fronteiras muradas construídas para separar povos.
Segue abaixo 5 desses muros que ainda separam povos.
1) CISJORDÂNIA-ISRAEL
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Muro que separa Cisjordânia e Israel
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O Muro da Cisjordânia — ou “Muro da Vergonha”, como é chamado pelos críticos da ocupação israelense — começou a ser construído em 2002, período da Segunda Intifada, e separa Israel do território palestino da Cisjordânia. Na época, foi dito que o intuito era impedir a entrada de palestinos para prevenir atos de terrorismo. Os que se opõem à barreira denunciam que o muro é uma ferramenta utilizada por Israel para, além de interditar as negociações de paz por estabelecer unilateralmente novas fronteiras, também anexar gradualmente porções do território palestino, muitas das quais passaram a abrigar assentamentos israelenses. Atualmente, a parede de concreto, ferro e arame farpado tem cerca de 440 quilômetros de extensão — se a construção da barreira for finalizada, cercando todo o território da Cisjordânia, o muro se estenderá para aproximadamente 700 quilômetros.
2) ESPANHA-MARROCOS: MUROS DE CEUTA E MELILLA
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Muro que separa Espanha e Marrocos
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Ceuta e Melilla são o enclave espanhol na África e representam o resquício do colonialismo europeu no continente africano. Sob o domínio espanhol, as duas cidades fazem divisa com o Marrocos e estão muito próximas do Estreito de Gibraltar, pequeno intervalo oceânico que separa os dois continentes. Até os anos 1990, a divisão entre os territórios espanhol e marroquino era pouco perceptível, e o trânsito de pessoas de um local para o outro era comum. Com a institucionalização da União Europeia e a política de livre-circulação dos cidadãos europeus, a Espanha foi incentivada a apertar o cerco em suas zonas fronteiriças. Assim, foram erguidos os muros, que chegam, juntos, a 20 quilômetros de extensão, com o objetivo de impedir a imigração de africanos para a Europa.
3) EUA-MÉXICO

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Muro que separa EUA e México
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EUA-mexico3
O muro construído pelos Estados Unidos na fronteira com o México é o símbolo da política anti-imigração norte-americana. Num esforço contra os chamados “coiotes”, responsáveis por atravessar clandestinamente pessoas pela fronteira, Washington começou estabeler barreiras físicas entre as cidades de El Paso e Ciudad Juárez, e também entre San Diego e Tijuana. Com os ataques de 11 de Setembro de 2001, os EUA apertaram ainda mais o cerco, temendo que terroristas pudessem entrar em território norte-americano via México.
4) GRÉCIA-TURQUIA: MURO DE EVROS
muro evros turquia grecia
Muro que separa Turquia e Grécia
A fronteira entre a Turquia e a Grécia era tida pela UE como a “porta dos fundos” para a entrada de imigrantes na Europa. Por esse motivo, a Grécia, o país europeu mais afetado pela crise econômica de 2008 e alvo de severas medidas de austeridade, resolveu investir € 3,2 milhões (R$ 10,15 milhões) para erguer em 2012 um muro de mais de 10 quilômetros de extensão ao longo de um trecho da margem do rio Evros, fronteira natural que separa a o território europeu dos vizinhos turcos.
5) COREIA DO NORTE-COREIA DO SUL
muro coreia do norte coreia do sul
Muro que separa Coreia do Norte e Coreia do Sul
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Percorrida ao longo do Paralelo 38, a faixa de terra que divide a península coreana em dois países tem 250 quilômetros de comprimento. Após o armistício que interrompeu sem pôr fim formal à guerra entre os dois lados — símbolo do embate entre as duas superpotências durante a Guerra Fria: o norte comunista, e o sul capitalista —, a porção de território foi transformada em uma zona desmilitarizada. Ou seja, uma faixa “neutra” onde militares das duas Coreias podem transitar, mas sem cruzar a linha que demarca o território de cada um dos países.
Fonte: 

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Migrações na Europa – Espaço Schengen

Com o objetivo de dar liberdade de circulação aos cidadãos, cinco países assinaram, em 1985, o acordo que iria abolir as fronteiras em quase todo o território do velho continente. O Tratado de Schengen iniciou com a participação da Alemanha, Luxemburgo, Bélgica, Holanda e França.

A implementação foi efetivada no ano de 1995, e hoje conta com 26 países membros do acordo, sendo que entre os países da União Europeia não fazem parte, aparecem apenas Bulgária, Chipre, Irlanda, Reino Unido e Romênia. Além disso, quatro países que não pertencem à UE fazem parte de Schengen: Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.

Mapa dos países que fazem parte do Tratado de Schengen
 
Além do acordo ser de grande vantagem para os cidadãos europeus, pois entre estes países não há controle de fronteiras, os brasileiros também podem se beneficiar da lei. Em 2012, a União Europeia, em conjunto com o governo do Brasil, anunciou a retirada da necessidade do visto aos brasileiros que visitam os países do Espaço de Schengen pelo período máximo de 3 meses. Neste acordo também estão inclusos Letônia e Chipre.

A República da Irlanda, apesar de não fazer parte do tratado, possui acordo similar com o Brasil. Já o Reino Unido, que quis continuar mantendo controle próprio sobre as fronteiras, decidiu não entrar no acordo. Para os brasileiros que visitam o país a passeio, o visto concedido é de no máximo 180 dias.

Porque a Irlanda e o Reino Unido não fazem parte do Tratado?
Desde 1920 a Irlanda e o Reino Unido possuem um acordo entre eles de livre circulação entre os países, chamado Common Travel Area (CTA). Isso significa que as mesmas regras definidas pelo Tratado de Schengen entre os países do Espaço já existiam entre Irlanda e UK. Os cidadãos que vivem em ambos os países possuem acesso livre tanto da Irlanda para a Inglaterra, como vice-versa.

Pela resistência do Reino Unido em relação ao tratado, a Irlanda preferiu manter o que já havia sido acordado anteriormente.

Apesar desta posição, tanto a República da Irlanda como o Reino Unido participam em alguns aspectos do acordo, passando a utilizar o Sistema de Informação Schengen (SIS). Ambos países não podem inserir informações no sistema, mas possuem direito de acessar e consultar informações dos passageiros que passam por suas fronteiras.

Limite e regras de permanência

Você já deve ter escutado por aí algum brasileiro dizendo que pretende circular pela Europa de um país para outro, apenas com o visto de turista. Passa-se três meses aqui, mais três ali, e assim vamos desbravando o velho continente. Mas atenção, a coisa não funciona assim!

Para os turistas, é necessário cumprir exigências que podem variar entre os países. Porém, todos os membros do acordo pedem passaporte dentro da validade (que deve ser de no mínimo 3 meses após a data de volta ao Brasil), comprovantes de hospedagem ou carta convite de algum residente do país destino e um seguro de saúde com cobertura no valor de € 30 mil para cobrir assistência médica em caso de acidente ou doença.

Sobre o limite de permanência nos países do tratado, é possível ficar até 90 dias, seja em apenas um país ou circulando pelo Espaço de Schengen. Porém, uma regra deve ser lembrada: Estes 90 dias (3 meses) são válidos a cada 180 dias (6 meses).

Aos viajantes que pretendem, por exemplo, ficar 20 dias em um país de Schengen, depois mais 20 dias na Irlanda (ou outro país fora do tratado) e voltar novamente para algum dos países participantes do acordo, é possível. Estes 20 dias que você esteve fora, não contarão no total, ou seja, você terá mais 70 dias para circular entre as fronteiras livres.

Para quem vai a negócios e tende a voltar mais de uma vez ao ano, a regra é a mesma. É só lembrar que a cada 6 meses você poderá permanecer no espaço por no máximo 3 meses, corridos ou não.

Isso significa que não basta sair do Espaço de Schengen e voltar em uma semana. É preciso cumprir as regras e lembrar que o policial da imigração tem total autoridade para decidir se você está sendo honesto ou não.

Além dos brasileiros que visitam o Espaço de Schengen a turismo, a autorização de permanência de 3 meses também é concedida para as viagens a negócios e tratamento médico (mediante comprovação com atestado concedido por um médico brasileiro indicando o tratamento em um dos países de Schengen, comprovante de reserva em hospital ou em consultório médico e comprovante de financiamento das despesas do tratamento).

Fonte:



Migrações na Europa – Convenção de Dublin

A Convenção de Dublin é uma lei da União Europeia (UE) para agilizar o processo de candidatura para os refugiados que procuram asilo político ao abrigo da Convenção de Genebra, na redação dada pelo Protocolo de Nova Iorque. A intenção é esclarecer qual o Estado membro é responsável por um determinado requerente de asilo, e assegurar que pelo menos um membro lide com a aplicação. Geralmente, este será o Estado membro através do qual um requerente de asilo entra na União Europeia[1] (UE).

Em 2003, a Convenção de Dublin foi substituída pelo chamado Regulamento Dublin II. Mais tarde, em 2008, a Comissão Europeia propôs alterações ao Regulamento Dublin, criando uma oportunidade para a reforma do Sistema de Dublin.

Um dos principais objetivos é o de impedir um candidato de apresentar candidaturas em vários estados membros. Geralmente, alguém que procura asilo é obrigado a aplicar a lei no primeiro Estado membro que entrar. Outro objetivo é reduzir o número de pessoas "em órbita", requerentes de asilo, que são empurrados de Estado membro em Estado membro. No entanto, o país em que a pessoa entra primeiro, é o responsável pelo tratamento do pedido, o que coloca excessiva pressão sobre as zonas fronteiriças, por onde os demandantes de asilo ingressam na UE e onde os Estados são muitas vezes menos capazes de oferecer apoio e proteção aos requerentes de asilo. Isto coloca as pessoas em risco de serem devolvidas ao seu país de origem. Um dos principais problemas é o uso da detenção para forçar a transferência do demandante - do Estado desejado para o Estado considerado responsável pelo asilo -, sendo praticamente impossível apelar contra as transferências, mesmo quando ocasionam a separação de famílias.

As regras da Convenção também têm sido criticadas pelo Comissário de Direitos Humanos do Conselho da Europa, por minar os direitos de refúgio.

A Convenção foi assinada em Dublin, na Irlanda, em 15 de Junho de 1990, e entrou em vigor a 1º de Setembro de 1997 para os doze primeiros Estados signatários (Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Espanha e Reino Unido), em 1º de Outubro de 1997, foi assinado pela Áustria e Suécia, e em 1º de Janeiro de 1998, pela Finlândia. Recentemente, o tratado foi estendido para alguns países fora da União Europeia. A Suíça tornou-se um signatário da Convenção a 5 de Junho de 2005.

Jonathan Kreutzfeld


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Fonte:

  

[1] É exatamente isso que mais incomoda os países do mediterrâneo (Itália, Grécia, Espanha...) que precisam lidar com o migrante enquanto os países do norte da Europa, confortavelmente “selecionam” quais e quantos querem.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Manifestações Brasileiras de 2016

Assim como em diversos e importantes momentos anteriores o povo brasileiro foi às ruas para aclamar mudanças, em 2016 o Brasil voltou a vivenciar manifestações de grandes proporções no mês de março.

O contexto geral é de uma operação que investiga corrupção generalizada no governo federal envolvendo inúmeros políticos de alto escalão.

Eu como professor de Geografia e Atualidades com a missão de auxiliar estudantes que farão vestibulares e Enem sinceramente não acredito muito em temas extremamente polêmicos e políticos como os que vêm sendo discutidos na política brasileira. No Enem seria um tiro no pé e nas federais também. Em universidades particulares até podem rolar algumas alfinetadas daqui ou dali, mas nas públicas qualquer uso político das provas seria severamente criticado.

Detalhe bem importante! Na época do Mensalão este blog aqui recebeu mais de 100 mil acessos na semana que antecedeu o Enem em uma postagem intitulada “Resumo do Mensalão”. Na época fui desesperado conversar com meus alunos e deixar claro que estudar isso para o Enem seria besteira, e de fato era!

Voltando ao que interessa para o vestibular então, acredito até no uso de temas envolvendo ética, moral, constituição, responsabilidades institucionais entre outros. Mas é bem complicado buscar textos “imparciais” para colocar na prova ou na explicação de um tema de redação.

Manifestações Contra e Favoráveis ao governo Dilma

Abaixo eu postei textos que considerei bons entre os que eu pesquisei para explicar as manifestações mais volumosas de 2016 até o momento.

Chamou-me atenção que muitos textos sobre a manifestação contra o governo exaltavam o volume de participantes como informação mais relevante. Enquanto que as manifestações favoráveis ao governo exaltavam a palavra Golpe e a data de 31/03 como uma referência ruim do Golpe Militar de 31/03/1964 e por explicar a importância histórica da data, deixei o texto maior.

Espero que seja de alguma forma esclarecedor e tento ser o mais imparcial possível na escolha do texto e no que escrevi até aqui.

Obs: A ordem das exposições dos textos é da que aconteceu antes para a que aconteceu depois.

Jonathan Kreutzfeld

Manifestações Contra Governo 13/03

Fontes deste texto:



Mais de 3,3 milhões de pessoas foram às ruas em pelo menos 250 cidades brasileiras. Brasileiros protestaram contra o governo da presidente Dilma.

Os organizadores falam em 6,9 milhões por todo o Brasil. O maior número de participantes havia sido registrado no protesto de 15 de março do ano passado: 2,4 milhões, segundo a PM, e 3 milhões pelos dados dos organizadores.

Na capital paulista, a Polícia Militar estima que cerca de 1,4 milhão de pessoas estiveram no ato. Segundo o Instituto Datafolha, o protesto reuniu 500 mil pessoas. Já o movimento Vem Pra Rua, um dos organizadores, contabilizou 2,5 milhões de pessoas na Avenida Paulista. No Rio de Janeiro, os organizadores falaram em 1 milhão na Praia de Copacabana. A PM não divulgou números.

As manifestações foram pacíficas, com poucos incidentes isolados em algumas cidades. Grande parte dos manifestantes vestia verde e amarelo e levava cartazes contra a corrupção, o governo federal e o PT.

Além de pedirem a saída de Dilma, várias pessoas protestaram contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e lembraram que, na semana passada, o Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva do líder petista.

Outro nome citado nos atos, mas de maneira positiva, foi o do juiz da Operação Lava Jato. Sérgio Moro foi exaltado em faixas em diversas cidades brasileiras.

Em São Paulo, políticos foram hostilizados, entre eles Marta Suplicy (PMDB), o governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e o senador Aécio Neves (PSDB).
  
Manifestações Pró Governo Dilma 31/03

Fonte deste texto:



Manifestações contra o golpe e em defesa da democracia aconteceram em todos os estados do Brasil e em várias partes do mundo neste 31 de março de 2016. Em São Paulo, na Praça da Sé, o ato fez lembrar o comício das Diretas Já, em 1984, quando se pedia o restabelecimento das eleições para presidente da República

Uma multidão saiu às ruas nesta quinta-feira, dia do “aniversário” de 52 anos do golpe militar de 1964. Os atos em defesa da democracia e contra o golpe foram registrados em todos os estados do Brasil, além do Distrito Federal.

Um dos pontos de maior aglomeração foi na Catedral da Sé, em São Paulo. Também foram registrados protestos de brasileiros no exterior: Berlim e Munique (Alemanha), Barcelona (Espanha), Londres (Inglaterra), Copenhague (Dinamarca), Paris (França), Lisboa e Coimbra (Portugal), Buenos Aires (Argentina) e Santiago (Chile).

Os setores da sociedade contrários ao impeachment, que identificam nesse processo uma tentativa de golpe para derrubar um governo legitimamente eleito e que não cometeu crime de responsabilidade, se reuniram para mostrar que nem todos são favoráveis à retirada da presidente Dilma Rousseff.

Embora façam críticas ao governo e suas políticas, esses manifestantes defendem a legalidade e a normalidade democrática, ao mesmo tempo em que cobram medidas para recuperar a atividade econômica e retomar o crescimento. A pauta da Frente Brasil Popular e da Frente Povo sem Medo era clara: em defesa da democracia e dos direitos trabalhistas, contra o golpe e por outra política econômica.

O ato realizado na Praça da Sé, na região central de São Paulo, fez lembrar o comício das Diretas Já, em 25 de janeiro de 1984, quando se pedia o restabelecimento das eleições para presidente da República – o que só ocorreria em 1989.

O professor Paulo Sérgio Pinheiro, ex-integrante da Comissão Nacional da Verdade e secretário de Direitos Humanos no governo Fernando Henrique Cardoso, recordou a data e fez críticas ao partido que agora articula a queda da presidenta, anunciando sua saída do governo, no qual permanece com o vice, Michel Temer. “A Praça da Sé lotada novamente é um recado para esse PMDB golpista”, afirmou Pinheiro, de acordo com o site da revista Fórum. Ele lembrou ainda que o ato das Diretas era liderado exatamente pelo PMDB.
Figura presente em todos os comícios daquele período e nas manifestações políticas e eleitorais das décadas seguintes, o cantor e compositor Chico Buarque apareceu hoje no ato realizado no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro, para criticar o golpe. Em rápida intervenção, disse que a manifestação poderia reunir pessoas que votaram ou não em Dilma, e inclusive eleitores decepcionados com os rumos do governo, mas que não se poderia duvidar da integridade da presidenta. Segundo ele, os presentes estavam “unidos pelo apreço à democracia e em defesa intransigente da democracia”.

Alvo de ataques por suas posições políticas e preferências eleitorais, Chico também lembrou de 1964, vivido por sua geração. “Vocês me animam a acreditar que não, de novo, não, não vai ter golpe”, afirmou aos manifestantes no Rio.

Representantes da classe artística já haviam se reunido pela manhã, no Planalto, com Dilma, para manifestar apoio. O neurocientista Miguel Nicolelis não participou, mas mandou um vídeo com um pedido à presidenta para resistir. “O mundo inteiro sabe da tentativa de se remover uma presidenta sem a legitimidade das urnas, mas por meio de um processo que combina múltiplas formas, que se iniciou na noite do anúncio do resultado das urnas”, afirmou. “Os que insistem no seu afastamento atropelam a legalidade, subvertendo o Estado democrático de direito. Os que tentam promover a saída de Dilma arrogam-se hoje sem qualquer pudor como detentores da ética, mas serão execrados amanhã, não tenho dúvida”, afirmou na cerimônia o escritor Raduan Nassar.

A preocupação com a turbulência política motivou uma reunião do ministro da Justiça, Eugênio Aragão, com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, nesta tarde. “A onda de ódio não pode continuar”, disse Aragão, pedindo também respeito às decisões judiciais. “A Constituição garante aos nossos juízes a independência. Nós temos que garantir que eles julguem a partir de sua consciência e do texto constitucional”, declarou, acrescentando que “não é admissível que se comece a agredir um ministro e suas famílias em razão de opiniões leigas diferentes e, muitas vezes, inspiradas por noticiário deturpado”.

Um dos principais protestos ocorreu no Distrito Federal, onde segundo os organizadores 100 mil pessoas ocuparam a Esplanada dos Ministérios. Grupos saíram de vários lugares da capital e fizeram passeata até a frente do Congresso Nacional.
Outros estados

No Ceará, a Polícia Militar estimou em 10 mil o número de manifestantes em Fortaleza.  A concentração começou na Praça da Bandeira. Depois, uma caminhada percorreu as ruas do centro até chegar à praça do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema, próximo à orla da Beira Mar.

Em Porto Alegre, também houve críticas ao PMDB, destacando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o vice-presidente da República, Michel Temer. Concentrados no centro histórico da capital gaúcha, manifestantes criticaram ainda o juiz federal Sérgio Moro.


No centro de Salvador, manifestantes cantaram músicas como Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, canção censurada em 1973, durante a ditadura. Em um trio elétrico, uma banda cantava músicas que remetiam àquele período.

Grandes Manifestações no Brasil

Março de 2015

No dia 15 de março de 2015, centenas de milhares de pessoas foram às ruas protestar. Várias foram as solicitações dos manifestantes, entre elas pedidos de combate à corrupção e muitos pregando a saída da presidente Dilma Rousseff do poder.


Em São Paulo, palco da maior manifestação, a PM calculou ter havido 1 milhão de pessoas na Av. Paulista; o Datafolha estimou os participantes em 210 mil.
Estimadas 40 mil pessoas protestaram em Brasília, e 15 mil no Rio Janeiro. Houve protestos também em diversas outras capitais, como Recife, Salvador, Fortaleza, Belém, Vitória, Curitiba e Porto Alegre.

À noite, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) disseram, em entrevista coletiva em Brasília, que o governo tem disposição em "ouvir as vozes das ruas e está sempre aberto ao diálogo".

"Não há democracia sem tolerância; faz parte do ser democrático o respeito a quem pensa diferente e a busca de convergências", disse Cardozo, afirmando que o governo anunciará um pacote de medidas anticorrupção nos próximos dias e voltando a pedir um debate em torno de uma reforma política.

Junho de 2013

No primeiro semestre de 2013, uma série de manifestações populares ocorreu nas ruas de centenas de cidades brasileiras. Tendo inicialmente como foco de reivindicação a redução das tarifas do transporte coletivo, as manifestações ampliaram-se, ganhando um número imensamente maior de pessoas e também novas reivindicações. A violência policial aos atos também contribuiu para que mais pessoas fossem às ruas para garantir os direitos de livre manifestação.


Já no segundo semestre de 2013 tivemos importantes protestos e greves no país, especialmente a dos professores da rede municipal do Rio de Janeiro, que teve grande repercussão e apoio de outras manifestações em outros estados.

Em virtude da grande repercussão que essas manifestações alcançaram nas ruas e nos meios de comunicação de massa, é possível que elas sejam utilizadas como ponto de partida para avaliar o vestibulando, possivelmente testando seus conhecimentos em relação a outras grandes manifestações que ocorreram na história do Brasil. E isso pode ocorrer tanto nas provas de história quanto nas redações dos vestibulares e do Enem.

Fazendo uma retrospectiva histórica ainda mais profunda, podemos perceber na história brasileira que algumas manifestações conseguiram alcançar seus objetivos após reunirem milhares de pessoas.

Em 1992, grandes manifestações ocorreram nas ruas do Brasil pedindo o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Frente aos fortes indícios de corrupção em seu governo, a juventude conhecida pedia a saída do presidente, que havia sido o primeiro eleito por voto direto após o fim da ditadura civil-militar. Esses jovens ficaram conhecidos como “Caras Pintadas”, pelo fato de pintarem em seus rostos pequenas faixas com as cores da bandeira do Brasil. Após forte pressão popular, Collor pediu a renúncia do cargo, assumindo em seu lugar o vice-presidente Itamar Franco.


Quando não alcançaram os objetivos pretendidos, as manifestações proporcionaram um debate sobre a situação política do país e estimularam a participação política de um número maior de pessoas. Foi o caso da campanha pelas “Diretas Já!”, iniciada a partir de 1983. O objetivo do movimento era a provação de uma lei que possibilitasse a eleição direta para Presidente da República. O país ainda vivia os últimos anos da ditadura civil-militar, o que não impediu que milhares de pessoas saíssem às ruas para participar de comícios e exigir a abertura democrática, depois de anos de controle político por parte das Forças Armadas. Apesar da pressão, a lei não foi aprovada e o presidente posterior foi ainda eleito de forma indireta pelo Colégio Eleitoral. Apesar dessa derrota, um novo cenário político abriu-se ao país, com uma maior liberdade de participação política.


Na década de 1960, o conturbado contexto político também gerou manifestações nas ruas. Durante o governo de João Goulart, havia uma intensa polarização política no Brasil entre os que apoiavam seu mandato de presidente e os que lutavam por sua saída. O estopim para o fim de seu governo ocorreu no mês de março de 1964. Após a realização de um comício na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, onde aproximadamente 150 mil pessoas escutavam o presidente e seus apoiadores a defender as Reformas de Base, as forças políticas ligadas aos setores conservadores da sociedade iniciaram uma série de manifestações contra o presidente.

Essas manifestações eram denominadas como “Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade” e levaram às ruas centenas de milhares de pessoas que se opunham ao pretenso comunismo de João Goulart. Na verdade, elas opunham-se às reformas que poderiam ter subtraído parte do poder econômico das classes dominantes do país. Essas marchas foram o argumento necessário aos militares para derrubarem o presidente, afirmando ter apoio popular para isso. Esse é um exemplo de uma manifestação que contribuiu para que a participação política fosse restrita, abrindo caminho para uma ditadura militar.

Outras manifestações de rua ocorreram na história do Brasil em diversos momentos. Cabe ao vestibulando, caso seja um tema presente nas provas, conhecer o contexto e os motivos que levaram as pessoas às ruas, principalmente suas reivindicações, bem como os desdobramentos dessas ações na história do Brasil. Essas observações têm por objetivo auxiliar o vestibulando na interpretação dos textos que podem ser expostos nas questões e redações, mas cabe ao candidato um estudo do contexto histórico que motivou essas manifestações políticas e sociais.