sexta-feira, 24 de junho de 2016

Brexit: A Saída do Reino Unido da União Europeia

(Brexit, “britain”, diminutivo nativo para Grã-Bretanha, e “exit”, que significa saída).

Hoje dia 24/06/2016 saiu o resultado do plebiscito onde os britânicos votaram se preferem permanecer ou não na União Europeia. O plebiscito foi uma iniciativa de David Cameron que nem imaginava uma vitória do “sair”, em contrapartida Cameron já informou que vai sair do cargo, fazendo uma transição nos próximos três meses.

A União Europeia pra quem não conhece, nasceu de um bloco econômico bastante antigo que evoluiu e com o tempo trabalhou numa interação maior entre os membros nas seguintes áreas:

- meio-ambiente,
- desenvolvimento industrial,
- infraestrutura,
- transporte e telecomunicação,
- liberdade na circulação de mercadorias, bens, serviços, capitais e pessoas,
- uniformidade das taxas de juros, tributos e circulação de mercadorias facilitaram o crescimento econômico desse importante bloco.



A meu ver, analisando inúmeros textos e acompanhando essa evolução por alguns anos, posso garantir que mesmo tentando justificar com motivos econômicos para a saída, o Reino Unido quer mesmo ter um controle muito maior sobre a circulação de pessoasE não estamos necessariamente falando da atual crise migratória que a Europa toda vive, estamos falando de britânicos que não querem os vizinhos portugueses, italianos, espanhóis, franceses entre outros dentro do reino. Este ponto de vista também é bastante discutido entre outros países do continente, por fim eles entendem que ter colonizado e explorado 90% do mundo não deve ser motivo para essa “migração de retorno”. Ou seja, eles (nunca generalizando) podem ir pra qualquer lugar do mundo, mas o contrário não deve ser permitido, afinal eles são bonzinhos, os demais nem tanto. Lembrando que até os anos 1950, China e Índia eram colônias britânicas! Isso só pra dar um pequeno grande exemplo do que foram as Grandes Navegações.

Vamos aos dados do Plebiscito:

O resultado do plebiscito a favor da saída do Reino Unido da União Europeia revelou profundas divisões entre os britânicos.

Revelou, por exemplo, duas 'Inglaterras': Londres votou pela permanência, enquanto a maioria das outras cidades votou pela saída. A diferença entre as gerações também ficou clara. No grupo entre 18 e 24 anos, 64% disseram ter votado pela permanência, escolha de apenas 33% dos britânicos entre 50 e 64 anos. O resultado levou ao anúncio de renúncia do primeiro-ministro David Cameron, que liderou a campanha pela permanência. 51,9% dos britânicos votaram pela saída contra 48,1%. Espera-se que o processo seja negociado ao longo dos próximos dois anos.


Cameron havia prometido o plebiscito durante sua campanha, cumpriu a promessa, defendeu a permanência e acabou derrotado. Os principais partidos políticos apoiaram a campanha pela permanência. No entanto, havia grandes divisões internas, principalmente, no Partido Conservador, que governa o país. O mais cotado para assumir o cargo de Cameron é o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, a principal voz em favor da saída do bloco, este que representa a extrema direita dentro do Reino Unido.

OS RESULTADOS DO PLEBISCITO NO REINO UNIDO




Analisando brevemente o mapa, se percebe que as áreas onde houve maior votação para sair da União Européia são fora dos grandes centros urbanos e dentro de áreas industriais importantes. Nessas áreas industriais, é grande o volume de operários que temem perder seus empregos para imigrantes do bloco ou de fora dele.


Geografia

O Reino Unido é formado por quatro unidades: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. E por exemplo Grã-Bretanha podemos dizer que corresponde à ilha principal onde ficam três destes países. Observe imagem abaixo.


O contraste da votação entre Londres e a maior parte da Inglaterra foi considerável. Na capital, 60% votaram pela permanência e 40% pela saída. Esse grande volume de votos da capital à favor da permanência pode ser atribuído ao fato de que a cidade é bastante “cosmopolita” ou, cidade de pessoas que se julgam cidadãs do mundo inteiro.  Os londrinos tendem a aceitar e a valorizar mais a globalização e a diversidade. Estão mais acostumados a seus efeitos, positivos ou negativos.
  
Então, em 2014, um plebiscito acabou decidindo pela permanência da Escócia no Reino Unido, e um dos argumentos principais da campanha contra a independência era o acesso à União Europeia via Reino Unido. Sendo assim 62% dos escoceses votaram pela permanência e apenas 38% pela saída e após o resultado a primeira-ministra do governo escocês, Nicola Sturgeon, afirmou que "uma mudança significativa e material nas circunstâncias" deve tornar "muito provável" a realização de um novo plebiscito sobre a independência da Escócia.

A Irlanda do Norte também votou pela permanência (55% contra 44%). O País de Gales votou pela saída (52,5% contra 47,5%).

O fosso entre geração talvez seja o maior registrado na análise da votação do país, com os mais jovens optando pela permanência na União Europeia e os mais velhos, pela saída. No grupo entre 18 e 24 anos, 64% votaram pela permanência, segundo pesquisa de boca de urna do instituto YouGov. No grupo com mais de 65 anos, apenas 33% disseram ter votado pelo Reino Unido dentro do bloco.

Essa divisão gerou críticas de muitos jovens de que os mais velhos decidiram pelo futuro de quem, de fato, irá vivê-lo.
Em um comentário postado em uma reportagem do Financial Times, um leitor escreveu: "A geração mais jovem perdeu o direito de viver e trabalhar em 27 países. Nós nunca conheceremos a extensão da perda de oportunidades, amizades, casamentos e experiências que serão negadas. A liberdade de movimento nos foi retirada pelos nossos pais, avós e tios em um golpe contra uma geração já afundada nas dívidas da geração anterior. Talvez mais importante, vivemos em uma sociedade pós-factual em que fatos se revelaram inúteis ao se confrontarem com mitos".


Efeitos para os brasileiros e demais estrangeiros que vivem no Reino Unido

A decisão deve afetar as vida de milhares de brasileiros que vivem no Reino Unido com passaporte europeu ou são parentes de cidadãos europeus. Quem hoje se beneficia das regras de livre circulação no bloco passará a se submeter a regras estabelecidas pela legislação nacional britânica. Para quem já está no Reino Unido com visto gerido por essa legislação - com visto de trabalho, estudo ou cônjuges de britânicos - pouco deve mudar.

Em geral muita gente vai ter que passar pela imigração, e ali aqueles que satisfizerem os critérios poderá ficar. Mas eles vão ter mais burocracia e custos para se manter por lá. Porém esse seria o entendimento inicial, mas devem ocorrer mudanças significativas na própria legislação do Reino Unido.

Durante a campanha do plebiscito, os proponentes da saída enfatizaram que preferem substituir as regras de livre circulação da UE por um sistema de pontos e cotas, como acontece na Austrália.
Nesse sistema, os imigrantes vão acumulando pontos de acordo com os critérios que cumprirem, e são aceitos em vagas disponíveis nas diferentes categorias de cotas. O Reino Unido já possui um sistema baseado em categorias, que rege a entrada de estudantes, visitantes, trabalhadores qualificados e trabalhadores com pouca qualificação, por exemplo.

Em teoria, muitos europeus poderiam simplesmente continuar a viver no Reino Unido dentro das novas categorias. Da mesma forma, os cidadãos com passaporte brasileiro que querem entrar no Reino Unido poderiam ser aceitos dentro de uma dessas categorias expandidas.

Atualmente, cerca de 3 milhões de cidadãos europeus vivem no Reino Unido, principalmente da Polônia (850 mil), República da Irlanda (330 mil) e diversos países do antigo bloco soviético. Estes cidadãos podem pedir a residência permanente no Reino Unido quando completarem cinco anos vivendo no país. Porém, essa autorização, o Certificado de Residência Permanente para Cidadão da UE, deve deixar de valer. Já quem vive no Reino Unido com um visto regido pela legislação nacional recebe o Indefinite Leave to Remain - a autorização para viver no Reino Unido indefinidamente - e não é provável que isto seja modificado.

Em ambos os casos, a cidadania só é obtida um ano depois, mediante o cumprimento de requisitos como domínio da língua e conhecimento básico do funcionamento da sociedade britânica.

Por fim, até o brasileiro europeu que ficou aqui cinco anos e pediu o documento de residência permanente está em uma situação incerta. Quem não tiver a papelada concluída para se naturalizar deve ter muito problema para conseguir nesse momento pois as regras podem e devem mudar durante o jogo rolando.

Fonte:










4 comentários:

  1. Esclareceu perfeitamente as dúvidas, obrigado.

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  2. Muito bom o artigo. Mas o senhor não acha que o Brexit é uma resposta contra a suposta perda da identidade cultural do Reino Unido devido à imigração em massa? Há muitos relatos na terra da Rainha de incidentes envolvendo imigrantes, que causam inúmeros problemas para o governo britânico. Tenho que concordar com o fato de que houve pouco esclarecimento para a população britânica de quem realmente é o problema no país. Por isso acho que culpar os europeus por devidas atitudes é um pouco deliberada. A maioria dos relatos de crimes envolvendo imigrantes são de imigrantes vindos de países não-pertencentes à União Europeia, geralmente de origem islâmica. Sei que no passado os ingleses exploraram inúmeros países na África e Ásia, mas não justifica a imposição cultural vinda de muitos desses imigrantes das antigas colônias. Abraço!

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  3. Desde já agradeço e peço desculpas por demorar para te responder. A questão dos crimes, você tem razão, qualquer estatística de crimes em países da Europa Ocidental mostra que os crimes mais graves são proporcionalmente mais relacionados com migrantes de fora da Europa. E os crimes não se justificam pela violência dos europeus quando colonizaram os países de origem desses imigrantes. Porém vale lembrar que sair da União Europeia não resolve este problema uma vez que o Reino Unido nunca pertenceu ao Espaço Schengen e a imensa maioria dos imigrantes provenientes de países islâmicos ou da Índia por exemplo receberam aval do próprio Reino Unido para permanecer no país. Vale ressaltar também que apesar da cultura diferenciada, os imigrantes de países culturalmente diferentes e em geral subdesenvolvidos, exercem trabalhos que o britânico não costuma querer fazer e pra piorar, os britânicos não fazem filhos o suficiente para repor a população do país. E sem a reposição por fecundidade, se faz necessária a migração de pessoas com o perfil de aceite para o trabalho disponível. Obrigado!

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