A
Colômbia se prepara para iniciar o cessar-fogo definitivo com as Farc, após o
histórico acordo alcançado entre o governo e essa guerrilha para encerrar 52
anos de conflito.
O país a muitos anos está na lista dos mais violentos do mundo, e grande parte deste problema provém do narcotráfico e das guerrilhas. Mesmo sem Pablo Escobar fazendo suas maluquices (terrorismo, assassinatos em massa...), o país vive uma situação de muita instabilidade. A expectativa é bastante positiva com o atual acordo entre governo e as Farc.
O país a muitos anos está na lista dos mais violentos do mundo, e grande parte deste problema provém do narcotráfico e das guerrilhas. Mesmo sem Pablo Escobar fazendo suas maluquices (terrorismo, assassinatos em massa...), o país vive uma situação de muita instabilidade. A expectativa é bastante positiva com o atual acordo entre governo e as Farc.
A
medida começará a valer às 0h (2h de Brasília) de segunda-feira, dia 29 de
agosto de 2016, cinco dias depois do encerramento das negociações de paz, que
se desenvolveram desde novembro de 2012, em Cuba, sem uma trégua armada na
Colômbia.
O
presidente Juan Manuel Santos sempre se opôs a suspender a ofensiva militar
contra as Farc, oficialmente com cerca de 8 mil combatentes, por considerar que
fortaleceria os rebeldes.
Os termos da
negociação
A
negociação entre governo e guerrilha se dá com base em cinco eixos principais:
situação das vítimas, minas armadilhas e explosivos, tráfico de drogas, entrada
na vida política e reforma agrária.
O
acordo também prevê o desarmamento dos guerrilheiros e a possibilidade de
transformá-los em um partido político.
Uma
nova era se inaugura na Colômbia. Em cerimônia na cidade de Havana, capital de
Cuba, o presidente colombiano Juan Manuel Santos e o líder do grupo guerrilheiro
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño Echeverri, assinaram
em junho um acordo de cessar-fogo definitivo, abrindo caminho para um
tratado de paz que dê fim ao conflito armado mais antigo da América Latina.
Desde
1964 o conflito já matou mais de 220 mil
pessoas e causou o deslocamento de seis milhões de colombianos. Ao longo
dos anos, as Farc se tornaram uma organização coesa, presente em mais da metade
do território da Colômbia e que chegou a ter 20 mil combatentes.
O
acordo é o mais sólido já alcançado entre as partes, pois foi a primeira vez
que desde meados da década de 1980 que ambos concordam com uma trégua
bilateral. Os bastidores desse processo de paz revelam uma intensa negociação.
Desde
novembro de 2012 representantes do governo colombiano e das Farc se encontram
em Havana para costurar o acordo de paz. Cuba e Noruega atuam como países
mediadores desse diálogo e também contam com o apoio da Venezuela e do
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon como observadores internacionais.
A
etapa do cessar-fogo bilateral definitivo prevê o cumprimento de um cronograma
para tratar diversos temas espinhosos para o fim do conflito, como o
desarmamento, a reintegração à vida civil, a reparação para as vítimas das
guerrilhas e garantias de segurança para os ex-guerrilheiros das Farc.
Com
esse acordo, mais de sete mil guerrilheiros devem entregar as armas. Parte do
arsenal de fuzis deve ser derretido para que a Organização das Nações Unidas
possa criar três monumentos em homenagem à paz.
A
origem das FARC
A
história política da Colômbia é marcada por conflitos. Entre os anos de 1948 e
1958, os dois partidos tradicionais da República Colombiana protagonizaram um
período conhecido como “A Violência”, marcado por confrontos armados. Nesse
contexto, surgiram diversos grupos guerrilheiros de “autodefesa”, de inúmeras
orientações políticas e ligados a diferentes partidos.
A
origem das Farc é em um pequeno foco de resistência camponesa comunista. Em
1964, o movimento fez uma tentativa de fundar uma zona autônoma marxista e
proclamou a criação da República de Marquetalia, que foi posteriormente atacada
pelo Exército. A resposta a esse ataque foi a criação de diversos focos de
guerrilha, que, unidos, se tornaram as Farc. Esses grupos montaram uma
estrutura militar, com acampamentos em selvas e nas montanhas colombianas.
Inspirados pelo
êxito da Revolução Cubana, o projeto político do grupo era pautado pela reforma
agrária e a criação de um Estado socialista. Para isso, buscaram combater
o governo. Uma das principais formas de financiamento do grupo era a cobrança
do “imposto revolucionário”, uma taxa imposta à população local.
A
partir dos anos 1980, os guerrilheiros também começaram a atuar no tráfico de
drogas, na mineração ilegal e na indústria dos sequestros para financiar suas
atividades. Em seus anos de maior atuação, as Farc praticaram sequestros,
ataques e assassinatos. Por esses crimes, a organização integra a lista
internacional de organizações terroristas. Apesar dos indícios, as Farc negam
todas as acusações de envolvimento com o narcotráfico.
O
poder das Farc na Colômbia contribuiu para o surgimento de grupos paramilitares
de extrema direita, financiados por grandes fazendeiros e empresários. Muitos
são contratados para assassinar guerrilheiros clandestinos e líderes de
movimentos sociais. Atualmente, grupos paramilitares tentam controlar as zonas
produtoras de coca e o comércio das drogas.
O
que há no processo de paz?
Durante
as últimas décadas, várias foram as tentativas de negociação frustradas entre o
governo colombiano e a guerrilha. A negociação entre as duas partes se dá com
base em cinco eixos principais: situação das vítimas, minas armadilhas e
explosivos, tráfico de drogas, entrada na vida política e reforma agrária.
Pesquisas
de opinião mostram que a população colombiana anseia por colocar o fim à
guerra, mas tem dúvidas sobre diversos pontos do acordo. Hoje, 70% da população
apoiam as negociações para a paz. Apesar disso, 80% dos colombianos se opõem à
proposta de anistia aos guerrilheiros, e 77% rejeitam a possibilidade de ex-combatentes
se lançando como candidatos em futuras eleições.
Participação
política
A
ideia é que as Farc se tornem um partido político. Agora, o acordo prevê o
estabelecimento de garantias legais e segurança para o surgimento de forças
políticas de oposição.
Reforma
agrária
A
reforma agrária é uma das principais reinvidicações políticas das Farc. Se
prosperar, a negociação lançará bases para uma aposta robusta do governo no
modelo de produção agrícola familiar nas regiões mais afetadas pelo conflito.
Reparação
das vítimas
Em
dezembro de 2015, as partes anunciaram um dos acordos mais complexos da
negociação que busca reparar as vítimas e sancionar os responsáveis de delitos
graves. Como parte desse acordo, serão formados tribunais especiais que
julgarão os guerrilheiros e agentes do Estado envolvidos em crimes relacionados
com o conflito. Os principais responsáveis por crimes hediondos deverão ser
julgados e punidos.
Minas
e explosivos
Mesmo
se a guerra acabar, a Colômbia terá de conviver com o perigo de minas
enterradas em diversas regiões. Será preciso identificar os locais infestados e
realizar a descontaminação. Essas operações serão realizadas por militares e
deverão durar anos.
Tráfico
de Drogas
Desde
a década de 1980, o narcotráfico alimenta e agrava o conflito. Em maio de 2014,
as Farc chegaram a um acordo com o governo para a substituição de cultivos
ilegais de coca em áreas de influência. Segundo o governo dos Estados Unidos,
as Farc controlam cerca de 70% do território onde se cultiva a coca na
Colômbia.
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