Recentemente,
James Alex Fields, um simpatizante neonazista, lançou o carro contra a multidão
na cidade de Charlottesville, nos EUA. O
incidente acabou levando a morte de um manifestante e dois policiais. O homem,
de 20 anos, está detido, acusado de homicídio em segundo grau, três crimes de
ferimentos com intenções criminosas e um de atropelamento e fuga.
Este
incidente levou o mundo que assistiu as manifestações de grupos extremistas a
uma grande discussão sobre o que de fato pode existir quando se trata da
liberdade de expressão.
Será
mesmo que toda forma de expressão é válida? Mesmo que ela ofenda veementemente
outro grupo de pessoas? Pense bem antes de responder essas perguntas.
Você pode ser homossexual, heterossexual, negro, branco, cristão, ateu, islâmico, animista, defensor dos animais, da igualdade, ou da famosa meritocracia... Temos inúmeras raças, crenças, gostos musicais... Enfim, tudo isso é pra mostrar que você pode fazer parte de um grupo ou de outro, ter preferencias, opiniões. Mas sempre com respeito às preferencias e opiniões alheias. Particularmente não consigo entender como alguém pode odiar outra pessoa apenas por ela ter nascido em outro lugar, com outra condição, por exemplo. É comum, o preconceito às pessoas que nasceram pobres e buscam oportunidades em outros lugares. Assim como também é comum olharmos com certo desdém quem nasceu em família rica e não está nem aí para as oportunidades. Visões e necessidades diferentes, que exigem a mesma coisa, RESPEITO.
Mas
o fato é que os suprematistas sempre buscam inúmeros argumentos pra tentar
justificar seus atos de intolerância, até mesmo dizer que o diferente não é
humano. Vivemos hoje, mais do que nunca, um período de RADICALISMO e
GENERALIZAÇÃO que nos proporcionam inúmeros conflitos. A intolerância se revela
desde pequenos tuítes de deboche, até espancamento de homossexuais que andam
nas ruas.
Em
2016, durante várias campanhas eleitorais pelo mundo, conseguimos perceber o
radicalismo crescendo com acaloradas participações de candidatos como Marine Le
Pen, na França e Geert Wilders, na Holanda. Estes dois exemplos representam bem
o medo que ronda os europeus de perder seu estilo de vida para os islâmicos.
Neste caso, acredito que realmente há motivos para temer já que os europeus
colonizaram grande parte do mundo islâmico, inclusive impondo o uso de idiomas
como o francês, holandês, inglês e espanhol, entre outros.
Mas
como assim professor? Tu concordas com este medo então? Sim, o medo eu entendo,
porém não concordo com a forma de tentar manter o estilo de vida a qualquer
custo. Primeiramente porque a maioria dos islâmicos que vive na Europa, mesmo
seguindo o alcorão, respeita e está disposta a se adaptar. Além disso, se os
europeus possuem uma baixa taxa de fecundidade e os latinos, islâmicos, entre
outros imigrantes possuem alta taxa de fecundidade, isso não é exatamente um
problema dos estrangeiros. Mesmo que os europeus construíssem muros e se
isolassem do mundo completamente, uma taxa de fecundidade abaixo de 1, a longo
prazo, representa sim uma perda de identidade. A solução a médio/longo prazo seria
ampliar a fecundidade e com isso a natalidade. Outro item que deve ser levado
em conta são os serviços prestados por estrangeiros, que, em geral, são discriminados
pelos próprios europeus. Estrangeiros devem seguir regras impostas? Sim, creio
que devem, até porque viver em sociedade exige bom senso entre todas as partes
envolvidas. O intolerante, seja de qual lado for, é um cara sem este senso.
Eleições americanas
2016
Chegamos
à campanha mais popular de 2016, a dos Estados Unidos. Os críticos do
presidente Donald Trump, consideram que os suprematistas brancos ganharam novo
fôlego na América durante a campanha, considerada uma das mais feias dos
últimos anos (Tenho forte impressão de que no mundo subdesenvolvido podemos ter
um bom exemplo em 2018). Trump, sobretudo, foi acusado de veicular ideias
racistas, antissemitas e anti-islâmicas. No início de sua campanha criticou a
extrema-direita, mas em julho a alt-right ganhou espaço na mídia depois de
Trump publicar no Twitter uma imagem da rival democrata, Hillary Clinton, ao
lado de um monte de dinheiro e de uma estrela de David e com a frase:
"Candidata mais corrupta de sempre". Mais tarde soube-se que a imagem
já fora publicada num site da alt-right.
De
lá pra cá sabemos o que aconteceu, Trump se elegeu e em 2017 passou a emitir
opiniões polêmicas em doses diárias por rede social e tenta no congresso
aprovar medidas não muito populares.
Como
o ocorrido esta semana foi no país do Trump, ele teve que emitir opiniões como
presidente da nação mais rica e poderosa do mundo. E seu discurso foi
totalmente contra a intolerância. Disse:
“Aqueles que espalham a violência em nome da intolerância atacam o coração da América”.
“O racismo é maligno e aqueles que causam violência em seu nome são criminosos e bandidos, incluindo a Ku Klux Klan, os neonazistas e os militantes da supremacia branca, além de outros grupos de ódio, que são repugnantes a tudo que nós mais valorizamos na América”.
“Aqueles que espalham a violência em nome da intolerância atacam o coração da América”.
“O racismo é maligno e aqueles que causam violência em seu nome são criminosos e bandidos, incluindo a Ku Klux Klan, os neonazistas e os militantes da supremacia branca, além de outros grupos de ódio, que são repugnantes a tudo que nós mais valorizamos na América”.
E
agora a pouco, enquanto escrevo este artigo, vi no jornal que voltou atrás em
parte deste discurso e disse que ambos os lados tem culpa, mas tudo isso tem seus motivos, tão contraditórios quanto
o próprio Donald Trump.
Quando
se trata de Ku Klux Klan, muita gente ainda pensa que sua origem certamente é republicana,
quando na verdade é democrata, mas isso em um contexto bem diferente dos dias
atuais e com uma reviravolta importante na década de 1940. Fiz um texto sobre
este tema no link abaixo.
Por
fim, as reações dos dias atuais aos movimentos radicais sejam de esquerda ou de
direita são bastante reflexivas, e por vezes pode levar qualquer pacifista a
indignação agressiva, conforme sugere o filósofo democrata-liberal, Karl
Popper.
Jonathan Kreutzfeld
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