terça-feira, 29 de agosto de 2017

Fim da FARC transforma guerrilha em partido

Em 27 de junho de 2017 na cidade de Havana em Cuba, após mais de meio século de conflito. As FARC com seus mais de 7.000 combatentes deixam de ser oficialmente um grupo armado e agora se encontram na fase final de transição à vida civil. E passam a ter seu próprio partido a partir do dia 1º de setembro do mesmo ano.


Nos acordos com o Governo de Juan Manuel Santos, a representação política garantida é de no mínimo, dez cadeiras divididas entre o Senado e a Câmara.

“O congresso ocorrerá no final de agosto e terminará com um ato político na praça de Bolívar”, explicou o chefe da delegação de paz da guerrilha, Iván Márquez. “Para isso assinamos a paz, deixamos as armas para participar da política. Eles nos disseram ‘senhores, deixem as armas pelos votos’. Bom, é isso que faremos”, continuou. “Aceitamos o convite. Os processos de paz são justamente para isso, para deixar as armas e entrar de cabeça na política, e é o que faremos, é uma determinação que está em andamento”.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) serão, a partir de 1º de setembro, um partido político para todos os efeitos. O anúncio foi feito em pronunciamento dos dirigentes da organização guerrilheira Iván Márquez, Carlos Antonio Lozada e Erika Montero. O novo movimento finalizará em agosto seu modelo econômico, suas propostas em matéria de política agrária, meio ambiente, juventude, desenvolvimento urbano e igualdade e, finalmente, se apresentará formalmente à sociedade colombiana como um partido com programa e candidatos para as eleições de 2018.

Juan Manoel Santos e Rodrigo Londoño
O anúncio favorece a incorporação das FARC à sociedade e ao sistema democrático, além de modificar o mapa de partidos da Colômbia. O financiamento do novo partido, que ainda não tem nome e organograma, será estabelecido nos acordos de Havana. “Da mesma forma que os outros partidos, terá uma verba por parte do Estado e esperamos que o Estado cumpra com esses compromissos”, disse Márquez, que mostrou sua preocupação pelo assassinato de guerrilheiros indultados após a assinatura da paz. Afirmou que foram seis combatentes, além “alguns familiares”. “Seria triste que na Colômbia voltássemos à eliminação de uma força política como aconteceu com a União Patriótica”, lamentou.

O principal líder da organização guerrilheira, Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, sofreu em 2 de julho uma isquemia e foi internado em uma clínica de Villavicencio (centro do país). Dias depois retornou a Cuba, onde morou nos últimos anos, para continuar recebendo tratamento médico. Timochenko demonstrou em junho, durante o ato simbólico de entrega de armas realizado no acampamento Mariana Páez de Mesetas, sua determinação de transformar a insurgência em ação política. Seu discurso foi o de um político próximo à ideologia chavista, mas suas promessas demonstraram a vontade de romper com um passado de violência.

“Ontem [éramos] exército do povo, hoje a esperança do povo. Esse dia não acaba com a existência das FARC. Na realidade, acabamos com nosso levante de 53 anos. Continuaremos existindo como um movimento de caráter legal e democrático”, afirmou para tranquilizar suas bases.

As dúvidas que cercam esse processo agora têm a ver com os futuros candidatos da antiga guerrilha, com sua modalidade de participação nas diversas eleições – presidenciais e legislativas – do próximo ano, com possíveis alianças com outras forças políticas e, principalmente, com seu trabalho nas instituições. De qualquer forma, começará a andar por esse novo caminho em pouco mais de um mês.

Será que o Governo consegue o fim da outra guerrilha (ELN) até a visita do Papa Francisco?

Em 6 de setembro de 2017 o Papa Francisco estará na Colômbia nas cidades de Bogotá, Medellín, Villavicencio e Cartagena. O Governo da Colômbia negocia desde fevereiro um cessar-fogo com o Exército de Libertação Nacional (ELN), a segunda guerrilha do país. As conversas quase não avançaram, entre outras razões porque a organização insurgente ainda não abandonou a prática do sequestro. A terceira fase dos diálogos começou na segunda-feira em Quito, capital do Equador. O principal objetivo consiste agora em acertar uma trégua por conta da visita do papa Francisco à Colômbia em setembro. “Tentaremos avançar no assunto do cessar-fogo e das hostilidades”, disse no Twitter Juan Camilo Restrepo, líder da equipe de negociações do Executivo.

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