Enquanto
pesquisava sobre o assunto para fazer esta postagem, não pude deixar de
perceber, o quanto o setor de mineração brasileira possui material tentando
enaltecer a segurança que envolve a atividade. Principalmente nos materiais e
notícias sobre o setor postados após o desastre na barragem de Fundão,
conhecido por ter ocorrido na cidade de Mariana – MG, percebi preocupação
elevada em demonstrar os certificados de segurança da atividade. Muitas
notícias pareciam até compradas pelas mineradoras visando estabilizar o preço
das empresas na Bolsa de Valores. Outra coisa que encontrei que me pareceu bem
curiosa é uma conferência do Instituto Especial em Lei Internacional de
Mineração e Petróleo e Gás, Desenvolvimento e Investimento que ocorrera em
abril no Rio de Janeiro. Esta conferência que por sua vez tem como uma opção
fazer uma visita na Barragem de Fundão (Mariana – MG) para demonstrar os
esforços da tarefa de reparar e compensar os efeitos humanos, materiais e
ambientais está sendo realizada pela Fundação Renova. Acredito que a pauta da
conferência que custa quase mil dólares deve ou deveria ser alterada.
A
partir desta postagem pretendo fazer a publicação de mais duas falando sobre:
Parte
I: A Importância econômica da mineração brasileira
Parte
III: O desastre em Brumadinho - MG
Mineração
brasileira
Aptidão
do Brasil desde o período colonial, a mineração mantém sua força no século 21.
Aliado à indústria extrativista, ela representa 4% do Produto Interno Bruto
(PIB) e contribui com 25% do saldo
comercial brasileiro, segundo o Ministério de Minas e Energia. Foram
exportados US$ 46,4 bilhões em 2017, com um superávit de US$ 23,4 bilhões.
O
Brasil conquistou essa posição no setor por ser um país de dimensões
continentais e geologicamente privilegiado, além de ter grande disponibilidade
de recursos naturais. O destaque da área mineral se reflete também na
movimentação do mercado de trabalho.
As
10 mil minas do país – 87% delas de micro e pequeno porte – geram 180 mil
empregos diretos e mais 2,2 milhões de empregos indiretos em todo o país.

Quando
comparamos os dados da produção mineral brasileira fornecidos pelo IBRAM e do
Ministério de Minas e Energia, percebemos que há diferença entre os valores. Isso
se deve ao fato de que os dados do Ministério incluem valores da extração de
óleo e gás.
O minério de ferro é um dos produtos
que ajudam a alavancar esse desempenho. Ele sozinho representa 8,82% do total das exportações brasileiras, atrás apenas
da soja. Outros minerais também projetam o país no Exterior. O Brasil se tornou
a principal fonte de nióbio – importante para setores de alta tecnologia, como
a área aeroespacial, com mais de 90% da disponibilidade do planeta.
Abaixo
temos uma postagem especial sobre o Nióbio.
Quando
se trata de mineração, sabemos que um grande álibi da atividade está na geração
de empregos. No entanto, vale ressaltar que isso jamais deveria ser um motivo
para tolerar irregularidades tanto na questão ambiental, como trabalhista. Mas
a ocorrência de ambos os problemas é bastante recorrente em todo o território
brasileiro.
Diversidade Mineral
Sobre
a diversidade mineral brasileira, sabemos que ela é grande e na leitura da
tabela abaixo podemos destacar lógico a grande produção de Ferro, mas também de
Manganês que está intimamente ligado a liga necessária para a produção de aço,
mas que infelizmente acabamos exportando
grande parte dos dois sem agregar valor no Brasil e deixando a siderurgia
estrangeira receber na verdade grande parte de todos esses minerais crus.
Ainda
observando a tabela de produção por toneladas, mas já comparando com a tabela
de exportações, podemos perceber que o
Nióbio, embora tenha uma tonelagem bem mais baixa que diversos outros minerais,
ele movimenta um valor de exportação muito significativo e que supera a
bauxita. Embora no caso da Bauxita, que é a base do Alumínio, preferimos que
este valor esteja mais baixo para que o mesmo possa ser exportado na sua forma
mais valiosa. O assunto Bauxita/Alumínio também é bem interessante, pois poucos
sabem que muitos investimentos em recursos energéticos maciços na região norte
do Brasil possuem muita relação com a produção de Alumínio que na sua
fabricação demanda muita energia. Enquanto muitos acreditaram que Belo Monte
tenha sido construída para levar energia para ribeirinhos da Amazônia. Santa
inocência, mas deixemos este assunto para outro momento.
Produção mineral de
Minas Gerais
Pela
história do próprio nome do Estado de Minas Gerais, já temos uma boa ideia de
como a atividade mineradora é importante para a sua economia. A mineração gera
cerca de 50 mil empregos diretos e
milhões de empregos indiretos, afinal, a atividade corresponde ao principal
produto exportado pelo estado. Isso que nem tudo é exportado, a maior parte da
indústria nacional utiliza minerais produzidos pelo estado já que nossa outra
grande região produtora que é na Serra dos Carajás no Pará, praticamente
exporta tudo o que produz, até por uma questão de logística mesmo.
Na
produção por tipo de mineral, Minas
Gerais fica com quase 50% de toda a produção nacional de Ferro e percentual
ainda maior na produção de Nióbio, que embora exista na Amazônia, é muito mais abundante
na Serra do Espinhaço, totalizando 75% das reservas.
EXPORTAÇÃO BRASILEIRA POR TIPO DE MINERAL
A
produção mineral de Minas Gerais é mais concentrada nos minerais metálicos que
a produção brasileira (90% contra 68%). Já a concentração dos minerais não
metálicos em Minas Gerais é de 10%, enquanto no Brasil é de 30%. Minas Gerais
não possui produção relativamente expressiva de gemas e diamantes (0,04%),
assim como o Brasil (0,02%). O Brasil apresenta ainda 2% de sua produção
mineral representada por energéticos.
Em
breve, a próxima postagem da série.
Jonathan Kreutzfeld
ANEXO
Principais
aplicações para os minerais
FERRO n AÇO
Principais
aplicações:
t
Construção civil - concreto armado, estruturas metálicas
t
Indústria de transporte - automobilística, aérea e naval
t
Máquinas e equipamentos
t
Embalagens, ferramentas e utilidades
BAUXITA n
ALUMÍNIO
Principais
aplicações:
t
Embalagens - latas
t
Indústrias de transporte - automobilística, naval e aérea
t
Construção civil - estruturas, portas, esquadrias
t
Eletricidade - redes de transmissão
OURO
Principais
aplicações:
t
Joalheria e decoração
t
Ativo financeiro
t
Indústria química - catalisadores
t
Medicina e biologia - exames, tratamentos e recobrimento de materiais
biológicos
ZINCO
Principais
aplicações:
t
Construção civil - (aço galvanizado)
t
Indústria automobilística - (aço galvanizado)
t
Agropecuária - nutrição animal e produção de fertilizantes
t
Fabricação de eletrodomésticos - peças de bronze e latão
NÍQUEL
Principais
aplicações:
t
Setor de bens de consumo duráveis (aço inoxidável)
t
Indústrias alimentícia e petroquímica - tubos, tanques, condensadores, etc.
t
Indústria naval e aeroespacial - turbinas e motores t Revestimentos
metálicos e cunhagem de moedas
NIÓBIO
Principais
aplicações:
t
Indústria automobilística, naval e aeronáutica (aço de alta resistência)
t
Indústria petroquímica - tubulações sob alta pressão
t
Construção civil - estruturas de pontes, viadutos e edifícios
t
Componentes eletrônicos e óticos - máquinas de ressonância magnética,
radiofrequência etc.
t
Indústria siderúrgica: ligas especiais (ex.: liga ferro nióbio; ligas metálicas
de alta pureza; superligas; óxidos especiais)
CALCÁRIO
Principais
aplicações:
t
Produção de cimento
t
Obras de pavimentação de estradas e rodovias - utilizado como agregado
t
Agricultura - correção de acidez do solo
t
Fabricação de tintas e vidros
Fonte:
Parabéns pela postagem, ótimo conteúdo
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