Eles
são conhecidos como "a minoria mais perseguida do mundo". Os muçulmanos rohingya, que atualmente protagonizam
uma fuga em massa de Mianmar para Bangladesh, são vítimas de múltiplas
discriminações: trabalho forçado, extorsão, restrições à liberdade de
circulação, regras de casamento injustas e confisco de terras. Há séculos
vivendo no território de Mianmar, são considerados um povo sem Estado e não são
reconhecidos como um dos 135 grupos do país.
Os
rohingyas falam Rohingya ou Ruaingga, um dialeto próprio e distinto dos idiomas
falados no estado de Rakain. Têm a cidadania negada pelo governo e por décadas
vêm fugindo sobretudo para Bangladesh, Malásia, Índia, Nepal e EUA, onde
quase sempre enfrentam condições de vida precárias.
A
lei birmanesa sobre a nacionalidade de 1982 especifica, concretamente, que
apenas os grupos étnicos que podem demonstrar sua presença no território antes
de 1823, data da primeira guerra anglo-bereber que levou à sua colonização,
podem obter a nacionalidade birmanesa. No entanto, os rohingyas vivem em
Mianmar desde o século XII, segundo muitos historiadores.
Desde
2012, foram registrados confrontos violentos entre budistas e muçulmanos, deixando
centenas de mortos, especialmente muçulmanos. Acusando as forças de segurança
de múltiplos excessos de violência, milhares de civis abandonaram seus
povoados. A situação vem piorando desde agosto de 2017 quando em apenas um dia (8
de setembro) daquele ano morreram 1000 pessoas em apenas um protesto.
Os
ataques que provocaram a operação militar foram reivindicados pelo Exército de
Salvação Rohingya de Arakan, um grupo que surgiu recentemente na ausência de
avanços por parte do governo birmanês na questão dos rohingyas. Uma comissão
internacional liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan pediu
recentemente a Mianmar que conceda mais direitos à sua minoria muçulmana.
Os refugiados
“Imagine
o horror de tentar sobreviver, tentar alimentar seus filhos e manter algum
senso de conforto enquanto você está perdendo seus entes queridos, ou
observando sua casa sendo incendiada e reduzida a cinzas.
Décadas
de injustiça levaram quase 1 milhão a fugir de suas casas em Mianmar e buscar
refúgio em Bangladesh – a maioria deles nos últimos 18 meses.
Desde agosto de
2017, quase 1 milhão de pessoas da etnia rohingya chegaram em Bangladesh
fugindo de Mianmar
e centenas mais chegam a cada semana. Eles se somam às centenas de milhares que
já estão no país vizinho morando em campos de refugiados improvisados. Mais da
metade dos rohingyas que fugiram são mulheres e meninas, 60% crianças e jovens
com menos de 18 anos.
Muitos
dos que chegaram a Mianmar estão feridos e traumatizados pela situação. Eles
precisam de comida, água limpa e abrigo para sobreviver, mas acima de tudo,
precisam se sentir seguros.
As
pessoas estão vivendo em barracas, em assentamentos improvisados e
superpopulosos. As condições nos campos são completamente inadequadas e
insalubres, com banheiros entupidos e água contaminada. Os campos não são
iluminados, se tornando perigosos, principalmente durante a noite quando
mulheres, meninas e crianças estão particularmente vulneráveis ao abuso,
exploração e tráfico.
Agora
some a esta situação já complicada, a chegada da época das fortes chuvas
(monções) que provocam inundações e deslizamentos de terra, piorando as
condições nos assentamentos e aumento os riscos de doenças.
Desde o último
fluxo, que começou em agosto de 2017, sua população aumentou para cerca de 1
milhão de pessoas, mais do que qualquer outro campo de refugiados do mundo. A maioria das
crianças presentes nunca tinha posto os pés em uma sala de aula antes de chegar
a Bangladesh. A educação está fora de alcance para a maioria do rohingya,
frequentemente proibida ou desencorajada com ameaças físicas.
VISITA DO PAPA EM MIANMAR
A
cena é intrigante, mas em 2017, o chefe da Igreja Católica defendendo a paz e
os direitos de uma minoria muçulmana que representa somente 1% da população em
um país budista.
No encontro que teve com a contestada
“chefe de estado” Aung San Suu Kyi, que já
foi prêmio Nobel da Paz, o Papa Francisco pediu respeito às minorias, ele
naquele momento se referia ao que eram cerca de 600 mil refugiados Rohingya no
momento.
Até
mesmo o centro informal de ensino não oferece o tipo de educação de que eles
precisam: um currículo estruturado que leve a qualificações reconhecidas e que
permita que as crianças moldem seus próprios futuros e, quando as condições
permitirem, reconstruam suas comunidades em Mianmar. O ACNUR está trabalhando
para expandir o acesso à educação e melhorar a qualidade dos materiais de
ensino e aprendizagem dentro do campo.
Organização
Mundial da Saúde trabalha para proteger população do cólera, já que maioria dos
que estão em Bangladesh vive em acampamentos com poucas condições de higiene.
Temporada de monções se aproxima, podendo causar enchentes e deslizamentos de
terra.
Proteger
do cólera quase 1 milhão de refugiados rohingya que estão vivendo em Bangladesh
é prioridade para a Organização Mundial da Saúde, a OMS.
No
dia 8 de abril de 19 em Genebra, o diretor de Operações de Emergência da
agência fez um alerta sobre a situação.
Mesmo
acolhidos ainda existem muitos riscos para a população que fugiu de Mianmar,
uma vez que a maioria dos refugiados em
Bangladesh está em acampamentos superlotados, sem condições adequadas de
saneamento. E o país que acolhe – Bangladesh, possui área 4 vezes menor que
Mianmar e absurdos mais de 160 millhões de pessoas. É como se você colocasse a
população brasileira em um espaço apenas 2x maior que Santa Catarina. (Brasil
tem cerca de 200 milhões de habitantes, SC tem 95 mil km2 de área, Bangladesh
tem mais de 160 milhões de habitantes e 147 mil km2 de área).
Compilação
e textos
Jonathan Kreutzfeld
Fonte:
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