segunda-feira, 16 de março de 2020

Povo Rohingya: O maior campo de refugiados do mundo

Quem são os Rohingya

Eles são conhecidos como "a minoria mais perseguida do mundo". Os muçulmanos rohingya, que atualmente protagonizam uma fuga em massa de Mianmar para Bangladesh, são vítimas de múltiplas discriminações: trabalho forçado, extorsão, restrições à liberdade de circulação, regras de casamento injustas e confisco de terras. Há séculos vivendo no território de Mianmar, são considerados um povo sem Estado e não são reconhecidos como um dos 135 grupos do país.

Os rohingyas falam Rohingya ou Ruaingga, um dialeto próprio e distinto dos idiomas falados no estado de Rakain. Têm a cidadania negada pelo governo e por décadas vêm fugindo sobretudo para Bangladesh, Malásia, Índia, Nepal e EUA, onde quase sempre enfrentam condições de vida precárias. 

A lei birmanesa sobre a nacionalidade de 1982 especifica, concretamente, que apenas os grupos étnicos que podem demonstrar sua presença no território antes de 1823, data da primeira guerra anglo-bereber que levou à sua colonização, podem obter a nacionalidade birmanesa. No entanto, os rohingyas vivem em Mianmar desde o século XII, segundo muitos historiadores.

Desde 2012, foram registrados confrontos violentos entre budistas e muçulmanos, deixando centenas de mortos, especialmente muçulmanos. Acusando as forças de segurança de múltiplos excessos de violência, milhares de civis abandonaram seus povoados. A situação vem piorando desde agosto de 2017 quando em apenas um dia (8 de setembro) daquele ano morreram 1000 pessoas em apenas um protesto.

Os ataques que provocaram a operação militar foram reivindicados pelo Exército de Salvação Rohingya de Arakan, um grupo que surgiu recentemente na ausência de avanços por parte do governo birmanês na questão dos rohingyas. Uma comissão internacional liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan pediu recentemente a Mianmar que conceda mais direitos à sua minoria muçulmana.


Os refugiados

“Imagine o horror de tentar sobreviver, tentar alimentar seus filhos e manter algum senso de conforto enquanto você está perdendo seus entes queridos, ou observando sua casa sendo incendiada e reduzida a cinzas.



Décadas de injustiça levaram quase 1 milhão a fugir de suas casas em Mianmar e buscar refúgio em Bangladesh – a maioria deles nos últimos 18 meses.

Desde agosto de 2017, quase 1 milhão de pessoas da etnia rohingya chegaram em Bangladesh fugindo de Mianmar e centenas mais chegam a cada semana. Eles se somam às centenas de milhares que já estão no país vizinho morando em campos de refugiados improvisados. Mais da metade dos rohingyas que fugiram são mulheres e meninas, 60% crianças e jovens com menos de 18 anos.

Muitos dos que chegaram a Mianmar estão feridos e traumatizados pela situação. Eles precisam de comida, água limpa e abrigo para sobreviver, mas acima de tudo, precisam se sentir seguros.

As pessoas estão vivendo em barracas, em assentamentos improvisados e superpopulosos. As condições nos campos são completamente inadequadas e insalubres, com banheiros entupidos e água contaminada. Os campos não são iluminados, se tornando perigosos, principalmente durante a noite quando mulheres, meninas e crianças estão particularmente vulneráveis ao abuso, exploração e tráfico.


Agora some a esta situação já complicada, a chegada da época das fortes chuvas (monções) que provocam inundações e deslizamentos de terra, piorando as condições nos assentamentos e aumento os riscos de doenças.

Desde o último fluxo, que começou em agosto de 2017, sua população aumentou para cerca de 1 milhão de pessoas, mais do que qualquer outro campo de refugiados do mundo. A maioria das crianças presentes nunca tinha posto os pés em uma sala de aula antes de chegar a Bangladesh. A educação está fora de alcance para a maioria do rohingya, frequentemente proibida ou desencorajada com ameaças físicas.

VISITA DO PAPA EM MIANMAR

A cena é intrigante, mas em 2017, o chefe da Igreja Católica defendendo a paz e os direitos de uma minoria muçulmana que representa somente 1% da população em um país budista.

No encontro que teve com a contestada “chefe de estado” Aung San Suu Kyi, que já foi prêmio Nobel da Paz, o Papa Francisco pediu respeito às minorias, ele naquele momento se referia ao que eram cerca de 600 mil refugiados Rohingya no momento.


Até mesmo o centro informal de ensino não oferece o tipo de educação de que eles precisam: um currículo estruturado que leve a qualificações reconhecidas e que permita que as crianças moldem seus próprios futuros e, quando as condições permitirem, reconstruam suas comunidades em Mianmar. O ACNUR está trabalhando para expandir o acesso à educação e melhorar a qualidade dos materiais de ensino e aprendizagem dentro do campo.
  
Organização Mundial da Saúde trabalha para proteger população do cólera, já que maioria dos que estão em Bangladesh vive em acampamentos com poucas condições de higiene. Temporada de monções se aproxima, podendo causar enchentes e deslizamentos de terra.

Proteger do cólera quase 1 milhão de refugiados rohingya que estão vivendo em Bangladesh é prioridade para a Organização Mundial da Saúde, a OMS.

No dia 8 de abril de 19 em Genebra, o diretor de Operações de Emergência da agência fez um alerta sobre a situação.

Mesmo acolhidos ainda existem muitos riscos para a população que fugiu de Mianmar, uma vez que a maioria dos refugiados em Bangladesh está em acampamentos superlotados, sem condições adequadas de saneamento. E o país que acolhe – Bangladesh, possui área 4 vezes menor que Mianmar e absurdos mais de 160 millhões de pessoas. É como se você colocasse a população brasileira em um espaço apenas 2x maior que Santa Catarina. (Brasil tem cerca de 200 milhões de habitantes, SC tem 95 mil km2 de área, Bangladesh tem mais de 160 milhões de habitantes e 147 mil km2 de área).

Compilação e textos

Jonathan Kreutzfeld

Fonte:









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