sexta-feira, 28 de junho de 2019

MIX de Atualidades 2019 - I


Olá pessoal! Como forma de contribuir ainda mais com o fornecimento de conteúdo para o blog, conversei com o colega de trabalho professor Henrique Schnitzspahn que trabalha também com atualidades, e ele me enviou um ótimo resumo sobre alguns temas importantes! Segue o texto:

Professor Henrique Schnitzspahn

1 - Onda conservadora no Brasil e no mundo

Desde 2016 o Brasil vive o momento de maior instabilidade política e econômica da sua história recente. Tivemos, por exemplo, o impeachment de Dilma Rousseff e a Operação Lava-Jato (que denunciou um esquema de pagamentos de propinas bilionárias envolvendo grandes empresas e vários partidos políticos). A reação dos eleitores, em parte, apresentou-se na polarização da eleição de 2018.

O país elegeu Jair Bolsonaro como presidente, demonstrando o fortalecimento de uma direita conservadora no Brasil. E não é só aqui: a direita vem se fortalecendo na América do Sul desde 2013, quando só o Chile estava mais à direita. Em 2018, Argentina, Peru, Colômbia e Paraguai se juntaram a ele; e em 2019, o Brasil.

A vitória de Bolsonaro abre espaço para a consolidação de uma agenda  contra  pautas  como  aborto,  legalização   de drogas, união homoafetiva e imigração. Além, é claro, de uma política com apoio da polícia e das Forças Armadas, e o fortalecimento de uma cultura machista.

O presidente simboliza no Executivo a tendência que desde 2014 o Brasil já mostrava no Congresso, então considerado o mais conservador desde a redemocratização. Isso porque aumentou no número de parlamentares ligados a segmentos mais conservadores, como ruralistas, militares, policiais e religiosos.

2 - Retrocesso em direitos coletivos 

A mudança política impulsiona retrocessos em termos de direitos dos cidadãos. A Organização das Nações Unidas (ONU) elenca como retrocesso, por exemplo, a proposta de redução da maioridade penal. O Brasil é o quarto país com maior população carcerária do mundo.

Também há fortes críticas    à    proposta    de    reforma  da Previdência Social (que é uma poupança feita pelo governo para garantir ao cidadão uma renda ao parar de trabalhar). Opositores apontam que as mudanças vão dificultar a aposentadoria da população e propor benefícios de valores mais baixos. O objetivo seria diminuir a crise econômica brasileira, mas é preciso lembrar que a aposentadoria garante vida digna para os inativos – e impulsiona o consumo para essas classes. Ainda no direito trabalhista, o Ministério do Trabalho quase foi extinto por Bolsonaro. Sobreviveu, mas devido a manifestações. A expectativa é de impacto forte nas garantias da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) para as (os) trabalhadores.

Na área ambiental, uma das principais preocupações é com a união dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. A crítica, aqui, é que os interesses de cada pasta seriam diametralmente opostos. O governo de Michel Temer e o presidente eleito Jair Bolsonaro já sinalizaram, também, uma possível retirada do Brasil do Acordo de Paris que prevê uma resposta global para redução de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, o governo estuda flexibilizar o licenciamento ambiental e retirar direitos indígenas e quilombolas.

3 - Crise migratória

Começamos a falar de crise migratória em 2011, quando o fluxo de refugiados na Europa intensificou-se. A saga para fugir de um dos 15 conflitos da África, Oriente Médio e Ásia levou milhares de pessoas a se arriscarem. Muitos morreram em travessias marítimas. O Brasil também passou a receber pessoas. 

Em 2011, chegaram os haitianos. Mais recentemente, vemos o ingresso de venezuelanos. A Venezuela, governada por Nicolás Maduro, enfrenta uma forte crise: programas sociais foram cortados, a inflação está nas alturas e faltam alimentos e medicamentos.

A entrada de muitos imigrantes aumenta a população de algumas cidades, sem prévio preparo para tanto, e pode levar à saturação do mercado de trabalho. Outra consequência possível  é  o  inchamento  dos  sistemas  públicos  de  saúde  e educação. E quem pensa que é só lá fora que imigrantes sofrem preconceito e violência, se engana: no Brasil, em um dos casos mais extremos, um acampamento de imigrantes foi incendiado em Roraima, em uma tentativa de expulsar os estrangeiros. A xenofobia (desgosto com o que/quem é de fora) generaliza-se e ganha novas cores quando chega a países menos centrais e ricos como o nosso. Esse tema também pode ser associado às questões políticas comentadas anteriormente, especialmente em relação ao nacionalismo.

4 - Racismo

A cada ano, multiplicam-se as denúncias de racismo no Brasil e no mundo. Os casos vão desde mensagens de cunho racista escritas em portas de banheiro até uma “fantasia” de escravo para o Dia das Bruxas. O Observatório da Discriminação Racial no Futebol, por exemplo, registrou 20 ocorrências desde 2014, sendo 8 somente em 2018.


Para combater o racismo, o foco é em políticas públicas, como as cotas. Mas o tema se relaciona também com suas causas históricas – marcadamente, a escravidão – e com as atuais relações socioeconômicas e de distribuição de renda na comparação com a população autodeclarada branca. Por fim, questões identitárias e relacionadas a movimentos sociais têm ganhado relevância e força na luta por igualdade racial.

5 - Julian Assange: quem é o fundador do Wikileaks, preso em Londres após quase 7 anos exilado em embaixada do Equador

As revelações feitas por Assange mostravam detalhes pouco conhecidos da atuação dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque. Segundo os documentos, soldados americanos são acusados de atacar e matar homens, mulheres e crianças que não tinham relação direta com os conflitos. Assange foi preso na embaixada do Equador em Londres, onde estava exilado havia sete anos. A prisão não estaria relacionada aos vazamentos, mas à acusações de abuso sexual feitas por duas mulheres contra ele na Suécia - casos que ele havia colocado como possíveis investidas dos EUA em uma suposta campanha de "caça às bruxas" contra o Wikileaks. Ele também teria violado as leis dos Estados Unidos ao publicar no Wikileaks documentos secretos do governo americano.

O ativista havia se refugiado na embaixada para evitar a extradição para a Suécia ou, ainda, para os Estados Unidos, mas acabou surpreendido com a retirada do asilo. Para seus apoiadores, Julian Assange é um corajoso defensor da verdade. Para seus críticos, ele é alguém que busca publicidade e que pôs vidas em risco ao colocar uma massa de informações confidenciais em domínio público.

6 - Tragédia em Brumadinho

Após 3 anos da tragédia em Mariana, no dia 25 de Janeiro, uma barragem de rejeitos de minérios do complexo Mina do Feijão rompeu e um mar de lama invadiu a mineradora e a cidade de Brumadinho (MG). Na sequência, outra barragem transbordou.  A  empresa   responsável   pelas   barragens é   a Samarco, comandada pela brasileira Vale e pela anglo- australiana BHP Billiton a mesma responsável pela barragem do Fundão, que causou o maior desastre ambiental da história do Brasil, em Mariana (MG).

No final de 2018, os moradores de Brumadinho haviam passado por um treinamento promovido pela Vale, em que uma sirene disparou e a empresa orientou o que eles deveriam fazer e para onde se encaminhar. No dia da tragédia, no entanto, a sirene de emergência não foi ativada e a população não recebeu nenhum aviso prévio ou orientação.



A Vale também não levou os sobreviventes para um abrigo, apenas orientou a população a se encaminhar a um centro comunitário. O número de mortos é de 157, além dos 182 desaparecidos (até a data de 8 de fevereiro). Além dos bombeiros que ainda permanecem em busca de corpos, um grupo de salvamento de voluntários composto de moradores da região ajudou nos primeiros dias em que se procurava sobreviventes e militares israelenses também participaram da busca por alguns dias. O acontecimento gerou uma comoção nacional, movimentando várias inciativas para doação tanto para a população afetada quanto aos bombeiros. Nas redes sociais, a frase “não é acidente, é crime” viralizou.

7 - A paralisação parcial nos EUA e o muro de Trump

Os Estados Unidos vivenciaram a maior paralisação parcial de sua história, quando funcionários federais pararam de trabalhar por 35 dias. O acontecimento teve com causa a discordância entre Donald Trump, Presidente dos EUA, e a Câmara dos Deputados, de maioria democrata (partido contrário ao de Trump, o Republicano), sobre o orçamento federal a ser aprovado. Trump queria que o constasse US$ 5,7 bilhões para a construção de um muro na fronteira com o México, uma de suas mais polêmicas promessas de campanha. Os democratas, por outro lado, não aceitaram viabilizar dinheiro para o muro.

Trump decidiu, no dia 25 de fevereiro, assinar uma lei que permite financiar o governo federal até o dia 15 de fevereiro, sem incluir os recursos necessários para a construção do muro. Porém, deixou claro que se nesse meio tempo a Câmara não ceder e não negociar essa questão, o governo irá parar novamente, podendo inclusive usar o seu poder de declarar emergência nacional – o que faria com que a decisão do Presidente fosse acatada sem a aprovação do Congresso. A medida, no entanto, poderia ser contestada na Justiça.

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