
· Quanto
foi o desmatamento da Amazônia ao longo da história recente e nos últimos meses;
· O
que é o Fundo Amazônia;
· Qual
a moral dos países que criticam as “ações” de nosso governo.
AULA - BIOMAS BRASILEIROS
Introdução
Primeiramente,
quero deixar bem claro que não me surpreendo com nenhuma declaração do
presidente referente ao desmatamento, terras indígenas, áreas de preservação...
Eu sinceramente já esperava essas atitudes do presidente. E se alguém não
esperava isso, certamente cegou-se diante do antipetismo que se radicalizou no
ano passado. Até aí ok, eu entendo, mas desde eleito, muitos daqueles que não
queriam o PT no poder poderiam e deveriam lutar por direitos sociais,
trabalhistas e ambientais que não são de posse de nenhum partido específico e
sim do povo todo, ou no caso da Amazônia, uma questão humanitária. Que ao
contrario do que muitos pensam, sim, a Amazônia é diferenciada e gera mudanças
nada sutis no clima Global. Ela é sim mais importante que qualquer floresta ou
pradarias que pudessem existir nas regiões temperadas da América do Norte ou da
Alemanha ou qualquer outro lugar do planeta. E por este motivo tanta gente se
preocupa com ela.
Você
sabia que sem ela, possivelmente o nosso Cerrado seria um deserto? Que no
interior do sul e sudeste do Brasil teríamos pouquíssimas chuvas? Muitos não
têm nem ideia da influência da Amazônia no país do: “Agro é tech, Agro é pop,
Agro é tudo”. Podemos fracassar fortemente na base de nossa economia se não
cuidarmos da Amazônia. A Alemanha e a Noruega continuarão ricas provavelmente,
e nós... Se ficarmos até sem isso?
Desmatamento na
Amazônia
Para
compreender um pouco mais sobre a importância da Amazônia brasileira, saber de
onde surgiu o Fundo Amazônia e a Amazônia Legal, veremos um breve histórico
sobre a região:
Em
1953, Getúlio Vargas criou a Superintendência do Plano de Valorização Econômica
da Amazônia. O intuito era de integrar a região economicamente ao país e
garantir a soberania sobre o território. Estávamos em um contexto econômico
bastante ambicioso, com muitas expectativas de crescimento da economia. Fruto
disso, em 1957 surge a Zona Franca de Manaus que passa a funcionar pra valer a
partir de 1967, isso já dentro do Governo Militar que em 1966 criou a Superintendência
do Desenvolvimento da Amazônia a famosa SUDAM. Durante a década de 1970 e 1980,
também tivemos grandes avanços no projeto Grande Carajás, também no contexto
amazônico. Digamos que os objetivos por ali, de cunho econômico obtiveram um ótimo
êxito na finalidade que tinham.
Em
2001 o presidente FHC extinguiu o nome SUDAM e criou a Agência de
Desenvolvimento da Amazônia onde na prática pouca coisa mudou, os eixos de
desenvolvimento permaneciam na Zona Franca de Manaus (AM) e na Serra dos
Carajás (PA), mas durante grande parte dos anos 1990 tivemos um outro eixo de
desenvolvimento econômico que avançou com força do Cerrado para a Amazônia. Foi
a expansão bastante agressiva da expansão da fronteira agrícola que lá nos anos
1970 avançava no Cerrado com o Sistema de Imigração do Norte do Paraná (SINOP)
que consolidou o padrão soja e o pasto em mais da metade do Cerrado. Mas não
estamos hoje aqui pra falar do Cerrado e sim da Amazônia.
![]() |
SIVAM |
Em
2007, a SUDAM volta a existir, e com a nova lei, surge a Amazônia Legal que
abrange mais de 60% do território brasileiro e cerca de 5 milhões de km2. A
partir deste momento, não é que não pode ter desenvolvimento econômico por ali,
mas são fortalecidos os sistemas de monitoramento do desmatamento com a criação
do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) que até já existia, porém não com
a finalidade de controle ambiental.
Na
tabela podemos observar as taxas de desmatamento da Amazônia dos últimos 25 anos,
seguindo a mesma metodologia durante o período, é possível verificar que mesmo sendo
ainda muito altas em 2018, a redução do desmatamento nas últimas décadas foi
significativa. Com médias na casa de um Sergipe por ano na primeira parte da
tabela e menos da metade do valor em 2018.
O desmatamento
polemizado 2018 - 2019
O
desmatamento na Amazônia Legal cresceu 66% em julho deste ano em relação ao
mesmo período de 2018, segundo um relatório divulgado pelo instituto de
pesquisa Imazon.
Segundo
os dados, no mês passado o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) detectou
1.287 quilômetros quadrados de desmatamento, contra 777 quilômetros quadrados
no ano passado. O município do Rio de Janeiro tem 1.255 km².
A
organização não é ligada ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais),
que no início de agosto divulgou que o desmatamento cresceu 278% no mês de
julho, ou seja, ainda maior. Por usarem metodologias diferentes, as pesquisas
desses institutos não são comparáveis. Os dois estudos, no entanto, indicam um
aumento no desmatamento.
A
diferença de fato é que o sistema Imazon detecta apenas desmatamentos
superiores a 10 hectares, enquanto o do INPE é mais preciso e detecta desde as
menores clareiras abertas. Ou seja, os dados mais próximos da realidade
infelizmente devem ser de 278% de aumento!
Grande
parte dos esforços para reduzir o desmatamento até 2018 veio de ações que
levaram em 2008 a criação do Fundo Amazônia.
O Fundo Amazônia
![]() |
Amazônia Legal |
O
Fundo Amazônia tem por finalidade captar doações para investimentos
não-reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao
desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas
no Bioma Amazônia, nos termos do Decreto no 6.527, de 1º de agosto de 2008.
O
Fundo Amazônia apoia projetos nas seguintes áreas:
· Gestão
de florestas públicas e áreas protegidas;
· Controle,
monitoramento e fiscalização ambiental;
· Manejo
florestal sustentável;
· Atividades
econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da floresta;
· Zoneamento
ecológico e econômico, ordenamento territorial e regularização fundiária;
· Conservação
e uso sustentável da biodiversidade; e
· Recuperação
de áreas desmatadas.
O
Fundo Amazônia pode utilizar até 20% dos seus recursos para apoiar o
desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento em
outros biomas brasileiros e em outros países tropicais.
E
é aqui que entra a Noruega e a Alemanha por exemplo, que criticaram fortemente
o atual governo brasileiro e decidiram retirar mais de 300 milhões de
investimentos no fundo que já desembolsou mais de 1,8 bilhão de reais (o fundo tem
3,4 bilhões) desde 2008 em projetos para conter o desmatamento. Detalhe que o
IBAMA reconhece que sem o dinheiro do Fundo Amazônia, não tem como fiscalizar e
punir o desmatamento ilegal.
Quase
60% desses recursos são destinados à União e aos nove Estados da Amazônia
Legal, incluindo instituições como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), responsável pelo monitoramento ambiental por satélites no
bioma Amazônia. Os outros 40% se dividem entre entidades do terceiro setor
(ONGS) e universidades.
E
aí vem a política, o atual governo odeia o Fundo Amazônia e o que ele
representa, simplesmente porque não admite nada que tenha sido criado no
governo anterior. Muito lamentável, não gostar de várias coisas pode, mas essa
é uma facada desnecessária e que no meu julgamento, nunca nos levou ao
desenvolvimento pleno e infelizmente não nos levará agora.
Qual a moral dos
países que criticam as “ações” de nosso governo?
Então,
desde o início da sua operação do Fundo Amazônia, a Noruega tem sido de longe a
principal doadora (94%), seguida da Alemanha (5%) e da Petrobras (1%).
A
Noruega é o melhor país do mundo em qualidade de vida (IDH) e ostenta também o
título de uma das nações que mais recupera florestas em seu território e fora
dele. E ainda que Alemanha e Noruega tivessem pouco esforço em ser
ecologicamente melhor, estes países jamais tiveram em seu território, algo tão
importante do ponto de vista da saúde climática global quanto a Floresta
Amazônica. E por este motivo, tentam aqui contribuir com a manutenção dela, e
consideram que nós somos mais capazes de contribuir com sua manutenção que o
Congo ou a Indonésia. Por isso investem bilhões nela.
No
fim das contas, eles provavelmente continuariam sabendo o que fazer, melhor que
a gente caso todo o caos climático previstos em filmes de ficção se
concretizassem. Pois são referências em pesquisa científica e educação como um
todo.
![]() |
Desmatamento não é de hoje apenas |
Por
hoje é isso, outro dia pretendo trazer mais informações sobre essa situação.
Mas se você acha que a Amazônia não é importante, pode começar assistindo o
filme Interestelar, pois sem ela o Brasil será um dos primeiros a ter que
procurar outro planeta para produzir e manter o slogan “Agro é tech, Agro é
pop, Agro é tudo”.
Gostaria também de deixar claro que todas as reclamações referentes ao desmatamento da Amazônia incluem todos os governos anteriores também. Não tem nenhum governo que resolveu o problema, mas agora a coisa deve ficar ainda mais alarmante.
Obrigado
por chegar até aqui!
Jonathan Kreutzfeld
Fonte:
https://www.brasil247.com/brasil/desastre-anunciado-fim-do-fundo-amazonia-pode-acelerar-desmatamento
Bacana...parabéns pela postagem... Abraço..Daniel Koepsel
ResponderExcluirObrigado amigo!
ResponderExcluirExcelente postagem, muito esclarecedora. Abraço!
ResponderExcluir:):):)
Excluir