Trabalho realizado
na disciplina de Geografia, supervisionado pelo professor Jonathan Kreutzfeld
Por: Taisi Gabrieli
Dias, Julia da Silva de Oliveira, Leonardo Severo, Pedro Henrique Kruger, Raul
Gomes Piccoli, Ruy Souza Bergler e Vinicius Deschamps. Organização: Taisi Gabrieli Dias
Coleta de Resíduos
Sólidos

A
empresa recolhe os resíduos gerados e os destina para outro lugar. Nem sempre a
destinação do lixo é feita de forma ambientalmente adequada, mesmo tendo que
respeitar a regulamentação da região, podendo seguir para a reutilização,
reciclagem, tratamento ou disposição final. A disposição final deve ser um
aterro sanitário, mas em muitos países acaba também acontecendo em lixões a céu
aberto.
A
coleta de lixo urbano é realizada por veículos construídos especialmente para
este fim, chamados de “caminhão do lixo”, os quais são comprados pelas empresas
de coleta de lixo e possuem diferentes capacidades e funcionalidades.
O sistema de coleta
pode ser classificado em:
• Sistema
de coleta e transporte misto: Os resíduos são coletados nos locais onde são
gerados, misturados dentro de um veículo e transportados até uma destinação.
Esse tipo de sistema é normalmente encontrado em municípios e cidade sem
planejamento urbano, com o setor de resíduos ainda desestruturado e sem uma
legislação específica.
• Sistema
de coleta seletiva: Os resíduos são coletados de forma separada de acordo
com o tipo de resíduo. Neste caso, os próprios geradores de resíduos separam e
armazenam os resíduos de forma que propicie a coleta seletiva. Esse tipo de
sistema é comum em cidades e municípios que possuem planejamento urbano e
política municipal de resíduos sólidos.
Segundo
relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais, o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2016 mostrou que 3.326
municípios brasileiros destinam seus resíduos sólidos para locais impróprios, o
que equivale a 59,7% dos municípios. O mesmo documento registra que 76,5
milhões de pessoas sofrem os impactos negativos causados pela destinação
inadequada dos resíduos.
Em
2012, apenas no Brasil foram produzidas 64 milhões de toneladas de resíduos,
dos quais 24 milhões de toneladas foram descartadas de forma inadequada. No
mesmo ano, a estimativa era de que cada brasileiro gerasse, em média, 383 kg de
lixo ao longo dos 365 dias. Em 20 anos, entre 1982 e 2012, em virtude do
crescente consumismo, dobrou a quantidade de lixo gerado por pessoa, o que
reforça a necessidade da coleta seletiva e a consequente reciclagem para a
preservação do meio ambiente para possibilitar a sobrevivência das gerações
futuras.
Diariamente
são descartadas 240 mil toneladas de lixo no Brasil (2018), das quais mais de
70% têm como destino aterros sanitários. A maior parte dos 30% de resíduos
restante não é destinada de forma correta, sendo descartada em terrenos abertos
e até mesmo córregos, rios e áreas florestais próximas de centros urbanos. O
destino impróprio do lixo do Brasil acarreta em poluição ambiental, incluindo
reservatórios de água, rios e áreas florestadas, proliferação de animais e
insetos vetores de doenças, produção de gases nocivos, além de desperdício de
materiais potencialmente reutilizáveis.
Coleta Seletiva
A
coleta seletiva é uma alternativa que vem crescendo no mundo dadas as
consequências da destinação incorreta do lixo. Trata-se de um sistema de
recolhimento de materiais segregados previamente na fonte geradora, ou seja, no
momento do descarte, possibilitando a destinação ambientalmente adequada a cada
tipo de resíduo. Para a segregação de materiais na fonte, a Coleta Seletiva
envolve a participação e conscientização da comunidade a respeito dos danos
gerados pela poluição e pelo desperdício de recursos naturais, o que deve
constituir processos de Educação Ambiental.
A
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRR) prevê a extinção dos lixões e a
redução do volume de lixo gerado, ampliando assim a reciclagem e coleta
seletiva, contanto com a inclusão de catadores. Além disso, o material que não
puder ser reaproveitado deverá ter como destino aterros sanitários preparados,
apresentando uma manta impermeável que impede a contaminação do solo pelo
chorume.

Dessa
forma, a separação dos resíduos sólidos urbanos domiciliares deve ser feita em
três tipos:
Resíduos
recicláveis, Resíduos Orgânicos (resto de alimento) e Rejeitos (sem viabilidade
técnica e econômica para o reaproveitamento, como o lixo de banheiro)
É
responsabilidade das prefeituras implantar a Coleta Seletiva de lixo reciclável
nas residências, assim como de incentivar a organização e contratação de cooperativas
de catadores de materiais recicláveis para a realização do processo.
Vantagens da Coleta
Seletiva
• Economia de recursos naturais;
• Redução do consumo de energia e dos gastos
com a limpeza urbana;
• Reciclagem de materiais que iriam para o
lixo;
• Diminuição da poluição do solo, da água e
do ar;
• Prolongação da vida útil dos aterros
sanitários e das centrais de tratamento de resíduos;
• Oportunidade de fortalecer as organizações
comunitárias;
• Geração de renda e emprego pela
comercialização dos recicláveis.
Apesar
dos benefícios, a Coleta Seletiva ainda é pouco desenvolvida no Brasil: em 2018, apenas 18% dos municípios
brasileiros possuíam sistema de coleta seletiva. Isso ocorre, na maioria
das vezes, pela falta de comprometimento das pessoas em separar seus resíduos.
A Coleta de
Resíduos Sólidos em Brusque
Uma
pesquisa sobre a coleta seletiva em Brusque foi realizada para o Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) de Engenharia Ambiental de Karoline Heil Soares,em
2015, e a maior parte dos dados apresentados foram retirados da pesquisa em
questão.
O
aterro sanitário de Brusque, que recebe os rejeitos da população de vários
municípios da região, está adequado à legislação e a coleta seletiva já atende
100% do território desde 2014. Falta,
portanto, participação dos moradores e políticas públicas mais eficientes para
o alcance de melhores resultados.
Por
ser uma cidade considerada rica - está entre as maiores economias de Santa
Catarina -, Brusque produz muito lixo. A média nacional é de cerca de 700
gramas por pessoa ao dia; no município, a quantidade registrada é de quase 800
gramas.
Embora
o recolhimento e a destinação de resíduos sólidos tenham avançado nos últimos
anos, com todos os bairros atendidos pelo serviço de coleta seletiva, de acordo
com a Reciclagem Brusque, empresa que faz triagem do lixo do município, o
volume coletado é de 2,3 mil toneladas ao mês, em coleta seletiva e
convencional. A meta nacional de reciclagem é de 20%, baixa comparada a
diversos municípios da Europa que, chegam a reciclar 99% dos materiais
recicláveis. Porém, apenas 10% - 230 toneladas – do lixo brusquense é triado e
reciclado, o que mostra a falta de colaboração da sociedade e faz com a cidade
não evolua ambientalmente. O restante vai para o aterro.
O
ato de separar o lixo seco do úmido é primordial para que a empresa de coleta
seletiva possa dar o destino correto aos resíduos. O lixo passa por uma
triagem, mas só com a participação maciça da população é que será possível
alcançar níveis de países desenvolvidos.
Um
levantamento amostral feito pela Engenheira Karoline mostrou que existe
diferença entre o nível de informação das populações de cada bairro.
Por
exemplo: enquanto nos bairros Ponta Russa e Thomaz Coelho 100% responderam que
sabem o dia em que o caminhão da coleta passa, em Dom Joaquim e Azambuja apenas
7,1% souberam responder. Além disso, questionados se tinham conhecimento de
qual é a empresa que faz a coleta em Brusque, somente 16,7% dos respondentes do
bairro Poço Fundo sabiam, perante 100% do Guarani.
Conhecer
a empresa que faz o serviço de recolhimento do lixo é importante para que os
moradores possam reclamar e dar sugestões para o aprimoramento do sistema. A
participação das pessoas na coleta seletiva também foi medida. Menos da metade
dos brusquenses separa o lixo, mais precisamente 48,53%.
E
na comparação entre bairros, novamente uma disparidade. No Steffen, 83,3%
participam da coleta, já no Ponta Russa e no Cedro Alto, o percentual cai para
22,2%, de acordo com o estudo.
Para
a bióloga Kelle, os diferentes níveis de conhecimento e de participação podem
ser explicados de várias formas, mas a principal delas é o grau de escolaridade
da população. Segundo ela, o envolvimento é maior nos bairros onde os moradores
têm mais estudo.
Falta de interesse
A
diretora de ensino, que atuou por anos no Grupo de Trabalho Ambiental Municipal
(Gtam) como responsável pela educação ambiental na Secretaria de Educação,
avalia que falta interesse da população. Brusque conta com um sistema porta a
porta de coleta seletiva, o que não ocorre em todas as cidades. Entretanto,
mesmo com toda a comodidade, a população não participa, o que acarreta em um
programa dispendioso(que dá despesa), sem resultados e em problemas para o
caminhão frequentar todas as vias, pois a quantidade de resíduos a ser coletada
é baixa.
Vermelho: bairros com participação entre 0% e 25%
Laranja: bairros com participação entre 26% e 50%
Amarelo: bairros com participação entre 51% e 75%
Verde: bairro com participação entre 76% e 100%
O
dever do poder público é informar adequadamente os cidadãos sobre a coleta
seletiva, e a prefeitura tem feito palestras de educação ambiental em escolas,
empresas e associações de moradores desde 2014, mas sem o sucesso desejado. A
coleta seletiva foi implantada no município em 2012.
Além
da educação nas escolas e da conscientização da população, o poder público deve
dar exemplo, por isso a especialista afirma que a prefeitura dá uma impressão
errada ao colocar lixeiras sem separação no Centro da cidade.
Embora
Brusque tenha avançado no tratamento de resíduos sólidos, ainda é preciso
melhorar para atingir a meta estabelecida pela Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS). A cidade produz, mensalmente, 2,3 mil toneladas de lixo. Desse
total, 90 toneladas são recolhidas pela coleta seletiva.
De
acordo com o levantamento, que colheu dados amostrais de todos os bairros, do
total de pessoas que separam o lixo, apenas 37,92% fazem a divisão de maneira
correta.
Separado
de forma correta, o lixo reciclado vira uma fonte de renda para as pessoas. Resíduos
recicláveis depositados em aterros sanitários são matérias-primas
desperdiçadas. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o
Brasil perde anualmente R$ 8 bilhões ao enterrar resíduos que poderiam ser
reciclados.
Cooperativa e
catadores
Em
2012, antes do começo da coleta seletiva, a Prefeitura de Brusque aplicou 11
mil questionários aos alunos da rede municipal, para saber mais sobre o lixo na
casa das famílias. O estudo mostrou que havia 232 catadores ou pessoas que
separavam o reciclável em casa, e apenas 5 destes viviam exclusivamente da
reciclagem. A prefeitura juntou 30 possíveis catadores e realizou reuniões com
eles e com a Associação Empresarial de Brusque (Acibr) para decidir sobre a criação
de uma cooperativa. A administração municipal daria o terreno e ajudaria na
construção, mas, depois de analisar, chegou-se à conclusão de que não existia
necessidade, já que não havia serviço o suficiente e os gastos seriam altos.
Recicle
A
Recicle Catarinense de resíduos Ltda. iniciou suas atividades na cidade de
Brusque, Santa Catarina, no ano de 1993, atuando na área de coleta de entulhos
e sendo responsável pela coleta seletiva da cidade de Brusque e de outros 21
municípios catarinenses. Atualmente, possui um quadro de funcionários de
aproximadamente 350 colaboradores diretos e seu foco está voltado para a área
de saneamento básico, dando ênfase na coleta e destinação final de resíduos. A
empresa tem em seu quadro uma grande quantidade de profissionais graduados e
especializados e utiliza, para a execução dos serviços, inúmeros veículos,
máquinas e equipamentos de última geração. Através da alta tecnologia aplicada,
em cada fase do empreendimento, a RECICLE garante os excelentes resultados
alcançados.
A
coleta é realizada em dias alternados, em todas as ruas oficiais do município,
por equipes de funcionários da RECICLE, devidamente treinadas, cada qual
composta por dois coletores e um motorista.
Os
resíduos devem ser acondicionados em sacos plásticos com capacidade máxima de
50 litros e depositados pelos usuários na via pública, em cestos elevados,
evitando o contato com vetores transmissores de doenças.
Após
recolher os resíduos, nas diversas ruas da cidade, a equipe da RECICLE
encaminha-os para o ATERRO SANITÁRIO. Então, os resíduos são pesados e
catalogados, pela sua origem, e encaminhados para a triagem, onde são
analisados e separados, de acordo com a sua composição. Os materiais que podem
retornar para a cadeia produtiva, através da reciclagem, são encaminhados às
diversas empresas de transformação, para a sua reutilização. Os rejeitos são
enviados para a frente de trabalho, do Aterro Sanitário, onde são depositados e
compactados, para só então serem aterrados.
Aterro Sanitário
O
aterro de Brusque é gerenciado por uma empresa chamada Recicle de propriedade
particular. É uma obra de engenharia
destinada à disposição de resíduos, que atende a todas as normas técnicas e às
exigências da legislação ambiental do país.
O aterro recebe cerca de 550 toneladas por dia
de resíduos advindos de 22 municípios próximos. Blumenau é o maior deles.
Durante o período de 1973 a 2003, os resíduos domiciliares de Blumenau eram
depositados em um aterro controlado. Em 2003 o aterro foi desativado e os
resíduos passaram a ser encaminhados ao aterro sanitário de Brusque. Hoje, é
feita apenas a manutenção dos poluentes advindos do antigo aterro controlado,
mas sua contaminação ainda afeta a atmosfera e os lençóis freáticos.
Com cada município o aterro firmou um contrato
específico, nos quais podem constar todos ou apenas alguns dos serviços
oferecidos pelo aterro, como coleta, transporte, destinação final etc.
Ao
chegarem ao aterro, os resíduos são pesados, pois o valor do contrato é cobrado
pelo peso. Uma pequena parte desse resíduo, que chega bruto, é encaminhada para
uma segregação de itens recicláveis terceirizada, localizada também no aterro.
O restante dos resíduos é compactado e depositado nas células do aterro
sanitário. As células não apresentam um tamanho padrão, podendo variar de 4 a
40 metros.
Os
produtos resultantes do processo de aterramento dos resíduos são gás metano e
chorume. Para evitar a contaminação da atmosfera pelo metano, é colocado fogo
na saída dos gasodutos, transformando o metano em gás carbônico, que é 21 vezes
menos prejudicial ao planeta do que o metano. No tratamento do chorume são
utilizadas duas lagoas, uma anaeróbia, onde o chorume é mantido sem agitação
para que as bactérias anaeróbias (que não precisam de oxigênio) degradem a
matéria orgânica, e outra aerada, para que a degradação ocorra também pelas
bactérias dependentes de oxigênio.
A
Recicle faz ainda a sanitização (higienização e eliminação de agentes
causadores de infecções e alergias) dos resíduos de saúde que chegam de
hospitais e ambulatórios. Este procedimento é feito através de uma autoclave a
150°C, onde os resíduos permanecem por 25 minutos, são retirados e destinados
para serem prensados nas valas sépticas, área específica para os resíduos infectocontagiosos.
Tratamento de
esgoto
O
tratamento de esgoto é uma medida de saneamento básico tendo como objetivo
acelerar o processo de purificação da água antes de ser devolvida ao meio
ambiente ou reutilizada. A origem dessa água poluída se dá através da rede de
esgoto proveniente de residências, comércios e indústrias.
Outros
métodos mais ecológicos e baratos de tratamento de esgoto são recomendados a
cidades menores, como o processo de despoluição por plantas que substituem a
energia elétrica e vários produtos químicos; e a fossa séptica, aplicada
principalmente em zonas rurais, que mesmo sendo de construção individual é
vantajosa por não necessitar de rede de captação de esgoto e pelo o custo
baixo.

Mais
da metade das cidades (54) tem menos de 60% do esgoto tratado. Apenas seis
relataram tratar todo o esgoto. Em Governador Valadares (MG), Nova Iguaçu (RJ)
e São João do Meriti (RJ), não há nenhum tipo de tratamento.
Quanto
à coleta de esgoto, 51,9% da população tinha acesso ao serviço em 2016. Já
48,1%, ou mais de 100 milhões de pessoas, utilizavam medidas alternativas para
lidar com os dejetos – seja através de uma fossa, seja jogando o esgoto
diretamente em rios. Em 2011, o percentual de atendimento era de 48,1% — um
avanço de 3,8 pontos percentuais. Apenas 44,9% do esgoto gerado no país era
tratado em 2016. Em 2011, o índice era de 37,5% — uma evolução de 7,4 pontos
percentuais.
Atualmente,
o esgoto gerado por 45% de toda a população brasileira não recebe qualquer tipo
de tratamento, aumentando os riscos de poluição e contaminação de rios, lagos e
outros mananciais onde os rejeitos são lançados.
Diariamente, 5,5
mil toneladas de esgoto não tratado chegam principalmente aos rios, mas também
vão parar em reservatórios de água, mananciais e lagos do país.
Os
dados estão em estudo inédito sobre o saneamento básico no país produzido pela
Agência Nacional de Águas (ANA), autarquia federal responsável pela gestão dos
recursos hídricos brasileiros. A agência reguladora pesquisou a situação dos
serviços de esgotamento sanitário em todos os 5.570 municípios brasileiros.
O levantamento
aponta que 43% da população brasileira urbana são atendidos por sistema
coletivo (rede coletora e estação de tratamento de esgotos); 12%, por solução
individual (fossa séptica); 18% se enquadram na situação em que os esgotos são
coletados, mas não são tratados; e 27% são desprovidos de atendimento, ou seja,
não há coleta nem tratamento de esgoto. Somando a parcela dos cidadãos que não têm
esgoto tratado e os que não têm coleta, são 45% da população, ou 93,6 milhões.
A
resolução nacional que estabeleceu condições e padrões de lançamento do esgoto
na natureza determina que o tratamento dos resíduos deve remover 60% da carga
orgânica antes do lançamento direto na água limpa. Entretanto, a maioria das
cidades brasileiras (4.801 cidades, totalizando 129,5 milhões de habitantes)
apresenta níveis de remoção de esgoto inferiores ao percentual definido pelo
governo.
No
outro extremo, apenas 769 cidades (14% do total) têm índices de remoção de
esgoto superiores a 60%, sendo que a Região Sudeste concentra a grande maioria
dessas cidades. Tudo que não é tratado adequadamente vai para as águas do
Brasil, principalmente para os rios.
O
levantamento da Agência Nacional de Águas aponta que 70% dos 5.570 municípios
têm tratamento de esgoto com, no máximo, 30% de eficiência. O restante dos
dejetos que não é tratado vai para os rios. E apenas 31 dos cem municípios mais
populosos têm remoção de esgoto acima de 60%. Os estados de São Paulo e Paraná,
além do Distrito Federal, tratam adequadamente mais da metade de todo o esgoto
gerado por sua população.
Em
todo o país, são geradas cerca de 9,1 mil toneladas de esgoto por dia. Os 106
municípios com população acima de 250 mil habitantes são responsáveis por 48%
do total. Aliado ao déficit na coleta e no cuidado do esgoto, somente um terço
das estações de tratamento identificadas usam processos com remoção de material
orgânico superior a 80%, concentradas na Região Sudeste.
57% da população
brasileira estão em municípios em que os rios não têm vazão suficiente para a
diluição da carga orgânica sem recorrer a processos de tratamento mais
eficientes ou comprometer a qualidade de água.
Após
avaliar todo o passivo brasileiro na área de saneamento, foi possível aos
pesquisadores da ANA chegarem ao investimento necessário para universalizar a
coleta e o tratamento do esgoto no Brasil até 2035: R$ 150 bilhões. Esse número
foi detalhado para cada cidade do país, levando em consideração uma série de
aspectos.
Esgoto de Brusque
Brusque
se destaca em vários índices econômicos e sociais, entretanto, na questão do
esgoto sempre está entre as últimas colocadas. A prefeitura tem um Termo de
Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público desde 2011, se
comprometendo a fazer a rede de esgoto, mas isso ainda não foi realizado.
A
história do município com o esgoto sanitário é longa e envolta em uma série de
polêmicas, já que o projeto do esgoto em Brusque iniciou nos anos 1990 e até
agora não há um metro de esgoto tratado no município. Nessa época, a SEJEM,
atualmente Rio Vivo, foi contratada pelo município, e começou a instalar na
área central de Brusque uma rede de tubulações de cerâmica (tubos de concreto
utilizados na captação e transporte de esgotos sanitários, industriais e
pluviais-manilhas) para tratar o esgoto, que nunca foi utilizada.
Atualmente
a prefeitura possui um planejamento de saneamento apenas de resíduos sólidos, o
qual é terceirizado pela empresa Recicle. Ela coordena toda a questão de
resíduos, cuja é embutida na tarifa da prefeitura juntamente com a da água para
pagar seus serviços.
O
SAMAE fez um projeto de saneamento, um diagnóstico de qual a necessidade do
município pela topografia que é toda irregular. Ele verificou que seria mais
fácil de implantar o projeto por etapas, e chegou a fazer o planejamento da
primeira, que não se concretizou.
Agora,
a Prefeitura está montando uma comissão para reestudar a questão do saneamento,
do tratamento do esgoto. Novamente se contratará uma empresa para estudar a
melhor forma de implantar o sistema de esgoto, que seja economicamente viável
para o município. A comissão é formada por: DGI, que só trabalha com obras
conveniadas, o que significa que a prefeitura terá que buscar recursos para
isso; SAMAE, que têm o conhecimento técnico de como fazer o tratamento;
FUNDEMA, órgão ambiental que pode estar dando o monitoramento para a população;
IBEPLAN com análise na legislação do município, não é um órgão específico para
isso; Secretária de Obras que coordena a drenagem das águas das chuvas do
município.
Em
2018 uma audiência pública na Câmara dos Vereadores foi feita para apresentar
toda a problemática.
Deve
ser verificado qual é a melhor metodologia para o município: uma estação de
tratamento ou, uma em cada região, levando em consideração os custos. O projeto
recusado de 2015 não teve andamento devido aos elevados custos, seria
implantada uma estação nos bairros centrais, e outras nos mais afastados, o
orçamento de apenas uma chegou a 54 milhões de reais. O funcionamento delas já
foi todo elaborado, o esgoto seria tratado através de bombas de ventilação e
aeração. O grande problema em ter uma estação de tratamento é trazer o esgoto
até ela, para isso se leva como alternativa colocar pressão nos canos para
transportá-lo. A obra também geraria grandes transtornos, tendo em vista que as
ruas teriam que ser interditadas para a instalação do sistema de tubulação. O
prazo de execução dependerá do organismo financiador, estimando-se um período
de 36 meses para a sua execução.
No
mês de Dezembro do ano passado o prefeito em exercício de Brusque, Ari Vequi,
anunciou o lançamento do edital para Proposta de Manifestação de Interesse
(PMI) para empresas que se interessam em iniciar a execução do tratamento de
esgoto sanitário no município.
“Já foram mais de R$ 2 milhões gastos pelo
Samae para projetos que não serviram para nada. É um projeto a longo prazo,
para que quem sabe, daqui a 30 anos, Brusque tenha todas as suas regiões com
esgoto tratado. Já era para ter iniciado, mas por briga política ainda não
temos”- Vice-prefeito Ari Vequi.
Como
o índice de cobertura de serviços coletivos relacionados ao esgotamento
sanitário é nulo, as soluções existentes se restringem a soluções individuais.
No município de Brusque, a grande maioria das residências utilizam fossas
sépticas. As fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgoto
doméstico nas quais são feitas a separação e a transformação físico-química da
matéria sólida contida no esgoto. É uma maneira simples e barata de disposição
dos esgotos indicada, sobretudo, para a zona rural ou residências isoladas.
Todavia, o tratamento não é completo como numa estação de tratamento de
esgotos.
O
esgoto in natura deve ser lançado em um tanque ou em uma fossa para que com o
menor fluxo da água, a parte sólida possa se depositar, liberando a parte
líquida. Uma vez feito isso bactérias anaeróbias agem sobre a parte sólida do
esgoto decompondo-o. Esta decomposição é importante, pois torna o esgoto
residual com menor quantidade de matéria orgânica, pois a fossa remove cerca de
40 % da demanda biológica de oxigênio e o mesmo agora pode ser lançado de volta
à natureza, com menor prejuízo à mesma.
Devido
à possibilidade da presença de organismos patogênicos, a parte sólida deve ser
retirada, através de um caminhão limpa-fossas e transportada para um aterro
sanitário nas zonas urbanas e enterrada nas zonas rurais.
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