segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Ataque com Drones na Arábia Saudita: Consequências


Ataques de drones a duas das principais instalações petrolíferas da Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, acirraram a tensão na região do Oriente Médio.

O incidente, provocou uma redução de 5% na produção mundial de petróleo, o que fez o preço do barril disparar no mercado internacional, atingindo a maior alta em uma sessão desde a Guerra do Golfo, em 1991.

O ataque apesar de não ter provocado o maior aumento de valor da história, foi o que provocou maior redução de produção em toda a história. 

Os rebeldes houthis do Iêmen reivindicaram a autoria do atentado, que seria uma resposta aos ataques da coalizão liderada pela Arábia Saudita contra eles. Já os iranianos negam qualquer envolvimento no episódio. No entanto, o Irã é visto como principal possível responsável pelo evento.

O fato é que o ataque desestabilizou ainda mais a região do Golfo, revelando a vulnerabilidade de instalações petrolíferas de importância vital para a economia global.


Oscilação do preço do petróleo entre 1970 - 2015

No gráfico acima podemos verificar grandes oscilações do preço do barril desde a criação do cartel de petróleo OPEP e como o envolvimento de países membros provoca reações imediatas no preço. Agora abaixo temos um gráfico que demonstra a atual situação.

Oscilação do preço do petróleo no último ano

Observe que no mesmo período do ano passado, (que se refere ao início do gráfico) tínhamos um valor muito maior no preço do barril que estava acima dos 80 dólares. Lá os problemas estavam muito mais relacionados com a Venezuela e o Irã diretamente em discursos mais acalorados de Trump em seu primeiro biênio de governo.

Entenda o conflito Geopolítico entre Arábia Saudita e Irã bem como o que ocorre no vizinho Iêmen.

Guerra no Iêmen

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O Iêmen, país que fica ao sul da Arábia Saudita, vive uma guerra civil violenta desde 2015. O conflito tem suas raízes na Primavera Árabe, de 2011, quando uma revolta popular forçou o então presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, a deixar o poder nas mãos do vice, Abdrabbuh Mansour Hadi.

Ao contrário do que se supunha, a transição política não levou à estabilidade e, ao final de 2014, os rebeldes xiitas houthis tomaram a capital, Saná, forçando Hadi a se exilar.



Alarmada com a ascensão do grupo rebelde, que acreditava ser apoiado militarmente pelo Irã, país majoritariamente xiita, a Arábia Saudita liderou uma coalizão de oito nações árabes, principalmente sunitas, contra os houthis, com o objetivo declarado de restaurar o governo de Hadi.

E foi assim que o conflito escalou dramaticamente em março de 2015. As tropas da coalizão que contam com o apoio de Estados Unidos, Reino Unido e França lançam ataques aéreos quase todos os dias no Iêmen, enquanto os houthis disparam com frequência mísseis contra a Arábia Saudita.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o conflito já matou pelo menos 7.290 civis e deixou 80% da população (24 milhões de pessoas) à mercê de assistência ou proteção humanitária, incluindo 10 milhões que dependem do fornecimento de alimentos para sobreviver.

O porta-voz militar dos houthis, Yahya Sarea, afirmou que as operações contra alvos sauditas "aumentariam e seriam mais agressivas do que antes, enquanto as agressões e bloqueios continuarem".

Relação EUA x Irã

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No fim, o Irã e a Arábia Saudita fazem no Iêmen um conflito nos moldes da Guerra Fria, onde raramente as principais nações envolvidas estão no meio do fogo real.

Os sauditas vêm realizando ataques aéreos contra os rebeldes houthis no Iêmen com o apoio dos EUA há algum tempo. Mas seus adversários só demonstraram agora sua real capacidade de revidar.

O atual ataque foge do padrão normal do conflito e reacende inevitavelmente o debate sobre até que ponto o Irã está fornecendo tecnologia e assistência aos houthis.

O ataque com Drones

Fontes americanas indicaram que houve cerca de 17 pontos de impacto do ataque, todos sugerindo que vieram do norte ou noroeste o que significaria que os ataques viriam do Iraque ou Irã, uma vez que o Iêmen fica ao sul.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, classificou as acusações dos EUA como mentiras e postou no seu Twiter:

"Depois do fracasso da política de 'pressão máxima', o secretário Pompeo muda para 'mentira máxima'", escreveu no Twitter, fazendo referência à "campanha de pressão máxima", declarada pelo governo Trump contra Teerã - uma série de medidas diplomáticas e sanções econômicas adotadas desde que os EUA abandonaram o acordo nuclear histórico, assinado por Barack Obama, entre o Irã e potências mundiais.

O governo Trump diz ver impressões digitais dos iranianos em toda a ofensiva estratégica dos houthis contra a infraestrutura de petróleo da Arábia Saudita.

Conclusões

No fim, o preço do barril de petróleo depois de uma forte subida nos dias que seguiram o ataque já se estabilizou, embora acima do patamar que estava, ficou abaixo do que o alerta inicial onde parecia que os preços disparariam.

A Arábia Saudita aparentemente está dando conta de rapidamente se reestruturar para voltar a produção normal, o que ainda não sabemos é qual o teor de resposta que ela vai dar e onde vai dar esta resposta que não deve ficar assim sem nenhuma ação contundente.

Jonathan Kreutzfeld

Fonte: