sábado, 11 de abril de 2020

COVID-19 será o pilar de uma Neoglobalização?


Por Jonathan Kreutzfeld

Escrevo este texto em função de muitas perguntas que me fazem, alunos e ex-alunos, principalmente. Me perguntam coisas de todo o tipo, muitas das quais não tenho formação suficiente para responder, outras relacionadas à falta de previsões sobre o que vai ser dessa epidemia, em especial, questões econômicas do pós pandemia.

Falar de economia sempre traz questões delicadas e polemicas e sei que, o que vou escrever, apesar de não ser absolutamente nenhuma novidade, pode causar certo tipo de revolta.

É bastante nítido, que não apenas no Brasil, mas em todo o mundo os cofres públicos serão esvaziados, tanto pela baixa arrecadação quanto pela priorização da saúde e a manutenção do funcionalismo. No setor privado, algumas atividades terciárias, como parte do comercio, por exemplo, não conseguirão se adaptar ou perderão importância. O reflexo, obviamente é desaquecimento econômico, com menos renda, menos consumo, maior desemprego.

A pobreza que já é gigantesca tende a aumentar e apenas os que tiverem cautela, aliada a alguma educação financeira, conseguirão atravessar a crise. E isso não significa não reduzir ganhos. Todos estamos sujeitos a queda de receita e é preciso se adaptar, reduzindo também os custos. Cautelosos já estão reavaliando os gastos fixos e os desnecessários e entendendo que o momento é de enxugar.

Entretanto, vale ressaltar que não apenas grande parte da população não tem preparo para isso, como tira seu sustento de atividades que serão consideradas obsoletas ou desnecessárias. Somado a tudo isso, muitos países tendem a descentralizar sua produção que atualmente é muito focada na Ásia devido aos baixos custos, de volta para seus países. O que parece uma boa notícia, uma vez que geraria empregos, impostos, etc, também traz reflexos negativos já que o regime escravo de produção que encontramos por lá é muito mais barato do que produzir perto de casa. Ou seja, teremos algum espaço para mão-de-obra menos qualificada, porém, com valores de produção muito mais altos, impactando no consumo.

É importante citar, claro, que a crise também é essencial para o desenvolvimento e avanço de algumas áreas, como a própria educação on-line, até então inimaginável nas proporções que vemos hoje. Uma tendência que há anos vinha sendo testada em pequenas proporções hoje se mostra como uma alternativa viável e porque não dizer irrevogável para algumas situações específicas. A grande pergunta é, que parcela da população está preparada, consegue ser impactada e incluída nessa possibilidade? Quem efetivamente consegue avançar e crescer neste mercado? Uma faixa restritíssima, sem dúvida.

O fato é que nunca sofremos tamanha crise, desde que o mundo é altamente globalizado. E questões que nos pareciam superadas, como a interferência do Estado na vida cotidiana, ganham proporções inimagináveis. Foi assim em 1929, em 2008 e ao que tudo indica, neste desafio que será ainda maior para enfrentar.

O mundo continuará sim, globalizado, mas com fortes tendências nacionalistas que irão modificar completamente a relação com o capital, principalmente no ocidente.

2 comentários:

  1. Sim, Jonathan. Concordo. As pessoas podem esperar ( talvez a minoria assim fará), se adaptar ( a maioria é assim, tbém porque não foi habilitada a produzir o melhor de si mesmo), ou criar/inovar/se empenhar ativamente para ser posicionar melhor nesse momento de fortes mudanças ( uma muito pequena minoria o fará. São os atuais líderes, que no passado já deram esse passo e, agora os futuros líderes serão identificados). Onde se posicionar é escolha de cada um.

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