OLIVEIRA, S. M. F. Evolução de formas de planejamento urbano, p.19-23, In: Revista de Administração municipal. Rio de Janeiro, abr/jun, 1985.
Jonathan Kreutzfeld
17/05/2011
O planejamento tanto para os planejadores quanto para os planejados evoluiu de certa forma como uma sucessão de crenças. Tempos atrás se acreditava que os planos seriam capazes de solucionar tudo na vida social só com planos de prancheta (p.08). Em alguns casos se percebe bons resultados de reversão à metropolização excessiva, no entanto a maior parte das disparidades regionais se manteve. Os primeiros planos de fato surgem nos anos 60 e se caracterizavam pela sua ação vertical, e vinha acompanhado da implementação e do crescimento do capitalismo (p.09). A política urbana, embora tenha atendido principalmente aos poderosos, cumpriu mesmo que modestamente seu papel, identificando conflitos, potencialidades e encaminhando às administrações. “O planejamento é uma atividade do pensamento humano que, pelo poder de imaginar a realidade de forma antecipada, constitui uma condição da reprodução da sociedade” (p.10).
Desde o início da ocupação do território brasileiro, a ocupação se deu através de fluxos econômicos e os investimentos ocorriam sempre entorno desta necessidade de crescimento econômico que o capitalismo impunha. Foi assim com pau Brasil, cana, ouro, látex, café, entre muitos outros ordenamentos que ocorreram no país em decorrência da busca pelo crescimento econômico. A agricultura e a indústria de outra forma também contribuíram para a organização do espaço brasileiro (p.11). Algumas intervenções identificadas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro obtinham algumas obras que repeliam os mais pobres do convívio público junto com as classes mais favorecidas. As obras (estradas, pontes) que beneficiavam principalmente os menos necessitados levavam o caráter de “desenvolvimento” (p.11). A maior parte dos planejamentos que surgiram na década de 30 era realizada sob um ângulo territorial quase nunca social econômico e institucional. Neste período o planejamento realizado pelo Estado tinha o interesse de [...] controlar e dirigir as atividades econômico-financeiras.
Neste momento, fica reconhecida a falência dos mecanismos de mercado em regular a economia (p.12). No pós Segunda Guerra Mundial em 1956 o governo estabeleceu metas, internacionalizou a economia e fortaleceu a iniciativa privada. Neste período, o governo passa a ter mais força como instrumento de governo e a capital vai para o centro do país, surgindo assim Brasília. Logo após, uma intensa crise tenta por a ideia de planificação da economia em prática o que acaba deflagrando a ditadura militar. A ditadura impõe formas de planejamento pautadas na eficiência e racionalidade acompanhada de muita desconfiança das instituições tradicionais do governo. “As ações do Estado, a partir de então, podem ser vistas como um conjunto de medidas para facilitar a expansão rápida da economia em molde capitalista, com a participação do capital estrangeiro [...]” (p.13). Neste período o governo deixa de ser democrático passando ao autoritarismo e de alguma forma o planejamento se reforça, mas numa ilusão de expansão econômica e de forte descrença à classe política (p.14). No período militar o planejamento era bastante profissional e havia outra grande ilusão de que através dele ocorreria uma grande transformação social (p.15). O técnico era o grande pilar dos planejamentos, sempre sob a verificação centralizadora do governo, o que tirava do próprio técnico o seu poder de implantar (p.15).
Ou seja, neste período havia uma especialização muito interessante nos planejamentos, no entanto havia pouca implementação do que se planejava no papel. No que diz respeito à participação popular o governo fingia ouvir a população criando perguntas que já preparava a população para aceitar o que já havia sido decidido. Surgem nesta época os Planos Diretores, e neste contexto (p.16). Nos Planos Diretores se analisava os aspectos físicos, sociais, institucionais e econômicos de forma multidisciplinar, assim quase sempre não ocorria uma interação entre os itens. Com o “milagre econômico” acabando, tanto a população, como os planejadores iniciam a década de 80 bastante descrentes com o andamento do governo. Mas havia animação com a aproximação de uma ampliação da participação político-partidária. Um novo dilema surge: “Como conciliar nossas técnicas com os novos ares da democracia do futuro?”. De desafio, a gestão democrática tornou-se solução à falta de recursos (p.17). Com a abertura se previa um planejamento urbano voltado a questão social, pois o capitalismo havia causado uma grande concentração de renda, o que de fato representa o próprio capitalismo (p.18). O país estava na mão de monopólios em busca de elevados lucros que acabavam aumentando a injustiça social. Com as próprias palavras do autor “A metrópole capitalista é o cenário da luta pela sobrevivência e o palco do consumo e do lucro” (p.19).
Por fim o texto destaca a situação do país na metade da década de 80. Enfatiza-se um descaso das administrações municipais com os mais pobres, favorecendo sempre a classe proprietária dos meios de produção, não distribuindo a mais-valia de forma mais equitativa, o que deveria ser uma de suas funções (p.20). Para o período pós ditadura o autor menciona “[...] que as mudanças na vida institucional brasileira podem despertar novas formas de planejamento [...]”. E acredita que isso possa ocorrer em conjuntamente com a parte técnica e a participação das camadas mais populares da sociedade (p.23).
Este blog tem por finalidade ampliar a interatividade no processo ensino-aprendizagem, bem como disponibilizar informações referentes ao ensino de Geografia, Atualidades, Santa Catarina, dicas de vestibular e algumas variedades.
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