Como administrar o sumidouro de carbono?
As pesquisas indicam que o balanço do CO2 absorvido na fotossíntese e o liberado pela respiração ou decomposição não é nulo, como acreditavam os cientistas. "Não se sabe ao certo a causa do fenômeno", afirma Carlos Nobre, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). "Acredita-se que em uma atmosfera commaior concentração de gás carbônico, as plantas absorvam mais esse gás." O destino do excedente absorvido também é uma incógnita. Especula-se que ele possa levar as árvores a crescer mais, ou ser direcionado ao solo através das raízes. No entanto, o balanço positivo do gás carbônico absorvido pela floresta é ameaçado pela emissão do gás nas queimadas. O Brasil é responsável por uma pequena parcela das emissões mundiais do composto, que contribui para o efeito estufa. Ao contrário do que ocorre em muitos países, a maioria das emissões nacionais não resulta da queima de combustíveis fósseis. "As queimadas emitem cerca de cinco vezes mais que os combustíveis, sem trazer benefícios para a população", afirma o ecólogo Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Além de contribuir para o efeito estufa, o fogo destrói o sumidouro de gás carbônico.
O aumento da emissão de CO2 devido à queima da floresta, associado à inadequação da maior parte do solo amazônico à exploração pela agricultura ou por pastagens, fazcom que desmatar seja economicamente desaconselhável. Preservar a Amazônia pode até render dividendos ao Brasil: é possível que o protocolo de Kyoto, que prevê que os países desenvolvidos reduzam a emissão de gás carbônico a índices inferiores aos de 1990, permita que esses países paguem aos que detêm florestas para não desmatá-las. "Se isso acontecer", diz Fearnside, "o retorno econômico estimado do carbono conservado na terra florestada será maior que qualquer investimento feito nela." Projetos para evitar o desmatamento poderiam ser pagos pelos países poluidores. "Resta saber como comprovar que um projeto conservou certa quantidade de gás carbônico." A solução, porém, encontra resistência dentro e fora do Brasil. Algumas organizações ecológicas discordam desse comércio, pois alegam que não solucionaria o problema da emissão de CO2 pelos países desenvolvidos. O governo brasileiro e alguns pesquisadores temem pela soberania nacional. Os cientistas ouvidos pela CH on-line , no entanto, não vêem fundamento na preocupação. "Os projetos teriam tempo determinado, e não afetariam de modo algum a soberania", diz Nobre. Renata Ramalho Ciência Hoje/RJ Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/especiais/a-amazonia-em-debate/como-administrar-o-sumidouro-de-carbono |
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