Ana Paula Pianezer, Diana Poletti, Gabriele Goulart Spiess, João Henrique
Oss-Emer, Laila Cristina Grubert. Edição de Professor Jonathan Kreutzfeld.
INTRODUÇÃO
As reservas subterrâneas são formadas e
realimentadas pelas águas de chuvas, neblinas, neves e geadas, que se infiltram
lentamente pelos poros, fraturas e cavidades das rochas e solos. A água
subterrânea é, portanto, a parcela da água que permanece no subsolo, onde flui
até descarregar em corpos da água superficiais, nas nascentes, ser extraída em
poços ou absorvida por raízes de plantas. A água subterrânea tem papel
essencial na manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos e
é responsável pela permanência dos rios durante os períodos de estiagem.
ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS
Águas subterrâneas são águas que se
infiltram no solo e penetram, por gravidade, em camadas profundas do subsolo
atingindo o nível da zona de saturação, constituindo-se em um reservatório de
água subterrâneas (aquíferos), suscetíveis de extração e utilização. Parte da
chuva infiltra-se no solo quando ocorre a precipitação, preenchendo assim os
espaços porosos, as fissuras e as fraturas das rochas. Essa água irá atravessar
determinado meio até encontrar uma camada de rochas impermeável, formando o lençol freático. Os espaços permeáveis e
as fissuras indicam a porosidade,
capacidade variável de armazenamento de água que as rochas apresentam. A
permeabilidade é a propriedade de permitir a circulação da água. É mais elevada
quanto maiores foram os poros ou fissuras comunicáveis entre si, sendo
praticamente nula em rochas de poros finos.
Relacionando a crosta terrestre com a
água que se infiltra, é possível distinguir duas zonas:
·
Zona
saturada
Zona que pode ser
constituída por diferentes níveis ou camadas de solo ou formações rochosas,
onde todos os espaços porosos ou fraturas existentes estão completamente
preenchidos por água. O limite superior desta zona é o nível freático (limite entre a zona não saturada e a zona saturada)
e a água subterrânea é contida na mesma, isto é, abaixo desse limite. O tipo de
rocha, o clima e a topografia da região influenciam na profundidade da água
subterrânea. Por essa causa, quando ocorre um período mais prolongado de chuva,
o nível freático fica mais próximo da superfície, porém, em um período de
estiagem mais prolongado, esse nível, mantém-se em maior profundidade. A água subterrânea está relacionada a
fenômenos geológicos hidrotermais (água quente), dos quais os gêiseres – fontes
termais que jorram água quente em meio a intervalos- são os mais
característicos. A presença dos gêiseres indica que a região é ígnea, ou seja,
é formada por rochas de origem vulcânica. À medida que o magma se resfria e se
consolida, as rochas vão se formando e originando um sistema de fissuras. A
água se infiltra e percola entre essas aberturas, aquecendo-se, pois a rocha
está quente. Quando a água estiver em ponto de ebulição, a pressão fará com que
ela seja ejetada ara a superfície, originando o gêiser.
Nível
freático ou hidrostático
é a superfície que delimita a água subterrânea. Sua profundidade varia de
acordo com o clima, a topografia da região e a permeabilidade da rocha.
·
Zona
não saturada
Zona que se situa abaixo da superfície
topográfica e acima do nível freático, onde os espaços vazios entre as
partículas - os poros e as fissuras das rochas - estão parcialmente preenchidos
por gases- essencialmente ar e vapor da água; e por água. Essa água é
denominada de edáfica, que significa solo, podendo ser gravitativa (infiltra-se
no solo logo após a precipitação), peculiar (adere as partículas do solo por
força de absorção) e capilar (preenche os poros). A água contida nesta zona
encontra-se à pressão atmosférica, podendo ser utilizada pelas raízes das
plantas ou contribuir para o aumento das reservas de água subterrânea.
·
AUMENTO
DO CONSUMO; DIMINUIÇÃO DOS RECURSOS.
[...] A procura de água aumenta à medida que a população,
a atividade econômica e a rega também aumentam. No entanto, os recursos
mundiais acessíveis de água estão a diminuir devido à sua sobreutilização e
poluição. O equilíbrio entre a procura (consumo) e a oferta (recursos) começa a
deixar de existir. Mais de 30 países sofrem de uma séria crise crônica de falta
de água e a água subterrânea é cada vez mais usada para fazer face à procura. A
agricultura é a maior consumidora de água no mundo (70%), seguida da indústria
(20%) e dos lares (10%). Esforços consideráveis têm sido feitos para reduzir o
consumo na indústria e nos lares, mas muito continua por fazer no que respeita
à eficiência na irrigação agrícola. O
aumento do uso, não sustentável, de água subterrânea para irrigação em zonas
áridas é de particular gravidade. A proporção de água utilizada nestes três
setores varia de região para região e em função dos níveis de desenvolvimento
económico. Na Europa e na América do Norte, a água é utilizada,
preferencialmente, pelo setor industrial, enquanto que na Ásia e na África o
principal consumidor é a agricultura. Desta forma, em muitas regiões áridas e semiáridas,
cerca de 30% da água subterrânea é extraída para rega e a tendência tem
aumentado. [...]
·
ÁGUA, UM DESAFIO PARA TODOS
[...] Em geral a água subterrânea é
potável e, muitas vezes, é a única opção para os habitantes das áreas áridas e
algumas ilhas. Por estar no subsolo, é mais protegida da poluição do que a água
de rios e lagos. Sua utilização é geralmente rápida e barata, dispensando
tratamento e a execução de grandes obras, como barragens e adutoras. A água
subterrânea é um bem renovável e pode ser retirada de forma permanente e
constante, dependendo da quantidade armazenada no subsolo e das condições de
recarga. Esta por sua vez, encontra-se diretamente ligada às condições
climática e geológica da região. Se o
volume retirado for menor do que a reposição, o bombeamento pode continuar
indefinidamente. Mas, se a retirada
exceder às taxas de reposição natural, inicia-se um processo não sustentável,
ocasionando a não continuidade do aquífero. Embora
mais protegida, a água subterrânea não está livre da poluição e seu
aproveitamento deve envolver um planejamento técnico. Atividades humanas como a
agricultura, indústrias e urbanização podem degradar a qualidade de um
aquífero, cuja remediação é difícil e cara. Como normalmente o fluxo da água
subterrânea é mais lento (cm/dia), a contaminação pode ficar oculta por anos e
atingir grandes áreas. Cerca de 1.5 bilhão de pessoas no mundo já utilizam essa
fonte de abastecimento hídrico. Na Alemanha e nos Estados Unidos, responde por
70% do consumo total. Na Dinamarca, Lituânia e Áustria todo o suprimento
público é feito por meio de poços. No Brasil, muitas cidades da Região Sul
suprem suas necessidades a partir do Aquífero Guarani. Por sua vez, capitais
como São Luís, Maceió e Natal são abastecidas por água subterrânea, assim como
80% das cidades do Estado de São Paulo. No futuro, a dependência por água
subterrânea será ainda maior. [...]
AQUÍFEROS
Conceito
e formação dos aquíferos.
Os aquíferos são formações geológicas
subterrâneas, e servem como reserva de água. Essas reservas subterrâneas podem
ser formadas por água das chuvas, neblinas, neves e geadas. Mas o principal
fenômeno responsável pela formação dos aquíferos é a chuva. Ela se infiltra nos
solos e percorre os espaços entre as rochas, escorrendo lentamente em direção
ao fundo da terra. À medida que a água vai penetrando no subsolo, vai sendo
filtrada e cada vez ficando mais limpa. Seu processo termina quando a água
encontra rochas impermeáveis compactas. Esses reservatórios
possuem água de boa qualidade para o uso humano (água potável), devido ao
processo de filtragem pelas rochas e por reações biológicas e químicas
naturais. As águas subterrâneas correspondem a 97% de toda a água doce
encontrada no planeta (excetuando-se as geleiras e calotas polares).
Os aquíferos podem ser classificados em:
- Aquífero
poroso ou sedimentar: apresenta espaços vazios e pequenos, denominados
poros, por onde a água circula. Esses poros são formados por grãos de areia,
silte (fragmento de mineral ou rocha) e argila das rochas sedimentares.
- Aquífero fraturado ou fissural: possuem fraturas
abertas que acumulam a água. As rochas que apresentam essas fraturas são: as
rochas ígneas e as metamórficas.
- Aquífero cárstico (Karst): as fraturas presentes
nestes aquíferos podem ser de grandes dimensões devidas pela dissolução de
carbono das rochas carbonáticas. Podendo ocorrer à formação de rios
subterrâneos.
Segundo a pressão da água, os
aquíferos também podem ser:
- Aquífero Confinado ou Artesiano: Permeável e
completamente saturado de água. É situado entre camadas de rochas impermeáveis
ou semipermeáveis. A pressão da água no aquífero é superior à pressão
atmosférica.
- Aquífero Livre ou Freático: Permeável e
parcialmente saturada de água. É limitado na base por uma camada impermeável. O
nível da água no aquífero está à pressão atmosférica.
Aquífero Guarani
O Aquífero Guarani é a maior e principal reserva
subterrânea de água doce na América do Sul, além de ser um dos melhores
sistemas de aquíferos do mundo. Possui cerca de 1,2 milhões de quilômetros
quadrados, estendendo-se pelo Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. A sua
maior concentração encontra-se no território brasileiro, abrangendo os estado
de Goiás, Mato Grosso de Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul. A sua constituição
é de sedimentos arenosos da Formação Piramboia na Base (Formação Buena Vista na
Argentina e Uruguai) e arenitos Botucatu no topo (Missiones no Paraguai,
Tacuarembó no Uruguai e na Argentina). O Aquífero Guarani possui sua
importância destinada ao abastecimento, para o desenvolvimento das atividades
econômicas e do lazer.
VÍDEO - FORMAÇÃO DO AQUÍFERO GUARANI E CONSEQUENTEMENTE DA "TERRA ROXA" (1 min)
VÍDEO - AQUÍFERO ALTER DO CHÃO - AMAZÔNIA (2 min)
TERRA
ROXA
Terra roxa é um tipo de solo vermelho muito fértil, caracterizado por ser o resultado de milhões de anos de decomposição de rochas basálticas. É de origem vulcânica, ou seja, formado a partir da solidificação do magma. No Brasil sua ocorrência maior é na região sul. Isso significa que em tempos remotos já houve derramamento de magma ou ação de vulcões na região. É caracterizado pela sua aparência vermelho-roxeada inconfundível, devido à presença de minerais de ferro. O nome “terra roxa” vem de “terra rossa”, que, em italiano, quer dizer terra vermelha. Porém, os nativos brasileiros confundiram a linguagem utilizada pelos colonizadores italianos e denominaram “terra roxa”.
O que a terra roxa tem a ver com as águas subterrâneas? A
terra roxa geralmente encontrada em superfícies onde há uma enorme absorção de
água, esta água é depositada no abaixo deste tipo de solo, onde vai se
acumulando, formando assim os conhecidos “Aquíferos”.
·
CURIOSIDADES
1) O Brasil detém um quinto de toda a
água doce disponível no planeta. Somente um dos reservatórios subterrâneos
existentes no Nordeste do Brasil possui um volume de 18 trilhões de metros
cúbicos de água disponível para o consumo humano, volume este suficiente para
abastecer toda a atual população brasileira por um período de no mínimo de 60
anos.
2) O Aquífero
Botucatu, o maior do planeta e conhecido como Aquífero Gigante do Mercosul,
possui um volume de água suficiente para abastecer toda a população atual do
mundo até o ano de 2400.
3) No
Vale do Gurguéia no Piauí e em Mossoró no Rio Grande do Norte existem hoje
importantes plantações irrigadas com água de poços profundos nas culturas de
uva e cítricos que são exportados para diversos países da Europa e EUA.
4)
Atualmente nos EUA se perfuram em média entre 800.000 e 900.000 poços / ano e
no Brasil entre 8.000 e 10.000 poços / ano. O Estado de São Paulo e o maior
usuário de águas subterrâneas do Brasil. 70% de seus núcleos urbanos e cerca de
90% das indústrias são abastecidas parcial ou totalmente por poços profundos.
CONCLUSÃO
Em muitas partes do mundo, a água
subterrânea é crucial para o desenvolvimento sustentável. Em muitos países, a
água potável é retirada, principalmente, dos reservatórios de água subterrânea,
uma vez que, normalmente, é de grande qualidade, e se encontra naturalmente
protegida, sendo assim de confiança. É óbvio que a importância relativa dos
recursos de água subterrânea irá aumentar consideravelmente e que a sua
exploração cuidadosa e sustentável deve ser vista tanto como uma condição vital
como uma forma de ultrapassar a crise global da água.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Geografia: ensino médio, 1ª
série / Elaine Ferreti; ilustrações Angela Giseli... [et al.] – Curitiba :
Positivo, 2010. V.2:il.
Disponível em: http://e-geo.ineti.pt/bds/lexico_hidro/lexico.aspx?Termo=Zona%20Saturada Acesso em: 06/06/2012
Disponível em:http://e-geo.ineti.pt/bds/lexico_hidro/lexico.aspx?Termo=Zona%20n%E3o%20Saturada Acesso em:
06/06/2012
Acesso em: 08/06/2012
Disponível em: http://www.caminhosgeologicos.rj.gov.br/sitept/downloads/aguas_subterraneas.pdf Acesso em: 06/06/2012
Acesso em: 06/06/2012
Acesso em: 08/06/2012
Olá Jonathan, nas minhas buscas na net por blog que apresentem bons conteúdos, esbarrei neste espaço acolhedor e informativo. Sendo assim, gostaria de convidar de forma especial, todos os Educadores que seguem e/ou visitam este blog.
ResponderExcluirNo dia 01/07/2012, foi o lançamento oficial do espaço http://www.educadoresmultiplicadores.com.br/.
Peço que visitem este link, que leiam e caso gostem, participem!
Professor Jonathan, conto com sua participação especial neste novo projeto! Parabéns pelos textos.
Olá! Com tempo vou verificando suas ideias e possivelmente vou contribuir sim! Obrigado!
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