quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Colonização, Urbanização e Ordenamentos Territoriais no Vale do Itajaí


Por Jonas Fabiciaki (Acadêmico do Curso de Licenciatura em Geografia da UNIDAVI). Jonathan Kreutzfeld (Professor da disciplina de Geografia da Região).

Rio do Sul, Outubro de 2012

INTRODUÇÃO

            Quando se fala em habitar, em ter, logo nos vem à cabeça o valor comercial. Quando compramos algo, ou tomamos. A segunda opção é a que soa melhor quando falamos da relação entre os povos nativos que aqui habitavam, e o processo de colonização que aqui fora iniciado. Devemos lembrar, ou entender, que a palavra progresso tem vários sentidos.
Se pensarmos em indivíduos que conseguem viver em harmonia com o ambiente em que vivem, desenvolvendo atividades extrativistas e sustentáveis para sua sobrevivência. Não há como pensar que isso não é progresso. Em nossos dias não se fala em outro assunto. O homem deve passar a viver em harmonia com o meio em que vive, desenvolvendo a sustentabilidade.
            Já há quem associe o progresso a mudança radical do panorama natural. Sendo assim, podemos imaginar como foram às relações entre as culturas que iniciaram A caminhada histórica ate nossos dias atuais.
Neste presente trabalho iremos destacar as praticas da colonização, suas dificuldades, ranços e avanços do processo colonizador e suas praticas, suas peculiaridades, e os traços deixados por nossos antepassados que ainda são evidentes em nosso contexto histórico, social, politico e econômico.


A COLONIZAÇÃO EUROPÉIA EM SANTA CATARINA

É na região que há uma conexão estreita sociedade e espaço nesse contexto iremos apresentar algumas características peculiares do conceito de região para analisarmos a colonização europeia de santa Catarina, pois é no meio geográfico em que estamos inseridos que se constitui o cenário para o desenvolvimento da sociedade humana.
           
A colonização europeia em Santa Catarina fora marcada por uma necessidade incessante naquele momento de ampliar o povoamento e a região possibilitava para que tal fato ocorresse em nosso estado.
Muitos foram os fatores, mas podemos destacar como principal a necessidade de ampliar o espaço e a situação atual na Europa lhe proporcionava tal acontecimento, o governo brasileiro incentivava, em sua grande parte a colonização, mas foi somente no final do século XIX que a colonização europeia em Santa Catarina tomou força.
O governo Brasileiro com sua politica de “branqueamento da população” incentivou essas imigrações em massa no final do século XIX, que por sua vez ao chegarem os primeiros imigrantes com alguns incentivos, mas poucos tiveram que praticamente “caminhar com suas próprias pernas” para poderem se manter e sobreviver à situação em que lhes foram concebidos.
Varias politicas foram adotadas pelo então governo brasileiro para a colonização, seja de incentivos reais, ou até mesmo com contratação de empresas para esse fim chamadas de companhias colonizadoras, bem como a contratação de comendadores para essa finalidade.
A colonização europeia no estado fora marcada por diferentes aspectos, seja cultural ou ate mesmo religioso, como as dificuldades encontradas pelo colonos alemães que por sua vez, na sua grande maioria eram de outra crença religiosa, denominada de protestantes, que na ocasião o governo brasileiro tinha como religião oficial o catolicismo.
As colônias europeias de grande intensidade foi à alemã e a italiana, com suas peculiaridades foram se estabelecendo com suas características próprias, em determinadas regiões no estado, e ali por sua vez instalaram em suas colônias suas características próprias de suas regiões oriundas, ou seja, cada colônia fazia do seu jeito “abandonada” de certa forma por uma identidade nacional homogeneizada, criava-se ali uma espécie de Alemanha no Brasil ou até mesmo uma Itália dentro do nosso país.
Um dos fatores que no meu ponto de vista, dificulta essa falta de visão unitária de um pais ou ate mesmo de uma falta de identidade nacional. Exemplo claro deste fator são os denominados alemães de Blumenau ou os Italianos de Rodeio.
Vale lembrar que muito do desenvolvimento regional são de responsabilidade ainda destes imigrantes, ou seja, ainda hoje é visível, sem muito estudo técnico cidades com amplo desenvolvimento econômico muito ainda se dá as suas origens, dependendo de onde são seus laços culturais estas cidades ou ate mesmo regiões podemos observar uma ampla diferença tanto cultural, social como econômica e politica.


PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DESIGUAL

            Santa Catarina é um estado riquíssimo em belezas naturais, recursos mineiras, recursos hídricos e um estado de população heterogênea regionalizada. Frutos ainda da colonização europeia que nos enriqueceu com alguns descendentes de imigrantes italianos, alemães, lusos, açorianos, poloneses entre outros, enfim, temos um estado variado com um povo totalmente diversificado na sua cultura, e também economicamente.
Nossos primeiros colonizadores se preocuparam em implantar sua cultura local, necessidade da época, mas a principio esse método se mantem até os dias atuais, o planejamento foi e sempre será um mecanismo importantíssimo para o desenvolvimento local, regional, nacional e mundial.
O planejamento através de uma perspectiva histórica tem fortes influencias no Brasil em meados do século XX através de uma necessidade, podemos afirmar que o “planejamento” nunca foi uma preocupação aqui no Brasil haja vista o processo colonizatório português, que trouxe seus benefícios, mas, era uma espécie de “rolo” por onde passava extraia sem se preocupar com o amanhã.
Nossa identidade em sua grande maioria “sem identidade”, no Brasil nunca se preocupou com esse fator planejamento. Foi quando surge no século XX uma necessidade de desenvolvimento econômico urgente, e a posteriori a industrialização, mais uma vez tudo sem muito planejamento. Criou-se uma necessidade imediata novamente sem pensar muito nas consequências disto.
A história vem para nos mostrar essa triste realidade de hoje em sua grande maioria fruto desta falta de planejamento nesse momento histórico do Brasil. Crescimento desordenado das cidades, a Favelização, pobreza generalizada, a falta de higienização urbana esgotos e doenças fruto desta falta de saneamento básico etc.
O planejamento ficou de lado naquele momento a preocupação era o crescimento a qualquer custo e o resultado? Já conhecemos. Estado cada vez menos forte e cada vez mais descentralizado
O neoliberalismo surge após este contexto com força total com o enfraquecimento total do estado, passou a exercer um papel de constante dominação do estado enfraquecido, o Estado agora é refém das grandes corporações, que por sua vez se utiliza desta fraqueza para usurpar do enfraquecido Estado o pouco que lhe resta de poder. Buscando incentivos para acontecer uma descentralização industrial causada por uma falta de planejamento industrial em meados do século XX no Brasil.
É preciso estar atento aos argumentos que usamos e as representações geográficas que impregnam o discurso sobre as desigualdades regionais, pois a questão a que chegamos de acordo com Yves Lacoste: 

“é preciso estar consciente de que a política de “regionalização” e de “descentralização” faz parte da estratégia de grandes empresas supranacionais, que tem todo interesse de se entender como “autoridades regionais” nomeadas ou eleitas a margem do debato politico que situa-se no nível nacional”.

Com o Estado enfraquecido surgem às instituições regionais que vieram para trazer soluções imediatas, se busca uma solução para uma descentralização de poder, que por sua vez ela não acontece, haja vista que ainda hoje essas instituições são apenas uma solução imediata politica para satisfazer interesses de fortalecimento de poder local-regional e nunca pensando numa solução regional ampla.
Um verdadeiro jogo de poder, partidos políticos se juntam para escolher seus representantes nestas instituições, ou seja, se você for de uma representação politica com pouca expressão de nada vai adiantar esta instituição regional que surgiu para auxiliar os chamados “pequenos” municípios.
E o principal e do meu ponto de vista não existe a participação popular nestas agremiações as decisões locais ainda são tomadas dentro de quatro paredes sem nenhuma intervenção ou participação popular, pois os mesmos não tem disponibilidade para se deslocar de seus municípios para fazer alguma intervenção e se a fazem não traz nenhum resultado para sua comunidade.
Estas agremiações quando surgem vem com um objetivo primordial auxiliar a regionalização e a busca de uma solução conjunta unindo forças para o progresso da região, mas, na pratica infelizmente não é bem isso que ocorre.
O governo estadual catarinense também buscou nos últimos anos a solução regional coma descentralização com a bandeira o “o governo mais perto das pessoas”, trouxe benefícios à comunidade regional, mas também ocasionou fortes criticas por ser mais uma esfera governamental empregatícia sem nenhuma seleção para esses cargos, criticas a parte no meu ponto de vista esta sendo uma das soluções apresentadas que aparentemente mais vem dando certo, pois a esfera governamental estava muito “longe” das decisões politicas locais regionais.
Se não bastasse essa utopia de instituições agora surgem outras agremiações dentro destas instituições que são os “consórcios” que surgem para realizar os mesmos objetivos que eram para ser de responsabilidade das associações regionais, estes surgem para implantar uma politica cada vez menos desfavorável as classes menos favorecidas.
Mais uma força politica para proporcionar uma maior inserção dos “mais fortes”, uma intrínseca briga por poder politico local/regional, pois estes consórcios também precisam de pessoas para gerencia-los, coincidentemente ou não, não há nenhuma seleção para ocupar esses cargos, mais uma vez sem planejamento que é supra essencial para o desenvolvimento de qualquer lugar.
Cabe ressaltar aqui que as medidas estão sendo tomadas, os governos locais, e podemos dizer regionais estão fazendo sua parte, se esta dando certo ou não, ou se a maneira que esta sendo conduzida é a mais correta isso só o tempo nos dirá, não podemos ser demagogos em pensar que tudo também está errado, o problema deste contexto todo é histórico, as pessoas não fazem e não buscam, esperam apenas por alguns fazer, e a posteriori vem às criticas, mas quando é pra mobilizar ninguém o faz.
Então de nada adianta ficarmos esperando que as coisas melhorem sem agirmos termos esperança do verbo esperar “espero que as coisas melhorem” e não fazer nada para isso acontecer não resolve. Devemos ter esperança, mas fazer a nossa parte correr a traz, realizar as mudanças necessárias, nós da sociedade civil temos a ampla liberdade de fazer as mudanças necessárias coisa que há alguns anos atrás nossos antepassados não podiam hoje nós podemos.


DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL E TURISMO NO ALTO VALE DO ITAJAI.

As mudanças nos hábitos e costume da população em geral nas ultimas décadas fez com que as pessoas reformulassem sua postura com relação à qualidade de vida, tempo disponível, nível de vida, qualidade de vida, hábitos e costumes foram totalmente reformulados, trinfo de uma politica econômica liberal, que fez com que as pessoas precisassem e necessitassem cada vez mais de “tempo” pra que?
            Esse conjunto de fatores fortalecem certo modismo do século XX que é o TURISMO, que por sua vez tem varias peculiaridades, Turismo Rural – ecológico é a mais nova “moda” do século XXI. A chamada onda verde chegou para ficar.
            Nosso estado é um dos que mais recebe turistas no Brasil, banhado pelo oceano atlântico tem em suas belíssimas praias, um aconchego de milhares de turistas todo ano, ate então era o único ponto turístico no estado, hoje começa a discutir, o interiorização turística de Santa Catarina, que também tem suas características especificas.
            O turismo rural, o turismo religioso, com as potencialidades locais possibilitam o nosso turista uma nova escolha, pois bem, começamos aqui nossa analise, nossos municípios em sua grande maioria carecem de estrutura física e técnica, para elaborar um planejamento que alicerce o desenvolvimento turístico de nossa região.
            O planejamento é mais uma vez a principal chave do progresso turístico de nossa região, como não é comum, leva um período para os municípios se adaptarem a esta nova realidade, algumas iniciativas são tomadas pelas associações que tentam colaborar, mas as precariedades são inúmeras e dificulta a efetivação de um planejamento em longo prazo e continuo.
            As dificuldades são inúmeras, e as ações realizadas são momentâneas, nossos municípios em sua grande maioria, realizam algumas atividades, apenas para não deixar passar em branco, mas não é prioridade. Tanto é que em sua maioria festas regionais gastronomia típica, arquitetura e turismo religioso são os carros chefes do turismo em sua grande maioria dos municípios de pequeno e médio porte.

 
CONSIDERAÇÕES FINAIS

            É preciso entender que não são os agentes formadores de nosso passado, os principais culpados de tais acontecimentos. É preciso entender, que somos herdeiros de tudo o que foi produzido, a partir de tais atitudes, e talvez muitos não entendam, e ainda tomem atitudes arcaicas fingindo tudo ser normal.
Em toda a historia, em cada momento trazemos conosco algo de que podemos tirar proveito.
É nesse momento que mostramos de que somos feito. Se for um povo conformado, ou que insatisfeito luta por melhores condições. Luta por dias melhores, dias em que coerentemente podemos criticar e incessantemente oferecer melhores propostas para o nosso futuro.
Muitas pessoas foram silenciadas durante muitos anos ou por regimes de governo ou por regidos por uma fé, mas seus sonhos estão cada vez mais vivos dentro de cada um de nós.
Dentro do coração de cada cidadão que tem o orgulho de fazer parte do povo brasileiro. E que ecoe por toda a história o grito de que: “o povo unido jamais será vencido”. Para mim, para você, e para todos que ainda estão por vir. Afinal “somos o que somos e não que querem que sejamos”.
Que o povo que faz parte desta sociedade. Desta terra. Tomem consciência do custo de nosso presente e futuro.


REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Texto: Ivo Marcos Theis e Luciana Butzke – Planejamento e desenvolvimento desigual em santa Catarina.
Texto: A politica de colonização na província.
Texto: As primeiras tentativas de colonização Italiana em Santa Catarina
Texto: Maristela Macedo Poleza, Luciana Butzke, Iara Klug Rischbieter – Desenvolvimento territorial sustentável e turismo no Alto Vale do Itajaí,     Santa Catarina: o Associativismo municipal no projeto TREMTUR.
Lacoste, Yves. Liquidar a Geografia... liquidar a ideia nacional? In: VESENTINI, José Willian (org.). Geografia e ensino: textos críticos. Campinas: papiros, 1989.


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