Diante de uma Geopolítica
confusa e de certa forma tensa nos últimos dez anos na América do Sul, dois
novos presidentes são eleitos “fora de época” no Paraguai e na Venezuela.
Horacio Cartes assume o
Paraguai em breve e devolve o poder aos conservadores, depois do questionável “impeachment”
de Fernando Lugo. Não se engane com a camisa vermelha do novo presidente, o
partido é colorado, mas neste caso o vermelho não representa o socialismo ou
qualquer coisa do tipo. Horacio é um dos homens mais ricos do Paraguai.
Já na Venezuela assume
Nicolás Maduro, herdeiro político de Hugo Chavez que recentemente faleceu de
câncer. Usou da máquina estatal e da tristeza do povo para se popularizar e ser
eleito embora com uma pequena vantagem sobre seu opositor.
Mais detalhes sobre as
eleições você encontra no texto abaixo.
Jonathan
Kreutzfeld
Horacio
Cartes – Paraguai (conservador)
O candidato do Partido
Colorado, Horacio Cartes, foi eleito presidente do Paraguai nas eleições
realizadas no país neste domingo (21 de abril de 2013). De acordo com o
Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), ele venceu com vantagem de 10
pontos percentuais em relação ao segundo colocado Efraín Alegre, do Partido
Liberal. A apuração dos votos ainda não foi concluída.
Em seu discurso de
vitória, Cartes reafirmou seu compromisso eleitoral de dar "um novo rumo
ao Paraguai".
O triunfo de Cartes
devolve o poder aos colorados, que deixaram o comando do país em 2008 depois de
60 anos, quando uma coalizão de centro-esquerda liderada pelo ex-bispo católico
Fernando Lugo os derrotou em uma alternância histórica no Paraguai.
Empresário e conservador
Um dos homens mais ricos
do Paraguai, o conservador é presidente do Grupo Cartes, um conglomerado de
empresas que produzem bebidas, cigarros e charutos, roupas e carnes, além de
gerenciar diversos centros médicos.
Aos 56 anos, Cartes é
razoavelmente novo na política, mas é muito conhecido por sua trajetória
empresarial, assemelhando-se ao presidente chileno, Sebastián Piñera.
Cursou a universidade nos
Estados Unidos e ao retornar ao Paraguai iniciou sua vida no mundo dos
negócios, na empresa do pai, Ramón Telmo Cartes Lind.
Foi apenas em 2009 que
formalizou sua incursão na política, ao associar-se ao Partido Colorado,
fundando o movimento Honra Colorado, em cuja página na internet dizia estar
'inquieto pelo curso político do país sob o governo esquerdista-liberal
filo-chavista'.
Na mesma época, Fernando
Lugo dava início ao seu governo, com alta popularidade (algo que foi perdendo
ao longo dos anos) e a promessa de reformas sociais e de atentar-se ao eterno
problema de terras no país.
Além de ser dono de
empresas milionárias, Cartes é o presidente do Club Libertad desde 2001 - time
de futebol paraguaio que sob sua gestão conquistou sete títulos locais.
Ele também é dirigente da
Associação Paraguaia de Futebol - no departamento que coordena a seleção
nacional.
Nicolás
Maduro – Venezuela (chavista)
O presidente interino da
Venezuela, Nicolás Maduro, "herdeiro político" do chavismo, foi
eleito neste domingo (14) presidente do país até 2019, em votação realizada 40
dias após a morte do líder Hugo Chávez.
Mas seu rival, o
oposicionista Henrique Capriles, não reconheceu a vitória do chavista e pediu
uma recontagem total dos votos.
Maduro teve 50,66% dos
votos, contra 49,07% de Capriles, segundo Tibisay Lucena, chefe do Conselho
Nacional Eleitoral da Venezuela. Em números absolutos, foram 7.505.338 votos
contra 7.270.403.
A vitória foi por uma
margem de 1,59 ponto percentual, ou 235 mil votos, muito mais apertada do que o
esperado.
A participação foi de
78,71% dos 19 milhões de eleitores cadastrados.
Lucena afirmou que os
resultados são irreversíveis, pediu respeito a eles e aconselhou os
venezuelanos a se manterem em casa.
Falando a uma multidão de
chavistas desde o Palácio de Miraflores, Maduro disse que sua vitória foi
"justa e legal", mandou uma mensagem de união aos opositores
derrotadas e prometeu manter as conquistas dos 14 anos de governo Chávez.
O presidente eleito
afirmou no entanto que apoia uma auditoria nos votos, já pedida pelo integrante
oposicionista do Conselho Eleitoral, Vicente Díaz.
Pouco antes do anúncio do
resultado, o oposicionista Capriles já havia insinuado, via Twitter, sobre uma
suposta tentativa de fraude, mas foi rechaçado pelo governo, que o acusou de
"irresponsabilidade" em suas declarações.
A notícia da vitória de
Maduro foi recebida com fogos de artifício pelos chavistas em Caracas.
País
dividido
Maduro foi eleito após uma
campanha curta, feita ainda sob a emoção da morte recente de Chávez. Ele terá o
desafio de dirigir uma nação já bastante dividida, e cuja divisão deve se
acirrar após o resultado eleitoral.
Ao votar,
ele afirmou que não fará um "pacto" com a "burguesia",
seguindo na linha chavista de acirrar o confronto de classes no país.
Menos carismático que o
"Comandante", ele vai precisar manter a unidade do chavismo e
encontrar um estilo próprio de governar, após 14 anos do governo personalista
de Chávez.
A crise econômica e a
violência são alguns dos principais desafios que ele terá pela frente.
O sucessor,
"ungido" por Chávez em dezembro do ano passado, herda uma Venezuela
com as maiores reservas de petróleo em todo o mundo, mas com a maior inflação
da América Latina, 20,1% em 2012, uma indústria deprimida, ciclos de escassez
de bens de consumo e uma dívida pública que ultrapassa 50% do PIB (Produto
Interno Bruto).
A eleição extraordinária
deste domingo ocorreu porque Chávez, reeleito presidente em outubro do ano
passado após bater o mesmo Capriles com uma vantagem de mais de 1,5 milhão de
votos, nem chegou a assumir o mandato, por conta de seus problemas de saúde.
O polêmico líder
socialista, que mudou a cara da Venezuela ao longo de seus mandatos, acabaria
morrendo em 5 de março, em um hospital militar de Caracas, após uma longa luta
contra o câncer.
A maneira como o governo
lidou com a doença de Chávez, bem como as decisões do Judiciário que mantiveram
Maduro no poder, foram bastante criticadas pela oposição.
Os oposicionistas,
Capriles à frente, acusaram o governo de falta de transparência durante o processo
e durante o tratamento de Chávez, que ocorreu, em sua maior parte, em Cuba.
Maduro, de 50 anos,
ex-motorista, ex-sindicalista e ex-ministro das Relações Exteriores, afirmou,
ao longo da campanha, que pretende continuar a chamada "revolução bolivariana"
de Chávez, marcada por projetos sociais que beneficiaram os mais pobres, mas
também por problemas.
Ao longo da campanha,
Maduro "colou" sua imagem à do carismático Chávez, de quem se disse
"filho" e "apóstolo", em uma tentativa de encaminhar a
escolha popular para o lado emocional.
As pesquisas eleitorais
davam uma vantagem de sete pontos para Maduro em relação ao rival, mas o
resultado das urnas se mostrou mais apertado, o que apenas intensifica as
divisões internas do país.
Maduro, que já vem governando
o país desde que Chávez foi a Cuba para se tratar em dezembro passado, vai
tomar posse em 19 de abril.
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