A
hiperinflação é uma inflação acima dos níveis considerados adequados. De acordo
com muitos economistas, pode-se considerar hiperinflação quando o índice fica
acima de 50% ao mês.
Atualmente
(2014) temos somente inflação, mas na década de 1980 e 1990 o Brasil viveu um
período de aumento de preços muito acima do que poderia ser considerado normal.
Observe
na figura abaixo o período citado.
As notícias na época comprovam a super ou hiperinflação
Observe a reação do Plano Real na Inflação
INDEXAÇÃO
Quase
20 anos após o Plano Real, em 1994, uma das “pragas” da hiperinflação, a
indexação, ainda infesta boa parte da economia brasileira, e dificulta o
controle dos preços no país.
Segundo
economistas ouvidos pelo G1, os preços indexados no Brasil têm peso
de cerca de 30% no índice oficial de inflação, e sofrem a influência da alta de
preços passada – ou seja, são reajustados porque subiram no período anterior,
“carregando” a inflação para a frente.
Funciona
assim: a alta de alguns preços faz a inflação subir. Essa inflação, em seguida,
é usada para calcular o reajuste dos produtos e serviços que têm preço
indexado. Como consequência, esses preços sobem – e, ao subirem, geram uma
"nova inflação", e isso vira um ciclo que se repete.
Quem
foi assalariado na década de 1980, período em que a indexação teve seu “auge”
no Brasil, se lembra bem dela: os salários, que também eram indexados, eram
corrigidos pela inflação do mês anterior, e subiam sempre. O poder de compra,
no entanto, só caía, com os preços subindo – pelo menos – na mesma medida.
Do
aluguel às tarifas de ônibus, do salário mínimo à mensalidade escolar, o
brasileiro ainda convive com a indexação em boa parte da economia. Do Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a chamada “inflação oficial”, itens que
representam até um terço de seu peso podem ser influenciados pelo
“carregamento” dos preços do passado.
De
onde vem?
Patrícia Pereira, Gestora de Renda Fixa da Mongeral Aegon Investimentos, relaciona a hiperinflação de pouco mais de 20 anos atrás como o principal motivo para a indexação na economia brasileira. Herança daquela época, os preços são indexados para que empresas, governos e pessoas se protejam da inflação – e acabam gerando mais da mesma.
Além
da indexação à inflação, também há a indexação de preços com outros ativos,
como o dólar. Considerando também a moeda norte-americana, a indexação teria um
peso maior ainda na economia brasileira.
Em
termos gerais, há três “grupos” de preços, segundo explica o professor Alcides
Leite, da Trevisan Escola de Negócios: os preços influenciados pela variação do
dólar (produtos comercializáveis), os preços livres (dependem da oferta, da
demanda e da concorrência) e os preços administrados (cujos reajustes dependem
da inflação passada e da autorização do governo).
"Podemos
dizer que os preços livres respondem por algo em torno de 40% do peso [do
IPCA], preços administrados em torno de 30% e comercializáveis (dólar) em torno
de 30%. Desta forma vemos que a economia brasileira é ainda bastante indexada.
Pelo menos 60% dos preços variam com o dólar e com a inflação passada",
avaliou Alcides Leite.
A
contribuição na inflação
Segundo o Banco Central, a chamada "inércia inflacionária" – em boa parte causada pelos processos de indexação da economia brasileira – respondeu por 0,79 ponto percentual do IPCA de 5,91% registrado em 2013 (13,4% de todo o índice).
Em
seu relatório de inflação, divulgado no final de março, o BC avaliou que a
elevada variação dos índices de preços ao consumidor, em doze meses, contribui
para que a inflação ainda mostrasse resistência.
Responsabilidade
do governo
De acordo com Claudio Shikida, coordenador do Nepom (Núcleo de Estudos de Política Monetária) do Ibmec, parte da indexação existente na economia brasileira é de responsabilidade do próprio governo. "Podemos falar de uma responsabilidade direta do governo, no caso dos preços administrados (que representavam, segundo o BC, aproximadamente 23% do IPCA em março de 2013), mas também há a responsabilidade quando [o governo] promove intervenções no funcionamento dos mercados, causando aumentos de preços", declarou.
Ainda
segundo Shikida, é o caso das tarifas de energia elétrica. "Não é preciso
ser economista para saber que ela será reajustada no futuro. (...) O aumento da
demanda de energia elétrica mostrou-se incompatível com a oferta e, agora a
inflação que virá pode até ser maior do que a que ocorreria se o governo não
tivesse promovido a diminuição artificial (dos preços)", afirmou ele.
O
que fazer para desindexar a economia?
De acordo com Patrícia Pereira, da Mongeral Aegon Investimentos, o primeiro passo para desindexar a economia "envolveria um comprometimento maior com a inflação, trazendo-a para o centro da meta, de 4,5%. Além disso, o empenho para uma redução gradual da meta de inflação passaria credibilidade ao projeto".
Em
relação à indexação dos preços administrados, acrescentou a economista, os
contratos de concessões de serviços públicos deveriam ser corrigidos de acordo
com os custos e rentabilidade de cada setor, eliminando o
"automatismo" da reposição dos índices de preços.
"Merece
destaque, ainda, a regra de indexação do salário mínimo, criada em 2011 e com
vigência até 2015 [inflação mais variação do PIB]. A medida garante aumentos
reais que acabam por indexar e pressionar ainda mais a inflação, mas o custo
político de acabar com tal medida é considerável", avaliou ela.
Claudio
Shikida, do Ibmec, avalia que "não existe mágica" para desindexar a
economia. "Você tem que diminuir a inflação para que as expectativas se
ajustem. Então, deve-se estimular a competição para que os preços não ganhem
inércia, o governo deve ser consistente em suas ações e discursos no que diz
respeito à independência do Banco Central em buscar a meta da inflação com uma
política fiscal que use métodos contábeis que não gerem dúvidas e deve-se
evitar o uso de medidas populistas, por mais que a tentação seja grande (como
no caso da redução de tarifas de energia elétrica)".
INFLAÇÃO
ATUAL
Já em 2013 conseguimos perceber no bolso uma alta de preços acima dos reajustes salariais negociados de acordo com o IPCA.
A expectativa dos
analistas de mercado para a inflação continua a se deteriorar e eles já preveem
que o índice oficial de preços do país supere o teto do intervalo da meta neste
ano, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central, que colhe estimativas entre
cerca de cem instituições.
A mediana das projeções
para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pela sétima
semana consecutiva, desta vez de 6,47% para 6,51%, ligeiramente acima,
portanto, do teto de 6,5%.
Os analistas do grupo
Top 5 – os que mais acertam as previsões – estão mais pessimistas. A mediana de
médio prazo do grupo para o IPCA em 2014 saiu de 6,49% para 6,59%.
Com relação a 2015, a
mediana geral do mercado seguiu em 6%, enquanto a mediana de médio prazo do Top
5 caiu de 6,27% para 6%. Em 12 meses, a expectativa passou de 6,12% para 6,07%.
As expectativas se
deterioraram apesar de o IPCA-15 de abril, prévia da inflação do mês, ter
subido menos que o esperado. O indicador avançou 0,78%, de 0,73% em março, mas
ficou abaixo da média de 0,85% apurada pelo Valor Data entre 19 analistas.
Apesar da surpresa
positiva, os economistas ouvidos pelo Valor avaliaram que a resistência do
grupo alimentação e bebidas e os reajustes de energia elétrica e de medicamentos
vão manter a inflação pressionada na segunda quinzena do mês e devem levar o
índice oficial de inflação a encerrar abril c om alta próxima de 0,75%, acima
dos 0,55% observados em igual período do ano passado. O grupo alimentação e
bebidas foi responsável por 58% da alta do IPCA-15 em abril, segundo o IBGE.
No Focus, a expectativa
para o IPCA de abril subiu de 069% para 0,80%. A expectativa para a alta dos
preços administrados também subiu, de 4,60% para 4,70% em 2014 e de 5,90% para
6% em 2015.
Apesar de prever
inflação bem mais salgada, os analistas em geral não mudaram suas expectativas
para a Selic, que seguiram em 11,25% ao fim deste ano e em 12% no fim de 2015.
Atualmente, a taxa básica de juros está em 11% ao ano. Entre os Top 5 nada
mudou. Eles continuaram a prever Selic de 11,88% em 2014 e de 13% em 2015.
"Bora fazer rancho no supermercado enchendo o carrinho pra não pagar pelos aumentos ocorridos no mês"!!!
Jonathan Kreutzfeld
Fonte:
http://www.valor.com.br/brasil/3522424/mercado-ja-projeta-inflacao-acima-do-teto-da-meta-em-2014#ixzz2zkaBzcpn
http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/04/heranca-da-hiperinflacao-indexacao-ainda-afeta-grande-parte-dos-precos.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário