África do Sul
A
África do Sul, maior potência do continente africano vem, recentemente,
ganhando destaque no cenário econômico internacional, tendo em vista a obtenção
de uma taxa de crescimento do PIB ascendente nos anos 2000 (média de 4% entre
2000 e 2005). Rodrik (2006b) analisa os dilemas enfrentados pela economia da
África do Sul, ressaltando que, apesar das grandes transformações econômicas
ocorridas no período após a transição democrática em 1994, o desempenho da
economia em termos de crescimento e de redução do nível de desemprego tem
estado muito abaixo de outras economias emergentes, como as da China e Índia. O
autor sugere que uma das razões para os elevados níveis de desemprego está
associada aos elevados níveis salariais. Adicionalmente, tanto o alto
desemprego como as taxas de crescimento moderadas estão associadas à redução do
chamado setor não mineral da economia nos anos 1990 e à fragilidade do setor
manufatureiro voltado para as exportações, que tem vivenciado uma redução de
lucratividade, fator que compromete a geração de empregos e o estímulo ao
crescimento da economia.
Banerjee
et al. (2007), ao analisar as razões associadas aos elevados níveis de
desemprego na África do Sul, desde meados dos anos 1990, investiga se tal elevação
se deve às mudanças estruturais na economia ou aos choques negativos temporários.
Os resultados do modelo logit indicam que a ocorrência de choques negativos
tem sido responsável pela alteração da taxa de desemprego de equilíbrio da
economia sul-africana. Outro aspecto importante analisado pela literatura sobre
o desenvolvimento econômico da África do Sul diz respeito ao comportamento da taxa
de câmbio e, nesse sentido, Frankel (2007) desenvolve uma investigação econométrica
para o período de 1984- 2006. Os resultados indicam que os fundamentos
econômicos são importantes para a determinação da taxa de câmbio
e
que o comportamento do índice real de preços das commodities do setor mineral da
África do Sul tem impacto sobre a renda real e a taxa de câmbio associado à apreciação
cambial real no período mais recente (2003 a 2006). O que ocorre é que a
política de altas taxas de juros domésticas aumenta a demanda internacional pela
moeda local (rand) e aprecia a taxa de câmbio, controlando a análise econométrica
para fatores como inflação esperada e risco-país.
Edwards
e Lawrence (2006) analisam a política de comércio exterior da África do Sul,
ressaltando que, no período do apartheid, tal política foi marcada por
um elevado nível de protecionismo, limitando o desempenho das exportações e importações.
Nesse contexto, a economia sul-africana passou a depender de choques
internacionais favoráveis nos preços das commodities; caso contrário, a economia
sofreria sérias restrições externas. Recentemente, tendo por base vantagens de
dotação de recursos naturais, o país desenvolveu uma estratégia de competitividade
para produtos primários e manufaturados com algum grau de intensidade de
capital. Esse desenvolvimento pode ser explicado em função do padrão de
proteção tarifária que não favorece a exportação de bens manufaturados que não
sejam commodities, limitando, assim, o crescimento e a diversificação das exportações.
Períodos marcados por baixa demanda internacional por commodities e por queda
no preço do ouro no mercado internacional acabam refletindo um baixo
crescimento econômico. O processo de liberalização comercial, ocorrido a partir
de meados dos anos 1990, além de exercer um impacto favorável em termos de
redução de custos dos insumos, tem mostrado efeitos relevantes ao estimular o setor
exportador e mesmo em relação à diversificação da pauta.
[1] Professor do
Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pesquisador
do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e
Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais). Pós-Doutor –
Bolsa Capes (University of Glasgow, UK).
[2] Professora do
Instituto de Economia da UFU. Doutoranda em Economia (IE-UFU), Uberlândia, MG, Brasil.
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