sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A escassez de água

A água é um recurso extremamente mal distribuído em nosso planeta. Além da má distribuição temos um problema ainda maior no que diz respeito a sua possibilidade de uso. Em suma, há pouca quantidade de água não salgada acessível e o que há é muitas vezes de baixa qualidade.

Observe a figura abaixo que demonstra possuirmos acesso à apenas 0,36% dos 2,5% de água não salgada do planeta. Sendo que nas áreas mais populosas é onde há menores possibilidades de consumo da mesma para abastecimento humano, agricultura e dessedentação de animais.

Cerca de 1,1 bilhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso a água potável e estima-se que dois milhões de crianças morrem todos os anos pela falta dela ou de saneamento básico.

Como se já não bastassem todas as dificuldades impostas pela natureza, junta-se a isso, as dificuldades impostas pelo homem. Em regiões como o Oriente Médio, por exemplo, a água virou objeto de disputa entre países e um dos motivos que fazem perpetrar um dos conflitos mais antigos da humanidade. Na África, a água já foi elemento de discriminação racial quando, na época do apartheid só os brancos podiam ter acesso a ela.

O grande problema, além dos já apontados, é que nos lugares onde há grande disponibilidade de água, há uma “cultura de desperdício” onde se prega, erroneamente, que a água é um bem que nunca faltará.

Felizmente, essa cultura vem sendo combatida e, aos poucos, a população do mundo todo têm se conscientizado da importância de economizar e encontrar meios de reutilizar a água de maneira mais racional.

No Brasil, um tema bastante discutido é a questão da “cobrança pelo uso da água”. Em alguns países, como a França e a Alemanha, a prática de se cobrar pela captação e diluição de resíduos em corpos d’água já é bastante difundida, mas no Brasil, ainda são poucos os Estados que aderiram à ideia.

Mas como assim, “não pagamos pela água”...

Hoje a fatura de água que os brasileiros pagam se refere ao transporte e tratamento da mesma, quando você adquire uma garrafa de água em um supermercado é que de fato você está pagando por ela. Aí a historia vai longe, pois neste caso temos outro problema que diz respeito ao tipo de cobrança que se faz das empresas que “vendem água”. Como a água no Brasil é considerada um bem mineral, – e de fato é – o órgão que concede o direito de extração não está preocupado com o abastecimento humano e sim com o controle da lavra mineral que a empresa faz.

Na experiência brasileira os recursos conseguidos com esta cobrança não são suficientes para financiar todos os custos que envolvem a recuperação da bacia impactada. Contudo cobrar pela utilização da água faz com que haja o que podemos chamar de “conscientização forçada”: já que é difícil convencer pela razão, convence-se pelo bolso. Claro que, neste caso, a cobrança é feita apenas para a captação e dissolução de poluentes, ou seja, aplica-se apenas às indústrias, companhias de saneamento e abastecimento e uso agrícola, todas estas, atividades que lucram com este uso.

Já quando falamos na possibilidade de se cobrar pelo uso da água do consumidor final (pessoa física), a proposta, embora com boas intenções, esbarra em um dos direitos básicos do homem que é ter suas necessidades básicas de sobrevivência supridas; o que inclui acesso a água potável. Por isso, as propostas neste sentido, costumam englobar um limite mínimo de consumo dentro do qual o uso não é cobrado.

Parece demais dizer que se deve pagar pelo uso de um bem que deveria ser, por direito, de todos, para pessoas que vivem em um país com uma das maiores cargas tributárias do mundo. A questão é que tudo isso visa inibir o desperdício de um bem escasso e caro. Segundo estatísticas da Organização das Nações Unidas, nos locais de menor renda o acesso à água costuma ser mais caro. As populações que vivem em favelas na América do Sul, por exemplo, gastam em média 10% de sua renda com água, enquanto que na Inglaterra isso não ultrapassa os 3%.

No que diz respeito a atual crise de abastecimento enfrentada principalmente pelo sudeste do Brasil há nitidamente diversos problemas:

- Excesso de pessoas;
- Grande densidade de indústrias e propriedades agrícolas;
- Localização imprópria de grandes centros urbanos;
- Desperdício;
- Impermeabilização do solo;
- Azar climático.

Por fim, é necessário que se repense muitas coisas durante as crises de abastecimento de água potável. É necessário economizar, lógico que é, no entanto só isso não resolve. Reter água talvez seja a solução mais aclamada porém é preciso de muito cuidado e planejamento pois grande parte das áreas brasileiras que sofrem eventual escassez também sofre com enchentes ou enxurradas. Esperemos que chova, mas que as pessoas aprendam a valorizar a água e que os gestores públicos repensem a forma como crescem as nossas cidades.

Para quem está sofrendo com a escassez de água, fica a dica para reter na sua própria casa ou condomínio.


Outros  dados interessantes.






Jonathan Kreutzfeld

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