domingo, 29 de março de 2020

"Novo normal" do crescimento econômico da China

O Produto Interno Bruto (PIB) da China teve crescimento de 6,9% em 2015, o mais baixo desde 1990.

Crescimento econômico da China (2006-2016)
Se verificarmos o gráfico acima podemos perceber que o PIB chinês oscilou de acordo com a crise econômica mundial. E não haveria motivos para ser diferente, afinal, seu crescimento é para dentro dos demais países do mundo. 

Crescimento econômico da China (2013-2016)
Porém se analisarmos este outro gráfico de um período mais curto e recente perceberemos que não pode apenas ser o baixo desempenho econômico do mundo. A China precisa e está precisando mudar o foco para não parar de crescer. E a partir de agora precisa também crescer (e muito) para dentro do próprio e gigante país.

Avalie abaixo as palavras de Li Keqiang no ano de 2015 sobre a economia.

"As dificuldades pelas quais estamos passando esse ano podem ser maiores que as do ano passado,” disse Li, no Grande Salão do Povo, a oeste da Praça da Paz Celestial em Pequim diante de 3000 deputados, acrescentando que “nosso desenvolvimento está ainda em um período de importantes oportunidades estratégicas [...] o desenvolvimento da China entrou em uma nova normalidade, o que significa que devemos adotar uma nova atitude: este será um ano crucial para aprofundar as reformas”.

A “nova normalidade”, segundo o ministro, evidencia os novos níveis de prosperidade alcançados pela China, que estaria pronta para deixar de lado um modelo econômico baseado em custos trabalhistas enormemente baixos. Estaria ligada, para o governo chinês, a um tipo de crescimento próximo a padrões mais “ocidentais”, ou seja, longe das taxas de crescimento de dois dígitos que marcaram as últimas três décadas desde o final dos anos 70.


A China absorveu décadas de investimentos infraestruturais que possibilitaram a extração de enormes quantias de mais-valia absoluta de uma classe trabalhadora semi-escravizada, e foi base da recuperação de fôlego do capitalismo nos últimos 30 anos, oxigenando sua ofensiva neoliberal nos 90. É difícil visualizar um país (ou conjunto de países) que poderiam cumprir o papel da China neste quesito.

Além do mais, como dissemos, a crise econômica mundial em curso debilita as chances de “giros pacíficos” para novos nichos de exploração.

A própria China enfrentará grandes problemas internos: a desaceleração chinesa e o aumento dos custos de vida fizeram com que o número de greves dobrasse, de 656 em 2013 para 1378 em 2014, como a monstruosa greve de 40.000 operários nas fábricas de calçados da Yue Yuen, revelando uma nova geração operária que faz suas primeiras experiências de luta.

Jonathan Kreutzfeld








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