(Brexit,
“britain”, diminutivo nativo para Grã-Bretanha, e “exit”, que significa saída).
Hoje
dia 24/06/2016 saiu o resultado do plebiscito onde os britânicos votaram se
preferem permanecer ou não na União Europeia. O plebiscito foi uma iniciativa
de David Cameron que nem imaginava uma vitória do “sair”, em contrapartida
Cameron já informou que vai sair do cargo, fazendo uma transição nos próximos
três meses.
A
União Europeia pra quem não conhece, nasceu de um bloco econômico bastante
antigo que evoluiu e com o tempo trabalhou numa interação maior entre os
membros nas seguintes áreas:
-
meio-ambiente,
-
desenvolvimento industrial,
-
infraestrutura,
-
transporte e telecomunicação,
-
liberdade na circulação de mercadorias, bens, serviços, capitais e pessoas,
-
uniformidade das taxas de juros, tributos e circulação de mercadorias
facilitaram o crescimento econômico desse importante bloco.

Vamos aos dados do
Plebiscito:
O
resultado do plebiscito a favor da saída do Reino Unido da União Europeia revelou
profundas divisões entre os britânicos.
Revelou,
por exemplo, duas 'Inglaterras': Londres votou pela permanência, enquanto a
maioria das outras cidades votou pela saída. A diferença entre as gerações
também ficou clara. No grupo entre 18 e 24 anos, 64% disseram ter votado pela
permanência, escolha de apenas 33% dos britânicos entre 50 e 64 anos. O
resultado levou ao anúncio de renúncia do primeiro-ministro David Cameron, que
liderou a campanha pela permanência. 51,9% dos britânicos votaram pela saída
contra 48,1%. Espera-se que o processo seja negociado ao longo dos próximos
dois anos.
Cameron havia prometido o plebiscito durante sua campanha, cumpriu a promessa, defendeu
a permanência e acabou derrotado. Os
principais partidos políticos apoiaram a campanha pela permanência. No entanto,
havia grandes divisões internas, principalmente, no Partido Conservador, que
governa o país. O
mais cotado para assumir o cargo de Cameron é o ex-prefeito de Londres, Boris
Johnson, a principal voz em favor da saída do bloco, este que representa a
extrema direita dentro do Reino Unido.
OS RESULTADOS DO PLEBISCITO NO REINO UNIDO

Analisando
brevemente o mapa, se percebe que as áreas onde houve maior votação para sair
da União Européia são fora dos grandes centros urbanos e dentro de áreas
industriais importantes. Nessas áreas industriais, é grande o volume de
operários que temem perder seus empregos para imigrantes do bloco ou de fora
dele.
Geografia
O
Reino Unido é formado por quatro unidades: Inglaterra, Escócia, País de Gales e
Irlanda do Norte. E por exemplo Grã-Bretanha podemos dizer que corresponde à
ilha principal onde ficam três destes países. Observe imagem abaixo.
O
contraste da votação entre Londres e a maior parte da Inglaterra foi
considerável. Na capital, 60% votaram pela permanência e 40% pela saída. Esse
grande volume de votos da capital à favor da permanência pode ser atribuído ao
fato de que a cidade é bastante “cosmopolita” ou, cidade de pessoas que se
julgam cidadãs do mundo inteiro. Os londrinos tendem a aceitar e a valorizar
mais a globalização e a diversidade. Estão mais acostumados a seus efeitos,
positivos ou negativos.
Então,
em 2014, um plebiscito acabou decidindo pela permanência da Escócia no Reino Unido, e um dos argumentos
principais da campanha contra a independência era o acesso à União Europeia via
Reino Unido. Sendo assim 62% dos escoceses votaram pela permanência e apenas
38% pela saída e após o resultado a primeira-ministra do governo escocês,
Nicola Sturgeon, afirmou que "uma mudança significativa e material nas
circunstâncias" deve tornar "muito provável" a realização de um novo plebiscito sobre a independência
da Escócia.
A Irlanda do Norte
também votou pela permanência (55% contra 44%). O País de Gales votou
pela saída (52,5% contra 47,5%).
O
fosso entre geração talvez seja o maior registrado na análise da votação do
país, com os mais jovens optando pela
permanência na União Europeia e os
mais velhos, pela saída. No grupo entre 18 e 24 anos, 64% votaram pela
permanência, segundo pesquisa de boca de urna do instituto YouGov. No grupo com
mais de 65 anos, apenas 33% disseram ter votado pelo Reino Unido dentro do
bloco.
Essa divisão gerou
críticas de muitos jovens de que os mais velhos decidiram pelo futuro de quem,
de fato, irá vivê-lo.
Em
um comentário postado em uma reportagem do Financial Times, um leitor escreveu:
"A geração mais jovem perdeu o direito de viver e trabalhar em 27 países.
Nós nunca conheceremos a extensão da perda de oportunidades, amizades,
casamentos e experiências que serão negadas. A liberdade de movimento nos foi retirada pelos nossos pais, avós e
tios em um golpe contra uma geração já afundada nas dívidas da geração anterior.
Talvez mais importante, vivemos em uma sociedade pós-factual em que fatos se
revelaram inúteis ao se confrontarem com mitos".
Efeitos para os
brasileiros e demais estrangeiros que vivem no Reino Unido
A
decisão deve afetar as vida de milhares de brasileiros que vivem no Reino Unido
com passaporte europeu ou são parentes de cidadãos europeus. Quem hoje se
beneficia das regras de livre circulação no bloco passará a se submeter a
regras estabelecidas pela legislação nacional britânica. Para quem já está no
Reino Unido com visto gerido por essa legislação - com visto de trabalho,
estudo ou cônjuges de britânicos - pouco deve mudar.
Em
geral muita gente vai ter que passar pela imigração, e ali aqueles que
satisfizerem os critérios poderá ficar. Mas eles vão ter mais burocracia e
custos para se manter por lá. Porém esse seria o entendimento inicial, mas
devem ocorrer mudanças significativas na própria legislação do Reino Unido.
Durante
a campanha do plebiscito, os proponentes da saída enfatizaram que preferem substituir as regras de livre circulação da
UE por um sistema de pontos e cotas, como acontece na Austrália.
Nesse
sistema, os imigrantes vão acumulando pontos de acordo com os critérios que
cumprirem, e são aceitos em vagas disponíveis nas diferentes categorias de
cotas. O Reino Unido já possui um sistema baseado em categorias, que rege a
entrada de estudantes, visitantes, trabalhadores qualificados e trabalhadores
com pouca qualificação, por exemplo.
Em
teoria, muitos europeus poderiam simplesmente continuar a viver no Reino Unido
dentro das novas categorias. Da mesma forma, os cidadãos com passaporte
brasileiro que querem entrar no Reino Unido poderiam ser aceitos dentro de uma
dessas categorias expandidas.
Atualmente,
cerca de 3 milhões de cidadãos europeus
vivem no Reino Unido, principalmente da Polônia (850 mil), República da
Irlanda (330 mil) e diversos países do antigo bloco soviético. Estes cidadãos
podem pedir a residência permanente no Reino Unido quando completarem cinco
anos vivendo no país. Porém, essa autorização, o Certificado de Residência Permanente
para Cidadão da UE, deve deixar de valer. Já quem vive no Reino Unido com um
visto regido pela legislação nacional recebe o Indefinite Leave to Remain - a
autorização para viver no Reino Unido indefinidamente - e não é provável que
isto seja modificado.
Em
ambos os casos, a cidadania só é obtida um ano depois, mediante o cumprimento
de requisitos como domínio da língua e conhecimento básico do funcionamento da
sociedade britânica.
Por
fim, até o brasileiro europeu que ficou
aqui cinco anos e pediu o documento de residência permanente está em uma
situação incerta. Quem não tiver a papelada concluída para se naturalizar
deve ter muito problema para conseguir nesse momento pois as regras podem e
devem mudar durante o jogo rolando.
Fonte:
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/06/reino-unido-decide-deixar-uniao-europeia-em-referendo.html