quinta-feira, 21 de julho de 2016

Violência contra Mulheres - 10 anos da Lei Maria da Penha

Embora tenhamos muitas ações para melhorar o bem estar das mulheres no Brasil e no mundo, o tema ainda é bastante atual e importante. Temos mulheres no poder em várias esferas, temos leis e ações específicas visando diminuir tanto a violência física quanto financeira ou moral.

Em 2016 tivemos um caso que ganhou grandes dimensões na mídia relacionadas ao estupro coletivo ocorrido em uma favela no Rio de Janeiro. Fato que teve postagem neste blog conforme link abaixo.


Este ano também temos a comemoração (se é que deveríamos comemorar a necessidade de ter que fazer uma lei pra isso) dos 10 anos da Lei Maria da Penha que gostaria de comentar um pouco hoje nesta postagem.

Situação atual da violência contra a mulher no Brasil

Mesmo com a lei de proteção a mulher, em 2011 no Mapa da Violência, entre 1980 e 2010, ocorreram 92.100 homicídios de mulheres no Brasil. O percentual de mortes que ocorreram na residência da vítima foi de 41%, de acordo com a pesquisa. A maioria das vítimas tinham idades entre 15 e 49 anos.

Segundo dados da pesquisa do Mapa da Violência, em 2015 no Brasil, 70.270 mulheres foram agredidas e deram entrada em emergências médicas. Mais de 50% das mulheres agredidas nesse período informaram que a agressão ocorreu dentro de casa e a maioria dos agressores foram os parceiros, ex-parceiros ou cônjuges.

Com esses dados pode-se ver que a violência contra mulher ainda acontece frequentemente no Brasil e que a lei visa diminuir esse número, protegendo a mulher e garantindo-lhe assistência, quando necessário.

A violência por si só já é um grave problema, abaixo podemos observar dados muito ruins sobre os homicídios envolvendo mulheres.

HOMICÍDIOS DE MULHERES NO BRASIL - POR REGIÃO


HOMICÍDIOS DE MULHERES NO BRASIL

  

Lei Maria da Penha

Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher

A criação da Lei nº 11.340/2006, denominada “Lei Maria da Penha”, traz consigo mudanças significativas no que diz respeito ao enfrentamento de crimes que passaram a ser considerados como violações de direitos humanos, tendo em vista a implementação de  mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do §8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher.

Nesse sentido, injuriar, caluniar e difamar a mulher perante delegadas(os), promotoras(es) ou magistradas(dos) em diligências pessoais, audiências ou petições constitui violação de direitos humanos grave, conforme configurado na Lei Maria da Penha.

No contexto da Lei Maria da Penha, surgiram inúmeros programas e ações para diminuir os problemas e apoiar as mulheres que se envolvem em casos de violência. Uma das ações mais importantes é a da criação da Casa da Mulher Brasileira.

Casa a Mulher Brasileira

A Casa da Mulher Brasileira é uma inovação no atendimento humanizado às mulheres.  Integra no mesmo espaço serviços especializados para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres: acolhimento e triagem; apoio psicossocial; delegacia; Juizado; Ministério Público, Defensoria Pública; promoção de autonomia econômica; cuidado das crianças – brinquedoteca; alojamento de passagem e central de transportes.

A Casa, um dos eixos do programa Mulher, Viver sem Violência, coordenado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, facilita o acesso aos serviços especializados para garantir condições de enfrentamento da violência, o empoderamento da mulher e sua autonomia econômica. É um passo definitivo do Estado para o reconhecimento do direito de as mulheres viverem sem violência.

Integra no mesmo espaço serviços especializados para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres.

Acolhimento, apoio psicossocial, delegacias especializadas, alojamento entre muitas outras ações são executadas nas unidades da Casa da Mulher Brasileira.

Outros números sobre a violência contra a mulher
 

DOCUMENTÁRIO SOBRE OS 10 ANOS DA LEI MARIA DA PENHA


Este vídeo é resultado de uma Mesa Redonda, realizada em novembro de 2015, organizada pela We World e o Instituto Maria da Penha, onde foram convidados representantes do Governo Federal, Estadual e Municipal, além da ONU Mulheres, Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e o Observatório da Violência Contra a Mulher (OBSERVEM) da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

O objetivo foi obter respostas por parte das instituições e sociedade civil de como enfrentar juntos os próximos desafios pela erradicação total da violência contra a mulher.

Mais um passo foi dado.

Jonathan Kreutzfeld

Fonte:







terça-feira, 5 de julho de 2016

Favelas ou Aglomerados Subnormais em Blumenau

Esta postagem foi feita a partir de compilação de materiais do Portal Controversas e do Universo de Magali, ambos de Blumenau.
O material original encontra-se em:

Por: Giovani Ramos

Blumenau é a cidade com maior número de favelados de Santa Catarina. Quem afirma é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio do Censo 2010. Os números foram divulgados no final do mês passado.
Segundo o Censo, em 2010 viviam em aglomerados subnormais (favelas e similares) de Blumenau, 23.131 pessoas. Mais do que Florianópolis (17.573) e Joinville (7.198). O Jornal A Notícia, de Joinville, fez um cálculo proporcional ao número de total de habitantes. Assim, a nossa cidade ficou em terceiro lugar, com 7,52% dos blumenauenses vivendo em favelas. Neste índice, perdemos para Laguna e Gaspar. A vizinha aparece na ponta, com 10% da população na pobreza “subnormal”.
Para o Censo, Blumenau possui 17 aglomerados. São eles: Cidade Jardim I e II, Coripós, Lot. Sol Nascente Morro da Figueira, Morro do Laguna, Morro do Valério, Morro Dona Edith, Rua Araranguá, Rua Benjamin Franklin, Rua Gervásio João Sena, Rua Gustavo Zeck, Rua Pedro Krauss Senior (Beco das Cabras), Toca da Onça, Vale do Selke, Vila Bromberg, Vila Jensen e Vila União.
O maior conglomerado é o da Rua Aranguá, bairro Garcia, com 3.741 habitantes. Alguns loteamentos tratados por favelas na cidade, como a Vila Vitória no bairro Fortaleza, não foram citados na pesquisa.
Na lista das cidades com favelas no Estado, uma constatação óbvia. Elas se encontram no litoral ou regiões próximas. Chama também a atenção, a ausência de Jaraguá do Sul. Trata-se da nona maior cidade de SC, com 143 mil pessoas.
Gaspar, com 57 mil habitantes, surpreendeu negativamente. O Vale do Itajaí não anda bem na foto.
Veja o Ranking das cidades com maior número de pessoas vivendo em aglomerados subnormais no Estado.
1 – Blumenau 23.131
2 – Florianópolis 17.573
3 – Joinville 7.198
4 – Gaspar 6.120
5 – Palhoça 5.141
6 – Laguna 4.601
7 – Tubarão 3.891
8 – Itajaí 3.021
9 – São José 1.700
10 – Braço do Norte 964
11 – Navegantes 963
12 – Barra Velha 561
13 – São Ludgero 269
14 – Balneário Camboriú 247
15 – Tangará 57

PESQUISA

A jornalista Magali Moser, autora da reportagem especial “Cidade Escondida” no Jornal de Santa Catarina em 2007, fez uma pesquisa sobre o processo de favelização em Blumenau há dois anos. O vídeo abaixo é uma das amostras da pesquisa.


A cidade que já conquistou o primeiro lugar no ranking nacional do IDH, que mede a qualidade de vida, em 1980, enfrenta o desafio de crescer de forma organizada e includente. Hoje, 7,5% dos moradores do município, mais de 23 mil pessoas, residem em áreas de concentração de pobreza
Os indicadores sociais sobre Blumenau escondem uma realidade em torno do município. Há uma outra cidade atrás dos números que a colocam na 25ª posição nacional do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M). A cidade que na década de 1980 ocupou o primeiro lugar no ranking nacional do IDH perdeu a posição especilmente pela crise no setor têxtil, na opinião de especialistas. Mas permanece em situação de destaque em relação aos 5.565 municípios brasileiros. Em relação aos 193 municípios catarinenenses, a cidade ocupa a 7ª posição. Em Blumenau, 20% dos mais ricos detém mais da metade da renda, o equivalente a 53%. Os números municipais seguem a tendência mundial: Apenas 85 pessoas no mundo detêm 46% de toda a riqueza produzida no planeta, mesmo percentual de metade da população, segundo relatório divulgado início do ano no Fórum Econômico de Davos, na Suíça. Em Blumenau não se sabem quem são os 20% mais ricos responsáveis por metade da renda:


“No Brasil só se pesquisam os pobres. Não se quer saber quem são os ricos”, analisa o professor do Departamento de Economia da FURB, Nazareno Schmoeller, pesquisador do Sistema de Informações Gerenciais de Apoio à Decisão (SIGAD).


Dados atualizados com base no censo do IBGE 2010 mostram que a disparidade na cidade é também geográfica. Enquanto a renda média de um morador da Velha Grande por exemplo é de R$ 590,00 por pessoa, por mês, no bairro Jardim Blumenau a renda média é de R$ 4.650,00 por pessoa, quase sete vezes mais. Na avaliação do professor do curso de Ciências Sociais da FURB, Nelson Garcia, esconder/maquiar os contrastes, sempre esteve presente nas ações públicas constituídas pelos diversos governantes de Blumenau, chegando-se a afirmar inclusive que em Blumenau não existe favela. “A perspectiva econômica, define que a pobreza ou o não sucesso acontecem por motivos individuais que não conseguiram aproveitar as oportunidades dadas. Assim, as diferenças servem, também, para legitimar o enriquecimento e sucesso dos que lá chegaram”, pondera.


Os desafios que se impõem à cidade

Fotos: Jandyr Nascimento
Um outro dado que chama a atenção se refere ao acesso à educação. Nem metade da população blumenauense tem Ensino Médio. Quando se fala em Ensino Superior, o dado é ainda mais gritante: apenas 15,49% tem ensino superior completo, segundo dados do Atlas de Desenvolvimento Humano. Do total de cerca de 300 mil habitantes, 23.131 moradores da cidade vivem em situação de pobreza, o que equivale a 7,5% da população total de Blumenau. Eles moram no que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define como aglomerados subnormais, as favelas. Decorrentes das especulações imobiliária e fundiária, essas áreas são conhecidas por serem desprovidas de serviços básicos de energia elétrica, esgotamento sanitário, água e coleta de lixo. 


“Os indicadores de Blumenau em si não são ruins. Se comparado a outros municípios em situação pior. Tem muitos quesitos que Blumenau pode melhorar. Não temos que nos comparar com outros municípios. Mas conosco mesmo e identificar onde precisamos melhorar”, analisa o professor Schmoeller. 


No quesito segurança pública, a cidade registrou 19 homicídios ano passado, de acordo com os dados oficiais. Em 2012 foram 23 e em 2011, 27. Blumenau já ocupou a 1ª posição nacional do IDH-M, em 1980. O professor Schmoeller atribui à perda da colocação ao fato de a cidade não ter acompanhado o ritmo de outras, que cresceram de forma mais intensa.

Os números otimistas sobre geração de empregos que colocam Blumenau como líder estadual também mascaram uma realidade, na avaliação de especialistas. “O que tem me chamado muito a atenção é a precarização do trabalho e a alta rotatividade dos trabalhadores emprego/desemprego que acontece nas empresas da cidade. Muitos trabalhadores não estão mais recebendo hora extra, devido ao banco de horas. A quarteirização  está acontecendo fortemente na cidade e com isso amplia significativamente a acumulação de capital das grandes  e médias indústrias de Blumenau”, avalia o professor Nelson Garcia.

O tema será desenvolvido no Ciclo de Debates do Departamento de Ciências Sociais da Furb dia 05 de maio (segunda-feira). O tema será a precarização do trabalho. “Nesta situação, os trabalhadores estão perdendo as garantias trabalhistas e a segurança no trabalho está cada vez mais sendo menos atendida. Penso que este é um contraste que precisa ser mostrado para os moradores da nossa cidade”, finaliza.