Não é de hoje que
territórios e países em diferentes partes do mundo buscam independência. O ano
de 2014 foi agitado neste quesito. Da Crimeia, que foi recentemente anexada à
Rússia em um controverso processo, à Escócia, que desejava a independência em
relação ao Reino Unido, assim como Irlanda do Norte e País de Gales, à
Catalunha, na Espanha, vários movimentos tentaram obter ou persistem na ideia
de separação.
MOVIMENTOS
SEPARATISTAS
Os movimentos
separatistas surgem por diferentes motivos. Podem ter cunho político, étnico ou
racial, religioso ou social. Em sua maioria, trata-se de colônias ou
territórios pequenos que se sentem desvalorizados pelos governos principais de
seus países e buscam na independência uma forma de valorizar e garantir mais
direitos e investimentos à sua população.
A Europa é o
continente que mais vivencia essa situação de “desejo de independência”. Tal
situação preocupa a União Europeia, que teme que caso um grupo separatista
ganhe a causa provoque um efeito cascata nos demais movimentos.
Quando uma região
ou território se torna independente mudam-se fronteiras, alianças, relações
econômicas e blocos, e os “novos” países têm que iniciar uma série de reformas,
criando instituições próprias como Banco Central, Forças Armadas, entre outras,
e o “novo” país precisa ser reconhecido por outros países.
Conheça os
principais territórios e países que, atualmente, desejam a separação ou ainda
buscam o reconhecimento de sua independência, e os objetivos de cada um.
REINO UNIDO
O Reino Unido é um
país europeu formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
Sua capital é Londres, a mesma da Inglaterra, o que já aponta uma liderança
desse país no bloco. Essa liderança, enxergada como favorecimento por uns, é um
dos motivos do surgimento de movimentos separatistas nos demais países.
Escócia: Em 2014, a Escócia realizou um plebiscito
para se tornar independente em relação ao Reino Unido. Em um dia histórico, 53%
dos 3,6 milhões de eleitores votaram pelo “não”. Os partidários da
independência, liderados pelo SNP (Partido Nacional Escocês), maioria no
parlamento, buscam mais liberdade constitucional e autonomia fiscal, o que,
segundo os críticos, estão centralizadas demais na Inglaterra. Outro objetivo é
criar um fundo de reserva com o valor obtido na exploração de petróleo do Mar
do Norte, cerca de £1 bilhão, ou US$ 1,6 bi, de acordo com os cálculos da ala
favorável à separação.
País de Gales: Também deseja se separar do Reino Unido.
Em um referendo em 2011, 63,49% dos eleitores votaram a favor da atribuição de
maiores poderes à Assembleia Nacional de Gales. O partido Plaid Cymru é um dos
principais promotores da ideia de separação. O objetivo da campanha é construir
um Estado Nacional Autônomo.
Irlanda do Norte: Os irlandeses devem realizar um
plebiscito sobre a independência em relação ao Reino Unido em até quatro anos.
Em 1921, após a guerra de independência irlandesa contra o Reino Unido, Londres
assinou uma trégua com Dublin e, dois anos depois, fundou o Estado Livre
Irlandês. Nesse processo, o governo britânico ficou com seis dos nove condados
que compõem a região do Ulster, província irlandesa. O objetivo da
independência é juntar esses seis territórios à República da Irlanda. A
independência é também uma das principais bandeiras do IRA (Exército
Republicano Irlandês).
ESPANHA
O país convive há
anos com os desejos de independência dos catalães e bascos, motivados,
principalmente, pelo desejo de manter suas tradições culturais.
Catalunha: Um referendo sobre a independência
acontece em novembro de 2014; a Espanha já declarou que o referendo é
inconstitucional. O movimento de independência catalão é antigo. A Catalunha se
considera um território a parte. É uma comunidade autônoma, tem
autossuficiência legislativa e competências executivas, além de ter o próprio
idioma, o catalão. Com a independência querem mais autonomia e o fortalecimento
da sua cultura. Caso isso ocorra, Barcelona, uma das principais cidades
turísticas da Espanha, se tornará a capital do novo país.
País Basco:
Localizado no norte da Espanha, a oeste da França, busca separação desde 1959,
quando nasceu o grupo separatista ETA (sigla para “País Basco e Liberdade”). O
grupo propagou pela luta armada o desejo de independência, o que o fez ser
considerado uma organização terrorista pela União Europeia e EUA. Em 2011, o
ETA anunciou o fim da luta armada, mas segue em busca da separação. Com língua
própria e um Parlamento desde 1980, os bascos ainda não têm território. Embora
a região tenha autonomia desde a constituição espanhola de 1978, os
separatistas querem que Espanha e França reconheçam a independência do País
Basco que compreende os territórios de Álava, Guipúzcoa, Vizcaya, Navarra e
Baixa Navarra, Lapurdi e Zuberoa, esses três últimos, territórios do País Basco
Francês.
EX-UNIÃO SOVIÉTICA
Muitos movimentos
separatistas que existem hoje na área da antiga União Soviética (composta pelos
países Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Transcaucásia, Estônia, Lituânia,
Letônia, Moldávia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão,
Turcomenistão, Quirguizão e Tadjiquistão) ainda remontam da época do final do
país, em 1991, que deu à região uma nova configuração, com novos países. Muitos
territórios ainda brigam pelo reconhecimento de sua independência.
Área da antiga URSS
- hoje separada em países e territórios que buscam o reconhecimento de sua
independência
Ossétia do Sul (Geórgia): Com o fim da URSS
essa área foi entregue à Geórgia. A partir daí, uma série de conflitos ocorreu
entre russos e georgianos pelo controle da região. A Ossétia do Sul declarou
independência em 2008, reconhecida apenas por Rússia, Venezuela, Nicarágua,
Nauru e Tuvalu. EUA, UE (União Europeia) e ONU não reconhecem a separação. Os
ossetianos do sul querem se juntar à Ossétia do Norte, uma república autônoma
dentro da federação russa. A independência valorizaria mais a tradição dos
ossetianos, que têm identidade e cultura diferentes dos georgianos e uma língua
própria.
Abecásia (Geórgia): A Abecásia se considera um Estado
independente desde a derrota das forças georgianas na guerra de 1992-1993. No
entanto, sua independência não foi reconhecida pela ONU.
Nagorno-Karabakh (Azerbaijão): Em
Nagorno-Karabakh a maioria da população é armênia. O território declarou sua
independência em relação ao Azerbaijão, mas esta não foi reconhecida por nenhum
país. O desejo dos separatistas é unir-se ao território da Armênia.
Transdnístria (Moldávia): Localizada na
fronteira da Ucrânia com a Moldávia, a região do Leste Europeu declarou independência
do governo moldávio em 1990. Moscou, apesar de não reconhecer a independência
deu apoio econômico e político. Em um referendo de 2006, a região reiterou sua
vontade de se separar e de uma eventual anexação à Rússia -- quase metade da
população é de etnia russa. A Transdnístria tem sua própria moeda,
Constituição, Parlamento e bandeira, mas quer ser reconhecida como um Estado
independente e a anexação à Rússia.
OUTRAS PARTES DA EUROPA
Flanders (Bélgica): Com uma população de 6,4 milhões de
habitantes, Flandres busca sua independência completa da Bélgica. A causa é
defendida por partidos da ala conservadora, como o Vlaams Belang. A crise
econômica que abala o país desde 2009 ajudou esses partidos a reforçarem a
necessidade da separação. O objetivo é instituir a República de Flandres, que
seria composta pelas regiões de Flandres, Bruxelas e Valônia.
Ilha de Córsega (França): Na terra natal
de Napoleão Bonaparte a vontade de tornar-se um território independente existe
desde 1976. Quem mais difunde esse ideal é a FLNC (Frente de Libertação
Nacional da Córsega), movimento político nacionalista e de luta armada. Os
moradores da ilha tem seu próprio idioma e se referem ao resto da França como
“continente”. Em 2013 o FLNC reiterou que continuará sua luta pela separação.
Os nacionalistas querem mais autonomia em relação à França, que consideram
enxergar a ilha apenas como reduto turístico e de exploração imobiliária.
Padania (Itália): A
unificação da Itália na segunda metade do século 19 não eliminou as diferenças
regionais de seus territórios. Desde 1991 a Liga Norte (Lega Nord), grupo
criado pelo político Umberto Bossi, defende a separação de uma área da região
norte chamada de 'Padania'. Para o grupo, a região sul atrapalharia o progresso
no norte do país. De acordo com a proposta, a Padania seria constituída por
onze regiões da atual Itália (Lombardia, Veneto, Piemonte, Emilia-Romagna,
Ligúria, Friuli, Trentina, o vale de Aosta, Úmbria, Marcas e Toscana), com uma
população de 34 milhões de pessoas.
Kosovo (Sérvia): Declarou sua independência da Sérvia em
2008, é reconhecido por vários países, mas não é membro da ONU. Sérvia, Rússia,
China e outros países também não reconhecem a separação. Por esse motivo, sua
independência não é tida como bem-sucedida. A separação visa preservar e
garantir direitos e liberdades para a majoritária população albanesa do Kosovo,
que não era vista com bons olhos pelo governo sérvio, que operou várias
ofensivas militares contra o território.
OUTRAS PARTES DO MUNDO
Quebéc (Canadá): O movimento de independência é liderado
pelo PQ (Parti Québécois). No entanto, contra eles pesam os resultados de dois
referendos sobre a questão, um em 1980 e outro em 1995, onde o “não” saiu
vitorioso. Mesmo assim, o PQ quer convocar um terceiro referendo. A principal
motivação é cultural. A maioria da população da província do Quebéc descende de
franceses – o que faz do francês a língua principal, ao contrário das outras
províncias, onde a maioria descende de ingleses ou escoceses. A forte
influência francesa tornaria a província sensivelmente diferente do resto do
país. Os separatistas consideram ainda que a província não é beneficiada
economicamente pelo governo canadense.
Tibete (China): O Tibete manteve o status de país
independente entre 1911 e 1950. A situação mudou com a chegada de Mao Tsé-tung
ao poder. Em 1963, a região foi nomeada Região Autônoma e hoje tem um governo
apoiado pela China, que não abre mão de controlar o território. Os que defendem
a independência consideram que a região está em atraso em relação às demais
províncias costeiras chinesas, embora a China alegue ter levado progresso e
benefícios materiais ao Tibete. Além disso, a população local enfrenta uma
forte concorrência por emprego com os chineses e veem na ‘dura’ política
chinesa uma ameaça às tradições religiosas e a liberdade.
República Turca do Chipre do Norte (Chipre): Parte do
território da ilha de Chipre que se considera independente desde 1983 e vive de
acordo com as próprias leis sem, no entanto, ter sua independência reconhecida
pela comunidade internacional. A região foi invadida pela Turquia em 1974 após
um golpe militar greco-cipriota. A independência é reconhecida apenas pela Turquia,
o que impossibilita a entrada do país na União Europeia, grupo do qual o Chipre
faz parte.
Curdistão (Iraque): Considerada a área mais estável do
Oriente Médio, o Curdistão iraquiano já é uma região autônoma, mas ainda busca
sua plena independência. Além do Iraque, a área do Curdistão se distribui pela
Turquia, Irã, Síria, Armênia e Azerbaijão. Os curdos são um grupo étnico com
sua própria língua e cultura, diferentes das populações árabe, persa e turca
predominantes na região. As diferenças culturais, a estabilidade econômica (a
área é rica em petróleo) e a visão não tão radical da religião motiva os curdos
iraquianos a desejarem a independência.
Veja mais sobre a atual situação do Iraque em:
MAIS SOBRE OS
MOVIMENTOS SEPARATISTAS
Os movimentos
separatistas podem ter cunho político, étnico ou racial, religioso ou social.
Em sua maioria, trata-se de colônias ou territórios pequenos que se sentem
desvalorizados pelos governos principais de seus países e buscam na
independência uma forma de valorizar e garantis mais direitos e investimentos à
sua população.
A Europa é o
continente que mais vivencia essa situação de “desejo de independência”. Tal
situação preocupa a União Europeia, que teme que caso um grupo separatista
ganhe a causa provoque um efeito cascata nos demais movimentos.
Apresentamos os
principais países que hoje vivenciam uma situação de “desejo de separação” de
seus territórios e províncias, como é o caso de Catalunha e País Basco, na
Espanha; os territórios que buscam reconhecimento completo de sua independência
após o fim da União Soviética, entre outros.
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