terça-feira, 15 de agosto de 2017

Artigo: A intolerância no caso Charlottesville e os grupos radicais, KKK, Neonazistas

Recentemente, James Alex Fields, um simpatizante neonazista, lançou o carro contra a multidão na cidade de Charlottesville, nos EUA.  O incidente acabou levando a morte de um manifestante e dois policiais. O homem, de 20 anos, está detido, acusado de homicídio em segundo grau, três crimes de ferimentos com intenções criminosas e um de atropelamento e fuga.

Este incidente levou o mundo que assistiu as manifestações de grupos extremistas a uma grande discussão sobre o que de fato pode existir quando se trata da liberdade de expressão.

Será mesmo que toda forma de expressão é válida? Mesmo que ela ofenda veementemente outro grupo de pessoas? Pense bem antes de responder essas perguntas.

Você pode ser homossexual, heterossexual, negro, branco, cristão, ateu, islâmico, animista, defensor dos animais, da igualdade, ou da famosa meritocracia... Temos inúmeras raças, crenças, gostos musicais... Enfim, tudo isso é pra mostrar que você pode fazer parte de um grupo ou de outro, ter preferencias, opiniões. Mas sempre com respeito às preferencias e opiniões alheias. Particularmente não consigo entender como alguém pode odiar outra pessoa apenas por ela ter nascido em outro lugar, com outra condição, por exemplo. É comum, o preconceito às pessoas que nasceram pobres e buscam oportunidades em outros lugares. Assim como também é comum olharmos com certo desdém quem nasceu em família rica e não está nem aí para as oportunidades. Visões e necessidades diferentes, que exigem a mesma coisa, RESPEITO.

Mas o fato é que os suprematistas sempre buscam inúmeros argumentos pra tentar justificar seus atos de intolerância, até mesmo dizer que o diferente não é humano. Vivemos hoje, mais do que nunca, um período de RADICALISMO e GENERALIZAÇÃO que nos proporcionam inúmeros conflitos. A intolerância se revela desde pequenos tuítes de deboche, até espancamento de homossexuais que andam nas ruas.

Em 2016, durante várias campanhas eleitorais pelo mundo, conseguimos perceber o radicalismo crescendo com acaloradas participações de candidatos como Marine Le Pen, na França e Geert Wilders, na Holanda. Estes dois exemplos representam bem o medo que ronda os europeus de perder seu estilo de vida para os islâmicos. Neste caso, acredito que realmente há motivos para temer já que os europeus colonizaram grande parte do mundo islâmico, inclusive impondo o uso de idiomas como o francês, holandês, inglês e espanhol, entre outros.

Mas como assim professor? Tu concordas com este medo então? Sim, o medo eu entendo, porém não concordo com a forma de tentar manter o estilo de vida a qualquer custo. Primeiramente porque a maioria dos islâmicos que vive na Europa, mesmo seguindo o alcorão, respeita e está disposta a se adaptar. Além disso, se os europeus possuem uma baixa taxa de fecundidade e os latinos, islâmicos, entre outros imigrantes possuem alta taxa de fecundidade, isso não é exatamente um problema dos estrangeiros. Mesmo que os europeus construíssem muros e se isolassem do mundo completamente, uma taxa de fecundidade abaixo de 1, a longo prazo, representa sim uma perda de identidade. A solução a médio/longo prazo seria ampliar a fecundidade e com isso a natalidade. Outro item que deve ser levado em conta são os serviços prestados por estrangeiros, que, em geral, são discriminados pelos próprios europeus. Estrangeiros devem seguir regras impostas? Sim, creio que devem, até porque viver em sociedade exige bom senso entre todas as partes envolvidas. O intolerante, seja de qual lado for, é um cara sem este senso.

Eleições americanas 2016

Chegamos à campanha mais popular de 2016, a dos Estados Unidos. Os críticos do presidente Donald Trump, consideram que os suprematistas brancos ganharam novo fôlego na América durante a campanha, considerada uma das mais feias dos últimos anos (Tenho forte impressão de que no mundo subdesenvolvido podemos ter um bom exemplo em 2018). Trump, sobretudo, foi acusado de veicular ideias racistas, antissemitas e anti-islâmicas. No início de sua campanha criticou a extrema-direita, mas em julho a alt-right ganhou espaço na mídia depois de Trump publicar no Twitter uma imagem da rival democrata, Hillary Clinton, ao lado de um monte de dinheiro e de uma estrela de David e com a frase: "Candidata mais corrupta de sempre". Mais tarde soube-se que a imagem já fora publicada num site da alt-right.

De lá pra cá sabemos o que aconteceu, Trump se elegeu e em 2017 passou a emitir opiniões polêmicas em doses diárias por rede social e tenta no congresso aprovar medidas não muito populares.

Como o ocorrido esta semana foi no país do Trump, ele teve que emitir opiniões como presidente da nação mais rica e poderosa do mundo. E seu discurso foi totalmente contra a intolerância. Disse:

“Aqueles que espalham a violência em nome da intolerância atacam o coração da América”.

“O racismo é maligno e aqueles que causam violência em seu nome são criminosos e bandidos, incluindo a Ku Klux Klan, os neonazistas e os militantes da supremacia branca, além de outros grupos de ódio, que são repugnantes a tudo que nós mais valorizamos na América”.

E agora a pouco, enquanto escrevo este artigo, vi no jornal que voltou atrás em parte deste discurso e disse que ambos os lados tem culpa, mas tudo isso tem seus motivos, tão contraditórios quanto o próprio Donald Trump.

Quando se trata de Ku Klux Klan, muita gente ainda pensa que sua origem certamente é republicana, quando na verdade é democrata, mas isso em um contexto bem diferente dos dias atuais e com uma reviravolta importante na década de 1940. Fiz um texto sobre este tema no link abaixo.


Por fim, as reações dos dias atuais aos movimentos radicais sejam de esquerda ou de direita são bastante reflexivas, e por vezes pode levar qualquer pacifista a indignação agressiva, conforme sugere o filósofo democrata-liberal, Karl Popper.


Jonathan Kreutzfeld



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