Área:
912.050 km²
PIB:
344 bilhões de dólares

Apesar
da atual crise ser considerada muito grave, só pra ter uma ideia de como o PIB
venezuelano é bom, este valor de PIB é
superior ao do sul do Brasil com praticamente a mesma população. Neste
caso, os problemas enfrentados pelo país possivelmente são fruto de uma péssima distribuição de renda. Afinal,
o PIB não é ruim mesmo com o valor do barril do petróleo (que é a base
absolutamente mais forte da economia do país) bem abaixo dos valores cobrados no
final da década passada.
A
exportação do país, de forma bruta representa sozinha quase 50 bilhões de
dólares e os produtos mais comercializados são: petróleo, bauxita e alumínio,
aço, produtos químicos, produtos agrícolas, manufaturados básicos. Curiosamente, apesar de o regime
bolivariano criticar duramente os Estados Unidos e vice-versa, são grandes
parceiros comerciais. Os Estados Unidos representam mais de um terço das
exportações. Vale ressaltar que o
petróleo venezuelano representa a maior reserva do recurso do planeta!
Cinco
anos depois, venezuelanos enfrentam uma situação complicada. Nos mercados,
faltam alimentos, produtos de higiene e remédios. A inflação se encontra acima
de 800% ao ano, aumentando o preço de insumos básicos, quando esses conseguem
ser encontrados. As ruas se enchem de uma oposição cada vez mais radical, que encontra
uma resposta igualmente radical por parte do governo do Partido Socialista
Unido da Venezuela (PSUV), já há 18 anos no poder.
O caos provocou uma forte onda
migratória de venezuelanos miseráveis para os países vizinhos da América
Latina, principalmente o Brasil. Cerca de 50 mil venezuelanos entraram aqui
após o agravamento da crise no país.
A economia
na Venezuela é pouco diversificada e dependente. A base dessa, aproximadamente
96% da renda (seja na extração, refino, transporte e distribuição...), está no
petróleo, produto abundante no país, mas de valor que sofre oscilações. Itens
de necessidade não são produzidos no país, dependendo
da importação de países próximos, entre eles, o Brasil. O preço do barril
de petróleo, de 120 dólares em 2008, caiu para menos de 50 dólares a partir de
2014. Além de perder a capacidade de importar, o país não pôde manter os
investimentos sociais, um dos pontos mais positivos do governo de Chávez.
O
controle nos preços, uma medida tomada por Hugo Chávez para evitar inflação,
desestimulou investimentos de iniciativa privada dentro do país. Em alguns
casos, a venda era desvantajosa para empresas privadas devido aos impostos, o
que ajudou a fazer com que os produtos sumissem das prateleiras. A dependência do Estado na economia
prejudica o país, quando esse não consegue, sozinho, suprir as demandas da
população.
A migração em massa
Diante
da ampliação da crise na Venezuela que leva cada vez mais venezuelanos a
cruzarem as fronteiras rumo ao Brasil em busca de uma vida melhor, o Governo brasileiro
assinou um decreto reconhecendo a "situação de vulnerabilidade" em
Roraima. O Estado é a principal porta de entrada dos imigrantes que fogem da
crise de abastecimento de alimentos, do colapso dos serviços públicos e de uma
inflação de 700% no país vizinho. O presidente ainda editou uma medida
provisória (MP) que acena com ações de assistência emergências para imigrantes
venezuelanos no Estado em diversas áreas, como proteção social, saúde,
educação, alimentação e segurança pública. Elas serão coordenadas por um comitê
federal composto por representantes de distintos ministérios e conduzidas em
parcerias entre União, Roraima e municípios.

Segundo
o documento assinado por Temer, as medidas visam também ampliar as políticas de
mobilidade, distribuição no território nacional e apoio à interiorização dos
imigrantes venezuelanos, desde que eles manifestem essa vontade.
O
deslocamento dos venezuelanos que chegam pela fronteira é complexo. Muitas
vezes, por não terem dinheiro para custear passagens ou táxis, alguns
imigrantes percorrem a pé o caminho de mais de 200 quilômetros que separa
Pacaraíma, na fronteira, e Boa Vista.
Em
fevereiro, o então ministro da Defesa, Raul Jungmann, já tinha anunciado a
atuação das Forças Armadas na coordenação das ações humanitárias e que o
efetivo militar também será duplicado, passando de 100 para 200 homens. Após
visitar Roraima durante o carnaval, o presidente Temer ressaltou que “ninguém
vai impedir a entrada de refugiados” no Brasil, mas que irá “ordenar” o
ingresso no país. O plano, segundo o Governo, é que um hospital de campanha
seja deslocado para a fronteira e os postos de controle no interior de Roraima
sejam duplicados.
Quem são os imigrantes?
De
acordo com Polícia Federal, em 2017 foram registrados 22.247 pedidos de refúgio
por venezuelanos. Um recorde de solicitações nos últimos anos. Nem todos os
venezuelanos são considerados refugiados porque o refúgio é concedido àqueles
que sofrem perseguições políticas, étnicas e religiosas. Mas muitos já pedem
esse visto porque ao conseguir apenas o documento de solicitação já podem
emitir documentos e trabalhar legalmente no Brasil.
Além
do refúgio, os estrangeiros agora também pedem a chamada residência temporária
que foi permitida no ano passado e passou a ser gratuita a partir de agosto. No
ano passado, foram registrados mais de 8.000 pedidos dessa nova modalidade.
Recentemente, o governo brasileiro anunciou que vai fazer um censo para identificar o perfil dos imigrantes venezuelanos no Brasil, mas não informou quando este levantamento será realizado.
Jonathan Kreutzfeld
Fonte:
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