quinta-feira, 22 de março de 2018

Fake News e a Polarização Política

Fake News é uma expressão bastante utilizada atualmente e tornou-se mais popular com os fortes ataques de Donald Trump à mídia tradicional. Ele por sua vez é acusado de ter sido o maior beneficiado com as fake news em toda a história das eleições americanas.

O assunto é grave e hoje as pessoas já tem dificuldade em acreditar em notícias fora dos veículos de comunicação tradicionais. E isso levou várias comissões a se formar e analisar o impacto das notícias falsas no Brasil e no Mundo. Abaixo teremos dados levantados pela UNESCO, União Europeia, Instituto de Internet de Oxford e agências de comunicação brasileiras.

A Comissão Europeia diz que termo fake news é inadequado e tornou-se arma para atacar veículos independentes. O relatório feito por 39 especialistas da União Europeia afirma que muitos políticos descontentes com algumas notícias publicadas corretamente são desdenhados com o uso do termo e isso põe em risco o próprio jornalismo sério. O relatório rechaça o uso da expressão, destaca o direito fundamental da liberdade de expressão e repudia qualquer tentativa de censurar conteúdos.

De acordo com pesquisadores do Instituto de Internet de Oxford (OII) as notícias falsas compartilhadas em algumas redes sociais já pode chegar a 50% de todo o volume de notícias geradas. De acordo com o mesmo instituto as notícias produzidas por organizações profissionais de jornalismo chegam a apenas 23% do total de notícias. Um fato interessante sobre o assunto nos EUA é utilizado como exemplo: Republicanos desde 1988 não venciam eleições em Michigan, e todas as pesquisas oficiais indicavam vitória de Hillary. Por fim, Trump venceu por 0,2% no estado e muitos afirmam que o resultado pode ter sido manipulado por excessivas noticias falsas produzidas fora do país e compartilhadas em redes sociais por ali.

Relatório da Unesco

A indústria da mídia, que permanece a principal fonte de notícias e informação na era digital, tem diante de si amplas oportunidades e profundos desafios, disse a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no relatório sobre liberdade de imprensa, pluralismo, independência e segurança de jornalistas.

O relatório alertou que “no mundo todo, o jornalismo está sob ataque”, citando a disseminação das notícias falsas e dos algoritmos nas redes sociais, que criam “salas de eco” e exacerbam a polarização política.

A indústria da mídia, que permanece a principal fonte de notícias e informação na era digital, tem diante de si amplas oportunidades e profundos desafios, disse a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no início de novembro (6) em relatório sobre liberdade de imprensa, pluralismo, independência e segurança de jornalistas.

“Cobrindo o período de 2012 a 2017, esse estudo não apenas mapeia as tendências globais, como faz um chamado inequívoco para ação para superar novos e persistentes desafios”, disse Irina Bokova, então diretora-geral da UNESCO, no documento intitulado “Tendências Mundiais para a Liberdade de Expressão e Desenvolvimento da Mídia”.

“(O relatório) fornece um ponto de referência único para Estados-membros, organizações intergovernamentais, grupos da sociedade civil, academia, jornalistas e profissionais de mídia, e todos aqueles que desejam compreender os fundamentos da liberdade de imprensa em um mundo em mudança”, acrescentou.

O relatório destaca desenvolvimentos positivos enquanto a sociedade civil se mobiliza para promover um maior acesso à informação, veículos de mídia cooperando com serviços de checagem de dados para combater uma torrente de desinformação, e um número cada vez maior de governos adotando leis de liberdade de informação.
Na era digital, diz o relatório, as mulheres jornalistas podem desenvolver uma presença on-line desprendidas das hierarquias das redações, e os jornalistas cidadãos e ativistas têm acesso a meios de comunicação de massa que antes eram inacessíveis.

O relatório, no entanto, alertou que “no mundo todo, o jornalismo está sob ataque”, citando a disseminação das notícias falsas e dos algoritmos nas redes sociais, que criam “salas de eco” e exacerbam a polarização política. Além disso, lembrou que alguns governos derrubaram o acesso à Internet, principalmente em períodos pré-eleitorais, enquanto jornalistas permanecem sob ataque, enfrentando crescente violência.

“Os desafios são ainda maiores para cidadãos do mundo todo, mulheres e homens que dependem do jornalismo profissional para conduzir o desenvolvimento e a transformação de suas sociedades”, disse Bokova.

Os principais dados foram reunidos por Guy Berger, diretor da Divisão de Liberdade de Expressão e Desenvolvimento de Mídia da UNESCO, em evento realizado ao lado da Comissão de Comunicação e Informação da Conferência Geral da UNESCO em Paris.

Fake News no Brasil

No Brasil, os grandes agentes de proliferação de notícias falsas são o Facebook e o Google. Embora 78% dos brasileiros usem as redes sociais para se informar, pelo menos 42% assumem já ter compartilhado notícias falsas nas redes sociais, aponta uma pesquisa com mais de mil participantes.

A pesquisa Consumo de Notícias do Brasileiro mostrou também que apenas 39% dos respondentes têm o hábito de sempre checar a fonte da informação, um número ainda pequeno comparado à porcentagem de usuários que se informam pelas mídias digitais.

O Facebook é a principal plataforma utilizada para se informar, de acordo com 6 a cada 10 respondentes. Em seguida, aparece o Twitter com apenas 4% e o Linkedin com 2%. O Whatsapp também foi citado por 10% dos respondentes. Apesar da adesão em massa, apenas 6% confiam totalmente no que leem nas redes, enquanto 26% confia parcialmente e 11% desconfia totalmente.

“O fato de 42% dos respondentes indicarem que já compartilharam uma notícia falsa é bem expressivo e preocupante. Pois entendemos que somente as pessoas que tiveram contato com a notícia verdadeira assinalaram essa alternativa. Ou seja, esse número pode ser potencialmente muito maior, pois algumas pessoas podem nem saber que disseminaram uma notícia falsa”, disse Fernanda Dabori, presidente da Advice Comunicação Corporativa, em comunicado.


Eleições 2018

Uma das principais preocupações para as eleições de 2018, as fake news, notícias falsas disseminadas nas redes sociais, são tema de um anteprojeto anunciado este mês na primeira reunião do ano do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional (CCS).

Desde a posse dos novos membros do Conselho de Comunicação Social, em novembro, o combate às fakes news vem sendo apontado como prioridade. A preocupação é que a rápida circulação de noticiário falso interfira diretamente na disputa eleitoral, desequilibrando o pleito e prejudicando candidatos e partido.

Questionado pela imprensa, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, manifestou-se contrário aos termos do anteprojeto.

Leia a nota de esclarecimento da Presidência do Senado:

"A Presidência do Senado Federal enfatiza que não solicitou e que não está em elaboração qualquer projeto de lei para alterar o Código Penal, a Lei Eleitoral ou o Marco Civil com o objetivo de criar mecanismos de censura à livre manifestação e informação na internet.

O senador Eunício Oliveira acrescenta que não solicitou ao Conselho de Comunicação do Congresso Nacional, um órgão apenas consultivo e sem a faculdade de apresentar projetos, para que elaborasse qualquer sugestão nesse sentido."

Jonathan Kreutzfeld

Fonte:






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