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O croata Modric: Melhor jogador da Copa 2018 |
Vejamos abaixo um
resumo sobre a história envolvendo o cruel desmantelamento da Iugoslávia que existiu
oficialmente apenas desde o final da Segunda Guerra Mundial até 2003.
A
Iugoslávia surgiu após a Primeira Guerra Mundial, com o desmantelamento do
Império Austro-húngaro em 1918, sob o nome de Reino dos Sérvios, Croatas e
Eslovenos. A partir de 1929, foi adotada
a denominação de Reino da Iugoslávia, que era liderado por uma monarquia
controlada pelos sérvios. Esse governo estendeu-se até 1941, quando o país
foi invadido pelos alemães e um Estado fantoche de nacionalistas croatas foi
criado na região.
Em
1945, a união de seis repúblicas (Sérvia, Eslovênia, Croácia, Bósnia e
Herzegovina, Montenegro e Macedônia), e de duas províncias autônomas (Kosovo e
Vojvodina), deu origem à República
Federal Socialista da Iugoslávia. Instituída sob o regime comunista, e
governada com mão de ferro entre 1945 e 1980 pelo marechal Josip “Tito” Broz, a
Iugoslávia foi capaz de resistir por 35 anos às diferenças dos povos que a formavam.
Mas não foi para sempre. A morte de Tito, em 1980, e o enfraquecimento do
sistema comunista ao longo da década seguinte (culminando com a queda do muro
de Berlim, em 1989), fez com que os comunistas começassem a perder o controle
do país. Com isso, divergências do passado começaram a se agravar. O palco
se tornou favorável para vários tipos de discursos, do nacionalismo sérvio à
crença de que era chegada a hora para eslovenos, croatas, bósnios e kosovinos
fundarem seu próprio país.
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Josip Broz Tito - Morto em 1980 |
Os
primeiros a agirem foram Eslovênia e Croácia, que em 25 de junho de 1991, via
referendo, declararam independência. A decisão desagradou o presidente sérvio
Slobodan Milosevic. O primeiro alvo de Milosevic foi a Eslovênia, numa guerra
de “tiro curto” que durou 10 dias. Depois de algumas bombas e ameaças, um
acordo foi firmado pelo governo esloveno e a Iugoslávia. Resolvida a questão da
Eslovênia (que sempre foi mais “Ocidental” do que “Oriental”, e continha
pequena representatividade sérvia no país), o exército iugoslavo – sob o
comando de Milosevic – focou seus esforços na Croácia e, prontamente, invadiu o
país com a ajuda das milícias sérvias locais. Com o sangue respingando nas
coberturas televisivas (mesmo que em doses homeopáticas), ONU e Comunidade
Europeia intervieram no conflito.
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Slobodan Milosevic |
Seguindo
os passos da Eslovênia e da Croácia, a Bósnia e Herzegovina foi a terceira
república da antiga Iugoslávia a declarar independência, em fevereiro de 1992
(também via referendo). Contrários à decisão, os sérvios, que defendiam a
permanência da Bósnia na Iugoslávia, deram início aos confrontos na capital
Sarajevo. Pelo país, integrantes de diferentes culturas e religiões estavam se
aniquilando. Começou um processo de limpeza étnica liderado pelos sérvios.
Valia tudo, desde massacres coletivos a estupros sistemáticos de mulheres
bósnias, que, pela lei vigente, tendo filhos de pais sérvios, dariam à luz a
crianças “sérvias legítimas”.
Desde
o fim da guerra na Bósnia, em 1995, a tensão entre a província autônoma de
Kosovo, de maioria albanesa, e o que restou da Iugoslávia também começou a
crescer. Em 1998, os confrontos entre as forças de segurança sérvias e o
Exército de Libertação de Kosovo (ELK) se intensificaram. Na luta pela
independência, separatistas de Kosovo chegaram a controlar parte da província –
quando tiveram sua autonomia ‘castrada’ por Milosevic, graças ao fechamento do
parlamento kosovino e a entrada em ‘campo’ das tropas sérvio/iugoslavas. A
situação chegou ao extremo em 1999, quando após uma tentativa fracassada de
assinar um acordo de paz com os sérvios, a Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) atacou a Iugoslávia em março daquele ano – no centro de Belgrado,
capital da Sérvia, até hoje prédios que foram alvo do ataque restam intocados,
e destruídos.
Em
2008 Kosovo conquistou, finalmente, sua independência. Porém, 13.500 pessoas
foram mortas no período, conforme levantamento do Humanitarian Law Center
(HLC). Este episódio, ainda não bem resolvido, segue sendo um dos motivos que
barram a entrada da Sérvia na Comunidade Europeia.
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Ponte em Mostar - Bósnia e Herzegovina |
Fruto
desta série de episódios, a Iugoslávia
deixou de existir, oficialmente, em 2003, dando lugar a um ‘novo país’,
chamado Sérvia e Montenegro. Em 2006, porém, as duas nações também se
separaram, após referendo, criando os hoje independentes países da Sérvia e de
Montenegro. O espólio da guerra, entretanto, ficou com a Sérvia, por motivos
óbvios. No total, nove enfrentamentos armados foram registrados envolvendo
as seis repúblicas da antiga Iugoslávia e as duas unidades autônomas, num
número aproximado de 140 mil mortos, outra centena de milhares de desaparecidos
e, pelo menos, 2,2 milhões de refugiados, entre 1991 e 2001.
Entre
os inúmeros conflitos, destacam-se a Guerra da Bósnia e Herzegovina e da Independência da Croácia que seguem:
A
Guerra de independência da Croácia
Franjo Tudjman da Croácia, foi um
dos principais arquitetos da dissolução da Iugoslávia e o ressurgimento do
nacionalismo nos Bálcãs.
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Franjo Tudman |
A
guerra de ocorreu de 1991 a 1995 e resultou na morte de 14 mil croatas e 7,5
mil sérvios.
(Aqui da para entender um grande motivo para a rivalidade entre Sérvia e
Croácia no futebol)
Inicialmente, foi uma guerra entre a
Croácia e o Exército Popular jugoslavo (JNA), que se opôs à independência
croata. Mais tarde, o conflito levou a combates entre as forças armadas da
recém-independente Croácia e as forças rebeldes da minoria sérvia, que
proclamou a República Sérvia de Krajina. Os sérvios foram apoiados pela
Iugoslávia. O lado croata destinava-se a estabelecer a soberania da República
da Croácia, uma antiga república socialista na República Socialista Federativa
da jugoslávia, enquanto os sérvios queriam permanecer como parte da Iugoslávia,
procurando novas fronteiras em partes sérvias da Croácia com uma maioria ou uma
minoria sérvia influentes. A guerra foi particularmente notável pela sua
brutalidade em uma sociedade relativamente desenvolvida na Europa e nos tempos
modernos.
Guerra na Bósnia e Herzegovina:
Cerco de Sarajevo e o túnel da esperança

O conflito deixou aproximadamente
100 mil mortos. Entre as vítimas, 40 mil civis. Cerca de 50 mil mulheres
bósnias foram estupradas e 1,5 milhão de pessoas ficaram desabrigadas ou
refugiadas. Foi o primeiro caso de genocídio na Europa pós-Segunda Guerra
Mundial. Campos de concentração também se tornaram comuns.
Na linha de combate se enfrentaram
os representantes de cada etnia da então República: sérvios e bósnios de origem
sérvia (representantes da República de Srpska, apoiados pelo exército Iugoslavo
(JNA), de Slobodan Milosevic), croatas e bósnios de origem croata, e bósnios de
origem muçulmana – grupo que registrou as maiores perdas.
O mundo acompanhou ao vivo os
principais momentos do conflito. Especialmente, o cerco da capital Sarajevo – o mais longo da história moderna, entre
abril de 1992 e fevereiro de 1996 (cerca de dois meses após o fim da própria
Guerra na Bósnia). Sem água ou energia elétrica e aprisionados em suas próprias
casas, os moradores de Sarajevo estavam sendo dizimados pelas forças sérvias,
que se posicionaram ao longo das montanhas que circundam a capital. A cobertura
da imprensa fez com que a ONU tivesse que agir. Um acordo foi feito com as
lideranças sérvias para que o aeroporto de Sarajevo servisse de base para a chegada
de alimentos, roupas, cuidados de saúde e outros.
Com a criação da “zona livre de
guerra”, representantes bósnios tiveram uma ideia: construir um túnel debaixo
da pista do aeroporto – o que permitiria o ingresso de mais comida e utensílios
que já não eram encontrados na cidade. O serviço foi executado por 133 pessoas,
entre militares e civis, e durou quatro meses e quatro dias, entre março e
junho de 1993. Abid Jasar, que trabalhou na construção do túnel comenta que:
“Tínhamos duas equipes cavando em lados opostos sob a pista do aeroporto. A
ideia era nos encontrarmos no meio do caminho abrindo, assim, o túnel para o
transporte de mantimentos e deslocamento de pessoas. Tivemos sucesso, e,
certamente, a iniciativa garantiu a sobrevivência da cidade, que estava
completamente batida”, lembra o veterano que fez parte do exército bósnio e
hoje mantém uma loja de souvenirs ao lado do túnel. O lugar, inclusive, é um
dos principais pontos turísticos da cidade.
Mesmo duas décadas depois da Guerra,
Sarajevo segue repartida e longe de ostentar o padrão de vida europeu, ou de
capitais próximas, como Belgrado e Zagreb. O cerco de Sarajevo deixou cerca de 15 mil mortos (40% civis) e
legou à Capital um impressionante número de cemitérios, muitos estabelecidos em
espaços que antes do conflito serviam como parques abertos ao público.
Lideranças
regionais durante todo o processo de desmantelamento da antiga Iugoslávia
De
todo esse processo, surgiram lideranças étnicas que representavam politicamente
seus grupos na Iugoslávia. Assim, destacaram-se os seguintes líderes das três
etnias hegemônicas da região:
Alija Izetbegovic,
líder dos bosníacos (bósnios-muçulmanos);
Franjo Tudman,
líder dos croatos;
Slobodan Milosevic,
líder dos sérvios.
Jonathankreutzfeld
Fonte: