quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Brumadinho: Importância econômica da mineração brasileira

Enquanto pesquisava sobre o assunto para fazer esta postagem, não pude deixar de perceber, o quanto o setor de mineração brasileira possui material tentando enaltecer a segurança que envolve a atividade. Principalmente nos materiais e notícias sobre o setor postados após o desastre na barragem de Fundão, conhecido por ter ocorrido na cidade de Mariana – MG, percebi preocupação elevada em demonstrar os certificados de segurança da atividade. Muitas notícias pareciam até compradas pelas mineradoras visando estabilizar o preço das empresas na Bolsa de Valores. Outra coisa que encontrei que me pareceu bem curiosa é uma conferência do Instituto Especial em Lei Internacional de Mineração e Petróleo e Gás, Desenvolvimento e Investimento que ocorrera em abril no Rio de Janeiro. Esta conferência que por sua vez tem como uma opção fazer uma visita na Barragem de Fundão (Mariana – MG) para demonstrar os esforços da tarefa de reparar e compensar os efeitos humanos, materiais e ambientais está sendo realizada pela Fundação Renova. Acredito que a pauta da conferência que custa quase mil dólares deve ou deveria ser alterada.

A partir desta postagem pretendo fazer a publicação de mais duas falando sobre:

Parte I: A Importância econômica da mineração brasileira

Mineração brasileira

Aptidão do Brasil desde o período colonial, a mineração mantém sua força no século 21. Aliado à indústria extrativista, ela representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) e contribui com 25% do saldo comercial brasileiro, segundo o Ministério de Minas e Energia. Foram exportados US$ 46,4 bilhões em 2017, com um superávit de US$ 23,4 bilhões.

O Brasil conquistou essa posição no setor por ser um país de dimensões continentais e geologicamente privilegiado, além de ter grande disponibilidade de recursos naturais. O destaque da área mineral se reflete também na movimentação do mercado de trabalho.


As 10 mil minas do país – 87% delas de micro e pequeno porte – geram 180 mil empregos diretos e mais 2,2 milhões de empregos indiretos em todo o país.



Quando comparamos os dados da produção mineral brasileira fornecidos pelo IBRAM e do Ministério de Minas e Energia, percebemos que há diferença entre os valores. Isso se deve ao fato de que os dados do Ministério incluem valores da extração de óleo e gás.


O minério de ferro é um dos produtos que ajudam a alavancar esse desempenho. Ele sozinho representa 8,82% do total das exportações brasileiras, atrás apenas da soja. Outros minerais também projetam o país no Exterior. O Brasil se tornou a principal fonte de nióbio – importante para setores de alta tecnologia, como a área aeroespacial, com mais de 90% da disponibilidade do planeta.

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA

Abaixo temos uma postagem especial sobre o Nióbio.


Quando se trata de mineração, sabemos que um grande álibi da atividade está na geração de empregos. No entanto, vale ressaltar que isso jamais deveria ser um motivo para tolerar irregularidades tanto na questão ambiental, como trabalhista. Mas a ocorrência de ambos os problemas é bastante recorrente em todo o território brasileiro.

Diversidade Mineral

Sobre a diversidade mineral brasileira, sabemos que ela é grande e na leitura da tabela abaixo podemos destacar lógico a grande produção de Ferro, mas também de Manganês que está intimamente ligado a liga necessária para a produção de aço, mas que infelizmente acabamos exportando grande parte dos dois sem agregar valor no Brasil e deixando a siderurgia estrangeira receber na verdade grande parte de todos esses minerais crus.


Ainda observando a tabela de produção por toneladas, mas já comparando com a tabela de exportações, podemos perceber que o Nióbio, embora tenha uma tonelagem bem mais baixa que diversos outros minerais, ele movimenta um valor de exportação muito significativo e que supera a bauxita. Embora no caso da Bauxita, que é a base do Alumínio, preferimos que este valor esteja mais baixo para que o mesmo possa ser exportado na sua forma mais valiosa. O assunto Bauxita/Alumínio também é bem interessante, pois poucos sabem que muitos investimentos em recursos energéticos maciços na região norte do Brasil possuem muita relação com a produção de Alumínio que na sua fabricação demanda muita energia. Enquanto muitos acreditaram que Belo Monte tenha sido construída para levar energia para ribeirinhos da Amazônia. Santa inocência, mas deixemos este assunto para outro momento.

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA POR TIPO DE MINERAL

Produção mineral de Minas Gerais

Pela história do próprio nome do Estado de Minas Gerais, já temos uma boa ideia de como a atividade mineradora é importante para a sua economia. A mineração gera cerca de 50 mil empregos diretos e milhões de empregos indiretos, afinal, a atividade corresponde ao principal produto exportado pelo estado. Isso que nem tudo é exportado, a maior parte da indústria nacional utiliza minerais produzidos pelo estado já que nossa outra grande região produtora que é na Serra dos Carajás no Pará, praticamente exporta tudo o que produz, até por uma questão de logística mesmo.


Na produção por tipo de mineral, Minas Gerais fica com quase 50% de toda a produção nacional de Ferro e percentual ainda maior na produção de Nióbio, que embora exista na Amazônia, é muito mais abundante na Serra do Espinhaço, totalizando 75% das reservas.

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA POR TIPO DE MINERAL

A produção mineral de Minas Gerais é mais concentrada nos minerais metálicos que a produção brasileira (90% contra 68%). Já a concentração dos minerais não metálicos em Minas Gerais é de 10%, enquanto no Brasil é de 30%. Minas Gerais não possui produção relativamente expressiva de gemas e diamantes (0,04%), assim como o Brasil (0,02%). O Brasil apresenta ainda 2% de sua produção mineral representada por energéticos.

Em breve, a próxima postagem da série.

Jonathan Kreutzfeld

ANEXO

Principais aplicações para os minerais

FERRO n AÇO
Principais aplicações:
t Construção civil - concreto armado, estruturas metálicas
t Indústria de transporte - automobilística, aérea e naval
t Máquinas e equipamentos
t Embalagens, ferramentas e utilidades

BAUXITA n ALUMÍNIO
Principais aplicações:
t Embalagens - latas
t Indústrias de transporte - automobilística, naval e aérea
t Construção civil - estruturas, portas, esquadrias
t Eletricidade - redes de transmissão

OURO
Principais aplicações:
t Joalheria e decoração
t Ativo financeiro
t Indústria química - catalisadores
t Medicina e biologia - exames, tratamentos e recobrimento de materiais biológicos

ZINCO
Principais aplicações:
t Construção civil - (aço galvanizado)
t Indústria automobilística - (aço galvanizado)
t Agropecuária - nutrição animal e produção de fertilizantes
t Fabricação de eletrodomésticos - peças de bronze e latão

NÍQUEL
Principais aplicações:
t Setor de bens de consumo duráveis (aço inoxidável)
t Indústrias alimentícia e petroquímica - tubos, tanques, condensadores, etc.
t Indústria naval e aeroespacial - turbinas e motores t Revestimentos metálicos e cunhagem de moedas

NIÓBIO
Principais aplicações:
t Indústria automobilística, naval e aeronáutica (aço de alta resistência)
t Indústria petroquímica - tubulações sob alta pressão
t Construção civil - estruturas de pontes, viadutos e edifícios
t Componentes eletrônicos e óticos - máquinas de ressonância magnética, radiofrequência etc.
t Indústria siderúrgica: ligas especiais (ex.: liga ferro nióbio; ligas metálicas de alta pureza; superligas; óxidos especiais)

CALCÁRIO
Principais aplicações:
t Produção de cimento
t Obras de pavimentação de estradas e rodovias - utilizado como agregado
t Agricultura - correção de acidez do solo
t Fabricação de tintas e vidros

Fonte:






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