terça-feira, 9 de abril de 2019

VALE vence etapa importante para mineração de Fosfato em SC


Em 2018 o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) realizou, através de levantamentos geológicos e avaliação do potencial mineral em diversas áreas do território nacional. Do ponto de vista econômico/mineral, a ideia representa importante avanço para evolução do conhecimento e criação de novas oportunidades no país.

Em novembro de 2018 a CPRM esteve na cidade de Florianópolis para lançar os Informes de Recursos Minerais que sintetizam o conhecimento em áreas que somam mais de 25 mil km², localizadas no centro-leste de Santa Catarina e no sudeste do Paraná. O evento aconteceu na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e contou com a presença da diretoria da CPRM, de estudantes e professores e de profissionais do setor mineral.
 
As reservas se encontram no contexto do Parque Serra do Tabuleiro na Grande Florianópolis
Foram lançados Informes de Recursos Minerais Fosfato na Porção Centro-Leste do Estado de Santa Catarina e Integração Geológica-Geofísica e Recursos Minerais do Cráton Luís Alves. No primeiro, através do levantamento geoquímico, foi avaliado potencial para mineralizações de fosfato na região nordeste de Santa Catarina, ao leste do Paraná. No segundo, foi apresentado o resultado da atualização da geologia do Cráton Luis Alves, e dos recursos minerais associados, como ferro e ouro, além do manganês, cobalto, níquel, cromo e vanádio.

De acordo com o diretor-presidente da CPRM Esteves Colnago, as entregas dos estudos trazem oportunidades para a região. “O estado de Santa Catarina possui atividades agrícolas expressivas. Além disso, dispor de fosfato em seu território ajuda muito as possibilidades de expansão da economia local”, afirmou.

Mas a história não é novidade

A Indústria de Fosfatados Catarinense (IFC), joint venture formada pelas multinacionais norte-americana Bunge Fertilizantes S.A. e a norueguesa Yara Brasil Fertilizantes S.A., firmaram em 2008 um protocolo de intenções com o governo de Santa Catarina para implementar um ainda mais antigo projeto de exploração de jazida de fosfato em Anitápolis (SC), a 100 quilômetros de Florianópolis. A Adubos Trevo, depois adquirida pela Yara, iniciou o projeto em 1977. Hoje a IFC pretende explorar a rocha fosfática e instalar uma fábrica do fertilizante SSP, também chamado de Superfosfato Simples, através da reação entre o concentrado fosfático e o ácido sulfúrico.

O investimento previsto é de R$ 550 milhões em três anos, a partir de 2009, com geração de 450 empregos diretos e 1.500 indiretos. A previsão é de produzir cerca de 240 mil toneladas anuais de fertilizantes para a lavoura, além de 240 toneladas de ácido fosfórico. O vice-presidente de Nutrientes da Bunge, Ariosto da Riva Neto, destacou a importância estratégica do investimento para a agricultura brasileira. Segundo ele, a jazida representa 10% das reservas de fosfato que o Brasil dispõe e vai representar 2,5% do que o País consome na produção de fertilizantes para a agricultura. A exploração do fosfato no Brasil se dá principalmente em Minas Gerais, Goiás e Bahia e muitas empresas o importam da Tunísia e do Marrocos. 

O problema é que o fosfato polui muito

Mina de Fosfato em Cajati - SP
Além dos dois desastres recentes já mencionados aqui no blog, já temos alguns profissionais que divulgaram estudos sobre as condições da extração do fosfato sem acidentes. E as informações não são muito favoráveis.

O geólogo José Carlos Alves Ferreira, formado pela Universidade da Califórnia, ao tratar do fosfato afirmou que “a grande poluição que se vê hoje no Pantanal deve-se ao fosfato dissolúvel resultado do modelo agroquímico”. Por ser lixiviável e hidrossolúvel, ele vai diretamente para os rios e os contamina. Com isso, a extração do fosfato provocará, com certeza, a contaminação dos recursos hídricos da região, em especial, do Rio Braço do Norte. E, em decorrência, teremos chuva ácida.

Corredor ecológico

Área de Anitápolis que pode ser explorada
Anitápolis está dentro de um corredor ecológico entre a Serra do Tabuleiro e Lages. Eles não levaram em conta os animais em extinção que vivem na região e os impactos na BR-282 com o trânsito diário de caminhões, além da alteração do curso do rio Pinheiro.

Nova decisão do TRF4 decide permitir a instalação da mineradora em Anitápolis. A Vale planeja erguer na zona rural de Anitápolis o combo mineradora de fosfato + fábrica de ácido sulfúrico, no santuário ecológico da Serra do Tabuleiro, na Grande Florianópolis, em Santa Catarina.
Maquete da Indústria de Fosfatados Catarinense
Nove cidades da região estão começando a se mobilizar pelo perigo real: com seu histórico recente de desastres, a Vale insiste em construir acima delas duas barragens no rio Pinheiros, de 85 metros de altura cada, para conter rejeitos do ácido.

A Montanha Viva anunciou domingo em Floripa que vai recorrer ao STJ para barrar definitivamente a construção da IFC, pela Vale ou por quem venha a comprar os direitos das jazidas de fosfato.

Abaixo o texto da ONG que recebeu a notificação de que sua ação não foi aceita no dia 4 de abril de 2019.

Após treze anos de intensa mobilização e debate judicial, e após 4 anos ter sido extinto o processo judicial, sem que o mérito tenha sido analisado, o TRF4, por unanimidade, decidiu manter a sentença judicial proferida pela Vara Federal Ambiental de Florianópolis.

Os argumentos dos recursos de apelação apresentados pela ONG Montanha Viva, IBAMA, Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União, não foram acolhidos.

O empreendimento em sua formatação original, em tese, não será executado, contudo, abre-se um caminho para a mineração em um dos principais mananciais de Santa Catarina.

O bioma de Mata Atlântica tão ameaçado agradece. E que não tenhamos, no futuro, situações como as ocorridas em Minas Gerais.

Aos municípios que entenderam a importância, ainda que tardia, em ingressar na ação seria importante utilizar de seus procuradores jurídicos e recorrer da decisão sob pena de se tornarem tão omissos quanto aqueles que durante todo esse tempo assistiram inertes todo desenrolar do #processo.

Que este caso sirva de exemplo e de vigilância para outros movimentos.  Água ou fosfato era a pergunta crucial. Hoje sabemos qual é a resposta do judiciário é: fosfato.

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