Olá
pessoal! Como forma de contribuir ainda mais com o fornecimento de conteúdo
para o blog, conversei com o colega de trabalho professor Henrique Schnitzspahn
que trabalha também com atualidades, e ele me enviou um ótimo resumo sobre
alguns temas importantes! Segue o texto:
Professor Henrique
Schnitzspahn
1 - Onda conservadora no Brasil e no mundo
Desde
2016 o Brasil vive o momento de maior instabilidade política e econômica da sua
história recente. Tivemos, por exemplo, o impeachment de Dilma Rousseff e a
Operação Lava-Jato (que denunciou um esquema de pagamentos de propinas
bilionárias envolvendo grandes empresas e vários partidos políticos). A reação
dos eleitores, em parte, apresentou-se na polarização da eleição de 2018.
O
país elegeu Jair Bolsonaro como presidente, demonstrando o fortalecimento de
uma direita conservadora no Brasil. E não é só aqui: a direita vem se
fortalecendo na América do Sul desde 2013, quando só o Chile estava mais à
direita. Em 2018, Argentina, Peru, Colômbia e Paraguai se juntaram a ele; e em
2019, o Brasil.
A vitória
de Bolsonaro abre espaço para a consolidação de uma agenda contra
pautas como aborto,
legalização de drogas, união
homoafetiva e imigração. Além, é claro, de uma política com apoio da polícia e
das Forças Armadas, e o fortalecimento de uma
cultura machista.
O
presidente simboliza no Executivo a tendência que desde 2014 o Brasil já
mostrava no Congresso, então considerado o mais conservador desde a
redemocratização. Isso porque aumentou no número de parlamentares ligados a
segmentos mais conservadores, como ruralistas, militares, policiais e
religiosos.
2 - Retrocesso em direitos coletivos
A
mudança política impulsiona retrocessos em termos
de direitos dos cidadãos. A Organização das Nações Unidas (ONU)
elenca como retrocesso, por exemplo, a proposta de redução da maioridade penal.
O Brasil é o quarto país com maior
população carcerária do mundo.
Também
há fortes críticas à proposta
de reforma da Previdência Social
(que é uma poupança feita pelo governo para garantir ao cidadão uma
renda ao parar de trabalhar). Opositores apontam que as mudanças vão dificultar
a aposentadoria da população e propor benefícios de valores mais baixos. O
objetivo seria diminuir a crise econômica brasileira, mas é preciso lembrar que a aposentadoria garante vida digna
para os inativos – e impulsiona o consumo para essas classes. Ainda no direito
trabalhista, o Ministério do Trabalho quase foi extinto por Bolsonaro. Sobreviveu, mas devido a manifestações. A
expectativa é de impacto forte nas garantias da CLT (Consolidação das
Leis do Trabalho) para as (os) trabalhadores.

Na
área ambiental, uma das principais preocupações é com a união dos ministérios
da Agricultura e do Meio Ambiente. A crítica, aqui,
é que os interesses de cada pasta seriam diametralmente opostos. O governo de Michel Temer e o
presidente eleito Jair Bolsonaro já sinalizaram, também, uma possível retirada
do Brasil do Acordo de Paris – que prevê uma resposta global para redução de emissões de gases de efeito
estufa. Além disso, o governo estuda
flexibilizar o licenciamento ambiental e retirar direitos indígenas e
quilombolas.
3 - Crise migratória
Começamos
a falar de crise migratória em 2011, quando o fluxo de refugiados na Europa intensificou-se. A saga para fugir
de um dos 15 conflitos da África,
Oriente Médio e Ásia levou milhares de pessoas a se arriscarem. Muitos morreram
em travessias marítimas. O Brasil
também passou a receber pessoas.
Em 2011, chegaram os haitianos. Mais recentemente,
vemos o ingresso de venezuelanos. A Venezuela, governada por Nicolás Maduro,
enfrenta uma forte crise: programas sociais foram cortados, a inflação está nas
alturas e faltam alimentos e medicamentos.
A
entrada de muitos imigrantes aumenta a população de algumas cidades, sem prévio preparo para tanto, e pode
levar à saturação do mercado de trabalho.
Outra consequência possível é o
inchamento dos sistemas
públicos de saúde e educação. E quem pensa que é só lá fora que
imigrantes sofrem preconceito e violência, se engana: no Brasil, em um dos casos mais extremos, um acampamento de imigrantes foi incendiado em Roraima, em uma tentativa de expulsar os estrangeiros. A xenofobia
(desgosto com o que/quem é de fora) generaliza-se e ganha novas cores quando chega a países
menos centrais e ricos como o nosso. Esse tema também pode ser associado às questões políticas
comentadas anteriormente, especialmente em relação
ao nacionalismo.
4 - Racismo
A
cada ano, multiplicam-se as denúncias de racismo no Brasil e no mundo. Os casos
vão desde mensagens de cunho racista
escritas em portas de banheiro até uma “fantasia” de escravo para o Dia das Bruxas. O Observatório da
Discriminação Racial no Futebol, por exemplo,
registrou 20 ocorrências desde 2014, sendo 8
somente em 2018.
Para combater
o racismo, o foco é em políticas públicas, como as
cotas. Mas o tema se relaciona também com suas causas históricas –
marcadamente, a escravidão – e com as atuais
relações socioeconômicas e de distribuição de renda na comparação com a
população autodeclarada branca. Por fim, questões identitárias e relacionadas a movimentos sociais
têm ganhado relevância e força na luta por
igualdade racial.
5 - Julian Assange: quem é o fundador
do Wikileaks, preso em Londres após quase 7 anos exilado em embaixada
do Equador
As
revelações feitas por Assange
mostravam detalhes pouco conhecidos da atuação dos Estados Unidos no
Afeganistão e no Iraque. Segundo os documentos, soldados americanos são acusados de atacar e matar homens,
mulheres e crianças que não tinham
relação direta com os conflitos. Assange foi preso
na embaixada do Equador em Londres,
onde estava exilado havia sete anos. A prisão não estaria relacionada aos vazamentos, mas à acusações de abuso
sexual feitas por duas mulheres
contra ele na Suécia - casos que ele havia colocado como possíveis investidas dos EUA em uma suposta campanha de "caça às bruxas"
contra o Wikileaks. Ele também teria violado as leis dos Estados Unidos ao
publicar no Wikileaks documentos secretos do governo americano.
O
ativista havia se refugiado na embaixada para evitar a extradição para a Suécia
ou, ainda, para os Estados Unidos, mas
acabou surpreendido com a retirada do asilo. Para seus apoiadores, Julian Assange é um corajoso defensor da verdade. Para seus críticos, ele é
alguém que busca publicidade e que pôs vidas em risco ao colocar
uma massa de informações confidenciais em domínio público.
6 - Tragédia em Brumadinho
Após 3 anos da tragédia em Mariana,
no dia 25 de Janeiro, uma barragem de rejeitos de minérios do
complexo Mina do Feijão rompeu e um mar de lama invadiu a mineradora e a cidade
de Brumadinho (MG). Na sequência, outra barragem transbordou. A
empresa responsável pelas
barragens é a Samarco, comandada
pela brasileira Vale e pela anglo- australiana
BHP Billiton – a mesma responsável pela barragem
do Fundão, que causou o maior desastre
ambiental da história do Brasil, em Mariana (MG).
No
final de 2018, os moradores de Brumadinho haviam passado por um treinamento
promovido pela Vale, em que uma sirene
disparou e a empresa orientou
o que eles deveriam fazer e
para onde se encaminhar. No dia da tragédia, no entanto, a sirene de emergência não foi ativada
e a população não recebeu nenhum aviso prévio ou orientação.

A
Vale também não levou os sobreviventes para um abrigo, apenas orientou a
população a se encaminhar a um centro comunitário. O número de mortos é de 157,
além dos 182 desaparecidos (até a data de 8 de fevereiro). Além dos bombeiros
que ainda permanecem em busca de corpos, um grupo de salvamento de voluntários
composto de moradores da região ajudou nos primeiros dias em que se procurava
sobreviventes e militares israelenses também participaram da busca por alguns
dias. O acontecimento gerou uma comoção nacional, movimentando várias
inciativas para doação tanto para a população afetada quanto aos bombeiros. Nas
redes sociais, a frase “não é acidente,
é crime” viralizou.
7 - A paralisação parcial nos EUA e
o muro de Trump
Os
Estados Unidos vivenciaram a maior paralisação parcial de sua história, quando
funcionários federais pararam de trabalhar por
35 dias. O acontecimento teve com causa a discordância entre Donald
Trump, Presidente dos EUA, e a Câmara dos Deputados, de maioria democrata
(partido contrário ao de Trump, o
Republicano), sobre o orçamento federal a ser
aprovado. Trump queria que o
constasse US$ 5,7 bilhões para a construção de um muro na fronteira com o México, uma de suas mais polêmicas promessas de campanha. Os democratas, por outro lado,
não aceitaram viabilizar dinheiro para o muro.
Trump
decidiu, no dia 25 de fevereiro, assinar uma lei que permite financiar o governo federal até o dia 15 de
fevereiro, sem incluir os recursos necessários para a construção do muro. Porém,
deixou claro que se nesse meio tempo
a Câmara não ceder e não negociar
essa questão, o governo irá parar novamente, podendo inclusive usar o seu poder
de declarar emergência nacional – o que faria com que a decisão do Presidente fosse acatada sem a aprovação do Congresso. A medida, no
entanto, poderia ser contestada na Justiça.