segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Polêmica: Fundo Amazônia e o Desmatamento na Amazônia Legal


Ao longo das últimas semanas, todos os que acompanham os noticiários devem ter verificado coisas como a demissão de diretor do INPE, aumento do desmatamento da Amazônia, retirada de recursos do Fundo Amazônia por parte de Alemanha e Noruega, bem como observado as declarações do presidente brasileiro a respeito do assunto. Vamos por partes, pretendo dividir essa postagem em algumas partes:

· Quanto foi o desmatamento da Amazônia ao longo da história recente e nos últimos meses;
· O que é o Fundo Amazônia;
· Qual a moral dos países que criticam as “ações” de nosso governo.

AULA - BIOMAS BRASILEIROS

Introdução

Primeiramente, quero deixar bem claro que não me surpreendo com nenhuma declaração do presidente referente ao desmatamento, terras indígenas, áreas de preservação... Eu sinceramente já esperava essas atitudes do presidente. E se alguém não esperava isso, certamente cegou-se diante do antipetismo que se radicalizou no ano passado. Até aí ok, eu entendo, mas desde eleito, muitos daqueles que não queriam o PT no poder poderiam e deveriam lutar por direitos sociais, trabalhistas e ambientais que não são de posse de nenhum partido específico e sim do povo todo, ou no caso da Amazônia, uma questão humanitária. Que ao contrario do que muitos pensam, sim, a Amazônia é diferenciada e gera mudanças nada sutis no clima Global. Ela é sim mais importante que qualquer floresta ou pradarias que pudessem existir nas regiões temperadas da América do Norte ou da Alemanha ou qualquer outro lugar do planeta. E por este motivo tanta gente se preocupa com ela.

Você sabia que sem ela, possivelmente o nosso Cerrado seria um deserto? Que no interior do sul e sudeste do Brasil teríamos pouquíssimas chuvas? Muitos não têm nem ideia da influência da Amazônia no país do: “Agro é tech, Agro é pop, Agro é tudo”. Podemos fracassar fortemente na base de nossa economia se não cuidarmos da Amazônia. A Alemanha e a Noruega continuarão ricas provavelmente, e nós... Se ficarmos até sem isso?

Desmatamento na Amazônia

Para compreender um pouco mais sobre a importância da Amazônia brasileira, saber de onde surgiu o Fundo Amazônia e a Amazônia Legal, veremos um breve histórico sobre a região:

Em 1953, Getúlio Vargas criou a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia. O intuito era de integrar a região economicamente ao país e garantir a soberania sobre o território. Estávamos em um contexto econômico bastante ambicioso, com muitas expectativas de crescimento da economia. Fruto disso, em 1957 surge a Zona Franca de Manaus que passa a funcionar pra valer a partir de 1967, isso já dentro do Governo Militar que em 1966 criou a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia a famosa SUDAM. Durante a década de 1970 e 1980, também tivemos grandes avanços no projeto Grande Carajás, também no contexto amazônico. Digamos que os objetivos por ali, de cunho econômico obtiveram um ótimo êxito na finalidade que tinham.

Em 2001 o presidente FHC extinguiu o nome SUDAM e criou a Agência de Desenvolvimento da Amazônia onde na prática pouca coisa mudou, os eixos de desenvolvimento permaneciam na Zona Franca de Manaus (AM) e na Serra dos Carajás (PA), mas durante grande parte dos anos 1990 tivemos um outro eixo de desenvolvimento econômico que avançou com força do Cerrado para a Amazônia. Foi a expansão bastante agressiva da expansão da fronteira agrícola que lá nos anos 1970 avançava no Cerrado com o Sistema de Imigração do Norte do Paraná (SINOP) que consolidou o padrão soja e o pasto em mais da metade do Cerrado. Mas não estamos hoje aqui pra falar do Cerrado e sim da Amazônia.
SIVAM

Em 2007, a SUDAM volta a existir, e com a nova lei, surge a Amazônia Legal que abrange mais de 60% do território brasileiro e cerca de 5 milhões de km2. A partir deste momento, não é que não pode ter desenvolvimento econômico por ali, mas são fortalecidos os sistemas de monitoramento do desmatamento com a criação do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) que até já existia, porém não com a finalidade de controle ambiental.


Na tabela podemos observar as taxas de desmatamento da Amazônia dos últimos 25 anos, seguindo a mesma metodologia durante o período, é possível verificar que mesmo sendo ainda muito altas em 2018, a redução do desmatamento nas últimas décadas foi significativa. Com médias na casa de um Sergipe por ano na primeira parte da tabela e menos da metade do valor em 2018.

O desmatamento polemizado 2018 - 2019

O desmatamento na Amazônia Legal cresceu 66% em julho deste ano em relação ao mesmo período de 2018, segundo um relatório divulgado pelo instituto de pesquisa Imazon.

Segundo os dados, no mês passado o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) detectou 1.287 quilômetros quadrados de desmatamento, contra 777 quilômetros quadrados no ano passado. O município do Rio de Janeiro tem 1.255 km².

A organização não é ligada ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais), que no início de agosto divulgou que o desmatamento cresceu 278% no mês de julho, ou seja, ainda maior. Por usarem metodologias diferentes, as pesquisas desses institutos não são comparáveis. Os dois estudos, no entanto, indicam um aumento no desmatamento.

A diferença de fato é que o sistema Imazon detecta apenas desmatamentos superiores a 10 hectares, enquanto o do INPE é mais preciso e detecta desde as menores clareiras abertas. Ou seja, os dados mais próximos da realidade infelizmente devem ser de 278% de aumento!

Grande parte dos esforços para reduzir o desmatamento até 2018 veio de ações que levaram em 2008 a criação do Fundo Amazônia.

O Fundo Amazônia

Amazônia Legal
O Fundo Amazônia tem por finalidade captar doações para investimentos não-reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia, nos termos do Decreto no 6.527, de 1º de agosto de 2008.

O Fundo Amazônia apoia projetos nas seguintes áreas:

· Gestão de florestas públicas e áreas protegidas;
· Controle, monitoramento e fiscalização ambiental;
· Manejo florestal sustentável;
· Atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da floresta;
· Zoneamento ecológico e econômico, ordenamento territorial e regularização fundiária;
· Conservação e uso sustentável da biodiversidade; e
· Recuperação de áreas desmatadas.

O Fundo Amazônia pode utilizar até 20% dos seus recursos para apoiar o desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento em outros biomas brasileiros e em outros países tropicais.

E é aqui que entra a Noruega e a Alemanha por exemplo, que criticaram fortemente o atual governo brasileiro e decidiram retirar mais de 300 milhões de investimentos no fundo que já desembolsou mais de 1,8 bilhão de reais (o fundo tem 3,4 bilhões) desde 2008 em projetos para conter o desmatamento. Detalhe que o IBAMA reconhece que sem o dinheiro do Fundo Amazônia, não tem como fiscalizar e punir o desmatamento ilegal.

Quase 60% desses recursos são destinados à União e aos nove Estados da Amazônia Legal, incluindo instituições como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelo monitoramento ambiental por satélites no bioma Amazônia. Os outros 40% se dividem entre entidades do terceiro setor (ONGS) e universidades. 

E aí vem a política, o atual governo odeia o Fundo Amazônia e o que ele representa, simplesmente porque não admite nada que tenha sido criado no governo anterior. Muito lamentável, não gostar de várias coisas pode, mas essa é uma facada desnecessária e que no meu julgamento, nunca nos levou ao desenvolvimento pleno e infelizmente não nos levará agora.

Qual a moral dos países que criticam as “ações” de nosso governo?

Então, desde o início da sua operação do Fundo Amazônia, a Noruega tem sido de longe a principal doadora (94%), seguida da Alemanha (5%) e da Petrobras (1%).

A Noruega é o melhor país do mundo em qualidade de vida (IDH) e ostenta também o título de uma das nações que mais recupera florestas em seu território e fora dele. E ainda que Alemanha e Noruega tivessem pouco esforço em ser ecologicamente melhor, estes países jamais tiveram em seu território, algo tão importante do ponto de vista da saúde climática global quanto a Floresta Amazônica. E por este motivo, tentam aqui contribuir com a manutenção dela, e consideram que nós somos mais capazes de contribuir com sua manutenção que o Congo ou a Indonésia. Por isso investem bilhões nela.

No fim das contas, eles provavelmente continuariam sabendo o que fazer, melhor que a gente caso todo o caos climático previstos em filmes de ficção se concretizassem. Pois são referências em pesquisa científica e educação como um todo.

Desmatamento não é de hoje apenas
Por hoje é isso, outro dia pretendo trazer mais informações sobre essa situação. Mas se você acha que a Amazônia não é importante, pode começar assistindo o filme Interestelar, pois sem ela o Brasil será um dos primeiros a ter que procurar outro planeta para produzir e manter o slogan “Agro é tech, Agro é pop, Agro é tudo”. 

Gostaria também de deixar claro que todas as reclamações referentes ao desmatamento da Amazônia incluem todos os governos anteriores também. Não tem nenhum governo que resolveu o problema, mas agora a coisa deve ficar ainda mais alarmante.

Obrigado por chegar até aqui!

Jonathan Kreutzfeld

Fonte:











quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Resumo: Mata Atlântica - Conceitos e Desmatamento


Trabalho realizado na disciplina de Geografia, supervisionado pelo professor Jonathan Kreutzfeld

Por: Adrian Patrick Leicht , Cauê Henrique Schmitz, Emanuelle Cristiny Monte dos Santos , Gabriela Diemer Guillande , Joana Fernandes Hugen, Nicholas Lorenz Linshalm 

Mata Atlântica e as Questões Ambientais

AULA BIOMAS BRASILEIROS

Características

• Presença de árvores de médio e grande porte que formam uma floresta densa e fechada.
• Fauna com grande diversidade de espécies de mamíferos, anfíbios, aves, insetos, peixes e répteis.
• As árvores de grande porte formam um microclima na mata, produzindo sombra e umidade.
• Grande biodiversidade com a presença de diversas espécies animais e vegetais.
• É no território da Mata Atlântica que habita a maior parte da população brasileira, com cerca de 115 milhões de pessoas, o que corresponde a 61% dos habitantes do Brasil. Esses dados são do Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010.
• Na região da Serra do Mar, forma-se na Mata Atlântica uma constante neblina.
• Sua área abrange a costa leste, sudeste e sul do Brasil e, além disso, uma parte do Paraguai e da Argentina.
• É a segunda maior floresta em extensão do Brasil.

Florestas que compõem a Mata Atlântica

É considerado florestal qualquer grande área de terra coberta de árvores ou outra vegetação que produza madeira, onde as copas se tocam formando um “teto” verde. Em geral compostas por árvores e mesclando arbustos, gramíneas entre outras variáveis.

Floresta Ombrófila Densa

Floresta Ombrófila Mista

Floresta Ombrófila Aberta

Floresta Estacional Decidual

Floresta Estacional Semidecidual 

Ecossistemas Agregados

Mangues - é um ecossistema costeiro de transição entre os biomas terrestre e marinho. O termo aplica-se a zonas úmidas características de regiões tropicais e subtropicais.



Restingas - é um espaço geográfico formado sempre por depósitos arenosos paralelos à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha, podendo ter cobertura vegetal em mosaico.


Campos de Altitude - Em biogeografia, a designação campos de altitude lato sensu se refere a três tipos de vegetação de altitude da América do Sul: campos de altitude stricto sensu, campos rupestres e páramos.


E quanto resta deste Bioma no Brasil?

O bioma abrange área de cerca de 15% do total do território brasileiro, o que inclui 17 Estados, dos quais 14 são costeiros. Hoje, restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente e, desses remanescentes, 80% estão em áreas privadas.



O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985.

De acordo com a INPE, no último ano foram destruídos 11.399 hectares (ha), ou 113 Km², de áreas de Mata Atlântica acima de 3 hectares nos 17 estados do bioma. No ano anterior, o desmatamento tinha sido de 12.562 hectares (125 Km²).

A Mata Atlântica é um Hotspot brasileiro!



Mata Atlântica em Santa Catarina

Sua área de ocorrência são planícies e serras litorâneas do território estadual, em ambientes que a influência marítima marca com intensidade, com índice de umidade de maior elevação e amplitude térmica de menor elevação. É uma cobertura vegetal do tipo higrófila, latifoliada, perenifólia, densa e heterogênea.



Com uma extensão territorial de 95.985 km2, dos quais 85%, ou 81.587 km2, estavam originalmente cobertos pela Mata Atlântica, Santa Catarina situa-se hoje como o terceiro Estado brasileiro com maior área de remanescentes da Mata Atlântica, resguardando cerca de 1.662.000 hectares (16.620 Km2), ou 17,46% da área original. Registra-se que a área do Estado corresponde tão somente a 1,12% do território brasileiro.

Santa Catarina é um dos cinco estados brasileiros que mantêm índices considerados inaceitáveis de desmatamento, de acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Problemas Ambientais

Caça predatória e comércio ilegal:

O comércio ilegal ainda é uma atividade muito presente no Brasil. De acordo com a ONU, o comércio ilegal de espécies gera algo em torno de US$ 1,5 milhão. Biopiratas se passam muitas vezes por turistas ou cientistas, sendo muitas vezes guiados por índios nativos.

Queimadas e incêndios:

Os desmatamentos e as queimadas são comuns para que haja terreno para agricultura. Muitas vezes, acabam causando a extinção de espécies, reduzem a biodiversidade existente, provocam erosões e tiram nutrientes do solo. Além disso, as queimadas ainda prejudicam a atmosfera.

Desmatamento ilegal:

A exploração da madeira, quando controlada, contribui para a formação de empregos, porém a exploração ilegal ainda é muito presente, estando também relacionada com o tráfico de espécies animais da região.


Industrialização:

Quando o Brasil entrou no processo industrial, as árvores começaram a ser o recurso natural para o funcionamento das indústrias, como carvão vegetal e lenha. Com o progresso das indústrias, a eletricidade se tornou indispensável para o bom funcionamento das mesmas, assim foram construídas hidrelétricas em espaços que antes eram repletos de árvores, contribuindo para o desmatamento. Na região sudeste, 269 usinas foram construídas onde antes havia 17.130 km² de vegetação.

Pesca predatória e poluição dos rios:

Peixes como o Pacu, a Traíra e o Dourado são afetados pela pesca predatória, graças ao seu sabor, e da pesca esportiva descontrolada. Além disso, a poluição dos rios da Mata Atlântica, através de escoamento de esgotos e descarte de lixo em suas águas, vem afetando os peixes, os levando a morte. De acordo com a fundação SOS Mata Atlântica, mais de 20 toneladas de peixes foram retiradas dos rios em 2014.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Resíduos sólidos e líquidos: O caso do Brasil - Brusque


Trabalho realizado na disciplina de Geografia, supervisionado pelo professor Jonathan Kreutzfeld

Por: Taisi Gabrieli Dias, Julia da Silva de Oliveira, Leonardo Severo, Pedro Henrique Kruger, Raul Gomes Piccoli, Ruy Souza Bergler e Vinicius Deschamps. Organização: Taisi Gabrieli Dias

Coleta de Resíduos Sólidos

A princípio o sistema de coleta e transporte do lixo compreende-se a coleta e o transporte até a destinação ou disposição final. Dentre as formas de destinação estão a: reciclagem, compostagem, incineração, dentre outros. A disposição final compreende a forma de acondicionamento final dos rejeitos que pode ser realizado nos aterros sanitários, dentre outros. O Serviço de coleta de lixo normalmente é de responsabilidade do Estado, através de um órgão municipal, podendo criar uma empresa pública ou contratar uma empresa existente para prestar este serviço. Os Sistemas de Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos podem ser muito diversos dependendo da cidade onde são implementados, pela existência ou não de um planejamento urbano que inclui, por exemplo, um PGIRS( Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos).

A empresa recolhe os resíduos gerados e os destina para outro lugar. Nem sempre a destinação do lixo é feita de forma ambientalmente adequada, mesmo tendo que respeitar a regulamentação da região, podendo seguir para a reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final. A disposição final deve ser um aterro sanitário, mas em muitos países acaba também acontecendo em lixões a céu aberto.

A coleta de lixo urbano é realizada por veículos construídos especialmente para este fim, chamados de “caminhão do lixo”, os quais são comprados pelas empresas de coleta de lixo e possuem diferentes capacidades e funcionalidades.

O sistema de coleta pode ser classificado em:

      Sistema de coleta e transporte misto: Os resíduos são coletados nos locais onde são gerados, misturados dentro de um veículo e transportados até uma destinação. Esse tipo de sistema é normalmente encontrado em municípios e cidade sem planejamento urbano, com o setor de resíduos ainda desestruturado e sem uma legislação específica.

      Sistema de coleta seletiva: Os resíduos são coletados de forma separada de acordo com o tipo de resíduo. Neste caso, os próprios geradores de resíduos separam e armazenam os resíduos de forma que propicie a coleta seletiva. Esse tipo de sistema é comum em cidades e municípios que possuem planejamento urbano e política municipal de resíduos sólidos.

Segundo relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2016 mostrou que 3.326 municípios brasileiros destinam seus resíduos sólidos para locais impróprios, o que equivale a 59,7% dos municípios. O mesmo documento registra que 76,5 milhões de pessoas sofrem os impactos negativos causados pela destinação inadequada dos resíduos.

Em 2012, apenas no Brasil foram produzidas 64 milhões de toneladas de resíduos, dos quais 24 milhões de toneladas foram descartadas de forma inadequada. No mesmo ano, a estimativa era de que cada brasileiro gerasse, em média, 383 kg de lixo ao longo dos 365 dias. Em 20 anos, entre 1982 e 2012, em virtude do crescente consumismo, dobrou a quantidade de lixo gerado por pessoa, o que reforça a necessidade da coleta seletiva e a consequente reciclagem para a preservação do meio ambiente para possibilitar a sobrevivência das gerações futuras. 

Diariamente são descartadas 240 mil toneladas de lixo no Brasil (2018), das quais mais de 70% têm como destino aterros sanitários. A maior parte dos 30% de resíduos restante não é destinada de forma correta, sendo descartada em terrenos abertos e até mesmo córregos, rios e áreas florestais próximas de centros urbanos. O destino impróprio do lixo do Brasil acarreta em poluição ambiental, incluindo reservatórios de água, rios e áreas florestadas, proliferação de animais e insetos vetores de doenças, produção de gases nocivos, além de desperdício de materiais potencialmente reutilizáveis.

Coleta Seletiva

A coleta seletiva é uma alternativa que vem crescendo no mundo dadas as consequências da destinação incorreta do lixo. Trata-se de um sistema de recolhimento de materiais segregados previamente na fonte geradora, ou seja, no momento do descarte, possibilitando a destinação ambientalmente adequada a cada tipo de resíduo. Para a segregação de materiais na fonte, a Coleta Seletiva envolve a participação e conscientização da comunidade a respeito dos danos gerados pela poluição e pelo desperdício de recursos naturais, o que deve constituir processos de Educação Ambiental.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRR) prevê a extinção dos lixões e a redução do volume de lixo gerado, ampliando assim a reciclagem e coleta seletiva, contanto com a inclusão de catadores. Além disso, o material que não puder ser reaproveitado deverá ter como destino aterros sanitários preparados, apresentando uma manta impermeável que impede a contaminação do solo pelo chorume.

A reciclagem contribui com a preservação do meio ambiente, e os materiais recicláveis podem ser destinados por meio da coleta seletiva, que além de minimizar a produção e acúmulo de lixo, é responsável por empregar e incluir socialmente os catadores. Além disso, alguns estabelecimentos vêm apresentando alternativas como a logística reversa, que consiste no retorno de embalagens e produtos para o fabricante após o consumo, permitindo, assim, a continuidade do ciclo de vida desses materiais. Materiais orgânicos como restos de alimento também podem ser reaproveitados por usinas de compostagem, e posteriormente utilizados como fertilizantes pela agricultura.

Dessa forma, a separação dos resíduos sólidos urbanos domiciliares deve ser feita em três tipos:

Resíduos recicláveis, Resíduos Orgânicos (resto de alimento) e Rejeitos (sem viabilidade técnica e econômica para o reaproveitamento, como o lixo de banheiro)

É responsabilidade das prefeituras implantar a Coleta Seletiva de lixo reciclável nas residências, assim como de incentivar a organização e contratação de cooperativas de catadores de materiais recicláveis para a realização do processo.

Vantagens da Coleta Seletiva

      Economia de recursos naturais;
      Redução do consumo de energia e dos gastos com a limpeza urbana;
      Reciclagem de materiais que iriam para o lixo;
      Diminuição da poluição do solo, da água e do ar;
      Prolongação da vida útil dos aterros sanitários e das centrais de tratamento de resíduos;
      Oportunidade de fortalecer as organizações comunitárias;
      Geração de renda e emprego pela comercialização dos recicláveis.

Apesar dos benefícios, a Coleta Seletiva ainda é pouco desenvolvida no Brasil: em 2018, apenas 18% dos municípios brasileiros possuíam sistema de coleta seletiva. Isso ocorre, na maioria das vezes, pela falta de comprometimento das pessoas em separar seus resíduos.

A Coleta de Resíduos Sólidos em Brusque

Uma pesquisa sobre a coleta seletiva em Brusque foi realizada para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Engenharia Ambiental de Karoline Heil Soares,em 2015, e a maior parte dos dados apresentados foram retirados da pesquisa em questão.

O aterro sanitário de Brusque, que recebe os rejeitos da população de vários municípios da região, está adequado à legislação e a coleta seletiva já atende 100% do território desde 2014.  Falta, portanto, participação dos moradores e políticas públicas mais eficientes para o alcance de melhores resultados.

Por ser uma cidade considerada rica - está entre as maiores economias de Santa Catarina -, Brusque produz muito lixo. A média nacional é de cerca de 700 gramas por pessoa ao dia; no município, a quantidade registrada é de quase 800 gramas.

Embora o recolhimento e a destinação de resíduos sólidos tenham avançado nos últimos anos, com todos os bairros atendidos pelo serviço de coleta seletiva, de acordo com a Reciclagem Brusque, empresa que faz triagem do lixo do município, o volume coletado é de 2,3 mil toneladas ao mês, em coleta seletiva e convencional. A meta nacional de reciclagem é de 20%, baixa comparada a diversos municípios da Europa que, chegam a reciclar 99% dos materiais recicláveis. Porém, apenas 10% - 230 toneladas – do lixo brusquense é triado e reciclado, o que mostra a falta de colaboração da sociedade e faz com a cidade não evolua ambientalmente. O restante vai para o aterro.

O ato de separar o lixo seco do úmido é primordial para que a empresa de coleta seletiva possa dar o destino correto aos resíduos. O lixo passa por uma triagem, mas só com a participação maciça da população é que será possível alcançar níveis de países desenvolvidos.

Um levantamento amostral feito pela Engenheira Karoline mostrou que existe diferença entre o nível de informação das populações de cada bairro.

Por exemplo: enquanto nos bairros Ponta Russa e Thomaz Coelho 100% responderam que sabem o dia em que o caminhão da coleta passa, em Dom Joaquim e Azambuja apenas 7,1% souberam responder. Além disso, questionados se tinham conhecimento de qual é a empresa que faz a coleta em Brusque, somente 16,7% dos respondentes do bairro Poço Fundo sabiam, perante 100% do Guarani.

Conhecer a empresa que faz o serviço de recolhimento do lixo é importante para que os moradores possam reclamar e dar sugestões para o aprimoramento do sistema. A participação das pessoas na coleta seletiva também foi medida. Menos da metade dos brusquenses separa o lixo, mais precisamente 48,53%.

E na comparação entre bairros, novamente uma disparidade. No Steffen, 83,3% participam da coleta, já no Ponta Russa e no Cedro Alto, o percentual cai para 22,2%, de acordo com o estudo.

Para a bióloga Kelle, os diferentes níveis de conhecimento e de participação podem ser explicados de várias formas, mas a principal delas é o grau de escolaridade da população. Segundo ela, o envolvimento é maior nos bairros onde os moradores têm mais estudo.

Falta de interesse

A diretora de ensino, que atuou por anos no Grupo de Trabalho Ambiental Municipal (Gtam) como responsável pela educação ambiental na Secretaria de Educação, avalia que falta interesse da população. Brusque conta com um sistema porta a porta de coleta seletiva, o que não ocorre em todas as cidades. Entretanto, mesmo com toda a comodidade, a população não participa, o que acarreta em um programa dispendioso(que dá despesa), sem resultados e em problemas para o caminhão frequentar todas as vias, pois a quantidade de resíduos a ser coletada é baixa.


Vermelho: bairros com participação entre 0% e 25%
Laranja: bairros com participação entre 26% e 50%
Amarelo: bairros com participação entre 51% e 75%
Verde: bairro com participação entre 76% e 100%

O dever do poder público é informar adequadamente os cidadãos sobre a coleta seletiva, e a prefeitura tem feito palestras de educação ambiental em escolas, empresas e associações de moradores desde 2014, mas sem o sucesso desejado. A coleta seletiva foi implantada no município em 2012.

Além da educação nas escolas e da conscientização da população, o poder público deve dar exemplo, por isso a especialista afirma que a prefeitura dá uma impressão errada ao colocar lixeiras sem separação no Centro da cidade.

Embora Brusque tenha avançado no tratamento de resíduos sólidos, ainda é preciso melhorar para atingir a meta estabelecida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A cidade produz, mensalmente, 2,3 mil toneladas de lixo. Desse total, 90 toneladas são recolhidas pela coleta seletiva.

De acordo com o levantamento, que colheu dados amostrais de todos os bairros, do total de pessoas que separam o lixo, apenas 37,92% fazem a divisão de maneira correta.

Separado de forma correta, o lixo reciclado vira uma fonte de renda para as pessoas. Resíduos recicláveis depositados em aterros sanitários são matérias-primas desperdiçadas. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil perde anualmente R$ 8 bilhões ao enterrar resíduos que poderiam ser reciclados.

Cooperativa e catadores

Em 2012, antes do começo da coleta seletiva, a Prefeitura de Brusque aplicou 11 mil questionários aos alunos da rede municipal, para saber mais sobre o lixo na casa das famílias. O estudo mostrou que havia 232 catadores ou pessoas que separavam o reciclável em casa, e apenas 5 destes viviam exclusivamente da reciclagem. A prefeitura juntou 30 possíveis catadores e realizou reuniões com eles e com a Associação Empresarial de Brusque (Acibr) para decidir sobre a criação de uma cooperativa. A administração municipal daria o terreno e ajudaria na construção, mas, depois de analisar, chegou-se à conclusão de que não existia necessidade, já que não havia serviço o suficiente e os gastos seriam altos.

Recicle

A Recicle Catarinense de resíduos Ltda. iniciou suas atividades na cidade de Brusque, Santa Catarina, no ano de 1993, atuando na área de coleta de entulhos e sendo responsável pela coleta seletiva da cidade de Brusque e de outros 21 municípios catarinenses. Atualmente, possui um quadro de funcionários de aproximadamente 350 colaboradores diretos e seu foco está voltado para a área de saneamento básico, dando ênfase na coleta e destinação final de resíduos. A empresa tem em seu quadro uma grande quantidade de profissionais graduados e especializados e utiliza, para a execução dos serviços, inúmeros veículos, máquinas e equipamentos de última geração. Através da alta tecnologia aplicada, em cada fase do empreendimento, a RECICLE garante os excelentes resultados alcançados.

A coleta é realizada em dias alternados, em todas as ruas oficiais do município, por equipes de funcionários da RECICLE, devidamente treinadas, cada qual composta por dois coletores e um motorista.


Os resíduos devem ser acondicionados em sacos plásticos com capacidade máxima de 50 litros e depositados pelos usuários na via pública, em cestos elevados, evitando o contato com vetores transmissores de doenças.

Após recolher os resíduos, nas diversas ruas da cidade, a equipe da RECICLE encaminha-os para o ATERRO SANITÁRIO. Então, os resíduos são pesados e catalogados, pela sua origem, e encaminhados para a triagem, onde são analisados e separados, de acordo com a sua composição. Os materiais que podem retornar para a cadeia produtiva, através da reciclagem, são encaminhados às diversas empresas de transformação, para a sua reutilização. Os rejeitos são enviados para a frente de trabalho, do Aterro Sanitário, onde são depositados e compactados, para só então serem aterrados.

Aterro Sanitário

O aterro de Brusque é gerenciado por uma empresa chamada Recicle de propriedade particular.  É uma obra de engenharia destinada à disposição de resíduos, que atende a todas as normas técnicas e às exigências da legislação ambiental do país.

 O aterro recebe cerca de 550 toneladas por dia de resíduos advindos de 22 municípios próximos. Blumenau é o maior deles. Durante o período de 1973 a 2003, os resíduos domiciliares de Blumenau eram depositados em um aterro controlado. Em 2003 o aterro foi desativado e os resíduos passaram a ser encaminhados ao aterro sanitário de Brusque. Hoje, é feita apenas a manutenção dos poluentes advindos do antigo aterro controlado, mas sua contaminação ainda afeta a atmosfera e os lençóis freáticos.

 Com cada município o aterro firmou um contrato específico, nos quais podem constar todos ou apenas alguns dos serviços oferecidos pelo aterro, como coleta, transporte, destinação final etc.

Ao chegarem ao aterro, os resíduos são pesados, pois o valor do contrato é cobrado pelo peso. Uma pequena parte desse resíduo, que chega bruto, é encaminhada para uma segregação de itens recicláveis terceirizada, localizada também no aterro. O restante dos resíduos é compactado e depositado nas células do aterro sanitário. As células não apresentam um tamanho padrão, podendo variar de 4 a 40 metros.

Os produtos resultantes do processo de aterramento dos resíduos são gás metano e chorume. Para evitar a contaminação da atmosfera pelo metano, é colocado fogo na saída dos gasodutos, transformando o metano em gás carbônico, que é 21 vezes menos prejudicial ao planeta do que o metano. No tratamento do chorume são utilizadas duas lagoas, uma anaeróbia, onde o chorume é mantido sem agitação para que as bactérias anaeróbias (que não precisam de oxigênio) degradem a matéria orgânica, e outra aerada, para que a degradação ocorra também pelas bactérias dependentes de oxigênio.

A Recicle faz ainda a sanitização (higienização e eliminação de agentes causadores de infecções e alergias) dos resíduos de saúde que chegam de hospitais e ambulatórios. Este procedimento é feito através de uma autoclave a 150°C, onde os resíduos permanecem por 25 minutos, são retirados e destinados para serem prensados nas valas sépticas, área específica para os resíduos infectocontagiosos.

Tratamento de esgoto

O tratamento de esgoto é uma medida de saneamento básico tendo como objetivo acelerar o processo de purificação da água antes de ser devolvida ao meio ambiente ou reutilizada. A origem dessa água poluída se dá através da rede de esgoto proveniente de residências, comércios e indústrias.

Outros métodos mais ecológicos e baratos de tratamento de esgoto são recomendados a cidades menores, como o processo de despoluição por plantas que substituem a energia elétrica e vários produtos químicos; e a fossa séptica, aplicada principalmente em zonas rurais, que mesmo sendo de construção individual é vantajosa por não necessitar de rede de captação de esgoto e pelo o custo baixo.

Cerca de 100 milhões de brasileiros não possuem coleta e tratamento de esgoto, resultando na contaminação do solo. Somente 10% do esgoto brasileiro coletado é tratado, o resto é descartados nos afluentes, acarretando em doenças como a cólera, leptospirose, hepatites, diarreia e esquistossomose.

Mais da metade das cidades (54) tem menos de 60% do esgoto tratado. Apenas seis relataram tratar todo o esgoto. Em Governador Valadares (MG), Nova Iguaçu (RJ) e São João do Meriti (RJ), não há nenhum tipo de tratamento.

Quanto à coleta de esgoto, 51,9% da população tinha acesso ao serviço em 2016. Já 48,1%, ou mais de 100 milhões de pessoas, utilizavam medidas alternativas para lidar com os dejetos – seja através de uma fossa, seja jogando o esgoto diretamente em rios. Em 2011, o percentual de atendimento era de 48,1% — um avanço de 3,8 pontos percentuais. Apenas 44,9% do esgoto gerado no país era tratado em 2016. Em 2011, o índice era de 37,5% — uma evolução de 7,4 pontos percentuais.

Atualmente, o esgoto gerado por 45% de toda a população brasileira não recebe qualquer tipo de tratamento, aumentando os riscos de poluição e contaminação de rios, lagos e outros mananciais onde os rejeitos são lançados.

Diariamente, 5,5 mil toneladas de esgoto não tratado chegam principalmente aos rios, mas também vão parar em reservatórios de água, mananciais e lagos do país.

Os dados estão em estudo inédito sobre o saneamento básico no país produzido pela Agência Nacional de Águas (ANA), autarquia federal responsável pela gestão dos recursos hídricos brasileiros. A agência reguladora pesquisou a situação dos serviços de esgotamento sanitário em todos os 5.570 municípios brasileiros.

O levantamento aponta que 43% da população brasileira urbana são atendidos por sistema coletivo (rede coletora e estação de tratamento de esgotos); 12%, por solução individual (fossa séptica); 18% se enquadram na situação em que os esgotos são coletados, mas não são tratados; e 27% são desprovidos de atendimento, ou seja, não há coleta nem tratamento de esgoto. Somando a parcela dos cidadãos que não têm esgoto tratado e os que não têm coleta, são 45% da população, ou 93,6 milhões.

A resolução nacional que estabeleceu condições e padrões de lançamento do esgoto na natureza determina que o tratamento dos resíduos deve remover 60% da carga orgânica antes do lançamento direto na água limpa. Entretanto, a maioria das cidades brasileiras (4.801 cidades, totalizando 129,5 milhões de habitantes) apresenta níveis de remoção de esgoto inferiores ao percentual definido pelo governo.

No outro extremo, apenas 769 cidades (14% do total) têm índices de remoção de esgoto superiores a 60%, sendo que a Região Sudeste concentra a grande maioria dessas cidades. Tudo que não é tratado adequadamente vai para as águas do Brasil, principalmente para os rios.

O levantamento da Agência Nacional de Águas aponta que 70% dos 5.570 municípios têm tratamento de esgoto com, no máximo, 30% de eficiência. O restante dos dejetos que não é tratado vai para os rios. E apenas 31 dos cem municípios mais populosos têm remoção de esgoto acima de 60%. Os estados de São Paulo e Paraná, além do Distrito Federal, tratam adequadamente mais da metade de todo o esgoto gerado por sua população.

Em todo o país, são geradas cerca de 9,1 mil toneladas de esgoto por dia. Os 106 municípios com população acima de 250 mil habitantes são responsáveis por 48% do total. Aliado ao déficit na coleta e no cuidado do esgoto, somente um terço das estações de tratamento identificadas usam processos com remoção de material orgânico superior a 80%, concentradas na Região Sudeste.

57% da população brasileira estão em municípios em que os rios não têm vazão suficiente para a diluição da carga orgânica sem recorrer a processos de tratamento mais eficientes ou comprometer a qualidade de água.

Após avaliar todo o passivo brasileiro na área de saneamento, foi possível aos pesquisadores da ANA chegarem ao investimento necessário para universalizar a coleta e o tratamento do esgoto no Brasil até 2035: R$ 150 bilhões. Esse número foi detalhado para cada cidade do país, levando em consideração uma série de aspectos.

Esgoto de Brusque

Brusque se destaca em vários índices econômicos e sociais, entretanto, na questão do esgoto sempre está entre as últimas colocadas. A prefeitura tem um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público desde 2011, se comprometendo a fazer a rede de esgoto, mas isso ainda não foi realizado.

A história do município com o esgoto sanitário é longa e envolta em uma série de polêmicas, já que o projeto do esgoto em Brusque iniciou nos anos 1990 e até agora não há um metro de esgoto tratado no município. Nessa época, a SEJEM, atualmente Rio Vivo, foi contratada pelo município, e começou a instalar na área central de Brusque uma rede de tubulações de cerâmica (tubos de concreto utilizados na captação e transporte de esgotos sanitários, industriais e pluviais-manilhas) para tratar o esgoto, que nunca foi utilizada.

Atualmente a prefeitura possui um planejamento de saneamento apenas de resíduos sólidos, o qual é terceirizado pela empresa Recicle. Ela coordena toda a questão de resíduos, cuja é embutida na tarifa da prefeitura juntamente com a da água para pagar seus serviços.

O SAMAE fez um projeto de saneamento, um diagnóstico de qual a necessidade do município pela topografia que é toda irregular. Ele verificou que seria mais fácil de implantar o projeto por etapas, e chegou a fazer o planejamento da primeira, que não se concretizou.

Agora, a Prefeitura está montando uma comissão para reestudar a questão do saneamento, do tratamento do esgoto. Novamente se contratará uma empresa para estudar a melhor forma de implantar o sistema de esgoto, que seja economicamente viável para o município. A comissão é formada por: DGI, que só trabalha com obras conveniadas, o que significa que a prefeitura terá que buscar recursos para isso; SAMAE, que têm o conhecimento técnico de como fazer o tratamento; FUNDEMA, órgão ambiental que pode estar dando o monitoramento para a população; IBEPLAN com análise na legislação do município, não é um órgão específico para isso; Secretária de Obras que coordena a drenagem das águas das chuvas do município.

Em 2018 uma audiência pública na Câmara dos Vereadores foi feita para apresentar toda a problemática.

Deve ser verificado qual é a melhor metodologia para o município: uma estação de tratamento ou, uma em cada região, levando em consideração os custos. O projeto recusado de 2015 não teve andamento devido aos elevados custos, seria implantada uma estação nos bairros centrais, e outras nos mais afastados, o orçamento de apenas uma chegou a 54 milhões de reais. O funcionamento delas já foi todo elaborado, o esgoto seria tratado através de bombas de ventilação e aeração. O grande problema em ter uma estação de tratamento é trazer o esgoto até ela, para isso se leva como alternativa colocar pressão nos canos para transportá-lo. A obra também geraria grandes transtornos, tendo em vista que as ruas teriam que ser interditadas para a instalação do sistema de tubulação. O prazo de execução dependerá do organismo financiador, estimando-se um período de 36 meses para a sua execução.

No mês de Dezembro do ano passado o prefeito em exercício de Brusque, Ari Vequi, anunciou o lançamento do edital para Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) para empresas que se interessam em iniciar a execução do tratamento de esgoto sanitário no município.

“Já foram mais de R$ 2 milhões gastos pelo Samae para projetos que não serviram para nada. É um projeto a longo prazo, para que quem sabe, daqui a 30 anos, Brusque tenha todas as suas regiões com esgoto tratado. Já era para ter iniciado, mas por briga política ainda não temos”- Vice-prefeito Ari Vequi.

Como o índice de cobertura de serviços coletivos relacionados ao esgotamento sanitário é nulo, as soluções existentes se restringem a soluções individuais. No município de Brusque, a grande maioria das residências utilizam fossas sépticas. As fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico nas quais são feitas a separação e a transformação físico-química da matéria sólida contida no esgoto. É uma maneira simples e barata de disposição dos esgotos indicada, sobretudo, para a zona rural ou residências isoladas. Todavia, o tratamento não é completo como numa estação de tratamento de esgotos.

O esgoto in natura deve ser lançado em um tanque ou em uma fossa para que com o menor fluxo da água, a parte sólida possa se depositar, liberando a parte líquida. Uma vez feito isso bactérias anaeróbias agem sobre a parte sólida do esgoto decompondo-o. Esta decomposição é importante, pois torna o esgoto residual com menor quantidade de matéria orgânica, pois a fossa remove cerca de 40 % da demanda biológica de oxigênio e o mesmo agora pode ser lançado de volta à natureza, com menor prejuízo à mesma.

Devido à possibilidade da presença de organismos patogênicos, a parte sólida deve ser retirada, através de um caminhão limpa-fossas e transportada para um aterro sanitário nas zonas urbanas e enterrada nas zonas rurais.

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