segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Coronavírus: Informações e Comparativos

O que é?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (SARS-CoV-2), agora renomeado como Covid-19, foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.

Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

No entanto, análises atuais dos cientistas revelaram que mais de 80% do material genético do novo vírus coincide com o do SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) - um outro tipo de coronavírus descoberto na China, que causou um surto e contaminou 8,1 mil pessoas em 2003.


Números atualizados na China

O número de mortos na China por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, chegou a 1.770 neste domingo dia 16 de fevereiro de 2020, informaram autoridades de saúde locais. O total de casos confirmados ficou em 70.548, aumento de 2.048 em um dia. A região mais afetada é a do entorno da cidade de Wuhan que é a capital de Hubei com mais de 10 milhões de pessoas só na cidade e dezenas de milhões no seu entorno. A região apesar de não ser costeira é essencial na economia chinesa, é por perto que se encontra a mais potente hidroelétrica do mundo que fica no rio Yang Tsé que é uma das principais hidrovias do planeta.
 
Site que atualiza e os casos do Coronavírus

https://www.chinahighlights.com/wuhan/map.htm
Fora da China

Autoridades do mundo todo estão lutando para repatriar os seus cidadãos que estão em áreas muito atingidas pela epidemia e com muito cuidado levando os mesmos de volta. Em seus países fazem quarentena e são constantemente monitorados.

Uma das piores situações no momento, apesar de ainda não ter registrado mortes, é a do navio de cruzeiro Diamond Princess que está em quarentena no litoral do Japão. Autoridades japonesas já confirmam mais de 450 pessoas infectadas a bordo do navio.

Por enquanto 5 mortes foram relatadas fora da China: Em Hong Kong, Taiwan, Filipinas, Japão e França tivemos uma vítima em cada país. Todas estão ou estiveram na Ásia recentemente.

Gastos

Em pouco mais de um mês, ainda que a epidemia esteja com um índice de letalidade bem abaixo de epidemias anteriores, o coronavírus já é a epidemia com maiores gastos financeiros dos últimos 20 anos. Na China, o gasto com o coronavírus já supera os 60 bilhões de dólares. Só pra se ter uma ideia, o ebola que matou mais de 11 mil pessoas na África teve um custo total estimado em 50 bilhões de dólares, valor, portanto inferior ao primeiro mês do coronavírus.



Epidemias do século XXI

Veja abaixo quais foram as grandes epidemias e pandemias ocorridas nos últimos 100 anos.

Ebola na África Ocidental (2013-2016)

Saldo: 11.300 mortos

Identificado pela primeira vez em 1976, esse vírus desencadeou, entre o final de 2013 e 2016, uma epidemia de febre hemorrágica na Guiné, Serra Leoa e Libéria. Menos contagioso que outras doenças virais, o Ebola é assustador devido à sua altíssima taxa de letalidade (cerca de 40%).

O vírus reapareceu em agosto de 2018, no leste da República Democrática do Congo, onde causou mais de 2.200 mortes.

Gripe A (H1N1) (2009-2010)

Saldo: 18.500 mortos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas a revista médica Lancet estima o número de mortes entre 151.700 e 575.400.

Surgido no México em março de 2009, foi inicialmente chamado de gripe "suína" pela OMS. O alerta de pandemia foi feito em 11 de junho de 2009, mas esse vírus A (H1N1) acabou sendo menos mortal do que o esperado.

Campanhas de vacinação em massa foram urgentemente organizadas. Mais tarde, a OMS e os países ocidentais, sobretudo os europeus, foram criticados por realizar uma mobilização superdimensionada. No entanto, a gripe sazonal causa entre 250.000 e 500.000 mortes todo ano.

Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) (2002-2003)

Saldo: 774 mortos

A Sars surgiu no sul da China no fim de 2002, e foi transmitida pelo morcego ao homem por meio da civeta, um mamífero selvagem vendido vivo nos mercados chineses. É muito contagioso, causando pneumonia aguda e às vezes fatal.

Desde a primavera de 2003, causou pânico na Ásia. A Sars afetou cerca de 30 países, mas com um saldo muito limitado. China continental e Hong Kong concentraram 80% das vítimas e tinham uma taxa de mortalidade de 9,5%

Gripe aviária (2003-2004)

Saldo: 400 mortos

Causando pânico global, a gripe aviária devastou as fazendas de frango de Hong Kong antes de ser transmitida aos seres humanos, deixando cerca de 1,5 milhão de aves mortas. A OMS decretou "uma emergência global de saúde pública", mas o número de vítimas humanas acabou sendo menor do que o das outras doenças.

Pandemias do século XX

Aids (1981-hoje)

Saldo: 32 milhões de mortos, segundo o UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o vírus HIV).

Em 2018, cerca de 770.000 pessoas morreram de doenças relacionadas ao HIV, que afetam o sistema imunológico e tornam os pacientes vulneráveis a infecções oportunistas.

Hoje, porém, 24,5 milhões de pessoas têm acesso a tratamentos anti-retrovirais, que, quando tomados regularmente, estacionam a evolução da doença e reduzem os riscos de contaminação.

Gripe de Hong Kong (1968-1970)

Saldo: um milhão de mortos segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos.

Ele percorreu o mundo entre 1968 e 1970, matando muitas crianças. Vindo de Hong Kong, o vírus atravessou a Ásia e depois, no fim de 1968, chegou aos Estados Unidos. Depois de alguns meses, o vírus invadiu a Europa no final de 1969.

Para os epidemiologistas, essa gripe entrou na história como a primeira pandemia da era moderna, tendo sua propagação facilitada por transportes aéreos rápidos.

Gripe asiática (1957-1958)

Saldo: 1,1 milhão de mortos, de acordo com o CDC.

Essa pandemia teve duas ondas virulentas. O vírus apareceu primeiro em uma província do sul da China, em fevereiro de 1957. Demorou vários meses para chegar aos Estados Unidos e à Europa. Os idosos foram as primeiras vítimas desta doença, com grandes complicações pulmonares.

Gripe espanhola (1918-1919)

Saldo: até 50 milhões de mortos, segundo o CDC.

Até agora, a chamada gripe "espanhola", que aconteceu entre setembro de 1918 e abril de 1919, é a pandemia que mais matou em menos tempo.

Ele matou cinco vezes mais do que as lutas da Primeira Guerra Mundial. O vírus causou suas primeiras vítimas documentadas nos Estados Unidos, depois se espalhou pela Europa e afetou o mundo inteiro. A taxa de mortalidade foi calculada em 2,5%.

Considerações finais

O coronavírus continua se espalhando e notícias desta epidemia ainda vão preencher grande parte de nossos noticiários ao longo de 2020.
Sob o ponto de vista geográfico e econômico devemos esperar uma crise considerável na economia chinesa, que certamente sentirá forte redução de consumo das famílias em função da drástica redução de circulação das pessoas pelo país assim como sua menor atuação no mercado internacional. O presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Jerry Rice, em entrevista publicada pela Nasdaq, afirmou que apesar de a China ter “espaço fiscal” para contornar os efeitos da crise, alguns impactos das doenças já podem ser sentidos.

No entanto, tanto o problema de saúde quanto o econômico devem afetar também muito fortemente países com amplo relacionamento com a economia chinesa, o Brasil por exemplo deve sentir mais o peso econômico do que possivelmente o peso da doença em si.

Esperamos que tudo volte ao normal o quanto antes.

Jonathan Kreutzfeld

Fonte:






terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Desastres Urbanos: O fracasso do planejamento em grandes cidades


Para falar sobre os atuais desastres ambientais ocorridos em grandes cidades brasileiras vou focar a explicação dos problemas na consolidação da urbanização de Belo Horizonte. A cidade mineira vem sofrendo proporcionalmente, ou até mais, que São Paulo e Rio de Janeiro. Sem desmerecer os problemas gigantescos que as duas maiores cidades do Brasil vem sofrendo, é preciso considerar que no caso de Belo Horizonte, a cidade foi planejada do zero, coisa que as outras duas não foram, nem tiveram a oportunidade de ser. Os problemas de São Paulo e Rio de Janeiro são muito mais em função de conviver com crescimento acelerado de população paralelamente com a ampliação da cidade. Ou seja, como na maior parte das cidades brasileiras em que a estruturação é desordenada, remendando daqui e dali e dificilmente começando algo do zero. Além é claro, da falta de investimento e aplicação adequada de modelos.

Belo Horizonte


Fundada em 12 de dezembro de 1897 (122 anos), a cidade de Belo Horizonte é fruto da planta feita por Aarão Reis (1853-1936) documentada em 1895. Este, por sua vez, era um engenheiro e urbanista bastante moderno e competente para a época. A ideia era trazer a sede administrativa de Ouro Preto pra lá e então, ele planejou a cidade para esta função. Tudo o que viria depois, como a industrialização na década de 1930, já não fazia parte dos planos. Aarão Reis e quem mais planejou a cidade nos últimos 90 anos, incluindo aí o engenheiro sanitarista Saturnino de Brito (1864-1929), acabaram por falhar nas demandas que surgiram.

Mudanças climáticas, alguns pressupostos ruins de drenagem canalizada tomaram conta das cidades e o crescimento populacional descontrolado se somaram aos demais problemas, atingindo especialmente a cidade de BH.

A canalização do Ribeirão Arrudas é o melhor de todos os exemplos disponíveis no Brasil sobre o que não fazer em uma cidade. E o mais bizarro é que provavelmente todos os leitores deste texto que vivem em cidades com cerca de 100 mil habitantes em diante, nem sonham que vivem a mesmíssima situação em dimensões distintas.

As canalizações de cursos de água

A canalização de córregos na capital mineira, inclusive, não é um fenômeno recente. Apesar da maior ênfase que tema ganhou a partir de 2007, quando a cobertura do Arrudas foi iniciada, já na década de 1920 os trabalhos de cobertura dos rios era realizado.

Na obra “Rios Invisíveis da Metrópole Mineira” do Geógrafo Alessandro Borsagli, o autor remonta à época da construção da capital e demonstra, cronologicamente, como os leitos foram sendo cobertos à medida que o tempo passava.

“O primeiro foi o córrego da Serra, mas a maioria dos leitos foi tapada mesmo entre os anos de 1963 e 1978, uma época em que a capital mineira era considerada a que mais crescia no país”.

Entre os cursos d’água estão os córregos Leitão (na Avenida Prudente de Morais), Serra (que desce do bairro de mesmo nome até o Funcionários) e Acaba Mundo (na Rua Uruguai), todos na região Centro-Sul e integrantes da bacia do ribeirão Arrudas. “Nossas águas foram marginalizadas, escondidas, e deram lugar a avenidas que viraram receptoras de esgoto”, critica o pesquisador.

De fato, dados da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), dos 654 km de rios que cortam Belo Horizonte, 208 km são invisíveis para quem anda pela cidade e a maioria está tapada por concreto, recebendo ruas e avenidas. Para Borsagli, as justificativas dadas pelo poder público, como a redução da poluição, de enchentes e melhorias no trânsito, não leva em conta o tamanho do problema que resulta da atividade.

O impacto dessas canalizações não somente afeta a paisagem da cidade, mas também altera o modo de vida das grandes metrópoles, segundo o Geógrafo. “A cidade perdeu o respeito pelos elementos naturais. O ser humano acha que tem capacidade de controlar a natureza, mas não tem. (A canalização) afeta o clima. Com o aumento da malha asfáltica, a cidade esquentou”.

Veja abaixo uma sequência de fotos sobre a canalização de cursos de água de Belo Horizonte.

Ribeirão Arrudas: anos 1900
Ribeirão Arrudas: década de 1920


Ribeirão Arrudas: década de 2010
Ribeirão Arrudas: janeiro de 2020
Rios invisíveis

Ainda segundo a Sudecap, a capital possui quatro grandes bacias (Arrudas, Isidoro, Onça e Velhas), 98 bacias elementares e 256 sub-bacias. Dos 654 km de rios, 165 km (25%) deram lugar a avenidas sanitárias.

Para o pesquisador, a população em geral aprova a canalização de rios devido à propaganda do poder público desde a década de 1950. “Anos depois da cobertura do primeiro rio, uma enchente arrasou a capital, em 1929, e isso provou que aquilo não resolvia a questão das enchentes”, diz. Para ele, achar que canalizar os leitos d’água vai trazer benefícios viários e de saneamento é um equívoco.

Cursos d’água são tema de estudo

Outro importante estudo foi realizado por uma equipe de pesquisadores coordenada pelo arquiteto espanhol Antonio Hoyuela Jayo. Nele, o grupo reconta a história da construção de Belo Horizonte no fim do século XIX, por meio dos mapas cartográficos desenvolvidos na época.

Foi a partir da cidade pensada naquele período por Saturnino de Brito - que contemplava outra ideia para os rios que correm embaixo das ruas da capital mineira - que Jayo criou o projeto Utopia. A ação desenhou uma “nova BH” a partir da modernização dos mapas cartográficos.

A ideia foi valorizar os cursos d’água da cidade invés de escondê-los e estabelecer parâmetros de planejamento que, se tivessem sido seguidos ainda na virada do século XIX para o XX, fariam com que a capital tivesse mais áreas verdes, respeitando o traçado original dos rios.

O projeto Utopia também faz parte de uma ação maior, chamada de Mapa Histórico Digital da Cidade de Belo Horizonte. A meta seria aprofundar os conhecimentos sobre os trabalhos da Comissão Construtora da Nova Capital, presidida pelo engenheiro Aarão Reis, analisando e digitalizando os principais mapas das plantas do Curral del Rey, como era conhecida a localidade onde se instalou BH.

Considerações Finais

A urbanização brasileira, historicamente, tem como pressupostos norteadores projetos arquitetônicos que em muitos casos são muito bem aplicados em países desenvolvidos e que por sua vez não correspondem às necessidades de um país tropical como o nosso. Brasileiros sempre adoraram seguir os europeus e estadunidenses, por exemplo. Mas, em 2020, podemos dizer que já tivemos mostras mais que suficientes do quão fundamental é o investimento em pesquisa para o planejamento urbano brasileiro, com cientistas brasileiros. Um engenheiro japonês até pode ser bem sucedido atuando, por exemplo, na construção de prédios aqui no Brasil, mas se ele não tiver apoio de quem entende bem do nosso clima, solo, geologia... dificilmente será bem sucedido.

O agravante é que nossos governantes comprovadamente estão utilizando muito menos verba para mitigação e prevenção de desastres do que deveriam. Políticas de austeridade que contingenciam ou economizam em questões nunca consideradas prioritárias, como as socioambientais. Esperamos que não sejam necessários novos desastres e dezenas de mortes para que as mudanças, tão detectáveis e necessárias.

Jonathan Kreutzfeld

Fonte:

BORSAGLI, Alessandro. Rios Invisíveis da Metrópole Mineira. Belo Horizonte. 2018







Desastres Urbanos: Classificação Técnica



Diante dos atuais e desastrosos eventos ambientais urbanos que o Brasil vem enfrentando, vou fazer duas postagens sobre o assunto. A primeira que segue, é técnica, referente a classificação de alguns eventos que estamos observando. Para esta finalidade vou colocar por aqui um subcapítulo de minha dissertação de mestrado que teve revisão de literatura que abordava diretamente esses problemas em uma bacia hidrográfica específica da minha cidade. A próxima postagem abordará especificamente o problema atual enfrentado principalmente pela região sudeste do Brasil.

Jonathan Kreutzfeld

CLASSIFICAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS E DESASTRES

Diversos eventos hidrológicos já atingiram e tem atingido a bacia hidrográfica em análise. De acordo com Castro (2003), evento pode ser definido como “Acontecimento. Em análise de risco, ocorrência externa ou interna ao sistema, envolvendo fenômeno da natureza, ato humano ou desempenho do equipamento, que causa distúrbio ao sistema.”. Ainda de acordo com Castro (2003) o evento adverso por sua vez se define por “Ocorrência desfavorável, prejudicial, imprópria. Acontecimento que traz prejuízo, infortúnio. Fenômeno causador de um desastre”. E o evento catastrófico como “Evento de difícil ocorrência; todavia, quando ocorre, gera sérias consequências”. Ainda também são constatados eventos críticos que são eventos definidos como os que dão início a cadeia de incidentes, a menos que um sistema de segurança interfira para minimizá-lo. 

O desastre é definido como resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema (vulnerável), causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais (Castro, 1998) apud Kobiyama, (2006:07).

Ainda de acordo com Castro (1998) apud Kobiyama (2006), os desastres podem ser classificados quanto à intensidade, a evolução, a origem e a duração.

Intensidade

Este pode ser subdividido em quatro níveis de magnitude, conforme mostra o quadro 1:

Quadro 1 – Classificação dos desastres em relação à intensidade

Nível
Intensidade
Situação


I
Desastre de pequeno porte, onde os impactos causados são pouco importantes e os prejuízos pouco vultuosos.
(Prejuízo ≤ 5% do PIB municipal)
Facilmente superável com os recursos do município.


II
De média intensidade, onde os impactos são de alguma importância e os prejuízos são significativos, embora não sejam vultosos.
(5% < Prejuízo ≤ 10% do PIB)
Superável pelo município, desde que envolva uma mobilização e aministração especial.


III
De grande intensidade, com danos importantes e prejuízos vultosos.
(10% < Prejuízo ≤ 30% do PIB)
A situação de normalidade pode ser restabelecida com recursos locais, desde que complementados com recursos estaduais e federais.
(Situação de Emergência)

IV
Com impactos muito significativos e prejuízos muito vultosos.
(Prejuízo > 30% do PIB)
Não é superável pelo município, sem que receba ajuda externa. Eventualmente necessita de ajuda internacional.
(Estado de Calamidade Pública)
Adaptado de Castro (2003).

Evolução

Segundo Castro (1999), há três tipos de desastres relacionados à evolução. Os desastres súbitos, que são os que se caracterizam pela rápida velocidade com que o processo evolui. Ao contrário do anterior, os graduais, caracterizam-se por evoluírem em etapas de agravamento progressivo, como as inundações graduais e as secas. O outro tipo é a soma de efeitos parciais, que se caracteriza pela ocorrência de numerosos acidentes semelhantes, cujos impactos, quando somados, definem um desastre de grande proporção.

Origem

Este critério também se caracteriza por três tipos (Castro, 1999), os naturais, que são aqueles provocados por fenômenos naturais extremos, que independem da ação humana, os humanos, que são aqueles causados pela ação ou omissão humana, como os acidentes de trânsito e a contaminação de rios por produtos químicos e, os desastres mistos associados às ações ou omissões humanas, que contribuem para intensificar, complicar ou agravar os desastres naturais. Castro ressalta que é muito difícil que algum desastre seja classificado como natural, uma vez que normalmente seria possível prever o mesmo.

Alguns outros agravantes são verificados em desastres nas bacias hidrográficas, tais como a retirada da mata ciliar, erosão e assoreamento dos rios, que amplia a incidência de inundações e a impermeabilização do solo, favorecendo o aumento da incidência de inundações bruscas ou enxurradas (Kobiyama, 2006:12).

Santos (1979:57) diz que a realidade dos mais variados ambientes urbanos brasileiros é representativa de um estágio histórico dos movimentos de mudanças sociais e ecológicas combinadas, que discutem e modificam permanentemente o espaço em questão. De acordo com Cunha & Guerra:

A urbanização e a emergência dos problemas ambientais urbanos obrigam os estudiosos dos impactos ambientais a considerar os pesos variados da localização, distância, topografia, características geológicas, morfológicas, distribuição da terra, crescimento populacional, estruturação social do espaço urbano e processo de seletividade suburbana ou segregação espacial (Cunha & Guerra, 2009:27).

Assim sendo, o estudo dos impactos ambientais urbanos possui inúmeras variáveis que devem ser levadas em conta na análise ambiental, em especial, a estruturação social e a segregação espacial na ocupação da terra urbana, bem como as características naturais da área estudada.

ENCHENTES E ENXURRADAS

De acordo com Tucci (1993), enchente é quando um curso de água recebe mais água proveniente de precipitação do que sua capacidade de drenagem, inundando áreas ribeirinhas ou o leito maior de seu curso, as planícies de inundação (Figura 2). O leito menor é aquele que está ocupado permanente pelas águas do rio, também chamado de canal principal. Já Castro (1999) define enchente como o evento em que as águas elevam-se de forma paulatina e previsível, mantém em situação de cheia durante algum tempo e, a seguir, escoam-se gradualmente. Normalmente, as inundações graduais ou enchentes são cíclicas e nitidamente sazonais. Em média esses eventos ocorrem com tempo de retorno[1] na ordem de dois anos.

Figura - Caracterização dos leitos de escoamento de um rio. À esquerda, uma visão em planta de um trecho de um rio, e à direita, o perfil transversal da seção A-A’.


Fonte: Tucci (1997:05)

De acordo com Tucci (1997), as enchentes em áreas urbanas são relacionadas a dois processos, que ocorrem isoladamente ou de forma integrada, a urbanização e as enchentes naturais. As enchentes naturais atingem áreas ribeirinhas, ou seja, atingem a população que ocupa o leito maior dos rios.

É importante ressaltar que Tucci (1993); Kobiyama (2006); Guerra & Marçal (2006); Cunha & Guerra (2009) e Guerra (2011) utilizam os termos inundação, cheias e enchentes recorrentemente, assim é importante ressaltar qual será a definição abordada nesta pesquisa.

O Ministério das Cidades, também utiliza uma definição específica onde as enchentes ou cheias são definidas pela “elevação do nível d’água no canal de drenagem devido ao aumento da vazão, atingindo a cota máxima do canal, porém, sem extravasar (Ministério das Cidades, 2007:90)”. Assim o conceito de inundação se refere ao “processo de extravasamento das águas do canal de drenagem para as áreas marginais (planície de inundação, várzea ou leito maior do rio) quando a enchente atinge a cota acima do nível máximo da calha principal do rio (Ministério das Cidades, 2007:91)”. Enxurrada define-se como o “escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte” (Ministério das Cidades, 2007:94).
Esta dificuldade referente aos conceitos que envolvem os eventos hidrológicos é ressaltada por Kobiyama que diz:

O fato é que até hoje diversas vezes as inundações graduais vêm sendo registradas como inundações bruscas e vice versa. Isto nem sempre é devido à falta de conhecimento, mas sim devido à dificuldade de identificação do fenômeno em campo e à ambigüidade das definições existentes (2006:47).

O quadros 2 e 3 apresentam a descrição dos eventos hidrológicos onde se pode perceber às diversas formas de conceituar os fenômenos entre diversos autores.

Quadro 2 – Diversas definições de inundação gradual *
Termo
Autor
Definição


Flood


NFIP (2005)
Uma condição geral ou temporária, de parcial ou completa inundação, de dois ou mais acres de uma terra normalmente seca, ou duas ou mais propriedades, proveniente da inundação de águas continentais ou oceânicas.


Flood


NWS/NOAA (2005)
A inundação de uma área normalmente seca causada pelo aumento do nível das águas em um curso d’água estabelecido como um rio, um córrego, ou um canal de drenagem ou um dique, perto ou no local onde as chuvas precipitaram.

Inundações Graduais ou Enchentes


CASTRO (1999)
As águas elevam-se de forma paulatina e previsível, mantém em situação de cheia durante algum tempo e, a seguir, escoam-se gradualmente. Normalmente, as inundações graduais são cíclicas e nitidamente sazonais.


Inundações Ribeirinhas



TUCCI E BERTONI (2003)
Quando a precipitação é intensa e o solo não tem capacidade de infiltrar, grande parte do volume escoa para o sistema de drenagem, superando sua capacidade natural de escoamento. O excesso de volume que não consegue ser drenado ocupa a várzea inundando, de acordo com a topografia, as áreas próximas aos rios.


River Flood


MEDIONDO (2005)
O transbordamento do curso do rio é normalmente o resultado de prolongada e copiosa precipitação sobre uma grande área. Inundações de rio acontecem associadas a sistemas de grandes rios em trópicos úmidos.
Fonte: Kobiyama (2006:48) * Neste trabalho compreendido como enchente.

Quadro 3 – Diversas definições de inundação brusca - enxurrada
Termo
Autor
Definição


Flash flood


NWS/NOAA (2005)
Uma inundação causada pela pesada ou excessiva chuva em um curto período de tempo, geralmente menos de seis horas. Também, às vezes uma quebra de barragem pode causar inundação brusca, dependendo do tipo de barragem e o período de tempo que ocorre a quebra.

Flash flood
CHOUDHURY et al. (2004)
Inundações bruscas são inundações de curta vida e que duram de algumas horas a poucos dias e originam-se de pesadas chuvas.


Flash flood


KÖMÜSÇÜ et al. (1998)
Inundações bruscas são normalmente produzidas por intensas tempestades convectivas, a qual causam rápido escoamento, e o dano da inundação geralmente ocorre dentro de horas da chuva que a causa e afeta uma área muito limitada.
Inundação Brusca ou Enxurrada

CASTRO (1999)
São provocadas por chuvas intensas e concentradas em regiões de relevo acidentado, caracterizando-se por súbitas e violentas elevações dos caudais, os quais se escoam de forma rápida e intensa.


Flash flood


MEDIONDO (2005)
É um evento de inundação de curta duração com uma rápida elevação da onda de inundação e rápida elevação do nível das águas. São causadas por pesadas, geralmente curtas precipitações, como uma chuva torrencial, em uma área que frequentemente é pequena.

Flash flood

WMO (1994)
Em bacias pequenas, de rápida resposta com tempo de concentração menor de seis horas, intensa precipitação pode criar uma inundação brusca.
Fonte: Kobiyama (2006:48)

Conforme já mencionado anteriormente, este trabalho utilizará a terminologia de enchente na concepção de inundação gradual, e de enxurrada, no entendimento de inundação brusca, respaldados no fato de que estes termos são os mais comumente utilizados localmente e os fenômenos são assim compreendidos pela população da região do Vale do Itajaí por todo um histórico de convívio com os eventos hidrológicos.

Diante disso, é possível acrescentar também que as enchentes aumentam a sua frequência e magnitude devido à impermeabilização do solo e à construção da rede de condutos pluviais. O desenvolvimento urbano pode também produzir obstruções ao escoamento como aterros, pontes, drenagens inadequadas, obstruções ao escoamento junto a condutos e assoreamento dos canais de drenagem. Podemos assim, afirmar que a urbanização interfere no aumento da incidência das enchentes e enxurradas, como podemos observar na figura 3, quando a vazão é rapidamente aumentada e atinge seu ponto máximo em um tempo muito menor para as áreas urbanas que nas áreas rurais.

Neste contexto é importante expressar o significado de alagamento que é utilizado para definir os processos decorrentes ou não dos problemas de natureza fluvial, causando o acúmulo momentâneo de águas em um dado local por problemas de deficiência no sistema de drenagem devido a seu baixo coeficiente de escoamento superficial (Tucci, 1993).

Figura – Hidrograma area urbanizada e não urbanizada


Fonte: Tucci (1995)

As enchentes urbanas são conseqüência de dois processos que podem ocorrer de forma simultânea ou isolada. De acordo com Tucci:

·               Por causas naturais – ocorrem em áreas ribeirinhas, são sazonais e cíclicos, e podem atingir a população que ocupa inadivertidamente as margens dos rios. Evidencia a falta de planejamento do uso do solo e de fiscalização;
·               Pela urbanização – são enchentes provocadas pelo processo de ocupação urbana, com impermeabilização dos solos, retilinização dos ribeirões e rios, entre outros.  (Tucci, 1995:16)

DRENAGEM URBANA

A drenagem urbana, de acordo com Tucci (1995), é o conjunto de medidas que possibilitam melhorar o escoamento da água que percorre o meio urbano visando minimizar riscos à população, diminuir os prejuízos causados por enchentes, enxurradas e alagamentos e possibilitar o desenvolvimento urbano de forma harmônica, articulada e sustentável.

De acordo com o mesmo autor, o controle das enchentes urbanas é um processo permanente, que deve ser mantido pelas comunidades visando à redução do custo social e econômico dos impactos dos eventos adversos. O controle não deve ser visto como uma ação isolada seja no tempo ou no espaço, mas como uma atividade em que a sociedade, como um todo, deve participar de forma contínua. De um modo geral, os desastres naturais ocorrem devido à relação homem – natureza, no caso, em decorrência da tentativa de domínio da natureza por parte do homem (Kobiyama, 2006:01).

O aumento populacional e o desenvolvimento econômico forçam cada vez mais a população, em especial a de baixa renda, a mudar para as áreas de risco, seja de escorregamentos ou de enchentes, devido ao alto custo dos lotes regularizados no espaço urbano, e que, por sua vez, são menos adequadas para o adensamento populacional e para a agricultura. “Para diminuir a vulnerabilidade e ter uma vida mais segura, deve ser realizada a prevenção e a mitigação dos desastres naturais envolvendo todos os atores, sejam públicos e da sociedade (Kobiyama, 2006:03)”. Neste contexto se insere o planejamento das cidades. Para que as cidades possam construir seu plano de futuro é necessário promover um diagnóstico técnico amplo da realidade do município e assim definir o conjunto de ações mais adequadas para conduzir a situação atual aos objetivos desejados (PMB, 2012:07).

As enchentes urbanas são um problema crônico no Brasil, devido principalmente a gerência inadequada do planejamento da drenagem e à filosofia errônea dos projetos de engenharia. Essa filosofia se reflete na idéia preconcebida de engenheiros de que, a boa drenagem é aquela que permite escoar rapidamente a água precipitada sobre a área de intervenção. As conseqüências desses erros têm produzido custos extremamente elevados para a sociedade como um todo. No entanto, a melhor drenagem é aquela que drena o escoamento sem produzir impactos ao local e nem à jusante (Tucci, 1995).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para reduzir os impactos das enchentes e enxurradas devem ser tomadas algumas medidas, podendo estas ser de caráter estrutural ou não estrutural. As medidas estruturais podem ser extensivas ou intensivas. Medidas extensivas são as que agem na bacia, procurando modificar as relações entre a precipitação e a vazão, como a alteração da cobertura vegetal do solo, que reduz e retarda os picos de cheias e controla a erosão do solo. As intensivas agem no rio, podendo: (a) acelerar o escoamento (exemplo diques, polders e melhoramentos fluviais), (b) retardar o escoamento (exemplo reservatórios e bacias de amortecimento) e (c) desviar o escoamento (exemplo canais de desvio). As medidas não estruturais podem ser adicionadas em regulamentação do uso do solo, edificações à prova de inundações, recuperação de mata ciliar, seguro de enchentes, sistemas de previsão e alerta de enchentes e enxurradas além de serviços de Defesa Civil. A combinação dessas medidas permite restringir os impactos dos eventos hidrológicos e melhorar o planejamento da ocupação das áreas inundáveis (Tucci, 1993).

REFERÊNCIAS

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[1] Também conhecido como período de recorrência ou tempo de recorrência, é o intervalo de tempo estimado de ocorrência de um determinado evento. É definido como o inverso da probabilidade de um evento ser igualado ou ultrapassado (Tucci, 1993).